sexta-feira, 26 de outubro de 2018


«Por visitar a Lua recebe-se a Loucura.
Por visitar a Luz, recebe-se a cegueira.

É preciso dormir como quem apodrece
E sossegar no pó, sem pena de ser só.»


Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 76

«Não traíste o Deus traído.»


Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 77

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

«São Poetas porque a Poesia lhes foge. Foge, Ulisses. Procuro-te, Poesia.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 57
«Procuro-te porque te amo e há um ror de tempo que não me visitas.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 56
«(...)

Por dentro da pessoa
É o mar invisível,
A montanha que voa.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 54

Reading copy of Allen Ginsberg's Howl on the couch at Fred W. McDarrah's apartment, 304 West 14th Street, New York City, February 14, 1959 Fred W. McDarrah

«O deserto a florir. O oceano a sangrar.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 53

«O sangue colectivo de uma ausência.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 49

«Beberam sonhos pelo mesmo copo.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 49

«E nas cicatrizes nasceram as asas (...)»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 45
«(...)

Confessa mesmo àquela que te ame
O terror do arame.»


Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 44
«(...)
- O viajar do homem, o viajar do bicho,
O viajar da folha - à tona dos ouvidos.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 43

« Sangue de partos, feridas de combates.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 43

domingo, 21 de outubro de 2018

descarrilamento

Já morri a morte certa
Já senti a fome, aperta a dor
Já bati à porta incerta
Viajei de caixa aberta, a dor
Pecado, fundido, queimado
Já desci lá em baixo ao fundo
Já falei com outro mundo e então
Já passei o limbo limpo
Já subi ao purgatório e vou
Zangado, bem vindo ao passado
Pecado, arrependido, queimado
Zangado, bem vindo ao passado
Pecado, fundido e queimado
Zangado, bem vindo ao passado
Pecado, arrependido, queimado

escolhas colectivas

acumulação e estagnação

Artist Faith Ringgold poses with her work, August 30, 1978 , Fred W. McDarrah


rearranjar

crises de sobreprodução

“A burguesia não pode existir sem revolucionar constantemente os instrumentos de produção, e com estes as relações de produção, ou seja, todas as relações sociais (…) A alteração incessante da produção, a mudança contínua de todas as instituições sociais, a instabilidade e a incerteza distinguem a época burguesa de todas as outras.”

Karl Marx

discurso catastrofista

fetichização

hegemonia

he.ge.mo.ni.a            eʒəmuˈniɐ
nome feminino

1.supremacia de uma cidade, povo ou nação sobre outras cidades, povos ounações
2.figurado supremacia

Do grego hegemonía, «comando»

o fetichismo da mercadoria

análise romântica

''A polémica foi a sua vida.''

Francisco Louçã sobre Bensaïd

O Novo Internacionalismo, 2003

Elogio da Resistência,1998, A Esquerda Deles e a Nossa, 1998, Os Irredutíveis, 2001

Livros de Bensaïd

 Bourdieu, Labriola,Espinoza, Leibniz, Descartes, Korsch, Kolakowsky, Gramsci, Derrida,
Godelier, Elster, Brenner, Olin Wright, Lefèbvre, Hegel, Stephen Jay, Gould, Balibar, Schumpeter, Sacristán, Adorno, Heidegger, Marcuse, Péguy, Nietzsche, Benjamin, Bloch, Freud, Comte, Blanqui, Lukács, Rawls ou Poulantzas

o trabalho improdutivo


Marx elabora um plano ambicioso. Quer escrever seis livros: um sobre o capital, outro sobre a propriedade da terra, outro sobre o trabalho assalariado, um quarto sobre o Estado, outro sobre o comércio externo e finalmente um sobre o mercado mundial, como explica em cartas a Lassalle e a Engels em 1858.
''Nada do que é humano me é estranho'' 

“raramente alguém escreveu sobre o dinheiro com tanta falta dele”

 Espião da polícia prussiana sobre Karl Marx

Franziska

epidemia de cólera

Na novela Uma Educação Sentimental, Flaubert põe na boca de um personagem o excessivo entusiasmo da época: “Está tudo ótimo! O povo está a vencer! Os operários e as classes médias caem nos braços uns dos outros! Ah, se tivesses visto o que eu vi! Como isto é magnífico!... A República foi proclamada e toda a gente vai ser feliz! Não percebes que não haverá mais reis? Todo o mundo será livre, absolutamente livre!”.

''Itinerância fugitiva''

proletários

“Entende-se por proletários a classe de trabalhadores assalariados modernos que, não possuindo meios de produção próprios, dependem, para viver, da venda da sua força de trabalho.”

Engels 
''A alienação que define o trabalho é a perda da “natureza essencial” do trabalhador. O trabalhador destrói-se pelo trabalho explorado: trabalhamos mais para sermos mais subordinados, a lógica divina do capital é essa. A alienação, portanto, é a condição da submissão do trabalho.''

