domingo, 14 de fevereiro de 2016
«O filme Peeping Tom (1960) de Michael Powell retrata um jovem operador de câmara com a obsessão de atrair jovens mulheres para locais clandestinos onde ele as filma, e, de seguida as mata, sempre com a câmara a ligada, apanhando a sua fisionomia de terror, os gritos e, finalmente, a sua morte no filme (cf. Sontag 1986: 23). A prática fotográfica é também agressora e mortificadora num significado sexual, como já tivemos oportunidade de observar no filme Crash de Cronenberg38. Porque em Peeping Tom, o personagem não quer possuir os seus corpos fisicamente. Pelo contrário, o que ele deseja possuir é a imagem dos corpos no momento da sua morte, que é tratado pornograficamente. A perversão está no olhar e na violação do corpo e da intimidade do momento da morte através da objectiva. É a distância que existe entre o objecto captado e a objectiva que lhe permite ser voyeur.»
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Michael Powell
fotografias de álbuns antigos
[...] essas sombras cinzentas ou sépias, fantasmagóricas, quase ilegíveis, que deixam de ser os tradicionais retratos de família para constituírem a inquietante presença de vidas fixadas no seu tempo, libertas do seu destino, não pelo prestígio da arte mas em virtude de uma mecânica impassível: porque a fotografia não cria, como a arte eternidade, embalsama o tempo, subtraindo-o simplesmente à sua própria corrupção (Bazin, 2008
“complexo da múmia”
“complexo da múmia” (Bazin, 2008) e que remonta à cultura egípcia, orientada para a morte, que “fazia depender a sobrevivência contra a perenidade do corpo”
Cartier Bresson afirmou em Images à la sauvette [The decisive moment] (1952), que aquilo que mais se deve recear, é o artificialmente planeado (cf. Cartier-Bresson, 1952). O realismo é a essência da fotografia, a diferença primária entre a fotografia e a pintura.
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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
«Jünger interessa-se antes por imagens inconvencionais do ser humano projectado ou em situações de ameaça extrema, captado em toda a sua vulnerabilidade. “In a field of destructive torrents and explosions, was the tiny, fragile human body” (Benjamin, 1999: 84). O corpo humano é captado nos instantes fatais do perigo, como que se de um brinquedo irreal se tratasse, para assim criar uma educação fria e sem empatia do leitor perante o choque. Esta combinação da força industrial, tecnológica e destrutiva, e do corpo desprotegido, surge aqui como metáfora para a vida moderna.
Duas das fotografias foram tiradas na frente, no momento do ataque
Der gefährliche Augenblick: fotografias da catástrofe
«Der gefährliche Augenblick pode ser considerado uma verdadeira iconografia moderna do terror (Werneburg, 1992: 50), que se funda na estética do horror, do grotesco, e que representa o ideal de jüngeriano de civilização educada no perigo. Com efeito, o título do livro remete-nos directamente para o perigo e para o olhar, estabelecendo uma relação entre os dois. Para Jünger a sociedade é controlada e dirigida para que aquilo Isabel Gil denomina de literacia visual do perigo (Gil, 2012: 147), através das imagens de violência que treinam a visão como um acto de agressão.»
“trauma is a disorder of memory and time” (Baer, 2002)
«Baer nota que “trauma is a disorder of memory and time” (Baer, 2002: 9) e evoca a metáfora da câmara fotográfica utilizada por Freud para explicar o evento traumático: a câmara capta o acontecimento presente e os seus negativos são guardados, tal como as memórias são arrumadas no inconsciente. Mais tarde, quando estes negativos são revelados, o acontecimento é vivenciado como no momento original, ocorrendo desta forma um desfaseamento temporal. Também Barthes reconhece o “choque fotográfico” (Barthes, 2010: 31), embora não tanto como um trauma, mas como uma surpresa, que revela aquilo que o autor desconhecia ou do qual não estava consciente.
