quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
LXVI
Tomai atenção
um coração solitário
não é um coração.
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 185
um coração solitário
não é um coração.
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 185
«Insiste a razão: Tu mentes.
E responde o coração:
Tu é que mentes, razão,
pois dizes o que não sentes.
A razão: Jamais poderemos
entender-nos, coração.
O coração: Vê-lo-emos.»
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 163
E responde o coração:
Tu é que mentes, razão,
pois dizes o que não sentes.
A razão: Jamais poderemos
entender-nos, coração.
O coração: Vê-lo-emos.»
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 163
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Arrebol
nome masculino
1. cor de fogo que às vezes o horizonte toma ao nascer e ao pôr do Sol
2. figurado princípio
(Do latim rubōre-, «vermelhidão»)
domingo, 22 de dezembro de 2013
«Não é, porém, de espantar que, por ter andado tanto na sua companhia, adquirisse um pouco do seu saber. Priapo, deus da figueira, ouviu e reteve alguns termos gregos que o seu senhor lia diante dele; o galo de Luciano, à custa de conviver com os homens, aprendeu a sua linguagem.»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 127
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 127
A sabedoria torna os homens tímidos.
«Digamos a verdade tal como ela é: a Fortuna ama os irreflectidos, os temerários, os aventureiros, aqueles que dizem facilmente: «Os dados estão lançados!» A sabedoria torna os homens tímidos; assim encontrareis por todo o lado sábios a morrer de fome, pobreza e dor, esquecidos, sem glória e sem simpatia.»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 124
«Não cessam de uivar, se lhes não se atira um pedaço de carne para as goelas.»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 109
rememorar
verbo transitivo
1. trazer de novo à memória, relembrar
2. dar uma ideia imperfeita de
(Do latim rememorāri, «recordar; voltar a lembrar»)
Logomaquia
nome feminino
1. discussão sobre uma palavra tomada em sentido diferente pelos dois adversários
2. palavreado inútil
(Do grego logomakhía, «luta de palavras»)
Erística
nome feminino
FILOSOFIA arte das discussões lógicas e subtis |
(Do grego eristikós, «que gosta de disputar»)
erística In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-12-22].
Disponível na www:
FILOSOFIA arte das discussões lógicas e subtis
(Do grego eristikós, «que gosta de disputar»)
Tal como Sísifo
«Tal como Sísifo(1), a rolar o seu rochedo, amontoam textos e mais textos de leis em assuntos que nada têm a ver com eles. Acumulam glosa sobre glosa, opinião sobre opinião, para dar a impressão da extrema dificuldade que possuem. Estão, de facto, convencidos de que é digno de mérito tudo o que exija esforço e trabalho.
Acrescentemos-lhes os Dialécticos e os Sofistas, raça mais barulhenta do que o bronze de Dodona(2), e dos quais, o menos palrador, conseguiria fazer frente às vinte comadres mais palradoras que se encontrassem. Além de serem linguareiros, são também briguentos, a ponto de se encarniçarem na discussão e puxarem da espada por dá cá aquela palha, perdendo, no calor da contenda, todo o amor à verdade. O Amor-Próprio, apesar de tudo isto, fá-los felizes, pois que três silogismos lhes bastam para os levar a discutir com qualquer pessoa, sobre qualquer assunto. A sua obstinação torna-os invencíveis, mesmo que tivessem de se haver com o próprio Estentor.»
1 - Rei mítico de Corinto, condenado pelos deuses, como castigo da sua crueldade, a rolar, depois da morte, um rochedo enorme até ao alto de uma montanha, donde voltava novamente a cair.
2- Antiga cidade do Epiro, em cujo bosque sagrado, consagrado a Júpiter, os vasos de bronze suspensos nos carvalhos, ao serem batidos pelo vento, tocavam uns nos outros, produzindo um ruído interpretado pelos sacerdotes como um oráculo.
