segunda-feira, 10 de abril de 2017
''as cores doem''
Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 79
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«fechas-me no teu coração»
Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 73
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«não voltes fica morto entre os mortos»
Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 71
Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 71
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a água não tem lugar
Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 63
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«esqueço o despontar do dia e os pássaros»
Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 63
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''(...) não amo o tempo.''
Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 47
''(...) para dar água às lágrimas''
Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 45
''(...) hão-de visitar-te os dias tristes''
Abel Neves. Eis o Amor a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 38
«(...) Quem dera
que fosse ontem tu estarias
a chegar e os beijos seriam os primeiros
a até aqui tudo bem as coisas a portarem-se bem
mas o caralho é hoje »
Abel Neves. Eis o Amor a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 28/9
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À MESA VOLTADO PARA ORIENTE
Sento-me para escrever e já tudo acabou
Um golpe de maré mais ou menos sim
Os dedos sendo agora algas
querem a lembrança mas de quê?
Abel Neves. Eis o Amor a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 28
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« o problema é que mesmo que andasse por aí
a esperança não seria para todos»
Abel Neves. Eis o Amor a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 27
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(...)
«Soube por olhar o rio algumas vezes este rio
e outros
que o nada é nada e o tudo é tudo»
Abel Neves. Eis o Amor a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 26
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«Estás a pensar na chuva que há-de cair só nas tuas mãos»
Abel Neves. Eis o Amor a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 25
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O QUE PENSAS QUANDO OLHAS
PARA MIM E NÃO DIZES NADA
Abel Neves. Eis o Amor a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 25
PARA MIM E NÃO DIZES NADA
Abel Neves. Eis o Amor a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 25
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oblatividade
o.bla.ti.vi.da.de
ɔblɐtiviˈdad(ə)
nome feminino
significação funcional das condutas pelas quais um indivíduo, renunciando ousacrificando-se a si mesmo, prefere satisfazer as necessidades de outrem |
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''(...)o meu deus era o amor.''
António Coimbra de Matos
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«Aos alunos dizia que a psicanálise antiga era como o condutor que estava sempre a olhar pelo espelho retrovisor. Ora, eu quando vou na estrada tenho de olhar para a frente.»
António Coimbra de Matos. Ver aqui
António Coimbra de Matos. Ver aqui
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«(...)Há um estudo interessante do Durkeim, da primeira década do século XX, que diz que nos grandes períodos de guerra, os suicídios diminuem. Porque a revolta é permitida.»
António Coimbra de Matos. Ver aqui.
António Coimbra de Matos. Ver aqui.
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«(...)Freud dizia que a depressão é um luto patológico. O luto é uma reação perante a perda real de uma pessoa, o paradigma é a morte de uma pessoa amada. A depressão é a reação perante a perda do afeto de uma pessoa. É a rotura afetiva.»
António Coimbra de Matos. Ver aqui
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sábado, 8 de abril de 2017
O Instante Antes do Beijo
Não quero o primeiro beijo:
basta-me
O instante antes do beijo.
basta-me
O instante antes do beijo.
Quero-me
corpo ante o abismo,
terra no rasgão do sismo.
corpo ante o abismo,
terra no rasgão do sismo.
O lábio ardendo
entre tremor e temor,
o escurecer da luz
no desaguar dos corpos:
o amor
não tem depois.
entre tremor e temor,
o escurecer da luz
no desaguar dos corpos:
o amor
não tem depois.
Quero o vulcão
que na terra não toca:
o beijo antes de ser boca.
Mia Couto, in ‘Tradutor de Chuvas’
que na terra não toca:
o beijo antes de ser boca.
Mia Couto, in ‘Tradutor de Chuvas’
“Come forth into the light of things. Let Nature be your teacher.”
William Wordsworth
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"Não há - nem mesmo tu - quem te perdoe a beleza. Não há - e mesmo tu - quem faça mais do que desatar a rir-se perante as indeslindáveis maldições que te oprimem. Não serão mais, dentro em breve, do que a memória da tua beleza. Dela restará o canto, depois o canto deste poema de onde desertas, e talvez mais longe esta ideia de miséria infinita. Trabalha. Manifesta com brilho o que o mundo em ti já condenou, e não os astros. Concede à puta a mais fria aparência. Extraídos da tua vergonha, os mais selvagens adornos terrestres vão enfeitar-te o ser. Mas quem, mas qual demónio - ou tu - se obstina em fazer-te soçobrar?"
