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segunda-feira, 8 de janeiro de 2018


«(...)                          Se quereis
Que eu ame ainda, devolvei-me
O tempo do amor. É-vos possível?
Impossível como aplacar o fantasma que de mim evocastes.»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 266

''ignorância voluntária''

«Não sintas a falta de um destino mais fácil,»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 265

«Fazendo o bem e o mal sem pretendê-lo, »


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 263

«A odiar então aprendeste o amor que não sabe
Arder anónimo sem recompensa alguma.»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 262

(...)

«Deram-te tudo, sim: vida que não pedias,
E com ela a morte por dura companheira.»

Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 262
(...)

«Sob a carne vestida, o dorido fantasma
A quem a oração dos outros nunca acalma
A amargura de ter vivido inutilmente.»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 261

«Mortos que já não são mais que a imensa morte anónima,»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 259

''Minha casa desfeita, minha via afadigada, (...)''


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 258

«Pela minha dor entendo que imensos outros sofrem,»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 25

domingo, 7 de janeiro de 2018

A LARRA COM UMAS VIOLETAS

(1837-1937)


Ainda se queixa vagamente sua alma,
O escuro vazio da sua vida.
Mas não podem pesar sobre essa sombra
Algumas violetas,
E é grato assim deixá-las,
Frescas entre a névoa,
Com a alegria de uma pequena coisa pura
Que resgatasse aquela dor antiga.

Quem fala já aos mortos
Mudo o encontram os que vivem.
Neste silêncio, onde o medo impera,
Colher essas flores uma por uma
Breve consolo foi para estes dias
Cuja pegada sangrenta se abre nas espáduas
Carregadas pelo ódio com uma pedra inútil.

Se a morte apazigua
Tua boca amarga de Deus insatisfeita,
Aceita uma oferta tão leve, sombra sentimental,
Nessa paz que sob a terra te esperava,
Brotando em erva, vento e luz silvestres,
O fiel e último encanto de estar só.

Curado de viver, sorri por uma vez,
Pálido rosto de paixão e tédio.
Olha as velhas ruas que percorreste, errante,
O lampião azulado que te guiou, carne hirta,
Ao regressares do baile ou do torpe jornal,
E as fontes de mármore entre palmeiras:
Águas e folhas, bálsamo dos tristes.

A terra foi medida pelos homens,
Com suas casas estreitas e sórdidos casais,
Sua corrupta opinião pública e suas revoluções
Mais cruéis e injustas do que as leis,

Com um imenso bocejo demoníaco;
Nela não há lugar para o homem solidário,
Filho nu e deslumbrante do divino pensamento.

E a nossa madrasta - olha-a, hoje, desfeita -,
Miserável e bela entre os pardos sepulcros
Dos que como tu, nascidos em sua estepe,
Viram enquanto vivos morrer sua esperança,
E então gritaram, sumidos pelas trevas,
Aos irmãos irrisórios que nunca os executaram.

Escrever em Espanha não é chorar, é morrer,
Porque morre a inspiração envolta em fumo,
Quando sua chama livre não procura o espaço.
Assim, quando o amor, o tenro monstro loiro,
Voltou contra ti tantas ternuras vãs,
Tua mão abriu com um tiro, enorme e rubra, a morte.

Livre e tranquilo ficaste enfim, um dia,
Mas tua voz sem ti abriu um acento inapagável.
É breve a palavra como o canto de um pássaro,
Mas um claro estandarte pode prender-se nela
De embriaguez, paixão, beleza fugitivas,
E subir, anjo vigilante que testemunha do homem,
Além, à região celeste e impassível.


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 255/6

«Submetendo a sua vida a outra vida.»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 254

''ONDE HABITE O ESQUECIMENTO''

(...)

«Tu justificas minha existência:
Se não te conheço, não vivi jamais;
Se morro sem conhecer-te, não morro, porque não vivi nunca.»

Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 253

«Se o homem pudesse dizer o que ama,»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 253
(...)

«Entre ossos a angústia abre caminho,
Ergue-se pelas veias
Até abrir na pele
Jorros de sonho
Feitos carne interrogando os sonhos.»



Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 252

«Que ruído tão triste o que fazem dois corpos quando se amam,»

Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 251

domingo, 11 de junho de 2017


“Contigo”
Luis Cernuda


¿Mi tierra?

Mi tierra eres tú.



¿Mi gente?

Mi gente eres tú.



El destierro y la muerte

para mí están adonde

no estés tú.



¿Y mi vida?

Dime, mi vida,

¿qué es, si no eres tú?

quarta-feira, 1 de março de 2017

«Pela minha dor entendo que imensos outros sofrem,»

Luis Cernuda. Antologia Poética. Edição bilingue. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Edições Cotovia, Lisboa, 1990., p. 77

«Mas fundamente preso fica o desalento,
Como hóspede sombrio dos meus sonhos.
Poderei esperar? Tudo foi dado ao homem
Como distracção efémera da existência;
A nada pode unir esta sua ânsia que reclama
Uma pausa de amor entre a fuga das coisas.
Seria vão lamentar o trabalho, a casa, os amigos perdidos
Nesse grande negócio demoníaco da guerra.»


Luis Cernuda. Antologia Poética. Edição bilingue. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Edições Cotovia, Lisboa, 1990., p. 75
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