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 96
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O Mito de Sísifo
«Da mesma espécie são os escritores, que aspiram à fama imortal, publicando livros. Todos me devem muito, sobretudo aqueles que só garatujam ninharias. Quantos aos que se submetem ao julgamento dum restrito número de sábios e que não recusam por juízes os Pérsio e os Lélio, parecem-me mais desgraçados do que felizes, porque se submetem a uma tortura constante; acrescentam, mudam, suprimem, repõem, refazem, consultam, guardam a sua obra nove anos sem nunca se satisfazer e conseguir a glória, vã recompensa que poucos recebem, à custa do sono, bem supremo, e de muitos sacrifícios, suor e trabalhos. Acrescentai a perda da saúde e da beleza, a miopia ou mesmo a cegueira, a inveja, a privação dos prazeres, a velhice precoce, a morte prematura, a morte prematura e tantas outras misérias.»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 93
Sobre os poetas
«Esta espécie de homens, que, acima de tudo, está ao serviço do Amor-Próprio e da Adulação, é na Terra quem me honra e venera com mais sinceridade e constância.»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 92
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 92
sábado, 21 de dezembro de 2013
«A mais louca e desprezível das gentes é a classe dos comerciantes, que exercem uma profissão sórdida por processos desonestos. Mentem, perjuram, defraudam, enganam, roubam e, apesar disso, julgam-se com direito à consideração dos outros, porque trazem nos dedos grossos anéis de ouro. Eles têm, aliás, a admiração de certos basbaques aduladores, que lhes dão em público títulos honrosos, provavelmente para apanhar umas migalhas dos bens adquiridos por processos vergonhosos. Vêem-se ainda certos Pitagóricos, tão convencidos de que todos os bens são comuns, que se apoderam dos bens dos outros tão tranquilamente como se de uma herança se tratasse. Há ainda outros que não são ricos senão de esperanças. Os seus sonhos agradáveis bastam para os tornar felizes. Alguns contentam-se em passar por ricos em público, embora em casa morram de fome. Este apressa-se a dissipar tudo quanto tem e aquele outro entesoura sem escrúpulos. Um deles afadiga-se a conseguir as honras populares, enquanto outro só se sente feliz enrodilhado ao canto da chaminé. Numerosos são os que sustentam pleitos sem fim e a sua teimosia aproveita apenas aos juízes, que arrastam o processo, e aos advogados, que os enganam. Há pessoas que se entusiasmam com as novidades, outros são apenas impressionados por empresas gigantescas. Alguns deixam a casa, a mulher e os filhos para ir a Jerusalém, a Roma ou a Santiago, onde nada têm que fazer.
Em resumo, se pudésseis observar, instalados na Lua, como Menipo, as infinitas agitações dos homens, julgaríeis ver um turbilhão de moscas ou de moscardos a bater-se, a lutar, a tecer emboscadas, pilhando, folgando, nascendo, caindo e morrendo. Não se poderia imaginar que movimentos, que tragédias, produz animal tão mesquinho e destinado a morrer em breve. Frequentemente, pela guerra, ainda que breve, ou por uma simples epidemia, milhares de homens desaparecem da face da Terra.»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 88/9
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
dogmático
adjetivo
1. relativo ao dogma
2. que pretende impor-se, não admitindo discussão
3. sentencioso; imperativo
4. autoritário; perentório; categórico
em tom dogmático
de forma que não admite contradição, perentoriamente
(Do grego dogmatikós, «idem», pelo latim dogmatĭcu-, «idem»)
domingo, 15 de dezembro de 2013
A felicidade só nos toca fugazmente.
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 119
«Deve-se distinguir entre as imagens externas e internas, que nós tomamos por ilusões, podendo, no entanto, assumir por fim uma forma convincente. Nos desertos, a transição era conseguida através de flagelações. Em mim ela era involuntária, e tinha perdido desde há muito o apetite. Que vivemos num deserto para cuja extensão de monotonia a técnica contribui de forma crescente, é a minha convicção de há longa data. Convém referir que a imaginação é estimulada pela monotonia.
À noite, depois de escrever no escritório da «Terrestra», ou melhor, ainda em casa, fechava os olhos e a imagem da folha com os seus carecteres aparecia ao meu olhar interior. Isso correspondia à experiência comum, a escrita não era mais legível, tinha antes um efeito ornamental.
Contudo a mim surgiam-me frases legíveis e mesmo aquelas que não estavam de acordo com o meu texto - comunicações como se fossem ditadas pela escrita automática. Na sua maioria eram desagradáveis «Tens as mãos sujas» ou «Os cães chamam-te» e também «Pensa em Liegnitz» e «Não conheceste Bertha bem». Frequentemente não sabia se as ouvia ou se as lia.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 118
Adão
«Adão é um ser humano perfeito - nem homem, nem mulher, mas andrógeno como os anjos - a mulher saiu dele como a imagem de um sonho. O nosso desejo é apenas a percepção da perda, uma sombra desse primeiro grande desejo que criou.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 116
«Na alteração inquietante do nosso mundo, praticamente todos deviam conhecer este estado de espírito em que se começa a duvidar da razão. Talvez o todo não passe de um sono cheio de espectros.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 111
O meu sofrimento
«O meu sofrimento tinha origens corporais ou então, pelo menos, tinha a ver com o corpo. Não conseguia dormir, embora em casa e no escritório passasse o tempo a sonhar. Quando sentia dores de cabeça não conseguia comer e, por isso, bebia ainda mais. Era como se tivesse saído de mim próprio e, apenas à noite, quando me via ao espelho com a vela na mão esquerda, completamente bêbado, é que reconhecia a minha identidade. Nessa altura parecia-me que me tornara forte demais para mim mesmo.