 Francisco Louçã

assenhoreado


“No que consiste, então, a alienação do trabalho? Primeiro, no facto de que o trabalho é exterior ao trabalhador, isto é, não pertence à sua natureza, que não se realiza no seu trabalho, que se nega nele, que não se sente à vontade, antes se sente infeliz, que não desenvolve nenhuma energia física ou mental que seja livre, mas antes que se mortifica e arruína o seu espírito. O trabalhador, assim, só é ele próprio quando não trabalha, e no seu trabalho sente-se fora de si próprio. O seu trabalho, por isso, não é voluntário, mas forçado. Não é a satisfação de uma necessidade, mas somente uma forma de gratificar a necessidade de outrem”

Karl Marx
''No primeiro capítulo de O Capital, escrito mais de vinte anos depois dos Manuscritos, Marx apresentou por isso o conceito de “fetichismo da mercadoria”, ou seja, identificou a transferência imaginária de características humanas para a mercadoria. Com esta transferência, as relações sociais expressas na produção apresentam-se como relações entre coisas. Ora, o conceito de “fetichismo” é inseparável da resposta para a pergunta: em que circunstâncias é que os trabalhadores aceitam o processo que os explora e que coisifica a sua atividade?''  Francisco Louçã
Adam Smith, no dealbar da Revolução Industrial escreve: “Não é com o ouro ou com o dinheiro, é com o trabalho que todas as riquezas do mundo foram originariamente compradas, e o seu valor para os que as possuem e que procuram trocá-las por novos produtos é precisamente igual à quantidade de trabalho que permitem comprar ou encomendar”. Para Smith, o trabalho não só aumenta o valor, ele é a origem de “todas as riquezas do mundo” e a sua medida.
“É o trabalho, portanto, que atribui a maior parte do valor à terra, sem o qual ela dificilmente valeria alguma coisa; é a ele que devemos a maior parte de todos os produtos úteis da terra; por tudo isso a palha, farelo e pão desse acre de trigo valem mais do que o produto de um acre de uma terra igualmente boa, mas abandonada, sendo o valor daquele o efeito do trabalho". O trabalho acrescenta valor, portanto; tem um “efeito”. Mas como é que cria o valor?

John Locke, um dos pais do liberalismo clássico
''O trabalho é o enigma da modernidade, assim pensavam os filósofos e economistas que procuravam perceber a tempestuosa emergência do capitalismo.'' Francisco Louçã

''discussões sem bússola''

Adam Smith
fundador da economia moderna

Precursora do feminismo. Escreveu As Peregrinações de uma Pária(1837) e A União dos Operários (1843)


“Imagina Rousseau, Voltaire, Holbach, Lessing, Heine e Hegel fundidos num mesmo personagem – e terás o Dr. Marx”.

sobre Karl Marx

orador sofrível

clubes dos jovens hegelianos

“O teu coração está manifestamente dominado por uma potência demoníaca que é rara entre os homens. O génio que te habita é de natureza celestial ou faustiana? Será que poderás algum dia espalhar felicidade entre o círculo dos teus próximos?”

 Escrita de Heinrich (Pai de Karl Marx) em fevereiro de 1837. O jovem Karl 19 anos e estuda literatura e filosofia em Bona

''polemista assanhado''

 1848
 a primavera dos povos
Pierre-Joseph Proudhon
anarquista panfletário

espadas desembainhadas

cemitério de Highgate

terça-feira, 16 de outubro de 2018

«Não me rejeito como poeta que tenha feito retratos ferozes de certas categorias de pessoas que há no nosso país.»

6[Entrevista a Eduarda Ferreira: «A Descoberta da Poesia é Sempre Solitária», Lisboa, Notícias da Tarde, Ano 2, nº 289, 17.09.1983, pp. 14-15.]

«Pela rama é que se fala do bosque quando não se quer ver o bosque.»

 Alexandre O'Neill
«Que sois (muitos de vós) dolorosamente grotescos, que as vossas mulheres (venham as excepções!) não passam de «tristezas sobre pernas», que olhais uns para os outros com o ar de quem vê a desalentada excrescência de si próprio, que os vossos filhos só garantem, no pior dos casos, a sobrevivência da vossa espécie - tudo isso (e não é pouco!) o poeta sabe e ressabe.»

 Alexandre O'Neill
«Há em mim uma raiz anarquista que me não deixa tolerar o poder. Sou contra ele porque degrada tudo: quem o exerce e quem o tolera. Corre-se o país de alto a baixo, e que tristeza de paisagem humana! A rasoira da mediocridade nivelou a seara numa pequenez outoniça.»

