«Os carvalhos deixavam cair folhas como a chuva e, apesar disso, continuavam revestidos de folhagem. Todas as noites o céu ardia sobre o mar e as nuvens acumulavam-se e estendiam-se, atacando e recuando como a treinar-se para o Inverno.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 95
Poderia ter escrito a tremer de respirares tão longe Ter escrito com o sangue. Também poderia ter escrito as visões Se os olhos divididos em partes não sobrassem No vazio de ceguez E luz. Poderia ter escrito o que sei Do futuro e de ti E de ter visto no deserto O silêncio, o fogo e o dilúvio. De dormir cheio de sede e poderia Escrever O interior do repouso E ser faúlha onde a morte vive E a vida rompe. E poderia ter escrito o meu nome no teu nome Porque me alimento da tua boca E na palavra me sustento em ti.
Daniel Faria
«Joseph sentiu-se de repente tão cheio de tristeza que o peito lhe doeu.» John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 93
«Não deixes que termine o dia sem teres crescido um pouco, sem teres sido feliz, sem teres aumentado os teus sonhos. Não te deixes vencer pelo desalento. Não permitas que alguém retire o direito de te expressares, que é quase um dever. Não abandones as ânsias de fazer da tua vida algo extraordinário. Não deixes de acreditar que as palavras e a poesia podem mudar o mundo. Aconteça o que acontecer a nossa essência ficará intacta. Somos seres cheios de paixão. A vida é deserto e oásis. Derruba-nos, ensina-nos, converte-nos em protagonistas de nossa própria história. Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua: tu podes tocar uma estrofe. Não deixes nunca de sonhar, porque os sonhos tornam o homem livre.»
Walt Whitman
(...) Nem sempre me incendeiam o acordar das ervas e a estrela despenhada de sua órbita viva.
«O olhar dela encheu-se de pensamentos: o seu espírito buscava a maneira de exprimi-os. «Compreendo», disse, « que você já está à procura de desculpas - desculpas como arbustos atrás dos quais se possa esconder, para não precisar de enfrentar os seus pensamentos.» John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 84
«Você não conhece esse homem. Vou-lhe falar dele, não para a assustar, mas para que você não se assuste quando vier a conhecê-lo.» John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 84
«Não há uma distância muito grande entre o desprezo e o amor.» John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 83
«Pode haver dores mais agudas do que o prazer, Elizabeth, como uma hortelã-pimenta que nos queima a língua. A amargura de ser mulher pode ser um êxtase.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 71
«Quando fores crescida, Elizabeth, conhecerás a dor; mas não será o género de dor que tu pensas. Será uma dor impossível de curar com um beijo.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 70/1
«Sentia os braços e as mãos pesados e mortos, pendurados como pesos em cordas que partiam duns ombros cansados de suportá-los.» John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 70
«Pensei sem palavras», disse ele no seu espírito. «Um homem disse-me um dia que isso não era possível, mas pensei...Elizabeth, escuta-me. O Cristo pregado na cruz pode ser mais do quem um símbolo de toda a dor. Pode na verdade conter toda a dor. E um homem de pé no cume dum monte, de braços abertos, símbolo do símbolo, pode ser também um reservatório de toda a dor que jamais houve.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 69
“Não se arme em prima-dona até ser realmente uma prima-dona”. O conselho foi dado à romancista Doris Lessing (1919-2013) pela agente literária Margaret Macpherson, numa carta que hoje integra o recém-criado arquivo de escrita contemporânea (British Archive for Contemporary Writing) da universidade inglesa de East Anglia, à qual a autora de A Erva Canta (The Grass Is Singing, 1950), prémio Nobel da Literatura em 2007, legou uma parte substancial dos seus papéis pessoais.
Como se imaginará, Lessing ainda não era Nobel da Literatura quando Macpherson lhe recomendou que não se pusesse em bicos de pés. Na verdade, só receberia o prémio 58 anos mais tarde, aos 87. E quando soube que o tinha ganho, por jornalistas de televisão que a apanharam a sair de um táxi à porta de casa, há que dizer em seu benefício que parecia já ter aprendido a lição: não se dando quaisquer ares de diva, limitou-se a pousar a saca de compras no chão e a suspirar “Oh Christ”.
