«Baer nota que “trauma is a disorder of memory and time” (Baer, 2002: 9) e evoca a metáfora da câmara fotográfica utilizada por Freud para explicar o evento traumático: a câmara capta o acontecimento presente e os seus negativos são guardados, tal como as memórias são arrumadas no inconsciente. Mais tarde, quando estes negativos são revelados, o acontecimento é vivenciado como no momento original, ocorrendo desta forma um desfaseamento temporal. Também Barthes reconhece o “choque fotográfico” (Barthes, 2010: 31), embora não tanto como um trauma, mas como uma surpresa, que revela aquilo que o autor desconhecia ou do qual não estava consciente.
Os traumas do início do século XX deram origem a uma forma moderna de consciência fotográfica, que foi desenvolvida para possibilitar ao homem proteger-se e defender-se contra a dor da catástrofe através da auto-objectivação - produzindo o “trabalhador”, frio e racionalista, dotado de qualidades militares, com o seu corpo e mente blindados contra os choques tecnológicos da fábrica ou zona de guerra.»
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