Os traumas do início do século XX deram origem a uma forma moderna de consciência fotográfica, que foi desenvolvida para possibilitar ao homem proteger-se e defender-se contra a dor da catástrofe através da auto-objectivação - produzindo o “trabalhador”, frio e racionalista, dotado de qualidades militares, com o seu corpo e mente blindados contra os choques tecnológicos da fábrica ou zona de guerra.»
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A fotografia é memória do acontecimento que o fotógrafo presenciou e aprisionou numa imagem para a posteridade.
«A fotografia evoca sempre um tempo passado. O “isto foi” a que Barthes se refere em La Chambre Claire [Câmara Clara] (1980) (Barthes, 2010: 107). A fotografia é memória do acontecimento que o fotógrafo presenciou e aprisionou numa imagem para a posteridade. Por outro lado, as fotografias criam a ilusão de imediato. O tempo passa e os intervenientes da fotografia estão eternamente suspensos na mesma pose, tal como momento em que foi captada, criando uma ilusão de presente para o espectador. É por essa razão que é necessário abandonar a noção de história e tempo como uma linha de sequência para melhor compreender estas fotografias, que devem ter uma aura de intemporalidade em seu redor. A fotografia é um fragmento, um momento isolado, que é eternamente repetido, como que se de um trauma se tratasse (cf. Baer, 2002).»
«Como realça Baer, no que diz respeito à relação entre imagem e texto na obra de Jünger, o papel das narrativas parece antes ser o de duplicar as operações metonímicas da fotografia (cf. Baer, 2002). Na verdade, a narrativa inicia-se muitas vezes a meio e não há relação entre os vários textos individuais, assumindo-se assim que o leitor tem suficiente conhecimento para dar sentido às narrativas.»
«Note-se que a fotografia é estática. Não tem movimento como o filme, que nos conta uma história e nos oferece uma visão global e detalhada dos acontecimentos. Na fotografia, sem legenda, não há contexto. As imagens oferecem apenas fragmentos de compreensão, necessários para completar, interpretar e imaginar o que está para além do quadro fornecido pela objectiva. Não conhecemos o antes nem o depois. Apenas o momento fugazmente captado, órfão de espaço e de tempo.»
«Para Barthes, “today, at the level of mass communications, it appears that the linguistic message is indeed present in every image” (Barthes, 1988: 38), o que, para o autor, significa que não podemos falar numa civilização da imagem, pelo contrário, somos uma verdadeira civilização da escrita. A linguagem verbal tem assim a tarefa de ajudar na compreensão das imagens e pode exercer duas funções: a de ancoragem e a de revezamento – pouco frequente na imagem fixa (cf. Barthes, 1988).»
“palavra e imagem é como cadeira e mesa; para estarmos à mesa necessitamos das duas”
''A imagem é a forma de comunicar uma mensagem. No caso de Jünger uma mensagem política clara, como vimos. Qual o sentido de determinadas fotografias? A fotografia deve ser abordada semioticamente e interpretada quanto ao seu significado, e não face ao seu prazer estético. A fotografia é uma imagem visual, um conjunto de diferentes tipos de signos, que formam uma própria linguagem – visual, um instrumento de expressão e de comunicação (Joly, 1994: 55). O seu significado depende da cultura, que oferece informações que ajudam a decifrar a fotografia. Por isso a leitura de uma fotografia nem sempre é universal, necessitando da palavra como âncora: “palavra e imagem é como cadeira e mesa; para estarmos à mesa necessitamos das duas” (Godard apud Joly, 1994: 119). Ou como a revista Paris Match fundamentou toda a sua campanha de promoção - “o peso das palavras, o choque das fotografias” (Bauret, 1992: 34)''
“danger appears merely as the other side of our order”
«A máquina é destrutiva. Basta recordar as invenções e avanços técnicos no campo das armas de guerra. Armas que protegem e que ao mesmo tempo destroem. No fundo, porque, como diz Jünger, há uma relação demasiado próxima entre o perigo e a ordem – “danger appears merely as the other side of our order” (Jünger, 1993b: 30). O homem é feito de opostos que o equilibram – o desejo de ordem e os seus instintos selvagens básicos. A máquina, contudo, combina esse mesmo equilíbrio: é fruto das projecções civilizacionais e de organização, e ao mesmo tempo é selvagem e provoca acidentes diariamente.»