Alexandre O’Neill
TEXTOS DE CIRCUNSTÂNCIA

«A circunstância é sempre poetizável, e isso nos foi mostrado até ao cansaço pelos grandes poetas de todos os tempos, sempre que um preconceito discriminatório não lhes travou o surto lírico.»

Carlos Drummond de Andrade 
«Os Cadáveres Esquisitos de Mimi Graal delicadamente recolhidos…»

Alexandre O'Neill
« (...) O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente onde e
quando quero: basta-me fechar os olhos.»

Alexandre O'Neill

«Os Lobos adoram-se»

Alexandre O'Neill
«Viram-se e reviram-se sobre as toalhas para bem se tisnarem por todos os lados.»

Alexandre O’Neill

«Ò Falinhas, chega-te mas é pra lá(…) senão apareces todo picado em casa, oubites?»

A Esmeraldina no seu despacho popular, no seu linguajar, constitui exemplo de retrato e situação concentrados em poucas palavras entretecidas, de tal modo que desembocam num tipo social sugestivo e capaz de, pela ironia e rigorosa caracterização, fazer sorrir e reflectir qualquer leitor.

Alexandre O’Neill
«Lede tudo, sobretudo as obras»

Alexandre O'Neill

regime absolutista

MALENTENDIDOS

domingo, 14 de outubro de 2018


“sempre que em mim há acção, reconheço que não fui eu.” “O mundo é de quem não sente. A condição essencial para ser um homem prático é a ausência de sensibilidade.” “A arte serve de fuga para a sensibilidade que a acção teve de esquecer.” ”A acção é uma doença do pensamento, um cancro da imaginação. Agir é exilar-se. Toda a acção é incompleta e imperfeita.” “Parece-nos imoral agir.”


Fernando Pessoa, Textos Filosóficos, Lisboa, 1968, I, LD, 275, 286, 287, 302, 428.

''transmutação nietzscheana de valores''

...o sofrimento é um momento muito longo. Não o podemos dividir por estações.

“... o sofrimento é um momento muito longo. Não o podemos dividir por estações. Apenas podemos notar os seus modos e registar a sua volta. Para nós o próprio tempo não avança. Revolve. Parece circular em torno de um só centro de dor. A imobilidade paralisante de uma vida da qual cada circunstância está regulada segundo um molde imutável, de modo que comemos e bebemos segundo as leis inflexíveis de uma fórmula de ferro: este carácter de imobilidade que faz cada horroroso dia no seu mínimo detalhe como todo outro dia parece transmitir-se àquelas forças exteriores[, e o texto completa-se, de modo pouco legível,] a essência de cuja existência é mudar incessantemente.”

Fernando Pessoa, Textos Filosóficos, Lisboa, 1968, I, 228
 «(...)a fonte da dor é a excessiva permanência do eu em si mesmo, porque nesse estado a sua negatividade interna, que constitui a sua identidade, ameaça destruí-lo. A identidade do eu não é a
identidade das coisas situadas ao nível do puro ser, onde umas são as outras das outras, mas a identidade de um ente especular, na superfície do qual se podem formar imagens. »

DIOGO FERRER. FERNANDO PESSOA E A CONSCIÊNCIA INFELIZ. Revista Filosófica de Coimbra — (2008)

a dor da saudade

“Pertenci sempre ao que não está onde estou e ao que nunca pude ser. [...] Nunca amei senão coisa nenhuma.”

Fernando Pessoa

A beleza plástica

“a felicidade está fora da felicidade. Não há felicidade senão com conhecimento. Mas o conhecimento da verdade é infeliz [...]. Saber é matar, na felicidade como em tudo. Não saber, porém, é não existir.”

Fernando Pessoa/Bernardo Soares
“Entre mim e o que em mim
 É o quem eu me suponho,
Corre um rio sem fim.”

Fernando Pessoa, Obras Completas de Fernando Pessoa, Ática, Lisboa [=OC], 1987 OC, I, 175

“Ser eu é não ser”

Fernando Pessoa, Obras Completas de Fernando Pessoa, Ática, Lisboa [=OC], 198712, I, 64.

“não há/Cá-dentro nem lá-fora”

Fernando Pessoa, Obras Completas de Fernando Pessoa, Ática, Lisboa [=OC], 198712, I, 64.
''O eu reflecte-se porque pode reflectir o mundo, e reflecte o mundo porque é capaz de estabelecer com ele uma relação mais complexa do que a da alteridade, ou do ser-outro.''

DIOGO FERRER. FERNANDO PESSOA E A CONSCIÊNCIA INFELIZ. Revista Filosófica de Coimbra — n. pp. 203-222 o 33 (2008)

“nada nos falta, porque nada somos”

Ricardo Reis

doença como condição de lucidez


“Tratado da Negação”

Rafael Baldaya

“poeta do Nada”

Cf. Eduardo Lourenço, PM, 166); idem, PR, 36. Ou “poeta da negação” segundo Sena (FP, 193).

não-ser

“secretus, cuius non est simile,”

“Segredo sem igual”

ser-outro

sábado, 13 de outubro de 2018

ser-um-entre-outros



''raça dos vencidos''

'''processo de radical desumanização do espaço e do tempo em que o homem se situa.''

