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quarta-feira, 31 de julho de 2024

Colour Grey Poem by Herta Müller

 1.

I grow time, beans, the colour gray
And stitch the shadows of a dying day
They make a woman, rather a girl
Lost in the ocean like a grain of pearl
The swans of Coole fly over me
Will they rest for a while by me!
Maybe it's my turn now.
Deep in the frost where my eyes shall never go
The leopard will print his paw
And with a sudden leap break free
All the chimes of poetry
Maybe it's my turn now.
The rough beast was never born
Though we devised a cage for his morn
Maybe it's my turn now.
I have a tale to tell I shall also ring the bell
When you start believing
When you start hearing
Maybe it's my turn now.

2.
These days I don't think of you
But after the soot covers me
I begin to wonder where those
Evenings have gone, those wanderings
In the spacious lawns of enchantment
That smacked of no design, though
We were bent on making a sense
The early birds get their worms
I lie in the tireless ticking of my old watch
Counting the bits of frozen blood,
Listening to the worms
That are in all of us
Then I begin to crawl towards the womb
That threw me off a long way back
And look for the dark, the black hole
To suck me up.

3.
I was nice to him
He was nice to me
Only
Our doors, our windows
Kept closed
Lest we smell each other.

Translated into English by Roger Woodhouse

EM MEU QUARTO


Em meu quarto,
onde fica minha cama
uma mesa uma cadeira
o fogão
o universo está ajoelhado como em toda parte
para ser salvo
da invisibilidade –
Eu traço uma linha
escrevo o alfabeto
pinto o lema suicida na parede
de onde brotam imediatamente os renascimentos
já prendo as constelações à verdade
então a terra começa a martelar
a noite se afrouxa
desprende-se
dente morto da dentadura –

Nelly Sachs, German–Swedish poet

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

«(...) até que a fadiga do ouvinte se transmutava em irritação, a irritação em malevolência.»

Peter Handke. Para uma Abordagem da Fadiga. Tradução de Isabel de Almeida e Sousa. Difel, Lisboa, 1989., p. 12

sábado, 15 de agosto de 2015

Quando uma futura Nobel da Literatura recebeu um raspanete

Doris Lessing na apresentação da antologia de vários autores, Declaration, entre os quais ela própria, em Outubro de 1957 
© DAILY 