cyborg
''Der Arbeiter explora as extensões tecnológicas do corpo humano, desenvolvendo, de acordo com Matthew Biro (cf. Biro, 1994), a figura do cyborg. Trata-se de um retrato utópico de um mundo física e moralmente transformado pela tecnologia, em que Jünger “describes the new human – no longer an individual but a ‘type’ – in terms of quasi-cybernetic characteristics” (Biro, 1994: 100), entre as quais, a capacidade de se destruir e a sua insensibilidade à dor. O novo tipo é também marcadamente masculino. Jünger rejeita as representações femininas e delicadas, que vê associadas às aspirações de uma paz sem progresso, assim como o Romantismo do século XIX e os seus personagens dandys, optando por uma estética masculina que considera moderna e heróica (Herf, 1986: 78). O homem é dotado de técnica, frieza, precisão e eficácia; é o eleito para interagir com a tecnologia e participar na guerra.''
«Em Metropolis (1926) Fritz Lang representa o cyborg como uma figura feminina, criada pelo cientista Rotwang que constrói um robot, que é uma cópia mecânica da mulher que amava. Mais tarde, Rotwang dá a aparência de Maria ao robot, que assim se materializa numa criatura que combina características humanas e tecnológicas: o cyborg. Ao mesmo tempo, Lang associa o mundo mecanizado e os trabalhos industriais quase exclusivamente ao homem. Biro observa que é criada uma ambivalência “by the contradiction between a good or useful technology, indentified with the controlling gazes of the film’s leading men, and a dangerous form of technology, whichthe film naturalizes and identifies with female sexuality” (Biro, 1994:85).»
«Em Metropolis (1926) Fritz Lang representa o cyborg como uma figura feminina, criada pelo cientista Rotwang que constrói um robot, que é uma cópia mecânica da mulher que amava. Mais tarde, Rotwang dá a aparência de Maria ao robot, que assim se materializa numa criatura que combina características humanas e tecnológicas: o cyborg. Ao mesmo tempo, Lang associa o mundo mecanizado e os trabalhos industriais quase exclusivamente ao homem. Biro observa que é criada uma ambivalência “by the contradiction between a good or useful technology, indentified with the controlling gazes of the film’s leading men, and a dangerous form of technology, whichthe film naturalizes and identifies with female sexuality” (Biro, 1994:85).»
colectâneas fotográficas
''Para Jünger a câmara é uma arma de guerra como as outras. “Day in day out, optical lenses were pointed at the combat zones alongside the mouths of rifles and cannons” (Jünger, 1993: 24). A câmara é um instrumento de reprodução do real e de preservação da memória.No fim dos anos 20 e início dos anos 30, Jünger produziu uma série de colectâneas fotográficas com o tema da Primeira Guerra Mundial – Luftfahrt tut not (1928), Die Unvergessenen (1928) e Der Kampf um das Reich (1929). Jünger apoia-se na objectiva para um testemunho fiel dos acontecimentos.''
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
Interview: Duane Michals on 50 Years of Sequences and Staging Photos.
"No, no, commercial work is, I’m paid to do pictures for somebody, and when I do my own work, I do my own work. I never want my own work to support me. That was never an option. I did my own work for my own pleasure. Young people somehow think they’re going to graduate and get their portfolio and somebody is going to have an exhibit and they are going to sell $30,000 photographs and they’re going to be Cindy Sherman—that’s a big mistake."
