quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A JANELA
tu és o meu pão
e o ruído
imperceptível
dos meus ossos
és quase
o mar
não és pedra
nem som fundido
julgo
que não tens mãos
esta espécie de ave voa para trás
e este amor
parte-se numa vidraça
onde nenhuma luz fala
não é altura
de cruzar línguas
(a areia aqui
nunca se altera)
acho que
o amanhã
te virou com
a ponta do pé
e que irás
ficar
a brilhar
inexaurível e clandestino

Diane di Prima 
(tradução de Vasco Gato)

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