«A Grécia jazia diante dos seus olhos, coberta de sangue.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 199
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
''epitalâmios do meu país''
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 188
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palavras violentas, injúrias, ralhos e descomposturas
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«Não passas dum anjo incapaz de sofrer, incapaz de pecar, prisioneiro do Paraíso até à consumação dos séculos.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 187
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«Receio-te, o teu poder faz-me tremer. Não passo dum homem e sofro. Sou grego, deves escutar-me. Deixa-me ao menos gritar o meu sofrimento para aliviar o coração.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 183
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 183
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''beijou uma pedra manchada de sangue''
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 183
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« - Não me faças perguntas. Onde queres tu chegar?
-Quero tocar-te o coração, se ainda o tens.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 179
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terça-feira, 11 de agosto de 2015
"Li por crises. Algumas duraram dois anos. Nesses casos, era obrigada a ler de dia nas grandes bibliotecas universitárias de Paris. É caso para perguntar por que aberração as grandes bibliotecas públicas estão fechadas de noite. Raramente li em praias e jardins. Não se pode ler com duas luzes simultâneas, a do dia e a do livro. Lê-se à luz eléctrica, com o quarto na penumbra, apenas a página iluminada."
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"Falemos de casas coM janelas viradas para dentro. Falemos de casas sem lados, casas redondas, casas vazias. Falemos de casas que são ruas e ruas que são casas. Falemos desse mendigo aconchegado à geada, da puta que pernoita atrás de um balcão de crimes potenciais. Falemos das novas estrelas de David com que te marcaram a liberdade. As casas dos poetas sem terra, sem lugar, dos lugares sem sítio, dos poetas sitiados."
Henrique Bento Fialho. In Estranhas Criaturas
METAMORFOSES, um filme de CHRISTOPHE HONORÉ from Leopardo Filmes on Vimeo.
«Uma rapariga é abordada por um rapaz belo mas muito estranho. Deixa-se seduzir pelas suas histórias. Histórias sensuais e maravilhosas nas quais os deuses se apaixonam por jovens mortais. O rapaz propõe à rapariga que o siga. Honoré assina neste novo filme uma adaptação contemporânea e arrojada da obra clássica de Ovídio.»
“Christophe Honoré propõe-nos, com este filme-manifesto, a derradeira e mais bela das metamorfoses.”
Jean-Baptiste Morain, Les Inrockuptibles
“Uma adaptação literária delicada e discreta que esconde muitas ideias por detrás da sua superfície cintilante”
Boyd van Hoeij, The Hollywood Reporter
«Uma rapariga é abordada por um rapaz belo mas muito estranho. Deixa-se seduzir pelas suas histórias. Histórias sensuais e maravilhosas nas quais os deuses se apaixonam por jovens mortais. O rapaz propõe à rapariga que o siga. Honoré assina neste novo filme uma adaptação contemporânea e arrojada da obra clássica de Ovídio.»
“Christophe Honoré propõe-nos, com este filme-manifesto, a derradeira e mais bela das metamorfoses.”
Jean-Baptiste Morain, Les Inrockuptibles
“Uma adaptação literária delicada e discreta que esconde muitas ideias por detrás da sua superfície cintilante”
Boyd van Hoeij, The Hollywood Reporter
«Tinha um vago verniz de instrução e, quando não via pela frente padre Yannaros, afoitava-se a exprimir o que pensava.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 170
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 170
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«Quando se é Deus, porque se há-de armar em cordeiro?»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 169
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 169
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segunda-feira, 10 de agosto de 2015
«Dentro do sonho disseste:
Beijemo-nos então,
Neste quarto, nesta cama,
Mas quando tudo terminar
Não voltaremos a ver-nos.
Ao ouvir estas últimas palavras,
Não havia parição nocturna de ovelhas,
Pássaro levado pela ventania
Nem raiz cingida pela geada
Tão frios como o meu coração.»
Philip Larkin
(tradução de Vasco Gato)
Beijemo-nos então,
Neste quarto, nesta cama,
Mas quando tudo terminar
Não voltaremos a ver-nos.
Ao ouvir estas últimas palavras,
Não havia parição nocturna de ovelhas,
Pássaro levado pela ventania
Nem raiz cingida pela geada
Tão frios como o meu coração.»