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
«(...) para bem da sociedade e desenvolvimento da civilização, o indivíduo é sacrificado, e forçado a renunciar a parte dos desejos e pulsões instintivas, nomeadamente sustendo a líbido e a agressividade: “Integration in, or adaptation to, a human community appears as a scarcely avoidable condition which must be fulfilled before this aim of happiness can be achieved” (Freud: 1962: 87).
A tarefa de evitar o sofrimento coloca a da obtenção do prazer em segundo plano. Com este comportamento, o homem gera doenças na alma e no corpo.»
A tarefa de evitar o sofrimento coloca a da obtenção do prazer em segundo plano. Com este comportamento, o homem gera doenças na alma e no corpo.»
Em Les Fleurs du mal (1857), Baudelaire recorre a expressões como l’ennui e spleen, para dar forma aos sentimentos de tédio, melancolia e pessimismo que se infiltraram na sociedade da época e que provocaram a destruição da alegria de viver
Rien n’égale en longueur les boiteuses journées,
Quand sous les lourds flocons des neigeuses années
L’ennui, fruit de la morne incuriosité,
Prend les proportions de l’immortalité.
(Les Fleurs du mal, LXXVI)
Rien n’égale en longueur les boiteuses journées,
Quand sous les lourds flocons des neigeuses années
L’ennui, fruit de la morne incuriosité,
Prend les proportions de l’immortalité.
(Les Fleurs du mal, LXXVI)
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Joseph Goebbels, futuro Ministro da Propaganda na Alemanha nazi, foi um dos maiores críticos da vida de Berlim:
[...] the noise of the city, the lights, prostitutes, the confusion of gender roles caused by homosexual men and modern, nonmaternal women, the babble of languages—all were markers of an immoral and degraded world where people pursue bodily pleasures. Sex and drugs define their lives (Weitz, 2007: 78).
[...] the noise of the city, the lights, prostitutes, the confusion of gender roles caused by homosexual men and modern, nonmaternal women, the babble of languages—all were markers of an immoral and degraded world where people pursue bodily pleasures. Sex and drugs define their lives (Weitz, 2007: 78).
domingo, 7 de fevereiro de 2016
"construo-te de tudo
um pouco
mas também
a luta que não és
e tenho-te ligada
ao mínimo fremento
construo-te de leves
lineares ligações
um abraço fugaz
de músculos retesos
um toda fusão
de peças rotativas
e sei que tens amor
nas tuas mãos esquivas
construo-te de lâminas no escuro
iluminas-me o sol
laranja
duro
duro de ver nos dedos
sangue
duro caminho
duro de dor
onde"
um pouco
mas também
a luta que não és
e tenho-te ligada
ao mínimo fremento
construo-te de leves
lineares ligações
um abraço fugaz
de músculos retesos
um toda fusão
de peças rotativas
e sei que tens amor
nas tuas mãos esquivas
construo-te de lâminas no escuro
iluminas-me o sol
laranja
duro
duro de ver nos dedos
sangue
duro caminho
duro de dor
onde"
-"Ciclo Queda Livre"
- E. M. de Melo e Castro
- Assírio & Alvim, 1973 (1a Edição)
- E. M. de Melo e Castro
- Assírio & Alvim, 1973 (1a Edição)
"O que sabemos é que é preciso ser feliz. Banalizamos a felicidade como ausência de problemas, um estado de idiotia e irresponsabilidade, uma incessante animação ontida por recursos mágicos.
Ter felicidade (como se tem um bom carro e emprego garantido) tornou-se um pesado encargo. Usamos e malbaratamos palavras como espaço, direito, curtir. Ninguém mais pode se deprimir, em cada esquina ou página de jornal e revista vendem-nos receitas para uma euforia permanente e artificial. Estarmos um dia mais recolhidos parece suspeito."
-"O Rio do Meio"
- Lya Luft
Ter felicidade (como se tem um bom carro e emprego garantido) tornou-se um pesado encargo. Usamos e malbaratamos palavras como espaço, direito, curtir. Ninguém mais pode se deprimir, em cada esquina ou página de jornal e revista vendem-nos receitas para uma euforia permanente e artificial. Estarmos um dia mais recolhidos parece suspeito."
