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sábado, 5 de agosto de 2017

“Sais de casa porque a morte te agita
transpiras pelo empregado de mesa
que lê Balzac, tens ambições literárias
razões, enfim, para andar mal vestido
despenteado com um saco na cabeça
para que se diga ali vai a poesia portuguesa.”
“Quem nunca hesitou na paragem do 28 / e pensou: ali via a metáfora da minha vida.”
“Bebo uma bica por dia, às vezes bebo-a fria
depois disto bem que podia morrer, diga-se
com as mãos ao redor de um pescoço amigo
quero dizer, de um livro. Tenho o carácter
objectivo de uma incompetência para a vida.”
“De resto, tenho uma perninha no bem e outra no mal
e mijo no meio, é honesto imaginar-me assim. ”

Máquina de pendurar existências, o amor

domingo, 26 de março de 2017

O ÓDIO COMO ARGUMENTO E CRÍTICA LITERÁRIA
Andam por aí uns gazeteiros irrequietos aspirantes a intelectuais libertários que,
 mandatários das suas dores primárias e sentimentos gerais— no desenfreamento agudo de caça ao prémio do maior cretino—, prosseguem incansáveis a sua missão de patrulha e delação dos gangs literários  da época. Estes queixinhas de risco calculado, respirando todos para dentro do mesmo saco,  julgando que no arranco de mais um arroto são os verdadeiros agitadores de consciências não fazem mais que, por correlação objectiva, exaltar e representar a homogenia epocal  que criticam refastelados nas suas dietas do ódio. (Agora até memes sancionados pelo risinho e o comentariado boçal se põem a fazer)
Mas! Há esperança:

VOCÊ ESTÁ PASSANDO POR UM NOVO TRÂNSITO ASTROLÓGICO
Substituam a agenda dos esplendores e misérias por um programa ideológico e estético, façam crítica formativa, enunciem e denunciem com a intenção política de um ideário,  ajam dentro dos actos, sonhem para fora, sejam estrategas, homens de ciência,  concretizem-se, realizem-se, comprometam-se com declarações de princípios e famílias de ideias, entreguem-se ao assunto com a finalidade de isolar,  determinar e apresentar o problema que vos arrelia, a doença geracional.  Escrevam folhetins críticos, publiquem suplementos, sejam lucidamente românticos no ódio.

OU SEJA
Não sejam propaganda de ares-condicionados, façam estremecer os ciprestes com ventos de saúde.

ENTRETANTO
E desafiando a ordem dos génios livres e solitários constituam-se como autores para se autorizarem a 
intervir com a faculdade da emoção e a inteligência do método para que o papel social da crítica não perca a sua função e eficácia. Dêem-se ao escândalo a que têm direito mas com a disposição e qualidade superiores de reformadores da arte. Sejam a princesa e a boca do cavaleiro.

Raquel Nobre Guerra, 2017

terça-feira, 13 de setembro de 2016

“Mas aprofundei-me na ocupação da violência / um arzinho de filosofia para empernar meninos.”

Raquel Nobre Guerra
“Bebo uma bica por dia, às vezes bebo-a fria
depois disto bem que podia morrer, diga-se
com as mãos ao redor de um pescoço amigo
quero dizer, de um livro. Tenho o carácter
objectivo de uma incompetência para a vida.”

Raquel Nobre Guerra
“O café ilumina-se de todos os anjos filhos da puta.
Daqui a pouco sairei de casa
Para o que é verdadeiramente triste.”

Raquel Nobre Guerra
“Movo-me na medida exacta da nossa distância.
Que direi eu deste lado do mundo?”


Raquel Nobre Guerra


“Deixa que nos chamem
pequeno cemitério de animais em flor.
O meu coração gótico espera por ti
aqui onde ninguém dança.

Porque havemos sempre de brincar
vestidos de santos até adormecer
nos olhos da cabra que, escuta:
I touched her thigh and death smiled.

Se perguntarem por nós aponta para cima
e responde com humor tipicamente irlandês
Senhor Roubado. Linha Amarela. Estação Terminal.”

Raquel Nobre Guerra
“O amor desapareceu, diz-se por aí, e eu tendo a acreditar
porque dormes cada vez mais longe na metade da cama
que ocupaste com edições luxuosas do Paraíso Perdido.”



Raquel Nobre Guerra

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

''Porta no trinco e nada nas mãos.
Há muito que é tudo o que resta.''
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