Jean Genet. "No Sentido da Noite"
segunda-feira, 3 de abril de 2017
''as flores querendo romper do chão''
Abel Neves. Eis o Amor a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 21
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''os dedos apontando o rio''
Abel Neves. Eis o Amor a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 15
estou sozinho estou triste etc
Abel Neves. Eis o Amor a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 14
Abel Neves. Eis o Amor a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 14
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EIS O AMOR A FOME E A MORTE
Abel Neves
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domingo, 2 de abril de 2017
quarta-feira, 29 de março de 2017
''É preciso cuidado com o orgulho. Às vezes, pode cegar. Não é um bom conselheiro.''
Eunice Munoz
Eunice Munoz
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"Sou uma mulher igual a milhões. Tive a sorte de Deus me vocacionar"
Eunice Muñoz
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Na sensação de estar polindo as minhas unhas
sei que morrerei no dia do aniversário da minha morte
ainda há coisas certas na vida
o dia do aniversário da minha morte apresenta tamanha discrição
que nem dou por ele
portanto não mudarei de roupa
talvez passe o dia deitada
no displicente descanso
de não atender telefones
nem me levantarei para ir ver o correio
e se alguém se lembrar de me acender
as inconsequentes velinhas
deixarei que derretam e estraguem o bolo
no dia do aniversário da minha morte
nem me penteio
Rosalina Marshall
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Rosalina Marshall
(...)
«ninguém sabe
a que me sabe
a minha boca»
Rosalina Marshall
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''A realidade está para cada um de nós como o sabor a que sabe a cada um de nós a sua própria boca está para os outros.''
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sobre a realidade
Adília Lopes
(“sinto um desconforto qualquer/ por usar soutien/ mas se não usasse/ era muito ordinária/ e os homens não gostariam de mim/ por ser demasiado fácil verem-me as mamas”)
(“sinto um desconforto qualquer/ por usar soutien/ mas se não usasse/ era muito ordinária/ e os homens não gostariam de mim/ por ser demasiado fácil verem-me as mamas”)
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estás-me a falhar como as notas de mil
expressão antiga, de quando ainda a moeda era o escudo e não o euro, que dizia: estás-me a falhar como as notas de mil, querendo com isso dizer que alguém nos decepcionava.
"Acendo a luz. A luz vive de um
disfarce de uma antiguidade
atómica.
disfarce de uma antiguidade
atómica.
E cada brilho tem um vento atento
o sopro um vento especial a morte:
desmancha-se a luz toda
(o feto dela) de um só corte."
o sopro um vento especial a morte:
desmancha-se a luz toda
(o feto dela) de um só corte."
-"Poesia"
- Luíza Neto Jorge
- Luíza Neto Jorge
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“Na sensação de estar polindo as minhas unhas”
Sá-Carneiro
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"Ninguém se conhece, na medida em que cada um é apenas ele próprio e não é também, ao mesmo tempo, um outro.
As pessoas relativamente às pessoas são sempre só cómicas; o trágico origina-se quando o destino do indivíduo, do solitário, se intromete e esconde por detrás dos antagonistas."
As pessoas relativamente às pessoas são sempre só cómicas; o trágico origina-se quando o destino do indivíduo, do solitário, se intromete e esconde por detrás dos antagonistas."
Hugo Von Hofmannsthal. "Livro dos Amigos"
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''sou pelas metáforas porque olhar a luz directamente pode cegar.''
Pedro Jordão
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domingo, 26 de março de 2017
«Contigo uma pessoa nunca sabe...Estás sempre calado...Quem sabe no que pensas...»