Agora só muito raramente é que estava com Bertha. Receava que ela ouvisse os meus monólogos. Ela queria que eu procurasse um médico, mais precisamente um psiquiatra. Este considerar-me-ia uma presa e enviar-me-ia de um colega para outro, até acabar num asilo de loucos. Para isso não precisava de ajuda.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 106/107
O meu niilismo contribuía para a minha indisposição.
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 106
«Para os letrados, os livros constituem o vestuário pelo qual eles se avaliam. Hume, Maquiavel, Flávio Josefo, Ranke, em longas filas de castanho dourado - existe um estado de espírito em que os livros irradiam imediatamente substância.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 83
caliça
nome feminino
1. fragmentos de argamassa soltos das paredes e tectos velhos
2. coloquial dinheiro miúdo
rapace
adjetivo de dois géneros
1. que se atira sobre a presa
2. que ataca rapidamente
3. que arrebata com violência
4. que rouba, que rapina
5. que caracteriza os animais predadores
6. ávido de lucro
«Nada vos devo; deveis-me o que vos deixo escrito.»
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 99
LXXXVI
Eram ontem minhas dores
tais como bichos-da-seda
que iam tecendo casulos;
hoje, mariposas negras.
De quantas flores amargas
eu extraí branca cera!
Oh, tempo em que meus pesares
trabalhavam como abelhas!
Hoje são avenas loucas
ou joio na sementeira,
como morrão numa espiga,
como caruncho em madeira.
Oh, tempo em que minhas dores
tinham lágrimas serenas,
e eram como água da nora,
para a horta boa rega!
Hoje são uma torrente
que arranca o limo da terra.
Dores que fizeram ontem
de meu coração colmeia,
tratam-me hoje o coração
como uma muralha velha:
querem derrubá-lo, e já,
a golpes de picareta.
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 83
sábado, 14 de dezembro de 2013
...Meu coração sangrava...
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 73
LXIV
Do limiar de um sonho me chamaram...
Era a serena voz, a voz querida.
- Diz-me: virás comigo ver a alma?
Chegou-me ao coração uma carícia.
-Contigo sempre...E avancei no sonho
por uma longa e livre galeria,
sentindo o roçar da veste pura
e o suave palpitar da mão amiga.»
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 71
''E tudo na memória se perdia''
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 69
You must leave now, take what you need, you think will last
But whatever you wish to keep, you better grab it fast
Yonder stands your orphan with his gun
Crying like a fire in the sun
Look out the saints are comin’ through
And it’s all... over now, Baby Blue
The highway is for gamblers, better use your sense
Take what you have gathered from coincidence
The empty-handed painter from your streets
Is drawing crazy patterns on your sheets
This sky, too, is folding under you
And it’s all over now, Baby Blue
All your seasick sailors, they are rowing home
All your reindeer armies, are all going home
The lover who just walked out your door
Has taken all his blankets from the floor
The carpet, too, is moving under you
And it’s all over now, Baby Blue
Leave your stepping stones behind, something calls for you
Forget the dead you’ve left, they will not follow you
The vagabond who’s rapping at your door
Is standing in the clothes that you once wore
Strike another match, go start anew
And it’s all over now, Baby Blue
But whatever you wish to keep, you better grab it fast
Yonder stands your orphan with his gun
Crying like a fire in the sun
Look out the saints are comin’ through
And it’s all... over now, Baby Blue
The highway is for gamblers, better use your sense
Take what you have gathered from coincidence
The empty-handed painter from your streets
Is drawing crazy patterns on your sheets
This sky, too, is folding under you
And it’s all over now, Baby Blue
All your seasick sailors, they are rowing home
All your reindeer armies, are all going home
The lover who just walked out your door
Has taken all his blankets from the floor
The carpet, too, is moving under you
And it’s all over now, Baby Blue
Leave your stepping stones behind, something calls for you
Forget the dead you’ve left, they will not follow you
The vagabond who’s rapping at your door
Is standing in the clothes that you once wore
Strike another match, go start anew
And it’s all over now, Baby Blue
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domingo, 8 de dezembro de 2013
XXXVII
Oh diz-me, noite amiga, amada velha,
que me trazes o retábulo de meus sonhos
sempre deserto e desolado, e só
com meu fantasma dentro,
minha pobre sombra triste
sobre a estepe e sob o sol de fogo,
ou sonhando amarguras
nas vozes de todos os mistérios,
diz-me, se sabes, velha amiga, diz-me
se são minhas as lágrimas que verto.