«A obediência é a arte de escutar, e a ordem é o estar preparado para a palavra, o estar preparado para o comando que, como o raio de um relâmpago, vai do cume às raízes. Cada um e cada coisa está na ordem feudal e o guia [Führer] é reconhecido em ele ser o primeiro servo, o primeiro soldado, o primeiro trabalhador. Daí que tanto a liberdade como a ordem se relacionem não com a sociedade, mas com o Estado, e que o modelo de cada organização seja a organização militar e não o contrato social»

 formulações de Jünger em Der Arbeiter
o poder de se auto-determinar

puzzle Nietzsche/Jünger/Heidegger

«... fui acusado de, entre as crónicas que escrevo
e poemas que publico não haver praticamente 
diferença do ponto de vista da expressão. Mas o
prosaico não elimina o poético. Há que tempos que
 se eliminou a distinção entre o poético e o
 prosaico no aspecto formal. Sabe-se lá o que é uma
 coisa e o que é outra!»

Alexandre O'Neill, Entrevista a Eduarda Ferreira «A descoberta da poesia é sempre solitária», Notícias da Tarde, Lisboa, Ano 2, nº 289, 17.09.1983, p. 14.























Cristobal Balenciaga, single seam wedding gown, 1967

“macilenta Inveja”

“punhais sanguinários”

''Este varão, não menos eminente pelo engenho do que pelo patriotismo em que não o venciam os caracteres ilustres da Roma de Cipião e de Paulo Emílio, descansava das antigas lutas da palavra (inútil e muda sob as mordaças do despotismo) no regaço da tranquilidade doméstica. O antigo tribuno, cuja voz soara cheia de eloquência no nosso primeiro congresso liberal, quando foi lançado nos cárceres, vivia estranho às conspirações preparadas (…) para derrubar um poder, que diante da Europa parecia condenado a exumar do túmulo do passado as demências ensanguentadas de Tibério” 

Benalcanfor, 1874

Disturbing, Erotic, Domestic

Jo Ann Callis’ Photos Capture a Strange World

What Does Beauty Look Like in the Age of Algorithms?


Plastic surgery, artificial intelligence and the pursuit of perfection come together in science fiction artist Lucy McRae’s futuristic new work.

 “When I started making clothes for my line Y’s in 1977, all I wanted was for women to wear men’s clothes. I jumped on the idea of designing coats for women. It meant something to me – the idea of a coat guarding and hiding a woman’s body. I wanted to protect the woman’s body from something – maybe from men’s eyes or a cold wind.”

Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer
"I think that my men's clothes look as good on women as my women's clothing […] When I started designing, I wanted to make men's clothes for women."

Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer

alfaiataria

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

 «nem sempre o livro ama quem o escreve./ Muitas vezes amotina‑se, animal exasperado»

«eu preciso da poesia como de pão para a boca»

«Se Deus existe, fez‑me sem fé,/ inapto para a crença e para a bondade da prece./ Infelicidade a minha»

José Jorge Letria 

Capela dos Ócios

José Jorge Letria

«solidão nocturna de mapas»

José Jorge Letria
 «Não tentem saber o que sou pelo que escrevo./ Não me interpretem mal pelo que não digo./ Eu só confesso o que posso confessar»

José Jorge Letria

«O Que Sou E O Que Escrevo»

José Jorge Letria

''Não Há Poetas Felizes''

capelinhas literárias

«Existo tangencialmente ao que digo»

José Jorge Letria

vanidade

va.ni.da.de          vɐniˈdad(ə)

nome feminino
1.
carácter do que é vão
2.
coisa inútil ou sem valorinutilidade
3.
insignificância
(«Eu sou muitos com um só rosto./ Não tenho como tu, Fernando […], uma identidade/ plural, um leque de nomes a abrir‑se,/ imenso, em direcção à luz»

José Jorge Letria
Nem sempre escapamos na fuga,
tão pouco na ilusão da fuga. […]

José Jorge Letria, Cesário: Instantes da Fala

«a ilusão breve/ de que os dias sabem a pólen»

José Jorge Letria

furor poeticus

 «arte de ser»
 «arte de parecer»

«No meu labirinto não há Minotauro».

José Jorge Letria

domingo, 7 de outubro de 2018

 A criação artística é em si um acto de resistência.