Václav Havel. Audiência, Vernissage, e Petição. Relógio D'Água, Lisboa,
Václav Havel. Audiência, Vernissage, e Petição. Relógio D'Água, Lisboa,
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O ÓDIO COMO ARGUMENTO E CRÍTICA LITERÁRIA
Andam por aí uns gazeteiros irrequietos aspirantes a intelectuais libertários que,
mandatários das suas dores primárias e sentimentos gerais— no desenfreamento agudo de caça ao prémio do maior cretino—, prosseguem incansáveis a sua missão de patrulha e delação dos gangs literários da época. Estes queixinhas de risco calculado, respirando todos para dentro do mesmo saco, julgando que no arranco de mais um arroto são os verdadeiros agitadores de consciências não fazem mais que, por correlação objectiva, exaltar e representar a homogenia epocal que criticam refastelados nas suas dietas do ódio. (Agora até memes sancionados pelo risinho e o comentariado boçal se põem a fazer)
Mas! Há esperança:
VOCÊ ESTÁ PASSANDO POR UM NOVO TRÂNSITO ASTROLÓGICO
Substituam a agenda dos esplendores e misérias por um programa ideológico e estético, façam crítica formativa, enunciem e denunciem com a intenção política de um ideário, ajam dentro dos actos, sonhem para fora, sejam estrategas, homens de ciência, concretizem-se, realizem-se, comprometam-se com declarações de princípios e famílias de ideias, entreguem-se ao assunto com a finalidade de isolar, determinar e apresentar o problema que vos arrelia, a doença geracional. Escrevam folhetins críticos, publiquem suplementos, sejam lucidamente românticos no ódio.
OU SEJA
Não sejam propaganda de ares-condicionados, façam estremecer os ciprestes com ventos de saúde.
ENTRETANTO
E desafiando a ordem dos génios livres e solitários constituam-se como autores para se autorizarem a
intervir com a faculdade da emoção e a inteligência do método para que o papel social da crítica não perca a sua função e eficácia. Dêem-se ao escândalo a que têm direito mas com a disposição e qualidade superiores de reformadores da arte. Sejam a princesa e a boca do cavaleiro.
Raquel Nobre Guerra, 2017
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sábado, 25 de março de 2017
Pastiche
obra literária ou artística em que se imita abertamente o estilo de outros escritores, pintores, músicos, etc.
“ Foi o tempo que dedicaste à tua rosa
que a fez tão importante”
Antoine de Saint-Exupéry
Antoine de Saint-Exupéry
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terça-feira, 21 de março de 2017
«Não faço parte dessa feliz espécie de autores, de pena fecunda, rápida, fácil e feliz, de imaginação nunca cansada, isentos de dúvidas e de escrúpulos, naturalmente abertos ao mundo e que em todos os assuntos vão direitos ao fim. Aflijo-me e algumas vezes irrito-me. Ambicioso, impaciento-me ao ver que me custa escrever por falta de ideias, de confiança em mim, vítima de uma ruminação que, por vezes, me paralisa.»
Václav Havel
Believer
Imagine Dragons
First things first
I'ma say all the words inside my head
I'm fired up and tired of the way that things have been
The way that things have been, oh-ooh
Second thing second
Don't you tell me what you think that I can be
I'm the one at the sail, I'm the master of my sea, oh-ooh
The master of my sea, oh-ooh
I was broken from a young age
Taking my soul into the masses
Write down my poems for the few
That looked at me took to me, shook to me, feeling me
Singing from heart ache from the pain
Take up my message from the veins
Speaking my lesson from the brain
Seeing the beauty through the
Pain!
You made me a, you made me a believer, believer
Pain!
You break me down, you build me up, believer, believer
Pain!
I let the bullets fly, oh let them rain
My luck, my love, my God, they came from
Pain!
You made me a, you made me a believer, believer
Third things third
Send a prayer to the ones up above
All the hate that you've heard
Has turned your spirit to a dove, oh-ooh
Your spirit up above, oh-ooh
I was choking in the crowd
Living my brain up in the cloud
Falling like ashes to the ground
Hoping my feelings, they would drown
But they never did, ever lived, ebbing and flowing
Inhibited, limited
Till it broke up and it rained down
It rained down, like
Pain!
You made me a, you made me a believer, believer
Pain!
You break me down, you built me up, believer, believer
Pain!
I let the bullets fly, oh let them rain
My luck, my love, my God, they came from
Pain!
You made me a, you made me a believer, believer
Last things last
By the grace of the fire and the flames
You're the face of the future, the blood in my veins, oh-ooh
The blood in my veins, oh-ooh
But they never did, ever lived, ebbing and flowing
Inhibited, limited
Till it broke up and it rained down
It rained down, like
Pain!
