"Um dia hei-de surgir, num sonho teu,
e perder eu a vida para ver-te."
António Franco Alexandre
domingo, 27 de dezembro de 2015
sábado, 26 de dezembro de 2015
''Quantas vezes vos perguntastes porque é que o meio milhão que vos falta importa assim aos muitos que já tendes? Quantas vezes reparastes que existíeis? (...) Porque sois ignorantes e só vistes o que vos permitiram as testeiras com que a vida vos arreou.''
Vergílio Ferreira, in Em Nome da Terra
Vergílio Ferreira, in Em Nome da Terra
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(...) – eu tocava-a e não era minha. (...) Mas agora ela estava diante de mim e eu tinha repugnância de a tocar porque era um pedaço de carne morta e eu não estava lá. Havia um mistério inquietante de um bocado do meu corpo não ser o meu corpo e eu ser eu no corpo que ainda tinha e não o ser já no pedaço que já o não era. A perna, o pé, os dedos tinham sido eu quando andava e os movia.
Vergílio Ferreira, in Em Nome da Terra
Vergílio Ferreira, in Em Nome da Terra
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''Vi o homem inteiro estendido numa cama. Estava podre. Devia cheirar mal. Mas era humano na sua lixeira como eu de perna cortada um pouco acima do joelho a equilibrar-me mal no estupor das muletas.''
Vergílio Ferreira, in Em Nome da Terra
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''A opressão dos outros era um modo de te dizerem que existias. Que é que te existe por fim num corpo em farrapos? Que é que te resta para pensares que estás em ti? E é só por isso que te lembro meu irmão. Não sei se isso te ofende, mas é assim. (...) E num pouco de divindade que puder ser.''
Vergílio Ferreira, in Em Nome da Terra
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''Mas nunca vos perguntais para quê, nunca vos perguntais o que isso quer dizer, nunca vos perguntais com que direito haveis de ser boi até ao fim da vida. Parai, ó estúpidos, suspendei um momento esse vosso trabalho animal e perguntai-vos se é essa a vossa vontade, se num instante da vossa tarefa cavalar é isso com que sonhais para vosso prazer. Porque é que não fazeis aquilo que quereis?''
Vergílio Ferreira, in Em Nome da Terra
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“Só para ter existido valeu a pena existir. A maior recompensa de vida é ela própria. Creio que em tudo o que disse não disse afinal outra coisa. Creio que de tudo o que me fascinou nada me fascinou mais do que a vida, o seu mistério, inesgotável maravilha. Dou o balanço a tudo quanto me acontece, e a vertigem de ter vivido absorve e aniquila o que aí falou e mentiu. Foi bom ter nascido. Foi bom ainda não ter acabado de nascer...”
Vergílio Ferreira, In Conta Corrente, Venda Nova: Bertrand Editora
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«Anteontem, meia hora depois do enterro do irmão, Vergílio Ferreira soçobrava, em Lisboa, a uma crise cardíaca. Foi o adeus derradeiro do homem que tratava “a morte por tu” e que morreu a escrever.»
notas do Jornal de Notícias do dia 3 de Março de 1996
notas do Jornal de Notícias do dia 3 de Março de 1996
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''Não preferi a minha arte: calhou-me. Ou talvez que seja essa a sorte de todas as preferências: escolhe-se sempre o que nos coube, ou seja o que se é. Mas a verdade é que, se na escolha se escolhesse, escolheria a pintura.''
Vergílio Ferreira
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“Toda a biografia é uma rede de sinais que apontam o vazio do que jamais poderemos saber. Mas é nesse vazio que falta que está a razão do que chegou até nós.”
Vergílio Ferreira
Vergílio Ferreira
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A prenda dos Radiohead
Dispossessed, taken host
My hunger burns a bullet hole
A spectre of my mortal soul
These rumors and suspicion
Anger is a poison
The only truth that I could see
Is when you put your lips to me
Futures tricked by the past
Spectre, how he laughs
Fear puts a spell on us
Always second-guessing love
My hunger burns a bullet hole
A spectre of my mortal soul
The only truth that I can see
Spectre has come for me
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"Se estamos todos muito bem preparados para reclamar liberdade para nós próprios, menos dispostos parecemos para reclamar, sobretudo, liberdade para os outros, ou para lhes conceder a liberdade que está em nosso próprio poder. Se conhecêssemos melhor a máquina do mundo talvez descobríssemos que muita tirania se estabelece fora de nós como se fosse a projecção, ou como sendo realmente a projecção, das linhas autocráticas que temos dentro de nós. Primeiro oprimimos, depois nos oprimem. No fundo, quase sempre nos queixamos dos ditadores que nós mesmos somos para os outros"
"Só sabemos, seguramente, de uma amizade ou de um amor, o que temos pelos outros. De que os outros nos amem nunca poderemos estar certos. E é por isso, talvez, que a grande amizade e o grande amor são aqueles que dão sem pedir, que fazem e não esperam ser feitos; que são sempre voz activa, não passiva"
Agostinho da Silva, Sete Cartas a um Jovem Filósofo.