E respondeu-me a noite:
Nunca me revelaste teu segredo.
Não soube nunca, amado,
se eras tu esse fantasma do teu sonho
nem descobri se era sua voz a tua
ou era a voz de um histrião grotesco.
Disse eu à noite: Amada mentirosa,
tu sabes meu segredo;
tu viste a funda gruta
onde fabrica seu cristal meu sonho,
e sabes que minhas lágrimas são minhas,
e sabes minha dor, minha dor velha.
Oh! Eu não sei, amado, disse a noite,
eu não sei teu segredo,
ainda que tenha visto vaguear esse que chamas
desolado fantasma, por teu sonho.
Debruço-me sobre as almas, quando choram
e escuto a sua reza,
humilde e solitária,
a que chamas um salmo verdadeiro;
mas nas profundas abóbadas da alma
não sei se o pranto é uma voz ou um eco.
Para escutar a queixa de teus lábios
busquei-te no teu sonho,
e vi-te ali a vaguear num conturbado
labirinto de espelhos.
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 45
que me trazes o retábulo de meus sonhos
sempre deserto e desolado, e só
com meu fantasma dentro,
minha pobre sombra triste
sobre a estepe e sob o sol de fogo,
ou sonhando amarguras
nas vozes de todos os mistérios,
diz-me, se sabes, velha amiga, diz-me
se são minhas as lágrimas que verto.
E respondeu-me a noite:
Nunca me revelaste teu segredo.
Não soube nunca, amado,
se eras tu esse fantasma do teu sonho
nem descobri se era sua voz a tua
ou era a voz de um histrião grotesco.
Disse eu à noite: Amada mentirosa,
tu sabes meu segredo;
tu viste a funda gruta
onde fabrica seu cristal meu sonho,
e sabes que minhas lágrimas são minhas,
e sabes minha dor, minha dor velha.
Oh! Eu não sei, amado, disse a noite,
eu não sei teu segredo,
ainda que tenha visto vaguear esse que chamas
desolado fantasma, por teu sonho.
Debruço-me sobre as almas, quando choram
e escuto a sua reza,
humilde e solitária,
a que chamas um salmo verdadeiro;
mas nas profundas abóbadas da alma
não sei se o pranto é uma voz ou um eco.
Para escutar a queixa de teus lábios
busquei-te no teu sonho,
e vi-te ali a vaguear num conturbado
labirinto de espelhos.
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 45
XXIX
Arde em teus olhos um mistério, virgem
esquiva e companheira.
Não sei se é ódio ou é amor o lume
inesgotável da tua aljava negra.
Comigo irás enquanto sombra der
meu corpo e a minhas sandálias reste areia.
-És a sede ou a água em meu caminho?
Diz-me, virgem esquiva e companheira.
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 37
esquiva e companheira.
Não sei se é ódio ou é amor o lume
inesgotável da tua aljava negra.
Comigo irás enquanto sombra der
meu corpo e a minhas sandálias reste areia.
-És a sede ou a água em meu caminho?
Diz-me, virgem esquiva e companheira.
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 37
sábado, 7 de dezembro de 2013
Reflectia
Reflectia: « E, no entanto, algo ficou. Descobre-se ao arranhar o verniz: uma tristeza como em Novembro, quando as folhas caem, a terra, por seu lado, começa já a germinar. Acredite em mim, sente-se aqui uma perda, uma necessidade adormecida que tudo move.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 80
«Sou favorável a uma tirania, mas é evidente que não o posso dizer em voz alta.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 68
«O espírito do homem é feito de maneira que lhe agrada muito mais a mentira do que a verdade. Fazei a experiência: ide à igreja, quando aí estão a pregar. Se o pregador trata de assuntos sérios, o auditório dormita, boceja e enfada-se, mas se, de repente, o zurrador (perdão, o pregador), como aliás é frequente, começa a contar uma história de comadres, toda a gente desperta e presta a maior das atenções.»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 81
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
«A adulação faz parte da tão honrada Eloquência, e mais ainda da Medicina, e participa, em alto grau, na Poesia. Ela é o mel e o tempero de todas as relações entre os homens.»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 80/1
«Quanto menos talento têm, mais pretensões e impertinências ostentam, mais se envaidecem e vangloriam. E todos conseguem vender as suas obras, porque é sempre o mais inábil que mais admiradores encontra. O pior agrada necessariamente à maioria, porque esta é dominada pela loucura. É também o mais inábil o mais contente consigo próprio e o mais admirado. Por isso, para quê preferir a verdadeira erudição, difícil de conseguir, enfadonha e prudente e que a tão poucos agrada?»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 78
«Depois de ter posto os livros de parte, cheguei à conclusão: és um niilista erótico. Qual o seu significado? Para dizer as coisas de uma forma mais simplificada, a mulher que mais aprecio é aquela cuja presença não me incomoda, aquela que não está presente. O que, como já referi, é um caso totalmente comum e era praticamente isso em mim que perturbava Bertha.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 68
«Para melhor compreender Bertha torna-se necessário recorrer ao mito. Também os nossos psicólogos e caracterologistas encontram aqui, frequentemente, sem disso se aperceberem, as suas bases. Um capítulo de Plutarco ou de Vico diz-me mais do que as suas tabelas de avaliação.