“Não se arme em prima-dona até ser realmente uma prima-dona”. O conselho foi dado à romancista Doris Lessing (1919-2013) pela agente literária Margaret Macpherson, numa carta que hoje integra o recém-criado arquivo de escrita contemporânea (British Archive for Contemporary Writing) da universidade inglesa de East Anglia, à qual a autora de A Erva Canta (The Grass Is Singing, 1950), prémio Nobel da Literatura em 2007, legou uma parte substancial dos seus papéis pessoais.
Como se imaginará, Lessing ainda não era Nobel da Literatura quando Macpherson lhe recomendou que não se pusesse em bicos de pés. Na verdade, só receberia o prémio 58 anos mais tarde, aos 87. E quando soube que o tinha ganho, por jornalistas de televisão que a apanharam a sair de um táxi à porta de casa, há que dizer em seu benefício que parecia já ter aprendido a lição: não se dando quaisquer ares de diva, limitou-se a pousar a saca de compras no chão e a suspirar “Oh Christ”.
Mas a carta de Macpherson é de 7 de Agosto de 1949, quando Lessing, recém-chegada a Inglaterra vinda da então Rodésia do Sul, onde vivera desde criança, era ainda, aos 30 anos, uma escritora inédita, descontados alguns contos publicados em revistas sul-africanas. E o assunto da carta é justamente o que viria a ser o romance de estreia da autora, The Grass Is Singing, que esta tentava então vender ao editor britânico Michael Joseph. A correspondência, até hoje desconhecida, com esta agente literária constitui apenas uma pequena parte do arquivo pessoal de Doris Lessing que a universidade de East Anglia (UEA) possui.
Lessing tinha ligações antigas à UEA, que lhe atribuiu em 1985 um doutoramento honorário, e já em 2008 doara à universidade um significativo conjunto de documentos pessoais. E após a sua morte, cumprindo uma promessa feita ao académico e ensaísta Christopher Bigsby, professor de Estudos Americanos na UEA, com quem manteve uma longa amizade, deixou os restantes papéis que ainda conservava em casa.
Acondicionada em 60 caixas, esta documentação integra o arquivo de escrita contemporânea, criado por iniciativa de Bigsby, mas só poderá ser consultada, segundo instruções dos herdeiros de Lessing, quando o biógrafo oficial da escritora, o historiador Peter French, concluir a sua investigação e os libertar. A carta de Macpherson e alguma outra correspondência de Lessing, incluindo uma extensa e notável carta que a romancista endereçou em 1948 ao seu amante John Whitehorn, foram agora expostas na universidade e divulgadas pela UEA para assinalar a inauguração do arquivo.
“Muitos documentos estão já disponíveis para consulta pelos estudantes de Escrita Criativa, e também pelo público em geral, incluindo um maravilhoso conjunto de cartas que Lessing enviou ao seu amante antes de deixar a então Rodésia do Sul, hoje Zimbabwe”, disse Christopher Bigsby ao PÚBLICO, acrescentando que entre os últimos papéis da escritora, aos quais French tem neste momento acesso exclusivo, se contam sete diários manuscritos.
E o acervo do novo arquivo está longe de se circunscrever ao espólio de Lessing, ainda que este seja o seu núcleo mais importante. “Obtivemos os ficheiros de duas agências literárias, que incluem, entre muita outra correspondência, cartas de Nadine Gordimer [Nobel da Literatura em 1991], e tempos ainda, por exemplo, meia dúzia de cartas fascinantes de J. D. Salinger”, diz Bigsby.
O escritor alemão W. G. Sebald (1944-2001), o poeta inglês de ascendência húngara George Szirtes, o escritor malaio Tash Aw, ou o ficcionista e ensaísta indiano Amith Chaudhuri, professor de Literatura Contemporânea na UEA, são outros autores, de diversas gerações e proveniências geográficas já representados no arquivo. E Christopher Bigsby, que está actualmente em conversações com mais três ou quatro escritores, acredita que o acervo poderá crescer muito rapidamente nos próximos anos.
Defendendo que os arquivos de escritores “iluminam o processo de escrita, mostrando, através de esboços e da correspondência com agentes e outros escritores, como um romance parte de uma ideia até chegar ao produto final”, Bigsby observa que não é por acaso que este arquivo de escrita contemporânea, o primeiro com estas características a ser criado no Reino Unido, nasceu precisamente na sua universidade. “Foi criado aqui porque já tínhamos o Centro de Tradução Literária [British Centre for Literary Translation], que dispõe de várias centenas de traduções de obras de Doris Lessing, e também o mais antigo mestrado em escrita criativa do país, que produziu uma extensa lista de grandes escritores, como Ian McEwan, Kazuo Ishiguro, Anne Enright, ou ainda os autores de Rapariga Com Brinco de Pérola [Tracy Chevalier] e de O Rapaz do Pijama às Riscas [John Boyne]”.
A UEA promove ainda um importante festival literário internacional, e as gravações em vídeo das conversas com os seus convidados foram já integradas no novo arquivo de escrita contemporânea. São mais de 300 entrevistas, com autores como Margaret Atwood, Martin Amis, Seamus Heaney, P.D. James, Toni Morrison, Iris Murdoch, Harold Pinter ou Salman Rushdie.
Finalmente, lembra ainda Bigsby, a universidade está instalada em Norwich, que pertence à rede de cidades-refúgio para escritores perseguidos e é até hoje a única detentora do estatuto de Cidade da Literatura atribuído pela UNESCO.
“Não se arme em prima-dona”
A julgar pela pequena amostra agora divulgada da correspondência de Lessing, a documentação conservada na UEA parece ser de facto incontornável para qualquer actual ou futuro biógrafo de Lessing. Mesmo a breve carta profissional de Macpherson não é todo destituída de interesse, para lá da nota pitoresca de vermos uma hoje esquecida agente literária a passar um raspanete a uma futura Nobel da Literatura.
A razão principal da carta, que abre logo com um tom algo ríspido, é recordar a Lessing que já negociara os direitos daquele que viria a ser o seu livro de estreia, The Grass Is Singing, com a editora sul-africana Afrikaanse Pers Boekhandel (APB). Desesperada por não ver o livro impresso, Lessing, que acabara de chegar a Londres, mostrara-o ao editor inglês Michael Joseph. “É claro que não pode vender o livro a Michael Joseph”, escreve Macpherson, acrescentando que todos os livros que a sua agência negociava com a APB tinham contratos de cinco anos.