Mas a carta de Macpherson é de 7 de Agosto de 1949, quando Lessing, recém-chegada a Inglaterra vinda da então Rodésia do Sul, onde vivera desde criança, era ainda, aos 30 anos, uma escritora inédita, descontados alguns contos publicados em revistas sul-africanas. E o assunto da carta é justamente o que viria a ser o romance de estreia da autora, The Grass Is Singing, que esta tentava então vender ao editor britânico Michael Joseph. A correspondência, até hoje desconhecida, com esta agente literária constitui apenas uma pequena parte do arquivo pessoal de Doris Lessing que a universidade de East Anglia (UEA) possui.
Lessing tinha ligações antigas à UEA, que lhe atribuiu em 1985 um doutoramento honorário, e já em 2008 doara à universidade um significativo conjunto de documentos pessoais. E após a sua morte, cumprindo uma promessa feita ao académico e ensaísta Christopher Bigsby, professor de Estudos Americanos na UEA, com quem manteve uma longa amizade, deixou os restantes papéis que ainda conservava em casa.
Acondicionada em 60 caixas, esta documentação integra o arquivo de escrita contemporânea, criado por iniciativa de Bigsby, mas só poderá ser consultada, segundo instruções dos herdeiros de Lessing, quando o biógrafo oficial da escritora, o historiador Peter French, concluir a sua investigação e os libertar. A carta de Macpherson e alguma outra correspondência de Lessing, incluindo uma extensa e notável carta que a romancista endereçou em 1948 ao seu amante John Whitehorn, foram agora expostas na universidade e divulgadas pela UEA para assinalar a inauguração do arquivo.
“Muitos documentos estão já disponíveis para consulta pelos estudantes de Escrita Criativa, e também pelo público em geral, incluindo um maravilhoso conjunto de cartas que Lessing enviou ao seu amante antes de deixar a então Rodésia do Sul, hoje Zimbabwe”, disse Christopher Bigsby ao PÚBLICO, acrescentando que entre os últimos papéis da escritora, aos quais French tem neste momento acesso exclusivo, se contam sete diários manuscritos.
E o acervo do novo arquivo está longe de se circunscrever ao espólio de Lessing, ainda que este seja o seu núcleo mais importante. “Obtivemos os ficheiros de duas agências literárias, que incluem, entre muita outra correspondência, cartas de Nadine Gordimer [Nobel da Literatura em 1991], e tempos ainda, por exemplo, meia dúzia de cartas fascinantes de J. D. Salinger”, diz Bigsby.
O escritor alemão W. G. Sebald (1944-2001), o poeta inglês de ascendência húngara George Szirtes, o escritor malaio Tash Aw, ou o ficcionista e ensaísta indiano Amith Chaudhuri, professor de Literatura Contemporânea na UEA, são outros autores, de diversas gerações e proveniências geográficas já representados no arquivo. E Christopher Bigsby, que está actualmente em conversações com mais três ou quatro escritores, acredita que o acervo poderá crescer muito rapidamente nos próximos anos.
Defendendo que os arquivos de escritores “iluminam o processo de escrita, mostrando, através de esboços e da correspondência com agentes e outros escritores, como um romance parte de uma ideia até chegar ao produto final”, Bigsby observa que não é por acaso que este arquivo de escrita contemporânea, o primeiro com estas características a ser criado no Reino Unido, nasceu precisamente na sua universidade. “Foi criado aqui porque já tínhamos o Centro de Tradução Literária [British Centre for Literary Translation], que dispõe de várias centenas de traduções de obras de Doris Lessing, e também o mais antigo mestrado em escrita criativa do país, que produziu uma extensa lista de grandes escritores, como Ian McEwan, Kazuo Ishiguro, Anne Enright, ou ainda os autores de Rapariga Com Brinco de Pérola [Tracy Chevalier] e de O Rapaz do Pijama às Riscas [John Boyne]”.
A UEA promove ainda um importante festival literário internacional, e as gravações em vídeo das conversas com os seus convidados foram já integradas no novo arquivo de escrita contemporânea. São mais de 300 entrevistas, com autores como Margaret Atwood, Martin Amis, Seamus Heaney, P.D. James, Toni Morrison, Iris Murdoch, Harold Pinter ou Salman Rushdie.
Finalmente, lembra ainda Bigsby, a universidade está instalada em Norwich, que pertence à rede de cidades-refúgio para escritores perseguidos e é até hoje a única detentora do estatuto de Cidade da Literatura atribuído pela UNESCO.