O que nos ligava a Bertha e a mim, não era apenas o gosto mas também a paixão. Devemos a Stendhal a diferença, foi ele quem a determinou. À medida que a paixão diminuía, o bom gosto impedia que entre nós se gerasse uma desarmonia ao estilo de Strindberg. Não havia nem um outro homem, nem uma outra mulher. Afastávamo-nos um do outro, o que a ambos causava sofrimento - certamente que Bertha se perguntava, tal como eu, em que medida a culpa seria sua.
Não deixou de fazer pequenas tentativas que as mulheres entendem melhor do que nós. A propósito de aniversários, por exemplo, que nós esquecemos mais facilmente que elas - porquê hoje as flores em cima da mesa? É verdade, era o aniversário da nossa primeira noite juntos. Outro dia era o meu prato favorito que era servido à refeição, ou então punha uma jóia barata oferecida por mim enquanto estudante. Eram recordações dos velhos tempos, nada mais nada do que recordações.
50
Mas o afastamento teria acontecido de qualquer forma, mesmo sem a profissão que me absorvia cada vez mais, e começava até a prejudicar a minha saúde, sobretudo quando a agência se revestiu de uma importância inesperada. Se se pudesse falar em culpa seria toda minha - do meu carácter que se revelara com a profissão; todavia, noutras circunstâncias, o tempo certamente teria actuado, obtendo o mesmo resultado. Como dizia um moralista, com a idade, não só se manifestam os perfis como também os caracteres, cujos contornos se desenham mais claramente.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 66/67
48
«Terei já mencionado o facto de me dar bem com qualquer mulher desde que não me seja adversa por natureza. Bertha também o sabia. Um dia, quando nos encontrávamos deitados lado a lado, disse-me: «Penso que me amas menos por ser eu própria, do que por ser uma mulher - não achas isso ofensivo para mim?»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 65
Também no casamento
«Também no casamento, uma crise aguda é preferível a uma dor crónica; uma cena violenta desanuvia o ar e restabelece a paz doméstica.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 65
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 65
«Na maioria das vezes lia até altas horas da madrugada, pois para mim um dia sem livros é um dia perdido.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 64
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«Chega também o momento em que a despedida se torna tão dolorosa que praticamente se anseia que o morto se encontre debaixo da terra.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 63
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 63
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Morte
«Acrescente-se que a morte ocorre sobretudo durante a noite.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 59
«Dormíamos com um único cobertor e quando o pavor me acordava à noite, sonhava como seria bom se nunca mais nos levantássemos. Estendia a mão e tocava em Bertha, que se encontrava junto a mim. Aqui estava em segurança; desejava que durasse sempre e que, acordando de vez em quando, repousássemos assim, um perto do outro, durante anos...durante séculos.
No entanto, esta época foi proveitosa para a minha leitura. Aprendi mais com os livros do que com a universidade. Vivia dia e noite com os filósofos, com os clássicos e também com a Bíblia, como numa montanha com as suas fontes e os seus vales, desde que não estivesse ocupado a redigir anúncios ou à procura de emprego. »
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 55
«O Estado converteu-se num polvo gigante, de braços múltiplos, que aplica milhares de ventosas. Apenas uma única coisa me agradava mais do que no Leste: nos tempos livres não era preciso marchar atrás da bandeira e gritar «Hurra», podendo-se aqui ler e escrever aquilo que a cada um lhe bem apetecesse.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 54
«Tinha duas irmãs: a Friederike e a Erika. Friederike era uma patinha sem graça, um pouco disforme, de carácter afável e uma dona-de-casa perfeita. Erika era bonita, ficou solteira, e pereceu na queda de Berlim em circunstâncias que prefiro calar.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 49
«O que eu queria estar longe da família, nem que fosse para o campo de trabalho. Só me dava pena a minha mãe, que não sabia quão pouco me conhece. Que depois de eu partir pensará mais vezes em mim do que eu nela.»
Herta Muller. Tudo o que eu tenho trago comigo. Tradução do alemão por Aires Graça. D. Quixote, Lisboa, 2009., p. 14
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Herta Müller,
Prémio Nobel da Literatura 2009
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
«Oh, angústia! Pesa e dói o coração...É ela?»