Gilles Deleuze 

«No contexto de uma entrevista recente, e não é senão um exemplo entre muitos, o responsável por uma das grandes editoras portuguesas afirmava que dentro de dez anos ninguém editaria poesia em Portugal, e que esta estaria confinada a edições marginais, em tiragens de quarenta ou cinquenta exemplares. Por que falar, então, da poesia como exercício de contrapoder? A resposta é: por isto mesmo. »

Rosa Maria Martelo
«A violência simbólica é uma violência que se exerce com a cumplicidade tácita dos que a sofrem e também, muitas vezes, dos que a exercem na medida em que uns e outros estão inconscientes do facto de a exercerem ou de a sofrerem.»

Pierre Bourdieu
«Conheceríamos uma era em que teríamos já desistido ou teríamos de desistir de tentar imaginar ou desejar um rosto para o futuro. Esta situação dever-se-ia a um medo que inibe a própria imaginação e de que padeceríamos para além de todo e qualquer pessimismo individual ou grupal. E contudo se não houver futuro, se não tivermos futuro, seremos como dizia o outro, "cadáveres adiados que procriam". (…) Ora nós precisamos do futuro como do ar que respiramos. (…) Aliás, a tese sobre o "fim da história" começa por ser uma história mal contada e, mais do que um diagnóstico, representa uma tentativa de eternização de um presente reduzido e um bloqueamento do futuro por esgotamento dos possíveis.»

Manuel Gusmão

(there is no alternative, como dizia Margaret Tatcher

discurso da via única
 “Que as pessoas valham dinheiro e sejam olhadas e avaliadas pelo que luzem é o escândalo absoluto. As pessoas são moedas e não devia ser assim”

 Adília Lopes
«lembre-se do grande princípio do nosso grande século:
 sermos o contrário daquilo que esperam de nós»

Stendhal 
O Vermelho e o Negro

«O capital não é, portanto, um poder pessoal, é um poder social.»

Marx e Engels
 «cada miséria da vida proletária é agravada por uma relação de humilhação perante o rico que «dá» o trabalho e cujo o olhar desqualifica constantemente a pobreza material, transformando-a em indignidade moral.»

Rancière
 Numa página, do Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, encontramos a seguinte frase, «tudo o que era dos estados [ou ordens sociais] e estável se volatiza, tudo o que era sagrado é dessagrado, e os homens são por fim obrigados a encarar com os olhos prosaicos a sua posição na vida, as suas ligações recíprocas» 

Não há liberalismo sem medo

«no séc. XIX aparece toda uma educação do perigo, toda uma cultura do perigo que é muito diferente dos grandes sonhos ou das grandes ameaças do Apocalipse, como a peste, a morte ou a guerra de que se alimentava a imaginação política e cosmológica da Idade Média e ainda do séc. XVII. Desaparecimento dos cavaleiros do Apocalipse e, pelo contrário, aparecimento, emergência, invasão dos perigos quotidianos, perigos quotidianos perpetuamente animados, reactualizados, postos em circulação por aquilo a que se poderia chamar a cultura política do perigo no século XIX, que apresenta uma série de aspectos. Temos, por exemplo, a campanha de inícios do séc. XIX sobre as caixas económicas; a partir de meados do séc. XIX, assiste-se ao aparecimento da literatura policial e do interesse jornalístico pelo crime; surgem campanhas a propósito da doença e da higiene; vejam tudo o que se passa também acerca da sexualidade e do receio da degenerescência; degenerescência do indivíduo, da família, da raça, da espécie humana. Enfim, assiste-se em toda a parte a este estímulo do medo do perigo, que, de certo modo, é a condição, o correlativo psicológico e cultural interno do liberalismo. Não há liberalismo sem medo». 

Foucault
«sequência do célebre filme de Eisenstein O Couraçado Potemkin, em que a tristeza do luto (as mulheres que choram e se recolhem diante do cadáver do marinheiro assassinado) se transforma em cólera surda (as mãos desoladas em punhos cerrados), cólera surda que se transforma ela própria em discursos políticos e cantos revolucionários, cantos que se transformam eles próprios em cólera exaltada, exaltação que se transforma ela própria em acto revolucionário. Como se o povo em lágrimas se tornasse, sob os nossos olhos, um povo em armas» (Didi-Huberman, 2015: 39)
 «quanto mais um indivíduo cultiva as artes, menos fode. Acentua-se o divórcio entre o espírito e a bestialidade. Só o animal é que fode bem: a foda é o lirismo do povo»

Baudelaire

 «Era uma vez um velho turco, que tinha um único filho e a quem queria mais do que à luz dos seus olhos. Todos sabem que para os Turcos o maior castigo que Deus deitou ao mundo é o trabalho; por isso quando o filho fez catorze anos, pensou pô-lo na escola, para aprender o melhor sistema de fazer sorna» (Calvino, 2000: 206)

“O trabalho, por mais baixo que seja, por mais que tenha em vista apenas o dinheiro, está sempre em relação com a natureza. O simples desejo de executar um trabalho conduz sempre mais e mais à verdade, às leis e preceitos da natureza, que são a verdade.”