A razão principal da carta, que abre logo com um tom algo ríspido, é recordar a Lessing que já negociara os direitos daquele que viria a ser o seu livro de estreia, The Grass Is Singing, com a editora sul-africana Afrikaanse Pers Boekhandel (APB). Desesperada por não ver o livro impresso, Lessing, que acabara de chegar a Londres, mostrara-o ao editor inglês Michael Joseph. “É claro que não pode vender o livro a Michael Joseph”, escreve Macpherson, acrescentando que todos os livros que a sua agência negociava com a APB tinham contratos de cinco anos.
Indecisa em publicar o livro na África do Sul, a APB estava a tentar negociá-lo com a Harper (parte do que depois viria a ser o grupo HarperCollins), e é a avaliação da editora nova-iorquina que motiva a admoestação da agente. Pelo que se presume da sua carta, Lessing ter-se-ia queixado de que a editora americana pretendia que ela mudasse o tema do livro, cujo enredo se centra numa mulher, Mary Turner, que está casada com um colono branco e tem umaffaire com o seu criado negro, Moses, que acabará por a matar.
A agente replica que a Harper não quer nada alterar o tema do livro, mas apenas “encurtá-lo e focá-lo”, e aproveita para dar a Lessing algumas luzes sobre escrita de ficção: “Se ler qualquer grande romancista, ou, ainda melhor, se se lembrar de alguma das suas obras, verá que o que se destaca na sua memória são as cenas. Escrever por cenas é a arte de toda a ficção memorável”. E é só porque Lessing é tão “prometedora” que se dá ao trabalho de a “ajudar e aconselhar”, diz Macpherson, que a avisa, então, para não se armar em prima-dona, observando que “um livro amador e medíocre pode destruí-la do mesmo modo que um bom livro pode consagrá-la”. E conclui: “detestaria vê-la deitar fora esta oportunidade”.
Mas o curioso é que, alguns meses passados, já em 1950, a primeira edição deThe Grass Is Singing saiu mesmo em Londres com a chancela de Michael Joseph, um antigo agente literário da empresa Curtis Brown que se estabelecera como editor por conta própria. O PÚBLICO tentou perceber como fora contornado o obstáculo legal representado pelo anterior contrato com a APB e uma arquivista da UEA, Justine Mann esclareceu que Curtis Brown, que se interessara por Lessing ao ler alguns dos seus contos, tivera acesso ao contrato com a editora sul-africana e ficou “indignado” com os respectivos termos. “Escreveu aos editores, desafiando-os, eles cederam, e Lessing viu-se livre do contrato original, o que permitiu a Michael Joseph publicar o livro”, explica a arquivista.
Outro ponto curioso da carta é o facto de o livro em causa só poder ser The Grass Is Singing, mas aparecer sempre referido como In Black and White (A Preto e Branco). Justine Mann confirmou que este foi, de facto, o título inicial da obra, e que só mais tarde Lessing optou pela citação de T. S. Eliot, retirada do longo poema Waste Land.
“Amar vasta e variadamente” Mas o mais extraordinário conjunto de cartas de Doris Lessing que a UEA conserva, num arquivo que inclui correspondência trocada com Ingmar Bergman, Raymond Carver, Iris Murdoch ou Muriel Spark, são as chamadasWhitehorn Letters, 110 cartas escritas entre 1943 e 1949 ao seu amante John Whitehorn, que conheceu em África quando este era um jovem cadete da força aérea britânica.
Algumas das cartas são dirigidas a um colega de unidade de Whitehorn, Coll MacDonald, ou a ambos, e Lessing escreveu ainda centena e meia de cartas a um amigo de John e Coll, Leonard Smith, vulgo Smithie, que mais tarde as venderia à universidade de Sussex. Numa carta de Janeiro de 1945, a escritora, que foi amante dos três enquanto estava casada com o seu segundo marido - o dirigente comunista Gottfried Lessing, que viria a morrer em 1979 no Uganda -, garante: “amo-vos a todos em indivisíveis porções de um terço”. Mas se teve uma paixão por Smithie, foi com John Whitehorn que manteve uma relação mais profunda e duradoura.
A carta a Whitehorn que a UEA tem neste momento exposta, datada de 28 de Setembro de 1948, é mais do que bastante para se adivinhar a importância do conjunto. Com quatro páginas dactilografadas, ficamos a saber, logo no início, que a jovem Doris fumava então dois maços de cigarros por dia. “Li o admirável ensaio de Lin Yutang sobre a futilidade de se deixar de fumar”, escreve. “É tão reconfortante virem-nos dizer que fumar é um acto espiritual, e não, como se poderia suspeitar, uma lamentável fraqueza”.
