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domingo, 14 de fevereiro de 2016

''Para Jünger a fotografia não tem uma função estética, como as artes. A sua função é capturar a realidade, o momento, numa reacção imediata.''

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

«Jünger interessa-se antes por imagens inconvencionais do ser humano projectado ou em situações de ameaça extrema, captado em toda a sua vulnerabilidade. “In a field of destructive torrents and explosions, was the tiny, fragile human body” (Benjamin, 1999: 84). O corpo humano é captado nos instantes fatais do perigo, como que se de um brinquedo irreal se tratasse, para assim criar uma educação fria e sem empatia do leitor perante o choque. Esta combinação da força industrial, tecnológica e destrutiva, e do corpo desprotegido, surge aqui como metáfora para a vida moderna.
Duas das fotografias foram tiradas na frente, no momento do ataque

Der gefährliche Augenblick: fotografias da catástrofe


«Der gefährliche Augenblick pode ser considerado uma verdadeira iconografia moderna do terror (Werneburg, 1992: 50), que se funda na estética do horror, do grotesco, e que representa o ideal de jüngeriano de civilização educada no perigo. Com efeito, o título do livro remete-nos directamente para o perigo e para o olhar, estabelecendo uma relação entre os dois. Para Jünger a sociedade é controlada e dirigida para que aquilo Isabel Gil denomina de literacia visual do perigo (Gil, 2012: 147), através das imagens de violência que treinam a visão como um acto de agressão.»
«Como realça Baer, no que diz respeito à relação entre imagem e texto na obra de Jünger, o papel das narrativas parece antes ser o de duplicar as operações metonímicas da fotografia (cf. Baer, 2002). Na verdade, a narrativa inicia-se muitas vezes a meio e não há relação entre os vários textos individuais, assumindo-se assim que o leitor tem suficiente conhecimento para dar sentido às narrativas.»

“palavra e imagem é como cadeira e mesa; para estarmos à mesa necessitamos das duas”

''A imagem é a forma de comunicar uma mensagem. No caso de Jünger uma mensagem política clara, como vimos. Qual o sentido de determinadas fotografias? A fotografia deve ser abordada semioticamente e interpretada quanto ao seu significado, e não face ao seu prazer estético. A fotografia é uma imagem visual, um conjunto de diferentes tipos de signos, que formam uma própria linguagem – visual, um instrumento de expressão e de comunicação (Joly, 1994: 55). O seu significado depende da cultura, que oferece informações que ajudam a decifrar a fotografia. Por isso a leitura de uma fotografia nem sempre é universal, necessitando da palavra como âncora: “palavra e imagem é como cadeira e mesa; para estarmos à mesa necessitamos das duas” (Godard apud Joly, 1994: 119). Ou como a revista Paris Match fundamentou toda a sua campanha de promoção - “o peso das palavras, o choque das fotografias” (Bauret, 1992: 34)''

“the school of danger” (Jünger, 1993)

tecnologia através de câmaras e lentes

“artificial eye of the civilization” (Jünger, 1993b: 31)

“danger appears merely as the other side of our order”

«A máquina é destrutiva. Basta recordar as invenções e avanços técnicos no campo das armas de guerra. Armas que protegem e que ao mesmo tempo destroem. No fundo, porque, como diz Jünger, há uma relação demasiado próxima entre o perigo e a ordem – “danger appears merely as the other side of our order” (Jünger, 1993b: 30). O homem é feito de opostos que o equilibram – o desejo de ordem e os seus instintos selvagens básicos. A máquina, contudo, combina esse mesmo equilíbrio: é fruto das projecções civilizacionais e de organização, e ao mesmo tempo é selvagem e provoca acidentes diariamente.»
Negar o destino, torna a vida humana “intolerably boring (...) above all because the human hart is in need not only of security, but danger too” (Jünger, 1993b: 29).
«Jünger repete pelo menos três tipos de representações para ilustrar a idade cibernética (Biro, 1994: 103), são elas: o homem representado como cyborg, os humanos representados como massas organizadas e imagens de espaços e tempo tecnologicamente dominados.»

cyborg

''Der Arbeiter explora as extensões tecnológicas do corpo humano, desenvolvendo, de acordo com Matthew Biro (cf. Biro, 1994), a figura do cyborg. Trata-se de um retrato utópico de um mundo física e moralmente transformado pela tecnologia, em que Jünger “describes the new human – no longer an individual but a ‘type’ – in terms of quasi-cybernetic characteristics” (Biro, 1994: 100), entre as quais, a capacidade de se destruir e a sua insensibilidade à dor. O novo tipo é também marcadamente masculino. Jünger rejeita as representações femininas e delicadas, que vê associadas às aspirações de uma paz sem progresso, assim como o Romantismo do século XIX e os seus personagens dandys, optando por uma estética masculina que considera moderna e heróica (Herf, 1986: 78). O homem é dotado de técnica, frieza, precisão e eficácia; é o eleito para interagir com a tecnologia e participar na guerra.''



«Em Metropolis (1926) Fritz Lang representa o cyborg como uma figura feminina, criada pelo cientista Rotwang que constrói um robot, que é uma cópia mecânica da mulher que amava. Mais tarde, Rotwang dá a aparência de Maria ao robot, que assim se materializa numa criatura que combina características humanas e tecnológicas: o cyborg. Ao mesmo tempo, Lang associa o mundo mecanizado e os trabalhos industriais quase exclusivamente ao homem. Biro observa que é criada uma ambivalência “by the contradiction between a good or useful technology, indentified with the controlling gazes of the film’s leading men, and a dangerous form of technology, whichthe film naturalizes and identifies with female sexuality” (Biro, 1994:85).»

colectâneas fotográficas


''Para Jünger a câmara é uma arma de guerra como as outras. “Day in day out, optical lenses were pointed at the combat zones alongside the mouths of rifles and cannons” (Jünger, 1993: 24). A câmara é um instrumento de reprodução do real e de preservação da memória.No fim dos anos 20 e início dos anos 30, Jünger produziu uma série de colectâneas fotográficas com o tema da Primeira Guerra Mundial – Luftfahrt tut not (1928), Die Unvergessenen (1928) e Der Kampf um das Reich (1929). Jünger apoia-se na objectiva para um testemunho fiel dos acontecimentos.''
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