You made me a, you made me a believer, believer
Pain!
You break me down, you built me up, believer, believer
Pain!
I let the bullets fly, oh let them rain
My luck, my love, my God, they came from
Pain!
You made me a, you made me a believer, believer
quarta-feira, 15 de março de 2017
|| confissões de uma máscara ||
"Respirar
o menos possível
nestas cidades
de uma tristeza
sem idade
abrindo o espaço
com os gestos lentos de um náufrago
a caminho
do fundo
A noite sobe-me
na voz
como um lugar
capaz de imaginar
sozinho
o seu cenário
onde o azul
dorme
numa cave
com os cães"
o menos possível
nestas cidades
de uma tristeza
sem idade
abrindo o espaço
com os gestos lentos de um náufrago
a caminho
do fundo
A noite sobe-me
na voz
como um lugar
capaz de imaginar
sozinho
o seu cenário
onde o azul
dorme
numa cave
com os cães"
Ernesto Sampaio. "Feriados Nacionais"
domingo, 12 de março de 2017
Não fazes favor nenhum em gostar de alguém
Nem eu, nem eu, nem eu
Quem inventou o amor não fui eu
Não fui eu, não fui eu, não fui eu... nem ninguém
Nem eu, nem eu, nem eu
Quem inventou o amor não fui eu
Não fui eu, não fui eu, não fui eu... nem ninguém
O amor acontece na vida
Estavas desprevenida e, por acaso eu também
E como o acaso é importante, querida
De nossas vidas a vida fez um acaso também
Estavas desprevenida e, por acaso eu também
E como o acaso é importante, querida
De nossas vidas a vida fez um acaso também
Não fazes favor nenhum em gostar de alguém
Nem eu, nem eu, nem eu
Quem inventou o amor não fui eu, não fui eu
Não fui eu, não fui eu... nem ninguém
Nem eu, nem eu, nem eu
Quem inventou o amor não fui eu, não fui eu
Não fui eu, não fui eu... nem ninguém
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"Acender suavemente
para fora do corpo.
Só vem com uma instrução,
a alma,
e cumpre-a em cada passo.
deixando a cal para as palavras.
A inocência e a alegria são nomes
de ruas percorríveis, casas telhadas,
searas altas escondendo pássaros
e vento, estilhaços de voz.
Às vezes passa por ela
a luva perdida de um poema;
ou um nome sem âncora
atravessa-a, ainda morno,
obriga-a a embarcar
de um calafrio ao outro.
Mas aqui as almas regressam sempre.
Chamam-se Lázaro, têm margens
de açafrão, mel e mosto, trazem a beleza asfixiada,
inofensiva: prata sobre o convès,
flores dentro de saco plástico.
Antes de continuar a sonhar,
a alma esvazia os bolsos
da respiração sustida entre ondas,
dos silêncios guardados entre frases.
Deixa no cinzeiro
os restos das ideias consumidas,
um espinho mais teimoso.
Certifica-se, por último, da névoa
firme à sua volta,
de modo a não chocar com o mundo."
-"Esta Casa"
- Emanuel Jorge Botelho/ Inês Dias/ Manuel de Freitas/ Renata Correia Botelho
para fora do corpo.
Só vem com uma instrução,
a alma,
e cumpre-a em cada passo.
deixando a cal para as palavras.
A inocência e a alegria são nomes
de ruas percorríveis, casas telhadas,
searas altas escondendo pássaros
e vento, estilhaços de voz.
Às vezes passa por ela
a luva perdida de um poema;
ou um nome sem âncora
atravessa-a, ainda morno,
obriga-a a embarcar
de um calafrio ao outro.
Mas aqui as almas regressam sempre.
Chamam-se Lázaro, têm margens
de açafrão, mel e mosto, trazem a beleza asfixiada,
inofensiva: prata sobre o convès,
flores dentro de saco plástico.
Antes de continuar a sonhar,
a alma esvazia os bolsos
da respiração sustida entre ondas,
dos silêncios guardados entre frases.
Deixa no cinzeiro
os restos das ideias consumidas,
um espinho mais teimoso.