Philip Larkin
(tradução de Vasco Gato)
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Estende a tua mão
herberto hélder
herberto hélder
estende a tua mão contra a minha boca e respira,
e sente como respiro contra ela,
e sem que eu nada diga,
sente a trémula, tocada coluna de ar
a sorvo e sopro,
ó
táctil, ininterrupta,
e a tua mão sinta contra mim
quanto aumenta o mundo
e sente como respiro contra ela,
e sem que eu nada diga,
sente a trémula, tocada coluna de ar
a sorvo e sopro,
ó
táctil, ininterrupta,
e a tua mão sinta contra mim
quanto aumenta o mundo
in a faca não corta o fogo
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"A única salvação do que é diferente é ser diferente até o fim, com todo o valor, todo o vigor e toda a rija impassibilidade; tomar as atitudes que ninguém toma e usar os meios de que ninguém usa; não ceder a pressões, nem aos afagos, nem às ternuras, nem aos rancores; ser ele; não quebrar as leis eternas, as não-escritas, ante a lei passageira ou os caprichos do momento; no fim de todas as batalhas — batalhas para os outros, não para ele, que as percebe — há-de provocar o respeito e dominar as lembranças; teve a coragem de ser cão entre as ovelhas; nunca baliu; e elas um dia hão-de reconhecer que foi ele o mais forte e as soube em qualquer tempo defender dos ataques dos lobos."
Agostinho da Silva, Diário de Alcestes
Um outro tanto
Maria Teresa Horta
Não sei como consigo
amar-te tanto
se querer-te assim na minha fantasia
é amar-te em mim
e não saber já quando
de querer-te mais eu vou morrer um dia
perseguir a paixão até ao fim é pouco
exijo tudo até perder-me
enquanto, e de um jeito tal que desconhecia
poder amar-te ainda
um outro tanto
in "Inquietude" quasi (06)
Maria Teresa Horta
Não sei como consigo
amar-te tanto
se querer-te assim na minha fantasia
é amar-te em mim
e não saber já quando
de querer-te mais eu vou morrer um dia
perseguir a paixão até ao fim é pouco
exijo tudo até perder-me
enquanto, e de um jeito tal que desconhecia
poder amar-te ainda
um outro tanto
in "Inquietude" quasi (06)
«As estrelas, incrustadas no manto cinzento de aço no céu, pareciam lutar, a tremeluzir, contra a noite.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 20
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«As mentiras são todas iguais, sejam elas quais forem. Se o senhor engolir essa aldrabice, ele passa a contar-lhe logo outra.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 19
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«(...) ali mais adiante rodeava cuidadosamente um penedo liso onde uma cobra cascavel costumava aquecer ao sol o seu sangue gelado.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 12
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 12
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''significações obscuras e prometedoras''
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 11
sábado, 8 de agosto de 2015
«Há dias em que a minha alma é povoada de negros pressentimentos. Mas tu dás-me coragem; o amor triunfa da morte.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 158
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« 3 de Abril. - Desde anteontem, a vida parece-nos mais pesada. Entrevimos a felicidade que nos escapou. Compreendemos que bastaria uma coisa muito simples para voltarmos a ser homens. Mas essa coisa não se produziu e de novo nos tornámos bichos.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 154
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«Via-me já em Atenas, à porta do teu quarto; tu abrias, arremessavas-te para os meus braços e eu beijava-te a nuca, no sítio onde tens um sinal, sem poder falar, sufocado, tantas eram as coisas que te queria dizer»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 153
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«O homem nem nunca chega a nada de grandioso neste mundo se não subordina a sua vida a um princípio superior.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 149/150
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 149/150
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«Durante três dias fui feliz, porque já não sabia onde estava.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 144
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 144
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«(...) sob os seus cabelos louros, uma mancha vermelha alastrava na neve.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 144
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 144
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«Lembrei-me de repente do sonho que te contei há algumas semanas, o do peixe que invectivava Deus »
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 143
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 143
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«Matar sem ódio, unicamente por medo, não julgo possível maior degradação.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 141
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 141
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«Fitávamos o fogo que morria e com ele os nossos corações.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 139
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 139
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"Tough Love"
It's already the time that you hold my mind, it's true
And I've been thinking bout what to say, or what to do
So you wanna be a man about it, do you?
And have you figured out all you wanted, have you?