-"O Rio do Meio"
- Lya Luft
“Quão rápido se muda também o mundo
Como formas de nuvens,
Todo o perfeito cai
De regresso ao arcaico.
Por sobre o mudar e o andar,
Mais largo e mais livre
Dura ainda o teu pré-cantar,
Ó deus da lira.
Não se conhecem as dores,
Não se aprendeu o amor,
E o que na morte nos afasta
não está desvelado.
Só a canção sobre a terra
consagra e celebra.”
Rilke, Sonetten an Orpheus (I. Parte, XIX
Como formas de nuvens,
Todo o perfeito cai
De regresso ao arcaico.
Por sobre o mudar e o andar,
Mais largo e mais livre
Dura ainda o teu pré-cantar,
Ó deus da lira.
Não se conhecem as dores,
Não se aprendeu o amor,
E o que na morte nos afasta
não está desvelado.
Só a canção sobre a terra
consagra e celebra.”
Rilke, Sonetten an Orpheus (I. Parte, XIX
sábado, 6 de fevereiro de 2016
«Por coisa alguma te faria mal. Pelo contrário, quero proteger-te.»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 236
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 236
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''as balas assobiaram perto de nós sem nos tocarem''
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 234
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«A melhor maneira de nos vingarmos de uma mulher não é matá-la, mas dar-lhe cabo da cara. Rasga-se-lhe o nariz ou cortam-se-lhe as orelhas como a uma porca.»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 230
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 230
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«A noite ia-se tornando escura e enevoada.»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 228
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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
«Esses livros lavaram-me a alma, fizeram desaparecer a crosta que tinha sido formada pelas impressões de uma realidade miserável e amarga; se sentia que se tratava de um bom livro, compreendia desde logo a necessidade que tinha de o ler. Eram esses livros que faziam morrer dentro de mim a firme convicção de que não estava só e acabaria por me não perder!»
Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 273
«O termo «niilista» pareceu-me irritante e incongruente, mas deixei de compreender o sentido desse livro e vi-me mergulhado num certo abatimento: era evidente que me mostrava incapaz de compreender os bons livros! E este pertencia, como estava convencido, ao lote das melhores obras: uma senhora tão considerável e tão bela não ia de modo nenhum pôr-se a ler maus livros!»
Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 257
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Niilismo
domingo, 31 de janeiro de 2016
« A mulher do cortador ainda não tinha partido quando, por baixo do apartamento dos meus patrões, se veio instalar uma jovem senhora de olhos escuros, com sua filha e sua mãe, que fumava continuamente uma boquilha de âmbar. A senhora era muito bela; imperiosa e firme, tinha uma voz cheia e agradável e olhava toda a gente com um movimento de cabeça, pestanejando, como se as pessoas se encontrassem muito longe dela e as distinguisse mal.»
Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 251
«Mas escusas de ir contar isto. Há coisas que as pessoas fazem quando têm muita fome, mas não gostam que se saiba.
- Está bem. Se não precisar de ti durante o dia deixo-te dormir e não vou lá maçar-te, mas se vires que de noite se passa alguma coisa, vai num salto até à minha rua e mia.»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 221
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«O que tu tens de fazer é subir a Rua Hooper e miar. Se eu estiver a dormir, atiras terra à minha janela para me acordares.»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 222
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«Podia ter-lhe estalado o coração em consequência do medo.»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 218
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 218
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«Eu seja cão se isto não é verdade!»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 214
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sensibilidade doentiamente vibrátil
João Gaspar Simões, «António Nobre era um dândi, era um Narciso, era um egocentrista com uma sensibilidade doentiamente vibrátil.»