Toda a carta está repassada de humor e ironia. Lessing dedica duas páginas à política local, na ressaca da eleição desse ano, que devolvera o poder ao Partido da União (UP), de Godfrey Huggins. E trata com igual sarcasmo os vencedores e os vencidos do Partido Liberal, embora reconheça que, “de tempos a tempos”, um ou outro deputado liberal “lerá um livro”, já que por vezes se “levantam no Parlamento e fazem um discurso em que enunciam, com grande satisfação, alguma verdade que era um lugar comum por volta de 1800 com o ar de quem acabou de descobrir o segredo da vida”.
São também divertidos os parágrafos em que censura John Whitehorn por não ter sabido educar convenientemente a irmã mais nova, uma vez que esta tencionava casar-se aos 21 anos. “O modo certo de viver é amar vasta e variadamente até aos 30 anos, quando pomos de lado as infantilidades em favor do Lar”, argumenta Lessing. Curiosamente, a irmã de John, Katharine, que se celebrizaria como jornalista e colunista, acabou por só se casar mesmo aos 30 anos, em 1958, com o romancista Gavin Lyall.
Na mesma carta, de 1948, Lessing descreve-se como um aglomerado de “personagens conflituantes” e dá exemplos: “Uma porção do meu dia é dedicada a ser uma boa esposa e mãe: cozinho, crio o meu filho (...). Gasto outra porção a escrever. Cada vez melhor. Ainda virei a ser uma boa escritora (...). Durante as tardes, faço amor com o meu amante (...). E à noite frequento a política e os entretenimentos, sobretudo a política”. E conclui: “Ninguém pode dizer que a soma disto se assemelhe a um todo harmonioso, mas o que se há-de fazer?”.
Os arquivistas da UEA não descobriram ainda nada sobre mais este amante de Lessing, salvo o nome, que a romancista refere noutro passo da carta, quando observa que “o eu que cozinha com grande prazer e vê o bebé crescer não tem nada que ver com o eu que faz, com grande perícia, amor com John Parry”.
Não menos interessante - e tudo isto numa só carta! - é a parte em que Lessing confessa que anda a tentar escrever romances policiais e que pensou “escrever uma história de detectives inteiramente original acerca de um homem que encontra um corpo na sua carpete e que só descobre na última página que foi ele que o matou”. Infelizmente, explica, “dizem-me que já foi escrita”.
“Os homens … Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem-se do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer… … e morrem como se nunca tivessem vivido. ''
Zé Gato, taberneiro Maria Gata, mulher taberneiro Manel, bêbado Navarro, contrabandista Tóino, porqueiro
Maria de Fátima Gama, ajudante de farmácia Sebastião, guarda nacional republicano.
Ti ‘ Maria
Homens sentados nas mesas
Tânia Rico. “Vinho, Copos e Milagres” - Peça de Teatro
«LINDSAY Por amor de Deus, senhor Brown. Não me mate. Eu faço tudo o que quiser… BROWN
Tudo, tudo, mesmo tudo? LINDSAY
(uma ténue esperança na voz) Sim BROWN Tens a certeza? LINDSAY
Sim, senhor Brown BROWN
Bem, já vi que me vais tratar por senhor até à morte. Não há nada a fazer.»
(...)
BROWN
Vês, Lindsay, das coisas que beijei, mas não vivi. Não te vivi. Hoje de mim só resta o desencanto. Ainda têm sal, as tuas lágrimas?
(Aproxima-se e torna a lamber as lágrimas de Lindsay)
BROWN
Curioso, já não tens o sal da vida nas tuas lágrimas. Se calhar é porque te sentes mais morta que viva…
LINDSAY
(a chorar cada vez mais) Não…não…não…»
Luís Afonso Nunes da Graça. “Meia Dúzia de Maldades” - Peça de Teatro
|| história secreta ||
"Joelhos e memórias é o que vai primeiro. A dificudade em andar acompanhada pela incapacidade de recordar. Caímos e descobrimos a falta de ar ou como a luz do sol entra numa divisão só para ser seduzida pelas sombras."
Ethelbert Miller."Falta de Ar"
|| don't smoke in bed ||
"O mito de Adónis expressa ainda a ideia de que, por causa do sexo, o homem heterossexual torna-se menos homem: como se o contacto íntimo com a mulher o desvirilasse. Esta ideia está implícita na Odisseia homérica, quando o deus Hermes dá a Ulisses uma planta mágica para impedir que a deusa Circe, depois de desfrutar da proeza sexual do herói, lhe não tire (nas palavras de Hermes) coragem e virilidade quando estiveres nu. A planta mágica garante, pois, que Ulisses possa passar pela experiência do sexo sem que essa experiência implique transformação. Ele permanece o mesmo, antes e depois. O acto não tem qualquer efeito sobre ele."
