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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

PEQUENOS DIZERES SOBRE A MULHER

 I

Não come da
fome
nem come do medo

Nem guarda na 
arca
com a roupa o segredo

Maria Teresa HortaEu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019., p. 59
 e toda a dor nos olhos
só em água


Não        não é apenas
aquilo que pensamos 
que nos devora enquanto 
demoramos


Maria Teresa HortaEu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019., p. 56
 Direi dos olhos verdes
os teus olhos
e do verde dos teus olhos direi vício

Maria Teresa HortaEu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019., p. 44
 É o tempo grande
de estar cansada
fria
de estar convosco e ter concessões
nos olhos

É o tempo dia
de inventar paisagens
quentes
e ter um carnaval vestido 
pelos seios


Maria Teresa HortaEu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019., p. 23
 « e nas minhas mãos incompletas
trouxe-te
um naufrágio
de flores cansadas
e o único jardim de amor 
que cultivei »

Maria Teresa Horta. Eu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019

domingo, 15 de dezembro de 2024

 as mãos vazias são selvagens na sua beleza
duras mesmo se vulneráveis
são o esconderijo ideal para guardares relâmpagos
e verdades ferozmente concisas


José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 483

terça-feira, 19 de novembro de 2024

 « O amor, ditam os frios de coração, é ruinoso

qualquer momento em chamas

denunciará a imprecisa inquietação que nos toma


Os inocentes que se amam dizem

teu corpo está a nevar

tua alma é uma flor

um prado tranquilo sua noite »


 José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 193

domingo, 10 de novembro de 2024

 Não uses palavras
qualquer palavra que me digas há-de doer
pelo menos mil anos

José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 160
 é assim que rodo
à volta de lugares desconhecidos
nenhum corte me doeu
nunca estive sozinha

José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 131

mas tu não, tu nunca choraste 
por amores que se perdem


José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 84

A CASA ONDE ÀS VEZES REGRESSO

 Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração


José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 83

sábado, 26 de outubro de 2024

 

Diz-me apenas 
a altura das searas
perto do rio
se o vento tornou
a encher de folhas
o pátio da casa
verde

 José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 15
 Nesse tempo
ainda era possível
encontrar Deus 
pelos baldios


José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 10

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

 
«Não é de espantar que sejas bela,
que voes só para outros e não para ti.
Não passas de uma lagarta de visom
incendiando paixões de terceira idade,
tudo ilusão, vaidade, pretensão,
escapando sob pós de perlimpimpim
dos dedos mágicos de criança.»


Daniel Jonas. Cães de Chuva. Assírio & Alvim, Porto Editora.2021 , p. 38

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

 ''Apetece-me lamber-te
nos lençóis iluminados
pela lua''

Tomás Sottomayor. Auberge Ravoux. Edições Língua Morta, 2021., p. 29


 ''Adormeci, com a memória
Do pequeno rio esquecido
Sob a ponte.''

Tomás Sottomayor. Auberge Ravoux. Edições Língua Morta, 2021., p. 26

 ''Nem sempre as leis dos homens
Estão de acordo com os preceitos
De Deus.''


Tomás Sottomayor. Auberge Ravoux. Edições Língua Morta, 2021., p. 21

sábado, 17 de agosto de 2024

 « se eu tivesse dois ou três dentes de ouro
mordia-te o corpo todo se eu tivesse
mel e fósforo para tocá-lo
tocava-te o sexo
se eu cantasse num murmúrio quente cheio de êrros
chamava-te junto ao ouvido
se tivesse o teu nome escrito pelas unhas fora»


 Herberto Helder. Letra Aberta. Poemas inéditos escolhidos por Olga Lima. Porto Editora, 2016., p. 45

 « a morte é mesmo estranha:

morre-se todos os dias

e enquanto se morre pede-se uma esmola para matar a fome

                                                                        de outra vida,»


 Herberto Helder. Letra Aberta. Poemas inéditos escolhidos por Olga Lima. Porto Editora, 2016., p. 25

'' Mal de nós / se não pensarmos longe e alto.''

Lídia Jorge. O Livro das Tréguas. Poesia. Publicações Dom Quixote. Lisboa, 2019.,p. 41

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