Alberto Caeiro
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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
"Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos
Há beleza bastante em estar aqui
e não noutra parte qualquer"
Alberto Caeiro
Há beleza bastante em estar aqui
e não noutra parte qualquer"
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domingo, 25 de setembro de 2016
Mas eu nem sempre quero ser feliz. / É preciso ser de vez em quando infeliz /Para se poder ser natural...
Alberto Caeiro
XXI - Se eu pudesse trincar a terra toda
XXI
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma coisa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...
7-3-1914
“O Guardador de Rebanhos”. Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luís de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946.
- 45.
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Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando
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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
XIII
Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo.
Alberto Caeiro em Poemas de Alberto Caeiro, introdução, organização e biobibliografia de António Quadros, Lisboa: Europa-América, colecção Livros de Bolso, 4ª edição, 1995, p. 109.
Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo.
Alberto Caeiro em Poemas de Alberto Caeiro, introdução, organização e biobibliografia de António Quadros, Lisboa: Europa-América, colecção Livros de Bolso, 4ª edição, 1995, p. 109.
quarta-feira, 24 de junho de 2015
domingo, 30 de novembro de 2014
FERNANDO PESSOA
[13/06/1888-30/11/1935]
“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus”.
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus”.
Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos
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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências. [...]
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou –
“Se é que ele as criou, do que duvido”
Alberto Caeiro, no poema VIII de O Guardador de Rebanhos
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências. [...]
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou –
“Se é que ele as criou, do que duvido”
Alberto Caeiro, no poema VIII de O Guardador de Rebanhos
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