[Pre-Chorus:]
When your heart becomes a million different pieces
That's when you won't be able to recognize this feeling
[Chorus 1:]
That's called tough love
That's called tough love
That's called tough love
That's called tough love
In the middle of the night, all I think about is you
I trail in all your clouds of glory, it's true
So you wanna be a man about it, do you have to?
And have you figured out all you wanted, have you?
[Pre-Chorus]
[Chorus 2:]
That's called tough love (tough love)
That's called tough love (tough love)
That's called tough love (tough love)
That's called tough love (tough love)
You'll have me crying out, crying out for more
You'll have me crying out, crying out for more
You'll have me crying out, crying out for more
You'll have me crying out, crying out for more
[Chorus 2]
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«A verdade não era aquela que durante tanto tempo acumulou angústias no meu coração: a verdade era esta criatura recém-nascida da minha imaginação. Destruí a realidade através dessa imaginação, estava aliviado.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 138
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 138
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«A serpente e o lírio»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 137
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«Sentia um azedume e uns remorsos estranhos daquilo que fizera, do que não fizera; dir-se-ia que cometera um crime e que dava voltas e mais voltas em redor da minha vítima.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 134
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«(...) as grandes almas são sempre perigosas.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 133
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«Outro era um lírio virgem, pálido, melancólico, de grandes olhos azuis. Mãos com longos dedos; escrevia versos. Lembro-me de muito poucos e, quando os murmuro na minha solidão, os olhos enchem-se-me de lágrimas. Uma noite encontraram o jovem poeta enforcado numa oliveira, diante do mosteiro de Kaissariani.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 131
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Ficava em casa dela até altas horas da noite
«Ficava em casa dela até altas horas da noite, falávamos de música, líamos poemas, o ar entre nós era um brasido, quando me inclinava sobre o seu ombro seguindo os versos de Keats e de Byron, respirava o odor quente, ácido, dos seus braços, o meu espírito turbava-se, Keats e Byron desapareciam e na pequena sala ficavam somente dois animais inquietos, um vestindo calças, outro um vestido.»
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sexta-feira, 7 de agosto de 2015
anuviar
conjugação
verbo transitivo
1. cobrir de nuvens
2. toldar; carregar; escurecer
3. figurado entristecer
verbo pronominal
cobrir-se de nuvens; nublar-se
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(...) Pedem tanto a quem ama: pedem
o amor. Ainda pedem
a solidão e a loucura.
Dizem: dá-nos a tua canção que sai da sombra fria.
E eles querem dizer: tu darás a tua existência
ardida, a pura mortalidade.
Às mulheres amadas darei as pedras voantes,
uma a uma, os pára-raios abertíssimos da voz.
As raízes afogadas do nascimento. Darei o sono
onde um copo fala
fusiforme
batido pelos dedos. Pedem tudo aquilo em que respiro.
Dá-nos tua ardente e sombria transformação.
E eu darei cada uma das minhas semanas transparentes,
lentamente uma sobre a outra.
(...)
o amor. Ainda pedem
a solidão e a loucura.
Dizem: dá-nos a tua canção que sai da sombra fria.
E eles querem dizer: tu darás a tua existência
ardida, a pura mortalidade.
Às mulheres amadas darei as pedras voantes,
uma a uma, os pára-raios abertíssimos da voz.
As raízes afogadas do nascimento. Darei o sono
onde um copo fala
fusiforme
batido pelos dedos. Pedem tudo aquilo em que respiro.
Dá-nos tua ardente e sombria transformação.
E eu darei cada uma das minhas semanas transparentes,
lentamente uma sobre a outra.
(...)
Herberto Hélder
lugar (poema II)
lugar (poema II)
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
"O que é mais difícil não é escrever muito; é dizer tudo, escrevendo pouco" [Júlio Dantas]
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«Criança louca que não deixámos crescer.»
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 44
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''pevides de eczema salgado''
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 43
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«Coração preso sem amante»
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 42
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«Aves negras voaram dos meus cabelos»
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 41
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«Abre as minhas mãos
Se puderes
E limpa-lhes o sangue das unhas cravadas
Com teu olhar
Com teu olhar branco de justiça sem balança.»
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 39
Se puderes
E limpa-lhes o sangue das unhas cravadas
Com teu olhar
Com teu olhar branco de justiça sem balança.»
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 39
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MESMO NADA
Nada à minha volta
Nem a sombra de uma casa nem a folha de uma árvore
Ali em cima leio em letras brancas sobre esmalte azul:
GABINETE DO DIRECTOR.