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 27
XIV
«Cante Hondo»
Eu meditava absorto, enovelando
os fios do tédio e da tristeza,
quando chegou aos meus ouvidos,
pela janela do meu quarto, aberta
a uma ardente noite de Verão,
o carpir de uma copla sonolenta,
quebrada pelos trémulos sombrios
das músicas que há na minha terra.
...E era o Amor, como uma rubra chama...
-Nervosa mão sobre umas cordas tensas
punha um moroso suspirar dourado,
que se tornava num jorrar de estrelas -.
...E era a Morte, de gadanha ao ombro,
passos rasgados, turva e esquelética.
-Tal como em menino eu a sonhava -.
E na guitarra, ressoante e trémula,
a brusca mão, ao dedilhar, fingia
o pousar de um ataúde em terra.
E era um pranto solitário o sopro
que lança a cinza ao vento e o pó dispersa.
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 25
Eu meditava absorto, enovelando
os fios do tédio e da tristeza,
quando chegou aos meus ouvidos,
pela janela do meu quarto, aberta
a uma ardente noite de Verão,
o carpir de uma copla sonolenta,
quebrada pelos trémulos sombrios
das músicas que há na minha terra.
...E era o Amor, como uma rubra chama...
-Nervosa mão sobre umas cordas tensas
punha um moroso suspirar dourado,
que se tornava num jorrar de estrelas -.
...E era a Morte, de gadanha ao ombro,
passos rasgados, turva e esquelética.
-Tal como em menino eu a sonhava -.
E na guitarra, ressoante e trémula,
a brusca mão, ao dedilhar, fingia
o pousar de um ataúde em terra.
E era um pranto solitário o sopro
que lança a cinza ao vento e o pó dispersa.
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 25
«Assim, ela e o amor que se lhe dedica não são mais do que uma projecção da fantasia, e do sonho: ama-se o que não existe, o que existe somente na fantasia, no sonho, afinal no desespero. Enganadores? Como Leonor foi longamente amada, e procurada e encontrada depois de não ser, Guiomar será amada antes de ser, e na verdade não será nunca. «Todo o amor é fantasia; /ele inventa o ano, o dia, /a hora e sua melodia; /inventa o amante e, mais, / a amada. Não prova nada, /contra o amor, que a amada/ não tenha havido jamais.» É uma das Canções a Guiomar.
in Prólogo
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999
não exprimir o que se pensa ou sente; reprimir-se; dominar-se
contém In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-12-05].
Disponível na www:http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/cont%C3%A9m
>.Muitas vezes, demasiadas vezes até, não exprimo o que penso ou sinto; reprimo dentro de mim as palavras, numa espécie de mutismo.contém In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-12-05].
Disponível na www:
De Antonio Machado a su grande y secreto amor
«Em Madrid, o poeta e Pilar de Valderrama começam por encontrar-se nos jardins da Moncloa e depois num café de bairro, modesto e retirado, onde uma vez por semana nos víamos. […] Fora daquele modesto café não nos víamos nunca, segundo palavras escritas por Pilar de Valderrama.»
«Em Madrid, o poeta e Pilar de Valderrama começam por encontrar-se nos jardins da Moncloa e depois num café de bairro, modesto e retirado, onde uma vez por semana nos víamos. […] Fora daquele modesto café não nos víamos nunca, segundo palavras escritas por Pilar de Valderrama.»
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
«A vila ainda não tinha acordado. Os pássaros cantavam em goteiras, arbustos, árvores, em fios telegráficos, grades, cercas, postes, e mastros molhados, nem por amor nem por alegria, mas para afastar os outros pássaros.»
Dylan Thomas. Uma Visão do Mar e outros contos. Tradução de Nuno Vidal, 2ª edição,Vega, Lisboa, p. 97
domingo, 1 de dezembro de 2013
Love in the Asylum
A stranger has come To share my room in the house not right in the head, A girl mad as birds Bolting the night of the door with her arm her plume. Strait in the mazed bed She deludes the heaven-proof house with entering clouds Yet she deludes with walking the nightmarish room, At large as the dead, Or rides the imagined oceans of the male wards. She has come possessed Who admits the delusive light through the bouncing wall, Possessed by the skies She sleeps in the narrow trough yet she walks the dust Yet raves at her will On the madhouse boards worn thin by my walking tears. And taken by light in her arms at long and dear last I may without fail Suffer the first vision that set fire to the stars. |
«Uma rapariga vestida de algodão pôs a boca no ouvido dele. «Levo-te a correr para o mar», disse ela, e os seios saltavam-lhe ao correr à frente dele, o cabelo revolto a esvoaçar, até à orla do mar que não era feito de água e aos seixos miúdos e trovejantes que se despedaçavam em mil bocados quando o mar seco avançava.»