Thomas Carlyle 
Trabalhar e não Desesperar
“trabalho é a melhor polícia, que retém cada indivíduo pelo freio e que sabe impedir com firmeza o desenvolvimento da razão, do desejo e do prazer da independência. Pois faz despender enorme quantidade de energia nervosa, e subtrai essa energia à reflexão, à meditação, ao sonho, à inquietação, ao amor e ao ódio.”

 Friedrich Nietzsche
Os Apologistas do Trabalho
«A crítica da obra é o seu autoconhecimento.»

Maria Filomena Molder
O Químico e o Alquimista Benjamin,
leitor de Baudelaire
«Chamo-lhe Literatura porque não sei o nome de isto. (“Transforma-se a coisa escrita no escritor”, in Aquele que quer morrer)»

Manuel António Pina

“dégénérescence sociale”

 “Tu, que tens a mania das Invenções e das Descobertas / e que nunca descobriste que eras bruto, / e que nunca inventaste a maneira de o não seres… / Tu consegues ser cada vez mais besta / e a este progresso chamas Civilização!”

(Negreiros, J. A., 1990: 49)

... a poesia inculca a ideia de que a palavra é livre e de que a
 língua é partilhada por todos, quando não há opressão
maior e mais infame que a da língua.

 Alberto Pimenta, IV de Ouros 

''Perpétua escuridão''

Bocage
De amor há precisão, há liberdade.

(Bocage, 2004-05, VII: 8)

Pavorosa Ilusão da Eternidade


Bocage

Sacrificium intellectus

«vesgo fanatismo»


poesia científica

ethos societário

«Mas tem a glória de trazer consigo
 A derrotada estúpida Ignorância. »

(Alvarenga, 2003: 128-129)

''A Deusa peregrina da Estupidez''

«Com a leitura silenciosa instaura-se uma nova relação com o texto escrito, mais secreta, mais livre, totalmente interiorizada. A partir de então, o mesmo texto pode ser utilizado de diversas maneiras, lido em silêncio para a própria pessoa, na privacidade do escritório ou da biblioteca, ou então em voz alta para outras pessoas […]. A revolução da leitura precede pois a do livro (mesmo que a leitura oralizada, murmurada, “ruminada” continue a ser durante muito tempo a forma de ler dos leitores mais populares).»

(Chartier, 1998: 11-12)

dramatismo “biográfico”

Karl Marx and his wife Jenny von Westphalen


poeta-cabeleireiro

«Uma época interpreta falsamente a outra»

 Ludwig Wittgenstein, Cultura e Valor

O Romance e os Seus Problemas

fotobiografia

«QUE SÓ O HOMEM LIVRE É DIGNO DE SER HOMEM! »

ADOLFO CASAIS MONTEIRO, Europa, 1944-1945.
«O poder de alusão da poesia — que a tal se resume tudo quanto a tradição da análise literária clássica especificou sob os nomes de vários tropos (metáforas, perífrase, etc., etc.) — não coube nunca nessas prisões douradas que a crítica lhe foi tecendo pelos séculos fora. O poeta diz muito em poucas palavras… e a análise literária diz de menos em palavras demais. Ai de nós, tentar compreender é uma doença incurável. Pois continuemos tentando.»


ADOLFO CASAIS MONTEIRO, A Palavra Essencial, p. 133.



“E, pouco a pouco, surgi / da luta / um outro que agora sou”

“transes de estranha angústia”

''O conhecimento acarreta sempre alguma angústia.''

sábado, 6 de outubro de 2018


“moderna literatura subjectivista, que animada pelo freudismo e pelo bergsonismo perde completamente o pé com a realidade exterior e se afunda cada vez mais no homem e nos seus complexos”

António Ramos de Almeida

''confessionalismo assertivo''

“Mar manso”

Fernando Namora
«andam fantasmas negros
pelas ruas a baterem às portas… »

Fernando Namora
«A rua lembra um quadro cubista
pintado num momento aflitivo de pesadelo.»

Fernando Namora
«(...)

Partir,
mas com a espontaneidade de quem sente que parte,
 e não com o desespero
de quem quer fazer-se partir. »

João José Cochofel

fraseologia


Talvez valesse a pena ser árvore…

Talvez valesse a pena ser cão.

Tudo
menos andar amarrado uma vida inteira
aos preconceitos inúteis
duma civilização caduca.

João José Cochofel
Resignado não reajo
contra o que tem de ser.
A minha poesia
 é toda feita de melancolia;
 eu de fatalismo.
No íntimo
há coisas vagamente pensadas,
vagamente…

Para quê reagir?... ´

No íntimo
 há a certeza triste
de tudo perdido
– tudo.