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sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
"Em narrativa, elipse é a exclusão, pelo narrador, de determinados acontecimentos diegéticos, dando origem a vazios narrativos, mais ou menos extensos. A elipse é um processo fundamental da técnica narrativa, pois nenhum narrador pode relatar com estrita fidelidade todos os pormenores da diegese".
A diegese, se está a interrogar-se, é a realidade ficcional que criamos para os nossos personagens, o mundo em que eles habitam e se movem.
A diegese, se está a interrogar-se, é a realidade ficcional que criamos para os nossos personagens, o mundo em que eles habitam e se movem.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
''Todos estão longe e sentem: solidão.''
Alfred Wolfenstein
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verso solto
XIII
Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo.
Alberto Caeiro em Poemas de Alberto Caeiro, introdução, organização e biobibliografia de António Quadros, Lisboa: Europa-América, colecção Livros de Bolso, 4ª edição, 1995, p. 109.
Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo.
Alberto Caeiro em Poemas de Alberto Caeiro, introdução, organização e biobibliografia de António Quadros, Lisboa: Europa-América, colecção Livros de Bolso, 4ª edição, 1995, p. 109.
«É preciso arrancar as árvores,
impedir que a noite suba,
descalça, pelos seus ramos.
impedir que a noite suba,
descalça, pelos seus ramos.
(...)»
Albano Martins
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Maldito seja Eu
Hoje acordei dividido
na impossibilidade
de me transformar numa metáfora
Assim preso
a um muro de vídeo
cheio de imagens
feridas pelo impessoal
Restos de mim
espalhados pelo chão
de uma época
que não consigo destruir
A. da Silva O. em Revista A Mar Arte, Coimbra: A Mar Arte, nº 5, Outono de 1996, p. 32.
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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
"Poucos
dias
depois
Anne Sexton vai matar-se
nessa mesma casa;
vai deixar
os seus anéis
sobre uma mesa, na cozinha,
e a seguir
entrará na garagem
com um copo
de vodka
na mão,
ligará o motor
do carro - um Cougar vermelho - e ligará o rádio
- Imaginas o que poderá ter ouvido? James Taylor?
os Grateful Dead? Pink Floyd? -
E esperará a morte.
dias
depois
Anne Sexton vai matar-se
nessa mesma casa;
vai deixar
os seus anéis
sobre uma mesa, na cozinha,
e a seguir
entrará na garagem
com um copo
de vodka
na mão,
ligará o motor
do carro - um Cougar vermelho - e ligará o rádio
- Imaginas o que poderá ter ouvido? James Taylor?
os Grateful Dead? Pink Floyd? -
E esperará a morte.
Fecho o livro.
Olhas para mim.
Sei o que estás a pensar:
- A vida é muito difícil.
Uma mulher é um relógio de areia."
Olhas para mim.
Sei o que estás a pensar:
- A vida é muito difícil.
Uma mulher é um relógio de areia."
-"Adivinha em que Mão Está a Moeda"
- Benjamín Prado
- Benjamín Prado
"Os cisnes desapareceram. Mas o rio
Ainda se lembra como eles eram brancos.
Corre atrás deles com as suas luzes.
Encontra as suas formas numa nuvem.
Que pássaro é aquele que grita
Com tal dor na voz?
Continuo jovem como sempre. O que estarei eu a perder?"
Ainda se lembra como eles eram brancos.
Corre atrás deles com as suas luzes.
Encontra as suas formas numa nuvem.
Que pássaro é aquele que grita
Com tal dor na voz?
Continuo jovem como sempre. O que estarei eu a perder?"
-"Três Mulheres: Poema a Três Vozes"
- Sylvia Plath
- Sylvia Plath
"Não devias empurrar fogo tao solitário
sob om umbrais de uma morada
nos carreiros que vão dar aos montes
sairás ainda em súplica
quando os incêndios ignorarem a ameaça
da tua vassoura de giestas
a sombra uma vez avulsa
não retorna a mesma
Não despertes o que não podes calar"
sob om umbrais de uma morada
nos carreiros que vão dar aos montes
sairás ainda em súplica
quando os incêndios ignorarem a ameaça
da tua vassoura de giestas
a sombra uma vez avulsa
não retorna a mesma
Não despertes o que não podes calar"
-"Longe Não Sabia"
- José Tolentino Mendonça
- José Tolentino Mendonça
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
''Esta garganta sem árvores''
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 251
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«De facto, há apenas um livro que não é feito de papel, que destila sangue e é amassado com carne e ossos: o Velho Testamento.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 245
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«Senti repentinamente que era feliz. Uma decisão secreta amadurecia dentro de mim. Não lhe podia ainda ver o rosto mas tinha confiança.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 243
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sobre a felicidade
«(...): a resposta - disse eu -, a resposta vem quando se deixa de fazer perguntas, quando desce o espírito inquieto e nos toma o coração e os rins.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 243
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«Fechei os olhos para que o sono viesse e acabasse com aquilo.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 242
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« - Há muitas inquietações que te consomem, és muito exigente, fazes muitas perguntas, torturas o coração.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 242
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«Eu não tenho coração! Sou um bloco de granito negro, não há mão nenhuma que possa imprimir-se em mim. Tomei a minha decisão: Vou incendiar Sodoma e Gomorra!»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 240
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 240
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
Os outros, os que padecem
De doenças mais ou menos dramáticas,
Os que sofrem e que ainda assim
Sustentam o sorriso e a vontade
De respirar. Os outros, que se levantam
Em cada dia apesar da incerteza e da fome
Sempre possível, os que persistem,
Os que ultrapassam a desilusão
De serem eles próprios inúteis. Os outros,
Razoáveis, atrevidos, ousados, gente
A ir dando resposta à agonia toda
Que enche o mundo. E felizes, os outros.
