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quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

''O timbre da sua alma é macio.''

Antón Tchekhov (13/1/1899)

Correspondência entre Antón Tchekhov e Máximo Górki.
''Um único defeito: falta de contenção, falta de graciosidade. Graciosidade é quando,
numa determinada ação, utiliza-se o mínimo de movimentos''.

Antón Tchekhov (13/1/1899)

Correspondência entre Antón Tchekhov e Máximo Górki.

sábado, 30 de março de 2013

«Se não sou amado, tanto pior - amarei outra!»


Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 163
 
 
SEREBRIAKOV
 
«Nestes últimos dias sofri tanto, Miguel Lvovitch, reflecti tanto que me parece que podia escrever um tratado completo sobre a melhor forma de viver, para edificação da posteridade. Enquanto se vive, aprende-se - e o melhor mestre é a infelicidade.»



Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 149

Se pareço mais corajoso que vocês é porque eu sou o mais infeliz.


 
SEREBRIAKOV

«(...) Não nos calemos, meus amigos, falemos, falemos. É o melhor que há a fazer na nossa presente situação. Devemos encarar a  desgraça de frente, sem temor. Se pareço mais corajoso que vocês é porque eu sou o mais infeliz.»

Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 148

terça-feira, 26 de março de 2013

O destino do canário


«O destino do canário é ficar na gaiola e assistir à felicidade dos outros, - pois bem, só lhe resta ficar lá toda a vida.»



Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 132

HELENA
Que quer dizer com isso?

FEDOR
Quero dizer que quando eu lanço as minhas vistas sobre uma mulher, é-lhe impossível escapar-me.


HELENA
Não, não quer dizer isso. Quer dizer que o senhor é estúpido e insolente.



Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 108

VOINITZKI

«Acho que ainda acabarei por desprezar esta mulher!É tímida como uma garota e gosta de filosofar como um velho diácono paramentado com todas as virtudes! Azeda como uvas verdes! Ou leite coalhado.»


Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968.,

(com esse olhar cheio de desconfiança e manha nunca amará ninguém)


«Você não tem ainda vinte anos mas é já uma velha, uma argumentadora como o seu pai ou o seu tio Jorge, e não ficaria nada espantado se me mandassem chamar para lhe tratar da gota. Mas não vê que não se pode viver assim! Que importa o homem que eu sou? O que é preciso é olhar-me nos olhos, sem pensamentos reservados, sem programa. É preciso primeiro que tudo procurar em mim o ser humano - se não, nunca chegará a ter relações de amizade com os outros. Adeus! E acredite no que lhe digo: com esse olhar cheio de desconfiança e manha nunca amará ninguém.»


Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 81/2

segunda-feira, 25 de março de 2013



«(...), luto contra aqueles que não me compreendem, acontece-me sofrer de modo intolerável...»


Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 79

«Porque terei eu este desgraçado feitio?»



Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 71

Que filosofia maldita é essa que a retém?


«(...) Que espera? Que filosofia maldita é essa que a retém? Quando conseguirá compreender
que ter aprisionado a sua juventude, amordaçado a sua vontade de viver, não é moral nenhuma?»


Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 69

«Não tenho passado. Dissipei-o estupidamente em coisas fúteis. E o presente é de um absurdo horrível. Eis a minha vida e o meu amor. Para que servem? Que hei-de fazer deles? O meu amor inútil morre como um raio de sol dentro de um fosso e eu morro com ele.»


Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 69


SEREBRIAKOV

  Dizem que a gota de Turgueniev se acabou
por transformar em angina do peito. Tenho
muito medo que me aconteça a mesma coisa.
Maldita velhice! É uma coisa odiosa, diabos
a levem! Desde que envelheci que me aborreço
a mim próprio e dá-me a impressão de que vocês
estão fartos de mim.

HELENA

 Quando te ouvimos falar da tua velhice dá
a impressão que nós é que somos responsáveis
por ela.


SEREBRIAKOV

 E tu estás ainda mais farta que todos os
outros.

HELENA

Que aborrecimento! (Levanta-se e vai sentar-se
longe dele)




Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 59

O selvagem


«O selvagem, como é simpático! Vem muitas vezes a nossa casa, mas sou tímida e nunca soube falar-lhe nem acolhê-lo amavelmente. Deve pensar que sou má ou demasiadamente orgulhosa.»



Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 53

''Quem sabe demais envelhece depressa.''

Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 39

''não sei usar as flores da retórica''


Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 21

quarta-feira, 8 de junho de 2011

dizia-se que, não podendo resistir àquele divertimento, tinham enlouquecido.

«O combóio» reunia-se ordinariamente junto das tabernas e no mercado. Bebia, comia, praguejava porcamente e, à passagem das mulheres de porte duvidoso, lançava assobios agudos. Os nossos vendeiros, para distraírem aquela canalha, obrigavam os cães e os gatos a beberem vodka, ou amarravam uma lata de petróleo vazia ao rabo dum cão para depois o açularem. O cão desatava a correr pela rua fora, arrastando a lata, e a ganir de medo, julgando-se perseguido por um monstro; corria pela cidade, pelos campos, até parar completamente exausto. Havia na cidade alguns cães que estavam sempre a tremer, com o rabo metido entre as pernas: dizia-se que, não podendo resistir àquele divertimento, tinham enlouquecido.»



Anton Tcheckoff. Romance duma vida. Trad. de Cordeiro de Brito. Vasco Rodrigues Editor, Porto, 1938, p.26

terça-feira, 7 de junho de 2011

«Os ulmeiros, cobertos de orvalho, enchiam o espaço dum perfume suave. Sentia-me triste; não queria abandonar a cidade...Amava a minha terra! Parecia-me tão bela e tão terna! Gostava da sua verdura, das manhãs soalheiras e calmas, do repicar dos sinos; mas as pessoas com quem convivia na cidade eram-me estranhas, aborreciam-me, chegavam a ser-me repelentes. Não gostava delas nem as entendia. Não era capaz de compreender de que e porque viviam aqueles sessenta e cinco mil homens.»



Anton Tcheckoff. Romance duma vida. Trad. de Cordeiro de Brito. Vasco Rodrigues Editor, Porto, 1938, p.26

terça-feira, 24 de maio de 2011

    O director disse-me:
    -Só continua a ser meu funcionário por causa da estima que tenho pelo seu excelente pai. Se não fosse isso já o tinha feito voar há muito pelos ares fora.
    Respondi-lhe:
     -Vossa Excelência lisonjeia-me, senhor director, supondo que eu possa voar pelos ares fora.
    Ouvi-o acrescentar:
     - Ponham lá fora este senhor; mexe-me com os nervos-
    Dois dias mais tarde fui despedido.



Anton Tcheckoff. Romance duma vida. Trad. de Cordeiro de Brito. Vasco Rodrigues Editor, Porto, 1938
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