João José Cochofel

''um rebelde não-alinhamento''

“E que piedade anda a escrever um frágil, / Na embalagem dos ossos / Que trago emprestados...”).

Políbio Gomes dos Santos

“umbicalismo”

“Para os Novos, meus companheiros neste império de escrever”

 Políbio Gomes dos Santos

As Três Pessoas

Políbio Gomes dos Santos 

O Mistério da Poesia

 João Gaspar Simões

a obra que «ilude»

Amorim de Carvalho

“Novos ritmos. A técnica como revelação da alma humana”

Amorim de Carvalho

''calculadas dissociações de personalidade''

egotismo

e.go.tis.mo            ɛɡɔˈtiʒmu

nome masculino
1.
sentimento exagerado da própria personalidade
2.
mania de falar de si, de se vangloriar
3.
subjetivismo

Simone Signoret & Yves Montand


''artificiosos destrambelhamentos''

Amorim de Carvalho
«se as palavras, na relatividade do seu poder transmissivo, desvirtuadas por mil acepções, já de si são névoa que encobre as ideias, comprimi-las em moldes preconcebidos, afogá-las no oceano das regras estilísticas e gramaticais, é quase sempre matar o poeta, o artista, em proveito, quando muito, do artífice do verso. »

Martim Noel Monteiro
«o romance, apesar da condenação de alguns dos seus próprios cultores, aparece-nos com extraordinária importância hoje. É talvez a manifestação artística mais concreta. A poesia dá-nos uma afirmação que muitas vezes compreendemos mais sensivelmente do que inteligentemente. É uma síntese. No romance aparece-nos a afirmação também mas mais concretamente. Concreto, talvez não seja a expressão própria. Queremos dizer: enquanto num poema se nos afirma directamente é, num romance afirma-se-nos é duma forma talvez mais indirecta mas mais documentada: - é por isto, não é por aquilo. A poesia dar-nos-á directamente uma sensação. O romance explicar-no-la-á. O poeta que cante a miséria dum camponês pode desconhecer (e talvez mesmo não no-lo deva dar) o tamanho exacto da sua choupana, o preço dos géneros alimentícios em relação com o seu salário, as minúcias do seu estado de cultura ou incultura. O romancista, pelo contrário, deve conhecer todas essas minúcias, deve dar-no-las circunstanciadamente, deve pôr sempre um problema, enunciá-lo e resolvê-lo.»

Mário Dionísio. ''A propósito de Jorge Amado - I”, O Diabo, nº164, 14.11.1937, p.3.
«se a obra dos novos escritores literariamente se tem manifestado em público de preferência no campo da poesia, não quer isso dizer que outras formas de expressão – sobretudo o romance – os não solicitem mais. Na realidade, o romance é a modalidade literária mais adequada à expressão da nossa época e é nele que geralmente a arte realista apresenta as suas realizações mais convincentes.»

Fausto Ribas
“um romance ou uma novela que seja um simples discurso de propaganda, construído com mera retórica, não será nem um romance, nem uma novela, nem um poema. Será, se for, uma obra falhada”

António Ramos de Almeida

ouropel

ou.ro.pel                  o(w)ruˈpɛɫ
nome masculino
1.
lâmina de latão que imita o ouro
2.
ouro falso
3.
figurado falso brilho
4.
figurado aparência enganadora

Nasci com Passaporte de Turista

Alves Redol 

Robert Mapplethorpe, Lisa Lyon, 1980,


''metafísica estéril''

''subalternização do intimismo''

parangona


pa.ran.go.na        pɐrɐ̃ˈɡonɐ
nome feminino

1.tipo de impressão, de corpo grande (caracteres tipográficos de 18 ou 21pontos), muito utilizado em anúncios e cartazes
2.notícia publicada nos jornais em lugar de relevo e em caracteres grandes
3.figurado grande palavreado, sem jeito
«(...) só realiza verdadeira cultura aquele que vive em permanente libertação: libertação de certas formas obsoletas de todo incompatíveis com o pensar actual e libertação do falso historicismo de mera cultura compreensiva que se traduz em vontade de repetição. A verdadeira historicidade supõe predisposição que nos conduza à descoberta das fontes que nutrem toda a vida, e, portanto, a actual também.»


Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
«Perante o seu incerto destino, de duas uma: ou [o intelectual] se mantém altivamente no seu posto neutral de simples observador ou aceita realizar tarefas que a sociedade existente possa pedir-lhe para diverti-la ou justificar, pela criação de qualquer ideal espiritual, as empresas interessadas a que ela se dedica.»

Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
«E vem a propósito dizer que os problemas literários são os próprios problemas humanos. Aqueles, sem estes, não teriam significação. »

Jorge Domingues. O real e o irreal na literatura, O Diabo, nº169, 19.12.1937, p.5.
«É que a relação de dependência entre a literatura e os fenómenos sociais possui tal amplitude que aquela tem, necessariamente, de acompanhar a linha evolutiva destes, amoldando-se às novas condições da sociedade, servindo de expressão às novas inquietações do tempo, concretizando as novas aspirações da Humanidade.»