Felizes sem razão, apenas por viverem,
Por se acomodarem à ilusão.
Os que vão por aí sem se queixarem,
Sem incomodarem com as suas dores e frustrações.
Os que limpam a cara antes de sair
Para não agredirem os outros com lágrimas.
Os culpados, os inocentes, os tão
Inseguros de tudo, os outros, todos os outros,
Sofrendo e respirando e tentando alegrias,
Gente a experimentar dor e alegria e sangue
Dentro do corpo. E os dementes,
Que já não sabem da própria desilusão,
Os que se arrastam
Automaticamente, isolados do mundo,
Demasiado outros. Os que não vivem,
Os que já morreram.
Rui Almeida
De doenças mais ou menos dramáticas,
Os que sofrem e que ainda assim
Sustentam o sorriso e a vontade
De respirar. Os outros, que se levantam
Em cada dia apesar da incerteza e da fome
Sempre possível, os que persistem,
Os que ultrapassam a desilusão
De serem eles próprios inúteis. Os outros,
Razoáveis, atrevidos, ousados, gente
A ir dando resposta à agonia toda
Que enche o mundo. E felizes, os outros.
Felizes sem razão, apenas por viverem,
Por se acomodarem à ilusão.
Os que vão por aí sem se queixarem,
Sem incomodarem com as suas dores e frustrações.
Os que limpam a cara antes de sair
Para não agredirem os outros com lágrimas.
Os culpados, os inocentes, os tão
Inseguros de tudo, os outros, todos os outros,
Sofrendo e respirando e tentando alegrias,
Gente a experimentar dor e alegria e sangue
Dentro do corpo. E os dementes,
Que já não sabem da própria desilusão,
Os que se arrastam
Automaticamente, isolados do mundo,
Demasiado outros. Os que não vivem,
Os que já morreram.
Rui Almeida
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"O essencial na vida não é convencer ninguém, nem talvez isso seja possível. O que é preciso é que eles sejam nossos amigos. Para tal, seremos nós amigos deles. Que forças hão-de trabalhar o mundo se pusermos de parte a amizade?"
Agostinho da Silva, Sete Cartas a um Jovem Filósofo.
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Da Vida e da Morte
«A ideia de que todos os homens são iguais acarreta consequências muito perigosas. E perversas. Sobretudo porque todos os homens são diferentes ou muito diferentes. E nem são iguais perante a lei, nem iguais perante o mercado ou a publicidade, nem iguais perante a natureza, ou sequer iguais perante Deus. O único local onde essa igualdade pode estipular-se e observar-se é na teoria. Mas jamais na prática, e está aí a história de séculos para atestá-lo e as várias experimentações igualitárias. Há, todavia, uma excepção prática onde essa igualdade se verifica: perante a morte.Há, quer se queira quer não, uma indústria da morte neste planeta. Que é talvez a indústria mais sofisticada, desenvolvida e em acelaração nos últimos cem anos. Ontem, perante as balas e explosivos dos carniceiros de serviço, os homens foram todos iguais.»
Via Dragoscópio
domingo, 20 de dezembro de 2015
"Ser velho não é algo que me agrade, a perda da força física, da beleza, a fragilidade não me agradam nada. Ferem o meu narcisismo. Não vou dizer que é bom. É mentira. Ser velho é uma merda. Perdem-se os amigos. Todos os meus amigos morreram e agora eu é que tenho que aturar as viúvas deles."