Frederico Lourenço. "O Lugar Supraceleste : Crónicas"
|| mood indigo ||
"dorme deita-te neste espaço e dorme as gerações que passam a teu lado debruçam-se no rio que tu és e bebem dele e mergulham seus membros na corrente e jogam-se em seu leito caudaloso e quem de ti recebe dIrecção e frescura contigo se encaminha para o mar que o teu cantar desperta e o teu corpo reclama
àvidamente"
Luís Amorim de Sousa. "Mera Distância"
|| triunfo dos porcos ||
"do elogio fúnebre, das últimas palavras com que os filhos-da-puta se despedem, se separam uns dos outros, na ocasião da morte. O elogio fúnebre é normalmente o momento máximo na carreira de todo o filho-da-puta, é a prova de confiança, é a garantia de que as preocupações foram coroadas de êxito e de que, ao seu nível e à sua medida, o filho-da-puta morto não se poupou a esforços para fazer a vida ais difícil e a morte mais fácil."
Alberto Pimenta. "Discurso Sobre o Filho-da-Puta"
|| atravessar o dia ||
"atravessaste o dia enfeitado para a noite era o teu lado escuro que exigia outro sol olhavas para tudo como se fosse o poente e no entanto tiveste o teu fulgor como pingo no pano foste notado por alastramento foste o invés também corte no dedo que se mete na boca para sugar para estancar o sangue"
Luís Amorim de Sousa. "Mera Distância"
Where you gonna run to?
"Algures há Alguém a escrever Cartas e poemas para mim Alguém à espera da minha libertação Uma mulher que me alcança entre as grades? Já não acredito em chaves Só no toque"
Ethelbert Miller."Falta de Ar"
vou buscar-te ao fim da tarde, porque a noite só escurece contigo ao meu lado, porque a noite aprende por ti o caminho aberto das estrelas
vou buscar-te ao fim da tarde, e verás como preparei a casa, como escolhi a música, como, enfim, espalhei os objectos mais impressionados contigo, os que ganharam vida por se interporem na espessura estreita que vai do meu ao teu coração
e não mais te devolvo, correndo todos os riscos de não amanhecer nunca numa loucura propositada por ti
não mais te devolvo, ocuparás o mundo debaixo e sobre mim, e não haverá mais mundo sem que seja assim
''O documentário é conduzido por Alain de Botton, escritor e produtor residente em Londres, famoso por popularizar a filosofia e divulgar o seu uso na vida quotidiana. A obra tem a marca da BBC.
Botton iniciou um doutoramento em filosofia francesa em Harvard, mas acabou por optar por escrever ficção. Para além de escrever possui a sua própria produtora, a Seneca Productions, que transmite regularmente programas e documentários de televisão, baseados nos seus trabalhos.
Humano Demasiado Humano - Jean-Paul Sartre: O Caminho Para a Liberdade
Neste episódio é abordada a vida e a obra do mais famoso filósofo existencialista europeu, Jean-Paul Sartre (1905-1980). O homem que passou a vida a desafiar a lógica convencional amava os paradoxos. O documentário expõe estes paradoxos da sua vida e da sua obra, ao mesmo tempo em que ambos são questionados. A pergunta central que é colocada é: Se o ser humano é livre para fazer o que quiser, como justifica Sartre, então como devemos viver as nossas vidas no dia-a-dia?
Humano Demasiado Humano - Martin Heidegger: Projeto Para Viver
O projecto do tratado Ser e Tempo, foi publicado em 1927 no mesmo ano que Minha Luta (Adolf Hitler). Este programa examina a vida e a filosofia de Martin Heidegger, descreve a sua ascensão a proeminência intelectual, expondo os motivos do seu envolvimento no partido Nazi. Entrevistas com o seu filho, Hermann Heidegger, George Steiner autor de uma influente critica da sua filosofia, contado também com o seu biógrafo Hugo Ott; e ex-aluno de Hans-Georg Gadamer, fornecem novas ideias enquanto se faz uma reconstrução dos momentos chaves da vida de Heidegger. Vida e história de um homem cujos apologistas e os antagonistas ainda amargamente se dividem.