Indecisa em publicar o livro na África do Sul, a APB estava a tentar negociá-lo com a Harper (parte do que depois viria a ser o grupo HarperCollins), e é a avaliação da editora nova-iorquina que motiva a admoestação da agente. Pelo que se presume da sua carta, Lessing ter-se-ia queixado de que a editora americana pretendia que ela mudasse o tema do livro, cujo enredo se centra numa mulher, Mary Turner, que está casada com um colono branco e tem umaffaire com o seu criado negro, Moses, que acabará por a matar.
A agente replica que a Harper não quer nada alterar o tema do livro, mas apenas “encurtá-lo e focá-lo”, e aproveita para dar a Lessing algumas luzes sobre escrita de ficção: “Se ler qualquer grande romancista, ou, ainda melhor, se se lembrar de alguma das suas obras, verá que o que se destaca na sua memória são as cenas. Escrever por cenas é a arte de toda a ficção memorável”. E é só porque Lessing é tão “prometedora” que se dá ao trabalho de a “ajudar e aconselhar”, diz Macpherson, que a avisa, então, para não se armar em prima-dona, observando que “um livro amador e medíocre pode destruí-la do mesmo modo que um bom livro pode consagrá-la”. E conclui: “detestaria vê-la deitar fora esta oportunidade”.
Mas o curioso é que, alguns meses passados, já em 1950, a primeira edição deThe Grass Is Singing saiu mesmo em Londres com a chancela de Michael Joseph, um antigo agente literário da empresa Curtis Brown que se estabelecera como editor por conta própria. O PÚBLICO tentou perceber como fora contornado o obstáculo legal representado pelo anterior contrato com a APB e uma arquivista da UEA, Justine Mann esclareceu que Curtis Brown, que se interessara por Lessing ao ler alguns dos seus contos, tivera acesso ao contrato com a editora sul-africana e ficou “indignado” com os respectivos termos. “Escreveu aos editores, desafiando-os, eles cederam, e Lessing viu-se livre do contrato original, o que permitiu a Michael Joseph publicar o livro”, explica a arquivista.
Outro ponto curioso da carta é o facto de o livro em causa só poder ser The Grass Is Singing, mas aparecer sempre referido como In Black and White (A Preto e Branco). Justine Mann confirmou que este foi, de facto, o título inicial da obra, e que só mais tarde Lessing optou pela citação de T. S. Eliot, retirada do longo poema Waste Land
“Amar vasta e variadamente”
Mas o mais extraordinário conjunto de cartas de Doris Lessing que a UEA conserva, num arquivo que inclui correspondência trocada com Ingmar Bergman, Raymond Carver, Iris Murdoch ou Muriel Spark, são as chamadasWhitehorn Letters, 110 cartas escritas entre 1943 e 1949 ao seu amante John Whitehorn, que conheceu em África quando este era um jovem cadete da força aérea britânica.
Algumas das cartas são dirigidas a um colega de unidade de Whitehorn, Coll MacDonald, ou a ambos, e Lessing escreveu ainda centena e meia de cartas a um amigo de John e Coll, Leonard Smith, vulgo Smithie, que mais tarde as venderia à universidade de Sussex. Numa carta de Janeiro de 1945, a escritora, que foi amante dos três enquanto estava casada com o seu segundo marido - o dirigente comunista Gottfried Lessing, que viria a morrer em 1979 no Uganda -, garante: “amo-vos a todos em indivisíveis porções de um terço”. Mas se teve uma paixão por Smithie, foi com John Whitehorn que manteve uma relação mais profunda e duradoura.
A carta a Whitehorn que a UEA tem neste momento exposta, datada de 28 de Setembro de 1948, é mais do que bastante para se adivinhar a importância do conjunto. Com quatro páginas dactilografadas, ficamos a saber, logo no início, que a jovem Doris fumava então dois maços de cigarros por dia. “Li o admirável ensaio de Lin Yutang sobre a futilidade de se deixar de fumar”, escreve. “É tão reconfortante virem-nos dizer que fumar é um acto espiritual, e não, como se poderia suspeitar, uma lamentável fraqueza”.
Toda a carta está repassada de humor e ironia. Lessing dedica duas páginas à política local, na ressaca da eleição desse ano, que devolvera o poder ao Partido da União (UP), de Godfrey Huggins. E trata com igual sarcasmo os vencedores e os vencidos do Partido Liberal, embora reconheça que, “de tempos a tempos”, um ou outro deputado liberal “lerá um livro”, já que por vezes se “levantam no Parlamento e fazem um discurso em que enunciam, com grande satisfação, alguma verdade que era um lugar comum por volta de 1800 com o ar de quem acabou de descobrir o segredo da vida”.
São também divertidos os parágrafos em que censura John Whitehorn por não ter sabido educar convenientemente a irmã mais nova, uma vez que esta tencionava casar-se aos 21 anos. “O modo certo de viver é amar vasta e variadamente até aos 30 anos, quando pomos de lado as infantilidades em favor do Lar”, argumenta Lessing. Curiosamente, a irmã de John, Katharine, que se celebrizaria como jornalista e colunista, acabou por só se casar mesmo aos 30 anos, em 1958, com o romancista Gavin Lyall.
Na mesma carta, de 1948, Lessing descreve-se como um aglomerado de “personagens conflituantes” e dá exemplos: “Uma porção do meu dia é dedicada a ser uma boa esposa e mãe: cozinho, crio o meu filho (...). Gasto outra porção a escrever. Cada vez melhor. Ainda virei a ser uma boa escritora (...). Durante as tardes, faço amor com o meu amante (...). E à noite frequento a política e os entretenimentos, sobretudo a política”. E conclui: “Ninguém pode dizer que a soma disto se assemelhe a um todo harmonioso, mas o que se há-de fazer?”.
Os arquivistas da UEA não descobriram ainda nada sobre mais este amante de Lessing, salvo o nome, que a romancista refere noutro passo da carta, quando observa que “o eu que cozinha com grande prazer e vê o bebé crescer não tem nada que ver com o eu que faz, com grande perícia, amor com John Parry”.
Não menos interessante - e tudo isto numa só carta! - é a parte em que Lessing confessa que anda a tentar escrever romances policiais e que pensou “escrever uma história de detectives inteiramente original acerca de um homem que encontra um corpo na sua carpete e que só descobre na última página que foi ele que o matou”. Infelizmente, explica, “dizem-me que já foi escrita”.