«Descendemos de três movimentos mais antigos – o
simbolismo francês, o panteísmo transcendental português e
a miscelânea de coisas contraditórias e sem sentido de que o
futurismo, o cubismo e outras correntes afins são expressão
ocasional, embora, para ser exato, descendamos mais do
espírito do que da letra desses movimentos.»
Fernando Pessoa
simbolismo francês, o panteísmo transcendental português e
a miscelânea de coisas contraditórias e sem sentido de que o
futurismo, o cubismo e outras correntes afins são expressão
ocasional, embora, para ser exato, descendamos mais do
espírito do que da letra desses movimentos.»
Fernando Pessoa
Victimes de névroses de tous
ordres, ils ressentent un spleen
qu’ils cultivent enhoisissant le
mercenaire, peuplé d’épiciers et de
rentiers. Les décadents manifestent
leur angoisse devant le monde, par
un pessimisme radical…
Sophie Didier e Etienne Garcin
ordres, ils ressentent un spleen
qu’ils cultivent enhoisissant le
refuge des paradis artificiels, loin
de cet univers trop réel, tropmercenaire, peuplé d’épiciers et de
rentiers. Les décadents manifestent
leur angoisse devant le monde, par
un pessimisme radical…
Sophie Didier e Etienne Garcin
Fernando Pessoa declararia que «[Nobre] foi o primeiro a pôr em europeu este sentimento português das almas e das coisas, que tem pena de que umas não sejam corpos, para lhes poder fazer festas, e de que outras não sejam gente, para poder falar com elas.»
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Fernando Pessoa
"[...] não me importa nada que me critiquem. Exactamente como não me importa nada quando me elogiam. Tanto me faz que uma pessoa me elogie como me censure – eu considero aquilo como uma opinião pessoal e não comparo com coisa nenhuma porque eu próprio não tenho opinião pessoal a meu respeito. Não me sinto nem herói, nem criminoso, sinto que vivo, sinto que sou"
– Agostinho da Silva, Vida Conversável [entrevista de 1985], p.99.
Teixeira de Pascoaes, poeta bem mais importante, quanto a
nós, do que Fernando Pessoa.
MÁRIO CESARINY, 1973
nós, do que Fernando Pessoa.
MÁRIO CESARINY, 1973
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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Don't Wanna Fight
My life, your life
Don't cross them lines
What you like, what I like
Why can't we both be right?
Attacking, defending
Until there's nothing left worth winning
Your pride and my pride
Don't waste my time
I don't wanna fight no more
Take from my hand
Put in your hands
The fruit of all my grief
Lying down ain't easy
When everyone is pleasing
I can't get no relief
Living ain't no fun
The constant dedication
Keeping the water and power on
There ain't nobody left
Why can't I catch my breath?
I'm gonna work myself to death
No, no, no, no!
I don't wanna fight no more
I don't wanna fight, I don't wanna fight!
I don't wanna fight no more
''viagem da solidão para a solidão''
A poesia pensa o século XX:
Fernando Pessoa lido por Alain Badiou
Fernando Pessoa lido por Alain Badiou
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
«Pecado confessado é pecado perdoado. Dizendo-o, sinto-me aliviado.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 199
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'' as aves não tinham ainda acordado''
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 198
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Nikos Kazantzakis
''(...) uma larga cintura liberta das nuvens, onde brilham as neves.''
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 196
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Nikos Kazantzakis
«Por toda a parte há gente que tem fome enquanto outros lambem os beiços, enfartados. Por toda a parte há lobos e cordeiros: ou comes ou és comido. Só uma lei permaneceu inviolável no mundo: a lei da selva.
- Mas não haverá então salvação? Não existirá um único animal que seja forte e bom, ao mesmo tempo, e não coma os outros nem se deixe comer?
- Não, não existe; talvez um dia venha a existir um. Há milhares de anos que um animal avança nesse sentido, mas ainda não chegou lá.
- Que animal?
- O macaco. Estamos ainda a meio do caminho, no pitecantropo. Tem paciência.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 194
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«(...), permanecia imóvel, tranquila, esperando a noite.