Helder Macedo
Helder Macedo
« - Não te ajoelhes, não estendas as mãos para me abraçar os joelhos. Eu não tenho joelhos! Não comeces os teus lamentos para me tentares comover! Eu não tenho coração! Sou um bloco de granito negro, não há mão nenhuma que possa imprimir-se em mim. Tomei a minha decisão: Vou incendiar Sodoma e Gomorra!»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 239
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«A minha vontade é um abismo. Se a pudésseis olhar de frente o terror invadir-vos-ia.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 239
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« - «Tomei a minha decisão», na tua boca, Senhor, significa: vou matar!»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 238
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AQUI NÃO HÁ DEUS
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 238
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Nikos Kazantzakis
« - Senhora Alma quero que te dispas. - Senhor, como é possível que me peças uma coisa dessas? Tenho vergonha. - Senhora Alma, não pode existir nada entre nós a separar-nos, nem o mais leve véu. É necessário, portanto, Senhora, que te dispas. - Eis-me, Senhor, estou nua, leva-me!»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 236
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Deus incendiar-me-á
«(...), lá onde Deus sopra como um vento escaldante, e aí no despir-me-ei e Deus incendiar-me-á.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 235
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Nikos Kazantzakis
«(...), ardia em desejos de chegar as montanhas desertas, nuas, que se viam na minha frente, andar, andar, nada mais ver que o Sol, a Lua e as pedras.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 235
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Nikos Kazantzakis
«Punham as mãos no fogo e esfregavam o rosto e o peito. Os homens começaram a dançar e as mulheres uivavam.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 235
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 235
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«E se não tivesse havido o coração quente duma mulher teria permanecido estendido no túmulo, eternamente. A salvação do homem esteve por um fio, dependeu de um grito de amor.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 234
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 234
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«Hoje, como há dois mil anos, a vida está novamente em decomposição, mas os problemas que agora perturbam o equilíbrio do espírito e do coração são mais complexos e a sua solução mais difícil e sangrenta.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 232/3
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«O mar faiscava, vivamente agitado, (...)»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 232
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«Fechei Homero, beijei a mão do antepassado imortal mas não ousei levantar a cabeça e olhá-lo de frente, olhos nos olhos. Diante dele tinha vergonha, medo, porque sabia que naquele momento estava a traí-lo»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 231
«(...), nos momentos em que o coração se apertava com uma suave tristeza, sem razão definida, em que as pequenas ofensas do dia que acabava vinham ensombrá-lo e afligi-lo, eu tentava compor as minhas próprias orações;»
Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 117
Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 117
«Eva iludiu o próprio Deus.»
Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 107
"Morrer assim,
como eu o vi morrer então -,
o Amigo qur atirou divinamente
relâmpagos e olhares à minha escura juventude:
arrogante e profundo,
um bailador na batalha -,
entre guerreiros o mais jovial,
entre vencedores o mais difícil,
erguendo-se, um destino sobre o meu destino,
duro, reflectindo o passado e o futuro .,
tremendo porque venceu,
exultando porque venceu morrendo...,
mandando enquanto morria
- e mandou que aniquilassem...
Morrer assim,
como eu o vi morrer então:
vencendo, aniquilando..."
-"Poemas"
- Nietzsche
- Tradução. Paulo Quintela
«(...), olhou para a minha obra e disse para o marido:
-Dá-lhe uma boa chicotada!
Mas o patrão, conciliador, observou:
- Isto não é nada; eu mesmo quando comecei não fazia coisa melhor...
Assinalou com um lápis vermelho as deformações existentes na fachada e deu-me outra folha de papel.
-Vamos, recomeça! Vais desenhar sempre até chegares a fazer bem...»
Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 101
« - Que o diabo te faça em pequenos farrapos!»
Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 96
"Quando se viaja sozinho
pelas imagens que perduram
as evocações ganham um modo tão real
A mancha ténue dos arbustos
indica o caminho para o regresso
que nunca há
o mar ficou de repente perto
sobre esta praia travámos lutas
para as quais só muito depois
encontramos um motivo
era à pedrada que nos defendíamos
do riso mas inocente
ou de um amor
pelas imagens que perduram
as evocações ganham um modo tão real
A mancha ténue dos arbustos
indica o caminho para o regresso
que nunca há
o mar ficou de repente perto
sobre esta praia travámos lutas
para as quais só muito depois
encontramos um motivo
era à pedrada que nos defendíamos
do riso mas inocente
ou de um amor
Mas aquilo que nunca esquecemos
deixa de pertencer-nos e nem notamos
deixa de pertencer-nos e nem notamos
Estamos sós com a noite
para salvar um coração"
para salvar um coração"
-"De Igual Para Igual"
- José Tolentino Mendonça
- José Tolentino Mendonça
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poesia
Dia e noite te procurei…
Dia e noite te procurei
sem encontrar o sítio onde cantas.
Procurei-te pelo tempo acima e pelo rio abaixo.
Perdeste-te por entre as lágrimas.
Noite atrás de noite te procurei
sem encontrar o sítio de onde choras
porque sei que estás chorando.
Basta olhar-me num espelho
para saber que estás a chorar e me choraste.
Apenas tu salvas o pranto
e de um mendigo obscuro fazes,
pela tua mão, rei coroado.
em Mágica, selecção e tradução de Ricardo Marques, Lisboa: Língua Morta, 2011, p. 34.
Dia e noite te procurei
sem encontrar o sítio onde cantas.
Procurei-te pelo tempo acima e pelo rio abaixo.
Perdeste-te por entre as lágrimas.
Noite atrás de noite te procurei
sem encontrar o sítio de onde choras
porque sei que estás chorando.
Basta olhar-me num espelho
para saber que estás a chorar e me choraste.