Jorge Domingues. O real e o irreal na literatura, O Diabo, nº169, 19.12.1937, p.5.

abdicação

“o papel individual do artista na obra a realizar”

Álvaro Salema

Robert Mapplethorpe, Two Men Dancing, 1984


“Página velha de um ensaio tímido”

Álvaro Salema
“toda a Arte, desde que seja digna deste nome, possui uma função utilitária, já que não é útil apenas a arte que visa o progresso social ou político”
«rosto queimado
pelo hálito das multidões »

Paulo Leminsky 
«Não sei ao certo se a erosão das estátuas, no lado mais exposto ao tempo, as prejudica ou não.»

  Carlos de Oliveira 

Don't Play That Song - Aretha Franklin


[Verse 1]
Don’t play that song for me
Cause it brings back memories
Of days that i once knew
The days that i spent with you
Oh no! Don’t let them play it (oh no!)
It fills my heart with pain (it hurts!)
Please stop it right away
Cause i remember just a’ what he said

[Chorus]
He said, darling (darling i, i love you)
And i know that he lied (darling i, i love you)
You know that you lied (darling i, i love you)
You know that you lied (you lied)
Lied (you lied)
You lied (to me)

[Verse 2]
Hey mister, don’t play it no more
Don’t play it no more
I can’t stand it
Don’t play it no more (no more)
No more (no more)
No more (can’t stand it)
I remember on our first date
He kissed me and he walked away
I was only seventeen
I never dreamed he’d be so mean

[Chorus]
He told me darling (darling, i love you)
Baby, baby, you lied (darling, i need you)
You, you lied (darling, i love you)
You know that you lied (you lied)
Lied (you lied)
Lied, lied (to me)

[Outro]
O-o-oh darling (darling, i love you)
You know that you lied, yeah (darling, i need you)
You know i know you lied (darling, i love you)
Darling, you lied (you lied)
You lied (you lied)
You lied. You’re all that i need. You lied (to me)
O-u-o-o-o-oh, you lied (don’t play it no more)
Hey baby don’t play it no more (wo-o-oh, don’t play it no more)
Don’t do it. Don’t play it no more (wo-o-oh, for me)
No more (for me)
I can’t stand it no more (don’t play it no more)
Ouh! Hey! Don’t play it no more (wo-o-oh, don’t play it no more)




«Um dia, vinha para a vila o carvoeiro Zé Preto com o seu burro carregado de carvão. O burro progredia com dificuldade, não só porque a carga era pesada, mas também porque as moscas não o largavam. Ao passar a Valinha, um homem que morava ali junto ao caminho, querendo brincar com o Zé Preto, pediu se lhe podia arranjar um quilo de moscas!
 - Arranjo, sim senhor!
Respondeu sem demoras o Zé. Parou o burro e começou a apanhar as moscas que pousavam no pobre do animal, aproveitando até as que estavam nos burros dos amigos que por ali passavam, juntando o tal quilo de moscas que lhe encomendavam. Encomenda pedida, encomenda arranjada, encomenda entregue:
-Aqui tem o que pediu, amigo!
Mas o homem, sentando-se numa pedra que estava mesmo junto ao caminho, começou a apartar as moscas, depois de uma olhadela atenta, seguida de uma breve pausa:
-Esta não é mosca, é mosco! Este é mosco..., este é mosco..., etc..., etc.... -
Não deixava o homem nada da parte que era suposta ser das moscas, para depois dizer que não pagava a encomenda que pedira. Zé Preto bem controlou os nervos para não desancar uma grande surra no esperto do homem. Mas não ficava pela demora.»

O CarvoeiroLendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 105

''carro de feno''

«No pensamento nem sempre mandamos. Nos actos, sim.»

Frei João da Cruz. Lendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 74

''deambulações predatórias''

O Tomás das GuingostasLendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 67

LE BIDONVILLE PORTUGAIS DE CHAMPIGNY-SUR-MARNE, PAUL ALMÁSY, 1963


tramóia

''Olha a sem vintém, (...)''

Santo AginhaLendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 25

«Tens fermento da última cozedura de pão?»

Santo AginhaLendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 25

''histórias de antanho''

  «(...) o assaltante só desistia da presa depois de a esbulhar, nem que fosse da roupa que trazia.»

Santo Aginha. Lendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 9

domingo, 30 de setembro de 2018

«Quando não tenho nada no coração, não tenho nada.» 

Abbas Kiarostami

France 1963. Travailleurs immigrés portugais travaillant sur un chantier


«Por isto, e só por isto, temos existido »

T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 51
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