Dylan Thomas. Uma Visão do Mar e outros contos. Tradução de Nuno Vidal, 2ª edição,Vega, Lisboa, p. 84
«Então ela endireitou as roupas e alisou o cabelo quando o dia começou a morrer, rolou para a esquerda, despreocupada do sol raso e da extensão que escurecia. O rapaz acordou cautelosamente para um sonho mais curioso, uma visão estival mais vasta do que a nuvem negra pousada no centro intacto ao cimo de uma coluna de luz; ele veio do amor atravessando um vento cheio de facas rodopiantes e uma gruta cheia de pássaros brancos-carne até uma nova cumiada, especado como uma pedra que enfrenta as estrelas a soprar e resiste à sem cerimónia do vento marinho, um rapaz duro e zangado em cima dum montículo no meio dum anoitecer campestre; ergueu o peito e disse palavras duras ao mundo.»
Dylan Thomas. Uma Visão do Mar e outros contos. Tradução de Nuno Vidal, 2ª edição,Vega, Lisboa, p. 81
«Faltava-me um amigo com quem pudesse compartilhar o meu sofrimento e a minha nostalgia, um parceiro de conversa. Sentia falta de Jagello - embora vivêssemos na mesma cidade, encontrávamo-nos mais afastados um do outro do que os antípodas.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 45
automutilação
«É a pior coisa a seguir ao suicídio, o qual constitui a deserção suprema.»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 25
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 25
Ela levantou o vestido até à cintura.
«Ela levantou o vestido até à cintura.
Se ela me for amar até eu morrer, disse para si o rapaz debaixo da sétima árvore no monte que não era o mesmo durante três minutos seguidos, leva-me dentro dela, foge comigo a chocalhar lá dentro para um covil num bosque, para um buraco numa árvore onde o tio nunca me vai encontrar. Isto é uma história dum rapaz a ser roubado. Ela meteu-me uma faca na barriga e deu a volta ao meu estômago.»
Dylan Thomas. Uma Visão do Mar e outros contos. Tradução de Nuno Vidal, 2ª edição,Vega, Lisboa, p. 80
«Os longos dedos dela tocaram-lhe as pálpebras. Isto é uma história, disse ele para si, acerca dum rapaz em férias que é beijado por uma montadora de vassouras; ela voou duma árvore para um monte que muda de tamanho como um sapo quando fica irritado; ela afagou-lhe os olhos e pôs o peito contra ele; e depois de o ter amado até ele morrer, levou-o dentro dela para um covil num bosque. »
Dylan Thomas. Uma Visão do Mar e outros contos. Tradução de Nuno Vidal, 2ª edição,Vega, Lisboa, p. 79
Yeah, c'mon
When the music's over
When the music's over, yeah
When the music's over, turn out the lights
Turn out the lights, turn out the lights, yeah
When the music's over, yeah
When the music's over, turn out the lights
Turn out the lights, turn out the lights, yeah
When the music's over
When the music's over
When the music's over, turn out the lights
Turn out the lights, turn out the lights
When the music's over
When the music's over, turn out the lights
Turn out the lights, turn out the lights
For the music is your special friend
Dance on fire as it intends
Music is your only friend until the end
Until the end, until the end
Dance on fire as it intends
Music is your only friend until the end
Until the end, until the end
Cancel my subscription to the Resurrection
Send my credentials to the House of Detention
Send my credentials to the House of Detention
I got some friends inside
The face in the mirror won't stop
The girl in the window won't drop
The girl in the window won't drop
A feast of friends, "Alive!" she cried
Waitin' for me outsider
Waitin' for me outsider
Before I sink into the big sleep
I want to hear, I want to hear
The scream of the butterfly
I want to hear, I want to hear
The scream of the butterfly
Come back baby, back into my arm
We're gettin' tired of hangin' around
Waitin' around with our heads to the ground
We're gettin' tired of hangin' around
Waitin' around with our heads to the ground
I hear a very gentle sound
Very near yet very far
Very soft, yeah, very clear
Come today, come today
Very near yet very far
Very soft, yeah, very clear
Come today, come today
What have they done to the earth?
What have they done to our fair sister?
Ravaged and plundered and ripped her and bit her
Stuck her with knives in the side of the dawn
And tied her with fences and dragged her down
I hear a very gentle sound
With your ear down to the ground
We want the world and we want it
We want the world and we want it now
Now, now
We want the world and we want it
We want the world and we want it now
Now, now
Persian night, babe
See the light, babe
Save us, Jesus, save us
See the light, babe
Save us, Jesus, save us
So when the music's over
When the music's over, yeah
When the music's over turn out the lights
Turn out the lights, turn out the lights
Well the music is your special friend
Dance on fire as it intends
Music is your only friend until the end
Until the end, until the end
Music is your only friend until the end
Until the end, until the end
«Dei-lhe o meu ácido e ele morreu», disse o médico. «E, dez minutos depois, a galinha morta pôs-se em pé; esfregou-se contra o vidro como um gato, e vi a sua cabeça de gato. Foi morte de dez minutos.»