Apenas tu salvas o pranto
e de um mendigo obscuro fazes,
pela tua mão, rei coroado.
em Mágica, selecção e tradução de Ricardo Marques, Lisboa: Língua Morta, 2011, p. 34.
Citadinos
Como os buracos de um crivo, apertadas,
As filas de janelas; empurrando-se,
As casas tocam-se de perto, erguendo-se
Pardas e inchadas como estrangulados.
Engalfinhadas umas nas outras vejo
No carro eléctrico as duas fachadas
De gente, descarregando olhares, caladas,
E cresce o emaranhado do desejo.
As paredes são finas como a pele,
Todos me ouvem quando choro, ou então
É como um berro a conversa ciciada:
Emudecidos, em caverna fechada,
Sem ninguém que lhes toque, olhe para eles,
Todos estão longe e sentem: solidão.
em A Alma e o Caos - 100 poemas expressionistas, selecção, tradução, introdução e notas de João Barrento, Lisboa: Relógio D' Água, 2001, p. 53.
Como os buracos de um crivo, apertadas,
As filas de janelas; empurrando-se,
As casas tocam-se de perto, erguendo-se
Pardas e inchadas como estrangulados.
Engalfinhadas umas nas outras vejo
No carro eléctrico as duas fachadas
De gente, descarregando olhares, caladas,
E cresce o emaranhado do desejo.
As paredes são finas como a pele,
Todos me ouvem quando choro, ou então
É como um berro a conversa ciciada:
Emudecidos, em caverna fechada,
Sem ninguém que lhes toque, olhe para eles,
Todos estão longe e sentem: solidão.
em A Alma e o Caos - 100 poemas expressionistas, selecção, tradução, introdução e notas de João Barrento, Lisboa: Relógio D' Água, 2001, p. 53.
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Embriaguez
Sob o salgueiro onde se enleia a hera,
procuramos refúgio da intempérie.
A envolver-nos os ombros um capote.
Em torno de ti cercam-te os meus braços.
Mas não. No abraço as plantas
não se entontecem de hera, mas de embriaguez.
Estendamos então este capote
sob nós em toda a amplidão.
em Doutor Jivago, de Boris Pasternak, tradução de Augusto Abelaira (romance) e de Moura Pimenta (poemas), Porto: Público, colecção Mil Folhas, 2002, p. 569.
Um poema de Vergílio Ferreira
Só eu o sei, e porque mo disseste?
A minha responsabilidade agora é horrível.
Recebi o teu aviso, tínhamos o céu já preparado
com a noite que lhe competia e o seu absoluto de limpidez,
com o absoluto de um destino.
E havia estrelas novas, fabricadas de propósito,
como a alegria de uma criança a quem vestiram de preto.
Há Inverno à nossa volta com o frio da nossa humildade
e acendemos o lume para estarmos mais perto de nós.
E encomendou-se um pouco de neve para a celebração do início.
E bebeu-se um vinho intenso até à ternura por nós mesmos,
para a vida caber toda dentro da nossa comoção.
Tudo isto tinha que ver com o tencionado encantamento
e o que se combinou ser a esperança, a propósito de tu vires
e confirmares a esperança de que a trouxesses contigo.
No fundo da noite, há o silêncio dos homens,
que é de quem já disse tudo e é altura de tu dizeres.
Tudo isto é muito triste, não sei se fazes ideia.
Como é que eu vou poder agora explicar-lhes?
Vê-los erguer para mim os olhos necessitados,
todos junto da porta à espera que batas à porta?
Tudo fora já experimentado nas combinações possíveis,
não talvez de se ser feliz, mas de ser plausível pensá-lo.
Não, não vou agora dizer-lhes que nunca mais irás voltar,
que a fábula se esgotou e é altura de serem homens,
na desgraça miserável de serem maiores do que eles,
na pequena glória portátil de não serem menores do que eles.
Mas não, não vou dizer-lhes, estava eu bem arranjado.
Corriam-me à pedrada ou pregavam-me no madeiro,
que é o que te estão já preparando,
com pregos e martelo nos bolsos,
quando for a altura de esgotares, como os políticos, a esperança
que tinhas prometido,
e aguardarem até ao ano que a trouxesses outra vez.
Porque, enfim, sem esperança,
como diabo se há-de viver?
Estou só e muito enrascado
com o segredo horrível que me anunciaste.
Não o digo a ninguém. Perder a esperança, sim, mas devagar.
Aliás, mesmo a mim, que sou razoavelmente um homem forte,
é um bocado difícil de engolir
essa coisa trágica, nefanda e absolutamente despropositada
de nunca mais voltares, definitivamente,
nunca mais
nunca mais…
em Conta-Corrente 2, Lisboa: Bertrand Editora, 3ª edição, 1990, pp. 340-341.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
90 palavras da língua portuguesa que você (quase de certeza) não conhece
Aceiro – 1. Relativo ao aço ou que tem as propriedades do aço. 2. Forte, agudo, penetrante. 3. Operário que trabalha em aço.
Adentado – Mordido.