sábado, 23 de abril de 2011

Porém...

«Porém, só depois de deixar de viver é que penso, nestas e noutras coisas. É na tranquilidade da decomposição que me recordo dessa longa emoção confusa que foi a minha vida, e que a julgo, como se diz que Deus nos há-de julgar e com a mesma impertinência.»



Samuel Beckett. Molloy. Tradução de Rui Guedes da Silva. Editorial Presença, 1964., p 34

segunda-feira, 18 de abril de 2011

«Ninguém devia estar só na velhice, pensou. Mas é inevitável.»


Ernest Hemingway. O Velho e o Mar. Tradução e prefácio de Jorge de Sena. Ilustrações de Bernardo Marques. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1956, p. 54

« (...), e fez por não pensar, aguentar apenas.»

Ernest Hemingway. O Velho e o Mar. Tradução e prefácio de Jorge de Sena. Ilustrações de Bernardo Marques. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1956, p. 52
«Come, de maneira a que o bico do anzol se te espete no coração e te mate, pensou. Vem para cima sossegado, que eu meto-te o arpão. Muito bem. já acabaste? Estiveste à mesa o tempo que quiseste?»



Ernest Hemingway. O Velho e o Mar. Tradução e prefácio de Jorge de Sena. Ilustrações de Bernardo Marques. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1956, p. 50

domingo, 17 de abril de 2011

«Sempre pensava no mar como la mar, que é o que o povo lhe chama em espanhol, quando o ama.»

«(...) . Mas o velho sempre pensava no mar como feminino, como algo que entrega ou recusa favores supremos, e, se tresvariava ou fazia maldades era porque não as podia deixar de as fazer. A lua influi no mar como as mulheres, pensava ele.»



Ernest Hemingway. O Velho e o Mar. Tradução e prefácio de Jorge de Sena. Ilustrações de Bernardo Marques. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1956, p. 34/5
«- Quando eu era da tua idade, ia de marujo num navio rumo à África e vi leões nas praias ao anoitecer.»


Ernest Hemingway. O Velho e o Mar. Tradução e prefácio de Jorge de Sena. Ilustrações de Bernardo Marques. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1956, p.26

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

«Platero é pequeno, peludo, suave; tão macio, que dir-se-ia todo de algodão, que não tem ossos. Só os espelhos de azeviche dos seus olhos são duros como dois escaravelhos de cristal negro.Deixo-o solto, e vai para o prado, e acaricia levemente com o focinho, mal as roçando, as florinhas róseas, azuis-celestes e amarelas... Chamo-o docemente: «Platero», e ele vem até mim com um trote curto e alegre que parece rir em não sei que guizalhar ideal...Come o que lhe dou. Gosta das tangerinas, das uvas moscatéis, todas de âmbar, dos figos roxos, com sua cristalina gotita de mel...E terno e mimoso como um menino, como uma menina...; mas forte e seco como de pedra. Quando nele passo, aos domingos, pelas últimas ruelas da aldeia, os camponeses, vestidos de lavado e vagarosos, param a olhá-lo:— Tem aço...Tem aço. Aço e prata de luar, ao mesmo tempo.»


Juan Ramón Jiménez, Platero e Eu.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

- ¿Qué es lo que tanto te llamó la atención?
- ¿Que tienen de particular los habladores?
(...)
- Son una prueba prueba palpable de que contar historias puede ser algo más que una mera diversión – se me ocurrió decirle - . Algo primordial, algo de lo que depende la existencia misma de un pueblo.


(...)

((Es hora de descasar)), ((Es hora de sentarse a escuchar lo que habla)). Así lo hacían: descasaban con el sol o se reunían a oír el hablador hasta que empezaba a oscurecer. Entonces desperezándose, decían: (( Ha llegado el momento de vivir.)) p.62

Mario Vargas Llosa. El hablador. Santiago: Siex Barral, 1987

Prémio Nobel da Literatura 2010: Mario Vargas Llosa


Ver aqui a página oficial do autor.
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