E há um telefone
Gosto dos telefones, dão a ilusão de companhia
É um cepo negro por onde a vida pode entrar.
Gabinete do director.
Lá dentro com ele está alguém e eu vou depois.
Sinto-me vazia como uma flor se deve sentir numa jarra
[com muita água
Que um pintor sem talento vai pintar.
Natureza morta sem frutos.
A solidão de ser recebida por um director.
Mais uma solidão - a hierarquia.
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 37
Nem a sombra de uma casa nem a folha de uma árvore
Ali em cima leio em letras brancas sobre esmalte azul:
GABINETE DO DIRECTOR.
E há um telefone
Gosto dos telefones, dão a ilusão de companhia
É um cepo negro por onde a vida pode entrar.
Gabinete do director.
Lá dentro com ele está alguém e eu vou depois.
Sinto-me vazia como uma flor se deve sentir numa jarra
[com muita água
Que um pintor sem talento vai pintar.
Natureza morta sem frutos.
A solidão de ser recebida por um director.
Mais uma solidão - a hierarquia.
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 37
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«Adia-se a dor adia-se a morte»
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 25
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verso solto
«Monstros de dor só de serem olhados»
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 23
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MORSE
Velha lacerada de trapos
Alpargatas de desprezos
Encardidos abandonos
De cada lado um saco de plástico
Sacos a abarrotar misérias
Como se tivesse dois cães a guardá-la
Castelã do passeio
Nada dissemos senão o olhar
De súbito hoje ela rasga o silêncio:
-Crianças e animais são os mais puros
Nós já não. Não acha?
Abriu a caverna da boca na pergunta
Acenei-lhe adeus como a dizer
Talvez que a amava mas que nada sabia
Mas que nada sabia fazer
Pela lepra do seu mistério
Ela ergueu então o desprezo já desinteressado
Da sua mão ossuda e cinzenta
Soube mais tarde que aqueles dois sacos (com trapos)
Eram todos os seus bens caminhava com eles
Para que não fosse roubada
Tesouro público inquilina solitária do mundo
Lixo sem cotação seu corpo e seus bens
Lixo que incomoda e suja só de olhar
Quem te beijaria? Hoje nem um beijo de leve
Nós já não. Tem razão teu mistério
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 22
Alpargatas de desprezos
Encardidos abandonos
De cada lado um saco de plástico
Sacos a abarrotar misérias
Como se tivesse dois cães a guardá-la
Castelã do passeio
Nada dissemos senão o olhar
De súbito hoje ela rasga o silêncio:
-Crianças e animais são os mais puros
Nós já não. Não acha?
Abriu a caverna da boca na pergunta
Acenei-lhe adeus como a dizer
Talvez que a amava mas que nada sabia
Mas que nada sabia fazer
Pela lepra do seu mistério
Ela ergueu então o desprezo já desinteressado
Da sua mão ossuda e cinzenta
Soube mais tarde que aqueles dois sacos (com trapos)
Eram todos os seus bens caminhava com eles
Para que não fosse roubada
Tesouro público inquilina solitária do mundo
Lixo sem cotação seu corpo e seus bens
Lixo que incomoda e suja só de olhar
Quem te beijaria? Hoje nem um beijo de leve
Nós já não. Tem razão teu mistério
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 22
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«O cheiro do sabão amarelo como se fossem giestas»
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 14
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«A minha mão está aqui
Presa na seda»
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 13
Presa na seda»
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986., p. 13
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«Quando desaprendemos de esperar já morremos.»