Admistão – Acto de ajuntar, misturando.
Aprestos – Materiais necessários para fazer alguma coisa.
Asseidade – Religião. Atributo divino fundamental, que consiste em existir por si próprio.
Asnidade – Ignorância.
Assetado – Ferido ou morto com instrumento de incisão.
Atoarda – Notícia vaga; balela, boato.
Atuado – Aquele cujo procedimento foge ao comum, ao esperado.
Babiaque – Nome comercial da casca da árvore-da-goma-arábica.
Bricolagem – Combinação de elementos extraídos de obras distintas.
Carraspana – Bebedeira.
Cércea – Aparelho, nas estações de estrada de ferro, que determina o máximo volume que a carga de um trem pode atingir.
Chapim – 1. Calçado de sola grossa, para mulheres. 2. Sapatinho elegante.
Cioso – 1. Que tem ciúme; ciumento. 2. Zeloso, cuidadoso. 3. Interessado em virtude de afeição extrema.
Colédoco – Canal pelo qual a bílis se derrama no intestino.
Custódio – Aquele que guarda, defende ou protege.
Codesso – Arbusto ornamental que fornece madeira castanho-esverdeada, própria para marcenaria de luxo, e tem propriedades melíferas.
Coreuta – Cada um dos membros do coro, no teatro clássico; corista.
Corifeu – Mestre do coro, na tragédia e comédia antigas, o qual exercia a função de principal representante do povo e de intermediário entre os coreutas e as personagens principais.
Desamar – Perder a afeição a alguém.
Desapuro – Falta de cuidado ou esmero.
Descalabro – 1. Grande dano ou perda; ruína. 2. Desgraça, derrota
Dessiso – Falta de juízo, de bom senso, de siso.
Eclampse – Grave doença convulsiva que se manifesta nas mulheres grávidas.
Ecmnesia – (Medicina) Esquecimento de todos os fatos ocorridos de certa época em diante.
Epistase – (Medicina) Interrupção de secreções ou excreções, como as do sangue, por exemplo.
Espaventado – Assustado, espantado.
Estacada – Lugar fechado para brigas e torneios.
Exaurir – Desgastar lentamente as próprias reservas físicas ou económicas.
Gematria – Sistema criptográfico que consiste em atribuir valores numéricos às letras.
Glosar – 1. Comentar, anotar, explicar. 2. Censurar, criticar. 3. Suprimir ou anular (parte de conta ou orçamento). 4. Desenvolver um verso (um mote).
Guapo – (RS) 1. Animoso, corajoso, ousado, valente. 2. Muito bonito, elegante.
Humifuso – Que se dispõe sobre o solo, rasteiro.
Humílimo – Diz-se de quem é extremamente simples, modesto.
Igarité – Canoa amazônica de grande porte, com toldo.
Isabel – Cavalo de cor branco-amarelada.
Improbo – Árduo, exaustivo.
Ínsua – Pequena ilha formada por algum rio.
Intensar – Intensificar-se.
Lacónico – Conciso no falar ou no escrever.
Lerna – Grande depressão na terra.
Lunático – Diz-se daquele homem volúvel, inconstante, nervoso.
Menorá – 1. Candelabro sagrado, com sete braços, um dos símbolos do antigo templo judeu de Jerusalém. 2. Candelabro com variável número de braços, usado principalmente no serviço religioso do judaísmo.
Merca – Aquilo que se compra.
Mesmamente – Sem nenhuma alteração.
Mote – Tema, assunto.
Nacela – Espécie de cesta ou barca, na parte inferior de um aeróstato ou de um balão, destinada a tripulantes e passageiros.
Necator – (Zoologia) Verme parasito de homens e de animais.
Netsuquê – Pequeno objecto esculpido em madeira ou marfim, ou trabalhado em metal, e atravessado por orifícios, usado pelos japoneses como adorno para prender uma pequena bolsa ou sacola à faixa do quimono.
Obvenção – Provento, receita ou lucro eventual. Antigo tributo que se pagava aos eclesiásticos pela sua manutenção.
Ossatura – Esqueleto.
Otimates – Cidadãos influentes, poderosos por nobreza ou dinheiro.
Pasigrafia – 1. Sistema de escrita que pode ser compreendido por leitores de diferentes línguas nativas, como no caso de línguas internacionais que fazem uso de notação musical ou de símbolos matemáticos. 2. Qualquer língua escrita artificial que pode ser entendida internacionalmente.
Pegadilha – Discussão acalorada, alteração.
Pelegrine – Capa longa.
Pengó – 1. Tolo. 2. Sujeito mal vestido. 3. Coxo.
Pérvio – Que dá passagem; transitável, franco, patente.
Pingadeira – 1. Negócio que vai rendendo sempre aos poucos. 2. Despesa continuada.
Psichê – 1. Grande espelho móvel e inclinável montado numa armação. 2. Móvel de toucador, com grandes espelhos e muitas gavetas.
Rebombar – Ressoar fortemente.