Humano Demasiado Humano - Friedrich Nietzsche: Além do Bem e do Mal
A semente do pensamento disseminado por Nietzsche no século 19 prefigurava o piloto do século 20 sobre os conceitos do existencialismo e da psicanálise. Este programa conta com entrevistas de grandes estudiosos do pensamento do Nietzsche sendo eles: Ronald Hayman e Leslie Chamberlain (biógrafos de Nietzsche), Andrea Bollinger (arquivista), Reg Hollingdale (tradutor), Will Self (escritor) e Keith Ansell Pearson (filosofa) que sonda a vida e os escritos de Nietzsche. Além de mostrar também o papel da irmã de Nietzsche na edição das suas obras para o uso como propaganda nazi. Conta também com partes de prosas aforísticas extraídas de obras como a parábola de um louco e assim falou Zaratustra.''
«Sentia desejos de se abrir todo para que ela o examinasse, para que a rapariga visse o que nele havia escondido, mesmo coisas que ele próprio não sabia. «Assim estaria certo» , pensou ele. « Ela saberia então que homem sou eu; e se o soubesse, faria parte de mim.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 57
Trust in me, baby, give me time, gimme time, um gimme time. I heard somebody say, oh, "The older the grape, Sweeter the wine, sweeter the wine."
Oh, my love is like a seed, baby, just needs time to grow, It's growing stronger day by day, yeah, That's the price you've got to pay.
Trust in me, baby, give me time, gimme time, please, a little more time. Takes a road runner just a little bit uh-longer, dear, Oh, to make up my mind, I gotta make up my mind. Oh, my love is like a seed, baby, just needs time to grow, It's growing stronger day by day, That's the price that we both got to pay.
I gotta know, know that I'm ready, oh ready to settle down, 'Cause I think too much of your loving, baby, Yeah, I don't wanna mess your life around!
So if you love me like you tell me that you're doing, dear, You shouldn't mind paying the price, any price, any price. Love is supposed to be that special kind of thing, Make anybody want to sacrifice. Oh, my love is like a seed, baby, just needs time to grow, It's growing stronger day by day, That's the price we both gotta pay.
Trust in me baby, trust in me baby, Trust in my love, in my heart. Keep the faith, baby, keep the faith in me, dear, in my love. Don't turn your face away from me, dear, oh you leave a lost girl, Oh, don't turn your love away, no no no no no no no, You gotta believe in me, baby, yeah, trust me dear, oh...
Writer(s): Tervald Henrik Mats Anderson, Peter Johansson, Martin Olof Ankelius, Bobby Womack
"The Last Time"
Make it the last time, make it the last time Make it the last time, oh darling please.
But I don't understand why you always pick the time When I've just talked to you with your love on my mind. To see a distant light, to hear a far-off horn To leave me one more time, I can't stand no more
Say no more, well no more, Well no more, darling, please.
And every time you leave I make the very same vow That when you come back I ain't gonna love you no how. But when you return you look so fine to me I can't stand no more, my darling, it's just got to be
I said the last time, oh the last time, Oh the last time, darling, please.
Don't you understand me, don't you understand me ? Honey, don't you understand my word ?
Well, you told me that you love me, I believed you, darling, But you lied, you know it's true. Hold on to my heart, I'll believe it till you're leaving Then I'll cry.
Oh darling, oh darling, Oh darling, make up your mind
Oh, I can't stand your loving, honey, it's tearing me apart, You done got my soul, but now you're after my heart. Well, don't hurt me, darling, now you know how to do it so well I just got one consolation, I just wail
It was the last time It was the last time It was the last time, darling, please.
When you told me that you love me I believed you, darling, But you lied, you know it's true. Hold on to my heart, I'll believe it till you're leaving Then I'll cry.
Well no more, well no more, Well no more without you, please!
If you wanna love me, honey, please stay home, If you don't wanna love me, baby, please stay gone. Don't you understand me, don't you understand me ? Don't you understand my words ?
Say no more, oh no more, Well no more, oh, darling, oh!
You told me that you love me I believed you, darling, But you lied, you know it's true. Hold on to my heart, I'll believe it till you're leaving Then I'll cry, yeah.
Writer(s): Janis Joplin
"Intruder"
You come around here Trying to make your demand. You've got a need, darling, I've seen it grow and expand.
Yeah, you want to reveal my life With your own two hands. Well, tell me now What are you trying to do ?
Those holes in your life Show what you require. You're needin' new eyes, Oh Lord, honey take any wire ?
Yeah you've gotta save us all Before the next big fire. Tell me now What are you trying to do ?
Walked in my life, Child, and I don't even know your name. You put others around behind ya As if they were lame.