Matilde Rosa Araújo. Voz Nua. Livros Horizonte, Lisboa, 1986
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LEÃO DA MEIA-NOITE
O Leão da Meia-Noite
é um poeta exausto de remover montanhas,
catedrais e colinas, cordilheiras de cactos
por pradarias de cultos e esculturas em ruínas
até perder a noção dos versos
O Leão da Meia-Noite
não tem nada excepto metade da noite:
com a juba incandescente é alguém que caminha
para a morte ao nascer do dia
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 56
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VI
As vozes multiplicavam-se:
rasuravam o silêncio escrito
e reescrito: erro sobre erro,
boca sobre boca:
a eternidade no meu sexo
e a vida curta
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 53
rasuravam o silêncio escrito
e reescrito: erro sobre erro,
boca sobre boca:
a eternidade no meu sexo
e a vida curta
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 53
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V
Conversámos de «coisas amáveis»
mantendo a distância de um deserto
entre as nossas miragens
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 52
mantendo a distância de um deserto
entre as nossas miragens
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 52
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«O imprevisto é a Tua história,
meu Deus, ora cíclica em uma
espiral que não finda, ora em
linha recta com data definida:
contínua na praia ao crepúsculo
que convida a fazer amor crucífero»
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 51
meu Deus, ora cíclica em uma
espiral que não finda, ora em
linha recta com data definida:
contínua na praia ao crepúsculo
que convida a fazer amor crucífero»
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 51
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gandaia
nome feminino
1. acto de revolver o lixo para encontrar alguma coisa de valor
2. vida ociosa, caracterizada pela falta de preocupações ou obrigações
3. vida de farrista
4. vadiagem
andar na gandaia
fazer ofício de gandaieiro, revolvendo o lixo, viver na ociosidade
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significados
(...)
«A véspera da paixão
repete-se todas as noites:
cada noite: a última noite:
a mesma nota na corda vocal nocturna:
a exploração do som na cisterna vazia»
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 49
«A véspera da paixão
repete-se todas as noites:
cada noite: a última noite:
a mesma nota na corda vocal nocturna:
a exploração do som na cisterna vazia»
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 49
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(...)
«Limite da morte:
a melhor amante
sempre à tua espera»
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 43
«Limite da morte:
a melhor amante
sempre à tua espera»
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 43
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poetas portugueses
(...)
« e o fogo indisciplinado que destrói e puri-
fica o desperdício da lava»
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 39
« e o fogo indisciplinado que destrói e puri-
fica o desperdício da lava»
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 39
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«Pertenço a uma espécie de poeta
emplumada d'impulsos e de pedra»
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IV
Escrita surda a surdir do silen-
cio: pássaro líquido, dedo
a dedilhar um violino sob
a água ígnea do dilúvio
Depois do interlúdio inten-
sifico o sílex, sinalizo
seixo a seixo, o sémen só-
lido, livro a livro, lixo
Em círculo de súbito so-
letrado, líquene no lábio
húmido com fogo posto
Até fundir em sacra labar-
eda, o gelo e a geada
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 31
cio: pássaro líquido, dedo
a dedilhar um violino sob
a água ígnea do dilúvio
Depois do interlúdio inten-
sifico o sílex, sinalizo
seixo a seixo, o sémen só-
lido, livro a livro, lixo
Em círculo de súbito so-
letrado, líquene no lábio
húmido com fogo posto
Até fundir em sacra labar-
eda, o gelo e a geada
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 31
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II
«Senhor do mel e das abelhas negras
eu mesmo: gato preto de telhado
com um caderno e um lápis e este livro
revelado por Deus e aves várias.»
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 21
eu mesmo: gato preto de telhado
com um caderno e um lápis e este livro
revelado por Deus e aves várias.»
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 21
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«continuamente a vadiar esfaimado»
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 20
António Barahona. Ritual Analógico. Extratextos de Catarina Baleiras. Edições Rolim., p. 20
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«e dou-te as inflexões das sílabas do tempo
com a paciência dos dedos e dos dentes
para que neste exercício da paixão acordes nua»
António Ramos Rosa. Ficção. Edições Nova Renascença, 1985., p. 20
com a paciência dos dedos e dos dentes
para que neste exercício da paixão acordes nua»
António Ramos Rosa. Ficção. Edições Nova Renascença, 1985., p. 20
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«Há um massacre de insectos no metal negro do teu
[sangue»
António Ramos Rosa. Ficção. Edições Nova Renascença, 1985., p. 18
[sangue»
António Ramos Rosa. Ficção. Edições Nova Renascença, 1985., p. 18
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«Não é a dança ainda
mas é como se fosse começar.»
António Ramos Rosa. Ficção. Edições Nova Renascença, 1985., p. 11
mas é como se fosse começar.»
António Ramos Rosa. Ficção. Edições Nova Renascença, 1985., p. 11
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Sei que alguém escreveu: «a impregnação de um sangue
oculto antes da ferida que abre a superfície.»
António Ramos Rosa. Ficção. Edições Nova Renascença, 1985., p. 11
oculto antes da ferida que abre a superfície.»
António Ramos Rosa. Ficção. Edições Nova Renascença, 1985., p. 11
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quarta-feira, 5 de agosto de 2015
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