Recepisse – Escrito em que se declara ter recebido papéis, documentos, dinheiro, etc.
Rechaçar – Fazer retroceder, opondo resistência; repelir; rebater.
Reproche – Censura.
Rumorejo – Ruído brando e confuso.
Safo – Desembaraçado.
Sanguino – Que causa a morte ou efusão de sangue. Cor tirante a vermelho.
Senescente – Aquilo que vai envelhecendo.
Sextante – Arco de sessenta graus.
Sicário – Assassino pago para cometer todo tipo de crimes. Matador profissional.
Socancra – Diz-se de pessoa que faz as coisas de maneira oculta e silenciosamente. Diz-se também de pessoas sonsas. Isto é, pessoas que dizem que não sabem, mas sabem.
Surtar – Entrar em crise psicótica.
Taifa – Designação comum ao pessoal subalterno das especialidades de cozinheiro, barbeiro, padeiro e arrumador (copeiro, camaroteiro, etc.).
Tonsura – Corte circular, rente do cabelo, na parte mais alta e posterior da cabeça, que se faz nos clérigos; cercilho, coroa.
Ubertoso – Fértil, fecundo.
Urbígena – Pessoa que nasceu na cidade em relação à pessoa que chega à cidade.
Undívago – Aquilo que vaga sobre as ondas; flutívago.
Voejo – Pó que se levanta da farinha quando ela é agitada.
Adentado – Mordido.
Admistão – Acto de ajuntar, misturando.
Aprestos – Materiais necessários para fazer alguma coisa.
Asseidade – Religião. Atributo divino fundamental, que consiste em existir por si próprio.
Asnidade – Ignorância.
Assetado – Ferido ou morto com instrumento de incisão.
Atoarda – Notícia vaga; balela, boato.
Atuado – Aquele cujo procedimento foge ao comum, ao esperado.
Babiaque – Nome comercial da casca da árvore-da-goma-arábica.
Bricolagem – Combinação de elementos extraídos de obras distintas.
Carraspana – Bebedeira.
Cércea – Aparelho, nas estações de estrada de ferro, que determina o máximo volume que a carga de um trem pode atingir.
Chapim – 1. Calçado de sola grossa, para mulheres. 2. Sapatinho elegante.
Cioso – 1. Que tem ciúme; ciumento. 2. Zeloso, cuidadoso. 3. Interessado em virtude de afeição extrema.
Colédoco – Canal pelo qual a bílis se derrama no intestino.
Custódio – Aquele que guarda, defende ou protege.
Codesso – Arbusto ornamental que fornece madeira castanho-esverdeada, própria para marcenaria de luxo, e tem propriedades melíferas.
Coreuta – Cada um dos membros do coro, no teatro clássico; corista.
Corifeu – Mestre do coro, na tragédia e comédia antigas, o qual exercia a função de principal representante do povo e de intermediário entre os coreutas e as personagens principais.
Desamar – Perder a afeição a alguém.
Desapuro – Falta de cuidado ou esmero.
Descalabro – 1. Grande dano ou perda; ruína. 2. Desgraça, derrota
Dessiso – Falta de juízo, de bom senso, de siso.
Eclampse – Grave doença convulsiva que se manifesta nas mulheres grávidas.
Ecmnesia – (Medicina) Esquecimento de todos os fatos ocorridos de certa época em diante.
Epistase – (Medicina) Interrupção de secreções ou excreções, como as do sangue, por exemplo.
Espaventado – Assustado, espantado.
Estacada – Lugar fechado para brigas e torneios.
Exaurir – Desgastar lentamente as próprias reservas físicas ou económicas.
Gematria – Sistema criptográfico que consiste em atribuir valores numéricos às letras.
Glosar – 1. Comentar, anotar, explicar. 2. Censurar, criticar. 3. Suprimir ou anular (parte de conta ou orçamento). 4. Desenvolver um verso (um mote).
Guapo – (RS) 1. Animoso, corajoso, ousado, valente. 2. Muito bonito, elegante.
Humifuso – Que se dispõe sobre o solo, rasteiro.
Humílimo – Diz-se de quem é extremamente simples, modesto.
Igarité – Canoa amazônica de grande porte, com toldo.
Isabel – Cavalo de cor branco-amarelada.
Improbo – Árduo, exaustivo.
Ínsua – Pequena ilha formada por algum rio.
Intensar – Intensificar-se.
Lacónico – Conciso no falar ou no escrever.
Lerna – Grande depressão na terra.
Lunático – Diz-se daquele homem volúvel, inconstante, nervoso.
Menorá – 1. Candelabro sagrado, com sete braços, um dos símbolos do antigo templo judeu de Jerusalém. 2. Candelabro com variável número de braços, usado principalmente no serviço religioso do judaísmo.
Merca – Aquilo que se compra.
Mesmamente – Sem nenhuma alteração.
Mote – Tema, assunto.
Nacela – Espécie de cesta ou barca, na parte inferior de um aeróstato ou de um balão, destinada a tripulantes e passageiros.