You insist a simple feeling Will be all the same. Well, tell me now What are you trying to do ?
Now I look like I'm suffering, N-n-n-n-n-n-now I'm doing fine. One look at yourself baby, Child, I got you alive.
Yeah, you're gonna take care of yours, I'll take care of mine. What are you trying to do ? Hey!
Writer(s): Janis Joplin
«Seria um bom lugar para onde fugir, longe da dor ou da mágoa, do desapontamento ou do medo», pensou ele. «Mas agora não tenho necessidade disso. Não preciso de fugir de qualquer dessas coisas. Mas não me posso esquecer daquele lugar.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 54
Estou nua ao abrir-te a porta, entra e arrasta-me até à parede, lambe-me a boca, és um cão, e abocanha-me os mamilos, erectos, depois, apalpa-me a cona com a mão toda e com os dedos, afasta-me os grandes lábios, directa ao clítoris, com intenção, e esfrega-o, hábil, nesse tarefa de fornicar mulheres, encurralando-as, com o teu corpo, dá-me com toda a força contra o muro, até escorrer água da pele que não sua, nunca, e escorregar até ao chão, onde de barriga para baixo, e me enfias os dedos e me fodes os buracos todos.
«Orientava a esposa com mão bíblica e decisiva. Expunha-lhe metodicamente aquilo que pensava e dominava-lhe as emoções quando ela se exaltava.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 31
«Quando um dos cães atacou, enraivecido, o quati e perdeu uma vista na luta, Thomas não se deixou cair em sentimentalismos. Raspou-lhe o resto do olho com um canivete e beliscou-lhe uma pata, para lhe fazer esquecer a dor.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 29
A JANELA
tu és o meu pão e o ruído imperceptível dos meus ossos és quase o mar
não és pedra nem som fundido julgo que não tens mãos
esta espécie de ave voa para trás e este amor parte-se numa vidraça onde nenhuma luz fala
não é altura de cruzar línguas (a areia aqui nunca se altera)
acho que o amanhã te virou com a ponta do pé e que irás ficar a brilhar inexaurível e clandestino
Diane di Prima (tradução de Vasco Gato)
«Ignoro porque és tão duro para aqueles que te amam,»
Nikos Kazantzaki.Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 203
I am a man of constant sorrow I've seen trouble all my days I'll say goodbye to Colorado Where I was born and partly raised.
Your mother says I'm a stranger My face you'll never see no more But there's one promise, darling: I'll see you on God's golden shore.
Through this open world I'm about to trouble Through ice and snows, sleet and rain I'm about to ride that morning railroad Perhaps I'll die on that train.
I'm going back to Colorado The place that I started from If I had known how bad you'd treat me honey I never would have come.
Well, in my time of dying don't want nobody to mourn All I want for you to do is take my body home Well, well, well, so I can die easy Well, well, well Well, well, well, so I can die easy Jesus gonna make up, Jesus gonna make up Jesus gonna make up my dying bed.
Well, meet me Jesus, meet me, meet me in the middle of the air If these wings should fail to me, Lord, won't you meet me with another girl ? Well, well, well, so I can die easy Well, well, well Well, well, well, so I can die easy Jesus gonna make up, Jesus gonna make up Jesus gonna make up my dying bed.
Lord, in my time of dying don't want nobody to cry All I want you to do is take me when I die Well, well, well, so I can die easy Well, well, well Well, well, well, so I can die easy Jesus gonna make up, Jesus gonna make up Jesus gonna make up my dying bed.
Well, I don't know why I love you like I do Nobody in the world can get along with you You got the ways of a devil sleeping in a lion's den I come home last night you wouldn't even let me in.
Oh sometimes you're as sweet as anybody want to be Oh when you get the crazy notion of jumping all over me Well, you give me the blues, I guess you're satisfied When you give me the blues I wanna lay down and die.
I helped you when you had no shoes on your feet, pretty mama I helped you when you had no food to eat Now you're the kind of woman that just don't understand You're taking all my money and give it to another man.
Well, you're that kind of woman makes a man lose his brains You're that kind of woman drives a man insane Well, you give me the blues, I guess you're satisfied You give me the blues, I wanna lay down and die.
Bob Dylan
«A Grécia jazia diante dos seus olhos, coberta de sangue.»
Nikos Kazantzaki.Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 199
«Receio-te, o teu poder faz-me tremer. Não passo dum homem e sofro. Sou grego, deves escutar-me. Deixa-me ao menos gritar o meu sofrimento para aliviar o coração.»