Certifica-se, por último, da névoa
firme à sua volta,
de modo a não chocar com o mundo."
-"Esta Casa"
- Emanuel Jorge Botelho/ Inês Dias/ Manuel de Freitas/ Renata Correia Botelho
segunda-feira, 6 de março de 2017
« TÓ MARIA
(Idem.) Tal o testo, tal a panela...»
Bernardo Santareno. O Lugre. Edições Ática. Lisboa., p. 133
(Idem.) Tal o testo, tal a panela...»
Bernardo Santareno. O Lugre. Edições Ática. Lisboa., p. 133
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MIGUEL
(Alheado, seguindo, sempre a sua voz interior.)
Eu sonho sempre com ...Ela.
ALBINO
(Espreguiçando-se.) Com ela?!...
MIGUEL
(Gelado.) Com a Morte, ti' Albino.
Bernardo Santareno. O Lugre. Edições Ática. Lisboa., p. 127
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«Sonhos são mentiras, »
Bernardo Santareno. O Lugre. Edições Ática. Lisboa., p. 125
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sábado, 4 de março de 2017
“OVO/POVO”
António Aragão na XIV Bienal de
São Paulo, onde representou Portugal com a exposição de poesia espacial
“OVO/POVO” (1977).
“poesia-contra, poesia-recusa-que-acusa,
poesia contra o instituído, o legal, o ordenado e convencional.”
(Aragão, 1981b [1965]: 39)
(Aragão, 1981b [1965]: 39)
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sobre a poesia
(des)gostos mais ou menos audíveis
“repúdio do lirismo e duma semântica
convencionada à escala dos pessoais (des)gostos mais ou menos audíveis” (Aragão,
1981b [1965]: 39
«O artsta, poderoso iconoclasta destrói as formas defnitvas, e
destrói devido ao esgotamento das forças misteriosas que as
animavam e constrói, com outra morfologia, o mistério. E só ele se
apercebe desse esgotamento e da necessidade de destruição –
destruição sem sentenças ou elaborados racionalismos, sem prévios
padrões polítcos, sociais, económicos ou religiosos; destruição
assistemátca, inviolável, fnalizada em si própria, egocêntrica e
espontânea.»
(Aragão, 1956: 24)
(Aragão, 1956: 24)
sexta-feira, 3 de março de 2017
“Começa por fazer o que é necessário, depois o que é possível, e de repente estarás a
fazer o impossível.”
S. Francisco de Assis
fazer o impossível.”
S. Francisco de Assis
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quarta-feira, 1 de março de 2017
«Pela minha dor entendo que imensos outros sofrem,»
Luis Cernuda. Antologia Poética. Edição bilingue. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Edições Cotovia, Lisboa, 1990., p. 77
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«Mas fundamente preso fica o desalento,
Como hóspede sombrio dos meus sonhos.
Poderei esperar? Tudo foi dado ao homem
Como distracção efémera da existência;
A nada pode unir esta sua ânsia que reclama
Uma pausa de amor entre a fuga das coisas.
Seria vão lamentar o trabalho, a casa, os amigos perdidos
Nesse grande negócio demoníaco da guerra.»
Luis Cernuda. Antologia Poética. Edição bilingue. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Edições Cotovia, Lisboa, 1990., p. 75
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«Metade da minha vida está hoje passada,»
Luis Cernuda. Antologia Poética. Edição bilingue. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Edições Cotovia, Lisboa, 1990., p. 73
«Pálido rosto de paixão e tédio.»
Luis Cernuda. Antologia Poética. Edição bilingue. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Edições Cotovia, Lisboa, 1990., p. 69
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«Ainda se queixa vagamente sua alma,
O escuro vazio da sua vida.»
Luis Cernuda. Antologia Poética. Edição bilingue. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Edições Cotovia, Lisboa, 1990., p. 67
O escuro vazio da sua vida.»
Luis Cernuda. Antologia Poética. Edição bilingue. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Edições Cotovia, Lisboa, 1990., p. 67
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«Não sou como os mais: sou fraco. (A bater com as mãos no peito:) Fraco por dentro, mais fraco que a vidraça!...) »
Bernardo Santareno. O Lugre. Edições Ática. Lisboa., p. 117/8
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