Necator – (Zoologia) Verme parasito de homens e de animais.
Netsuquê – Pequeno objecto esculpido em madeira ou marfim, ou trabalhado em metal, e atravessado por orifícios, usado pelos japoneses como adorno para prender uma pequena bolsa ou sacola à faixa do quimono.
Obvenção – Provento, receita ou lucro eventual. Antigo tributo que se pagava aos eclesiásticos pela sua manutenção.
Ossatura – Esqueleto.
Otimates – Cidadãos influentes, poderosos por nobreza ou dinheiro.
Pasigrafia – 1. Sistema de escrita que pode ser compreendido por leitores de diferentes línguas nativas, como no caso de línguas internacionais que fazem uso de notação musical ou de símbolos matemáticos. 2. Qualquer língua escrita artificial que pode ser entendida internacionalmente.
Pegadilha – Discussão acalorada, alteração.
Pelegrine – Capa longa.
Pengó – 1. Tolo. 2. Sujeito mal vestido. 3. Coxo.
Pérvio – Que dá passagem; transitável, franco, patente.
Pingadeira – 1. Negócio que vai rendendo sempre aos poucos. 2. Despesa continuada.
Psichê – 1. Grande espelho móvel e inclinável montado numa armação. 2. Móvel de toucador, com grandes espelhos e muitas gavetas.
Rebombar – Ressoar fortemente.
Recepisse – Escrito em que se declara ter recebido papéis, documentos, dinheiro, etc.
Rechaçar – Fazer retroceder, opondo resistência; repelir; rebater.
Reproche – Censura.
Rumorejo – Ruído brando e confuso.
Safo – Desembaraçado.
Sanguino – Que causa a morte ou efusão de sangue. Cor tirante a vermelho.
Senescente – Aquilo que vai envelhecendo.
Sextante – Arco de sessenta graus.
Sicário – Assassino pago para cometer todo tipo de crimes. Matador profissional.
Socancra – Diz-se de pessoa que faz as coisas de maneira oculta e silenciosamente. Diz-se também de pessoas sonsas. Isto é, pessoas que dizem que não sabem, mas sabem.
Surtar – Entrar em crise psicótica.
Taifa – Designação comum ao pessoal subalterno das especialidades de cozinheiro, barbeiro, padeiro e arrumador (copeiro, camaroteiro, etc.).
Tonsura – Corte circular, rente do cabelo, na parte mais alta e posterior da cabeça, que se faz nos clérigos; cercilho, coroa.
Ubertoso – Fértil, fecundo.
Urbígena – Pessoa que nasceu na cidade em relação à pessoa que chega à cidade.
Undívago – Aquilo que vaga sobre as ondas; flutívago.
Voejo – Pó que se levanta da farinha quando ela é agitada.
Ver aqui
Etiquetas:
língua portuguesa,
significados
"Onde é que,
o centro,
onde se respira.
a cama limpa
ao corpo inteiro e nu.
Onde é a fome e o braço toca
o esplendor.
Respira o ventre,
a vela incha
ao sol e ao mar sem fim.
o centro,
onde se respira.
a cama limpa
ao corpo inteiro e nu.
Onde é a fome e o braço toca
o esplendor.
Respira o ventre,
a vela incha
ao sol e ao mar sem fim.
Onde é aqui,
a fome nua,
a árvore exacta
no centro
da alegria,
a luz e o olhar
aberto ao mar.
a fome nua,
a árvore exacta
no centro
da alegria,
a luz e o olhar
aberto ao mar.
Onde é onde
a mão sabe
a carícia da anca
e a língua fabrica
o seu sabor a sol.
Onde o fogo acende
o pulso do poema."
a mão sabe
a carícia da anca
e a língua fabrica
o seu sabor a sol.
Onde o fogo acende
o pulso do poema."
-"Antologia Poética"
- António Ramos Rosa
- António Ramos Rosa
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
«Havia em mim Alguém que nunca me esqueceu.»
António Patrício. Dinis e Isabel. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 334
« A Morte, para mim, tem olhos de andorinha.»
António Patrício. Dinis e Isabel. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 325
«D. JOÃO
Há uma febre de beijar mais fundo.
D. ELVIRA
Não sei o que tu tens, não sei...Tu és como as crianças, meu amor, que partem as bonecas para ver, para ver como são, que têm por dentro...
D. JOÃO
E não há por dentro...É como em sonho. E quanto mais o sei, mais o procuro. O que me interessa nas mulheres, tu sabes, é o que elas ignoram, e possuem. (...)»
António Patrício. Dinis e Isabel. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 319
Há uma febre de beijar mais fundo.
D. ELVIRA
Não sei o que tu tens, não sei...Tu és como as crianças, meu amor, que partem as bonecas para ver, para ver como são, que têm por dentro...
D. JOÃO
E não há por dentro...É como em sonho. E quanto mais o sei, mais o procuro. O que me interessa nas mulheres, tu sabes, é o que elas ignoram, e possuem. (...)»
António Patrício. Dinis e Isabel. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 319
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