Nikos Kazantzaki.Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 183
Nikos Kazantzaki.Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 183
« - Não me faças perguntas. Onde queres tu chegar? -Quero tocar-te o coração, se ainda o tens.» Nikos Kazantzaki.Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 179
terça-feira, 11 de agosto de 2015
"Li por crises. Algumas duraram dois anos. Nesses casos, era obrigada a ler de dia nas grandes bibliotecas universitárias de Paris. É caso para perguntar por que aberração as grandes bibliotecas públicas estão fechadas de noite. Raramente li em praias e jardins. Não se pode ler com duas luzes simultâneas, a do dia e a do livro. Lê-se à luz eléctrica, com o quarto na penumbra, apenas a página iluminada."
Marguerite Duras, in 'O Mundo Exterior', trad. Clarisse Tavares, Lisboa, Livros do Brasil, 1995
"Falemos de casas coM janelas viradas para dentro. Falemos de casas sem lados, casas redondas, casas vazias. Falemos de casas que são ruas e ruas que são casas. Falemos desse mendigo aconchegado à geada, da puta que pernoita atrás de um balcão de crimes potenciais. Falemos das novas estrelas de David com que te marcaram a liberdade. As casas dos poetas sem terra, sem lugar, dos lugares sem sítio, dos poetas sitiados."
“Christophe Honoré propõe-nos, com este filme-manifesto, a derradeira e mais bela das metamorfoses.” Jean-Baptiste Morain,Les Inrockuptibles
“Uma adaptação literária delicada e discreta que esconde muitas ideias por detrás da sua superfície cintilante” Boyd van Hoeij,The Hollywood Reporter
«Tinha um vago verniz de instrução e, quando não via pela frente padre Yannaros, afoitava-se a exprimir o que pensava.»
Nikos Kazantzaki.Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 170
«Quando se é Deus, porque se há-de armar em cordeiro?» Nikos Kazantzaki.Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 169
«Construíste a tua casa
emplumaste os teus pássaros
golpeaste o vento
com os teus próprios ossos
terminaste sozinha
aquilo que ninguém começou»
Alejandra Pizarnik.Antologia Poética
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
«Dentro do sonho disseste: Beijemo-nos então, Neste quarto, nesta cama, Mas quando tudo terminar Não voltaremos a ver-nos.
Ao ouvir estas últimas palavras, Não havia parição nocturna de ovelhas, Pássaro levado pela ventania Nem raiz cingida pela geada Tão frios como o meu coração.»
Philip Larkin (tradução de Vasco Gato)
"Apaixona-me tanto a leitura que às vezes penso que é como a outra paixão, a escrita, nada mais que o reverso do tapete"
“A literatura é a arte a que dedicamos nossas vidas”
Virginia Woolf
Estende a tua mão herberto hélder
estende a tua mão contra a minha boca e respira, e sente como respiro contra ela, e sem que eu nada diga, sente a trémula, tocada coluna de ar a sorvo e sopro, ó táctil, ininterrupta, e a tua mão sinta contra mim quanto aumenta o mundo
in a faca não corta o fogo
"A única salvação do que é diferente é ser diferente até o fim, com todo o valor, todo o vigor e toda a rija impassibilidade; tomar as atitudes que ninguém toma e usar os meios de que ninguém usa; não ceder a pressões, nem aos afagos, nem às ternuras, nem aos rancores; ser ele; não quebrar as leis eternas, as não-escritas, ante a lei passageira ou os caprichos do momento; no fim de todas as batalhas — batalhas para os outros, não para ele, que as percebe — há-de provocar o respeito e dominar as lembranças; teve a coragem de ser cão entre as ovelhas; nunca baliu; e elas um dia hão-de reconhecer que foi ele o mais forte e as soube em qualquer tempo defender dos ataques dos lobos."
Agostinho da Silva, Diário de Alcestes
Um outro tanto Maria Teresa Horta
Não sei como consigo
amar-te tanto
se querer-te assim na minha fantasia
é amar-te em mim
e não saber já quando
de querer-te mais eu vou morrer um dia
perseguir a paixão até ao fim é pouco
exijo tudo até perder-me
enquanto, e de um jeito tal que desconhecia
poder amar-te ainda
um outro tanto
in "Inquietude" quasi (06)
«As estrelas, incrustadas no manto cinzento de aço no céu, pareciam lutar, a tremeluzir, contra a noite.» John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 20
«As mentiras são todas iguais, sejam elas quais forem. Se o senhor engolir essa aldrabice, ele passa a contar-lhe logo outra.» John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 19