Não falávamos. Sentíamos que aqui a voz do homem, por mais fraca e doce que fosse, teria uma ressonância perfurante e discorde, e que despedaçaria todo o véu mágico que nos envolvia. Andávamos, afastando os ramos baixos dos pinheiros, molhando o rosto e as mãos nas gotas do orvalho matinal.
Sentia-me diluído na felicidade. Voltei-me para o meu amigo, abri a boca na intenção de lhe dizer: « Que felicidade...», mas não ousei; sabia que, se falasse, o sortilégio se dissiparia. »
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 192
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sobre a felicidade
''tinha suíças brancas e emaranhadas''
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 204
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imagens
« - Hiero quê?
-Hieroglifos. Desenhos e riscos que parecem não significar coisa alguma.»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 192
-Hieroglifos. Desenhos e riscos que parecem não significar coisa alguma.»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 192
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mark Twain
A verdade é sempre respeitável.
« - Fale, meu rapaz. Não esteja acanhado. A verdade é sempre respeitável. (...)»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 188
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 188
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quarta-feira, 27 de janeiro de 2016
''O timbre da sua alma é macio.''
Antón Tchekhov (13/1/1899)
Correspondência entre Antón Tchekhov e Máximo Górki.
Correspondência entre Antón Tchekhov e Máximo Górki.
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correspondência,
máximo Górki
prolixo
adjetivo
1. expresso por muitas palavras; difuso
2. superabundante
3. extenso
4. fastidioso; enfadonho
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língua portuguesa,
significados
''Um único defeito: falta de contenção, falta de graciosidade. Graciosidade é quando,
numa determinada ação, utiliza-se o mínimo de movimentos''.
Antón Tchekhov (13/1/1899)
Correspondência entre Antón Tchekhov e Máximo Górki.
numa determinada ação, utiliza-se o mínimo de movimentos''.
Antón Tchekhov (13/1/1899)
Correspondência entre Antón Tchekhov e Máximo Górki.
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"O entendimento humano não é uma luz pura, pois nele se infundem a vontade e as paixões, engendrando-se assim ciências moldadas a partir delas: aquilo que o homem quer que seja verdade acaba por sê-lo. É por essa razão que rejeita as coisas difíceis, por impaciência na investigação;
as coisas moderadas, por estas o desenganarem nas suas esperanças; as profundezas da natureza, por superstição; a luz da experiência, por orgulho e por arrogância, receando parecer ocupar o espírito com objectos vis e em constante transformação; os paradoxos, devido à opinião do vulgo. Em suma, é de mil modos, por vezes imperceptíveis, que as paixões impregnam e inibem o entendimento."
-"Naturalismos: de Lucrécio a Lobo Antunes"
- Lucrécio/ Espinoza/ Francis Bacon/ Diderot/ Paul Valéry/ Gilles Deleuze/ Sigfried Krakauer...
- 480 pgs
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
''as decepções sucediam-se''
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 179
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«Durante quinze dias, Tom ficou prisioneiro, morto para o mundo e para o que se passava. Quando, por fim, pôde levantar-se e, embora fraco, andar pela aldeia, achou tudo e todos muito mudados.»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 179
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mark Twain
«(...), mas em breve descobriu que basta prometer deixar de fazer uma coisa para que fazê-la nos apeteça mais do que nunca.»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 177
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 177
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sábado, 23 de janeiro de 2016
«Havia ali poucas pessoas que soubessem o que significava aquele amontoado de palavras, mas, mesmo assim, agradou muito.»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 173
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 173
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«Em certa altura, uma rapariga de ar triste e melancólico, com a palidez «interessante» dos doentes de estômago, (...)»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 173
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 173
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«Porém, ao fim de pouco tempo, descobre que para lá daquela aparência sedutora tudo é vaidade: a lisonja que lhe deliciava a alma fere-lhe agora desagradavelmente o ouvido; o baile perdeu os seus encantos. Com a saúde arruinada e o coração amargurado, afasta-se então, persuadida de que os prazeres terrenos não bastam para satisfazer os anseios da alma!»
