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quinta-feira, 11 de setembro de 2025

 

Pernoitas em Mim

pernoitas em mim
e se por acaso te toco a memória... amas
ou finges morrer

pressinto o aroma luminoso dos fogos
escuto o rumor da terra molhada
a fala queimada das estrelas

é noite ainda
o corpo ausente instala-se vagarosamente
envelheço com a nómada solidão das aves

já não possuo a brancura oculta das palavras
e nenhum lume irrompe para beberes


( in 'Rumor dos Fogos' )
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terça-feira, 8 de julho de 2025

 « de marinheiros que apodrecem como fantasmas
comidos pelas marés mais vorazes
podiam lembrar-se de muitas. Que eles sejam vossos hóspedes

e vos levem até onde jazem os barcos esquecidos
com os peixes nadando entre os altos mastros -
tudo isto se vê dentro de um olho agredido pelo sol.»


Keith Douglas
 « e deixa-me como herança
a milagrosa toalha de prata»

Vasco Popa

domingo, 11 de maio de 2025

 DA LÍNGUA DA MINHA PÁTRIA


Da língua da minha
pátria
vê-se o feminino

das palavras da escrita
tinta e pena
onde navegam os versos

e a saudade

as lágrimas salgadas
de um poema

Maria Teresa Horta

domingo, 26 de janeiro de 2025


 Cláudia R. Sampaio, VER NO ESCURO. Edição Tinta da China

domingo, 5 de janeiro de 2025

 - Nós somos a queda
   entre o excesso
                           e o nada


Maria Teresa HortaEu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019., p. 206
Sabe curar poetas
esvaídos

Escuta as paixões
as dores seculares

Os ódios mortais
e os amores malditos


Maria Teresa HortaEu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019., p. 200
 Tinha paixões
que sempre rasurava

Maria Teresa HortaEu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019., p. 194

O lince da tua boca

 O lince da tua boca
deitado no meu poema
bebe o corpo dos meus versos
devora-lhe a alma acesa

Maria Teresa HortaEu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019., p. 190

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

 Que não querendo um coração desfeito
trocou por desapego
o desamor desperto?


Maria Teresa HortaEu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019., p. 130

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

PEQUENOS DIZERES SOBRE A MULHER

 I

Não come da
fome
nem come do medo

Nem guarda na 
arca
com a roupa o segredo

Maria Teresa HortaEu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019., p. 59
 e toda a dor nos olhos
só em água


Não        não é apenas
aquilo que pensamos 
que nos devora enquanto 
demoramos


Maria Teresa HortaEu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019., p. 56
 Direi dos olhos verdes
os teus olhos
e do verde dos teus olhos direi vício

Maria Teresa HortaEu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019., p. 44
 É o tempo grande
de estar cansada
fria
de estar convosco e ter concessões
nos olhos

É o tempo dia
de inventar paisagens
quentes
e ter um carnaval vestido 
pelos seios


Maria Teresa HortaEu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019., p. 23
 « e nas minhas mãos incompletas
trouxe-te
um naufrágio
de flores cansadas
e o único jardim de amor 
que cultivei »

Maria Teresa Horta. Eu Sou a Minha Poesia. Antologia Pessoal. Publicações Dom Quixote, 2019

domingo, 15 de dezembro de 2024

 as mãos vazias são selvagens na sua beleza
duras mesmo se vulneráveis
são o esconderijo ideal para guardares relâmpagos
e verdades ferozmente concisas


José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 483

terça-feira, 19 de novembro de 2024

 « O amor, ditam os frios de coração, é ruinoso

qualquer momento em chamas

denunciará a imprecisa inquietação que nos toma


Os inocentes que se amam dizem

teu corpo está a nevar

tua alma é uma flor

um prado tranquilo sua noite »


 José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 193

domingo, 10 de novembro de 2024

 Não uses palavras
qualquer palavra que me digas há-de doer
pelo menos mil anos

José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 160
 é assim que rodo
à volta de lugares desconhecidos
nenhum corte me doeu
nunca estive sozinha

José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 131

mas tu não, tu nunca choraste 
por amores que se perdem


José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 84
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