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«A verdade acerca dos nossos é sempre desagradável.»
Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 172
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
"E imprevistamente reparo que há luz no ar. Não vem do Sol para um sítio determinado, que é a Terra. Espalha-se por todo o lado, não vem de parte alguma, se o Sol desaparecesse, continuaria a iluminar. Porque é uma luz de si própria, da essência de si, que é ser luz sem mais na sua iluminação. E estou contente. E sou também da essência da alegria, que é ser feliz para antes de se saber que a felicidade tem um nome."
- Sebastião Salgado vs Vergílio Ferreira
domingo, 17 de janeiro de 2016
«O LUTO o percurso do luto é parecido ao exílio, arranca-nos do outro, arranca-nos uma parte de nós próprios. É uma viagem que iniciamos para conseguirmos desligar-nos do outro, guardando-o ao mesmo tempo no nosso interior, assim como um exilado tenta guardar nele uma ligação com as suas raízes.
Através desta história, a realizadora quis abordar a forma como se reage à morte e como a tristeza pode encontrar refúgio na imaginação. Quando nos acontecem coisas horríveis, sabemos que temos de viver com a nossa dor. Mas pode-se igualmente transformá-la numa fonte de inspiração criadora.
Baseado no livro Our Father Who Art in the Tree, de Judy Pascoe, dirigido por Julie Bertucelli.
A Árvore é um filme sensível, delicado, extremamente emotivo.
Respeitando o ritmo da dor, a narrativa é ao mesmo tempo segura e envolvente, sem deixar de lado seu cerne emocional.»
Ver vídeo aqui:
https://www.facebook.com/1686583688220406/videos/1700437583501683/?theater
Através desta história, a realizadora quis abordar a forma como se reage à morte e como a tristeza pode encontrar refúgio na imaginação. Quando nos acontecem coisas horríveis, sabemos que temos de viver com a nossa dor. Mas pode-se igualmente transformá-la numa fonte de inspiração criadora.
Baseado no livro Our Father Who Art in the Tree, de Judy Pascoe, dirigido por Julie Bertucelli.
A Árvore é um filme sensível, delicado, extremamente emotivo.
Respeitando o ritmo da dor, a narrativa é ao mesmo tempo segura e envolvente, sem deixar de lado seu cerne emocional.»
Ver vídeo aqui:
https://www.facebook.com/1686583688220406/videos/1700437583501683/?theater
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sábado, 16 de janeiro de 2016
“Sempre me vi como uma pessoa forte, capaz de manter uma calma pelo menos aparente e com ar seguro quando tinha de enfrentar situações difíceis. Mas agora que estava a caminho de me encontrar com o homem mais poderoso do Leste, um homem com fama de ser espectacular e assustador ao mesmo tempo, os meus nervos não estavam tão controlados como eu gostaria.”
Ashraf Pahlavi
Ashraf Pahlavi
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
«Um melro, de asas ainda cobertas de orvalho, pôs-se a meio do caminho, olhando-nos. Não demonstrou medo, não fugiu. Parecia que não era um melro mas um espírito benevolente que nos reconhecia.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 191
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Nikos Kazantzakis
« - Por que razão não falamos? - perguntei para romper o silêncio que começava a pesar-me.
- Falamos, sim - respondeu, tocando-me no ombro levemente -, falamos, mas na língua dos anjos, o silêncio.
E, bruscamente, como se tivesse sido invadido pela cólera:
-Que queres tu que a gente diga? Que isto é belo, que o nosso coração tem asas e quer fugir, que tomámos o caminho que conduz ao Paraíso? Palavras, palavras! Cala-te.
Dois melros fugiram de uma nogueira, os ramos molhados agitaram-se e as gotas de chuva salpicaram-nos o rosto.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 187
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