Dylan Thomas. Uma Visão do Mar e outros contos. Tradução de Nuno Vidal, 2ª edição,Vega, Lisboa, p. 69
«Leio muito, talvez até demais, desde que a minha preocupação me oprime. Isto contribui igualmente para o enfraquecimento; primeiro a preocupação, depois as insónias, tornando-se estas por sua vez, a preocupação capital. Como se encontram ligados os elos da corrente?»
Ernst Jünger. O Problema de Aladino. Tradução de Ana Cristina Pontes. Edições Cotovia, Lisboa, 1989., p. 16
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
domingo, 24 de novembro de 2013
argúcia
nome feminino
1. agudeza de espírito; finura de observação
2. raciocínio capcioso
3. subtileza
4. chiste
(Do latim argutĭa-, «idem»)
1. agudeza de espírito; finura de observação
2. raciocínio capcioso
3. subtileza
4. chiste
(Do latim argutĭa-, «idem»)
«Como todos os que se dedicam à filosofia têm em geral pouca sorte na vida, e em especial na sua progenitura, parece-me que, deste modo, a Natureza, previdentemente, impede a propagação desta praga - a sabedoria.»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 47
«As mulheres não me poderão levar a mal que lhes atribua a loucura, a mim, que também sou, além de mulher, a própria Loucura. Vendo bem as coisas, é o dom da loucura que lhes permite serem, em muitos aspectos, mais felizes do que os homens. Têm sobre eles, em primeiro lugar, a vantagem da beleza, que põem, com razão, acima de tudo e que lhes serve para tiranizar os próprios tiranos. O homem tem as formas rudes, a pele rugosa, a barba selvagem, que o envelhece, e que, ao mesmo tempo, é sinal de sabedoria; as mulheres, com a face macia, a voz doce, a pele lisa, têm a favor os atributos da juventude eterna. Por isso, que procurarão elas na vida, senão agradar aos homens o mais possível? Não será essa a razão de tantos vestidos, pinturas, banhos, penteados, pomadas e perfumes, de toda a arte de brincar ou disfarçar o rosto, os olhos e a pele? E não será a Loucura que melhor lhes entrega os homens? Eles prometem-lhes tudo, e em troca de quê? De prazer. Mas elas só o conseguem graças à Loucura. Isto é evidente, se pensarmos em todas as parvoíces que um homem diz, nas loucuras que pratica, quando procura beneficiar das graças de uma mulher.
Sabeis agora qual é o primeiro e o principal prazer da vida, e qual a sua origem.»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 37
Harpócrates
Deus do silêncio, representado com um dedo sobre os lábios.
in Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 35
in Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 35
cordace
Dança grotesca, por vezes obscena, que precede a representação das comédias antigas.
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 35
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 35
Cupido
Deus do amor, filho de Vénus, deus representado sempre como uma criança.
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 30
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 30
ditado popular
«Só a Loucura conserva a juventude e afasta a velhice importuna.»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 30
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 30
Rio Lete
«Rio do Inferno, a que chamavam «rio do esquecimento», pois as almas dos mortos, ao beberem as sua águas, esqueciam o seu passado.»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 27
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 27
VI.
« - Assim, imitaríamos os retóricos do nosso tempo, que se julgam pequenos deuses, por utilizarem duas línguas, como as sanguessugas, e se maravilharem com a habilidade de misturar no seu latim algumas palavras gregas, do que resulta um mosaico nem sempre muito a propósito. Se por acaso lhes faltam os termos estrangeiros, vão buscar os pergaminhos bolorentos quatro ou cinco fórmulas arcaicas, que lançam como poeira aos olhos do leitor, para que os que compreendem se deleitem e os ignorantes ainda mais os admirem. Com efeito, as pessoas admiram com prazer maior o que menos compreendem, pois a sua vaidade está nisso interessada. Assim, riem, aplaudem, abanam as orelhas como os burros, para mostrarem deste modo que compreenderam perfeitamente: «É assim mesmo, é tal e qual!» Mas voltando ao meu assunto...»
Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 19/20
EM SUMA NÃO POSSUO PARA EXPRIMIR A MINHA VIDA
Em suma, não possuo para exprimir a minha vida senão a minha morte.
E, depois de tudo, ao cabo da natureza ordenada e do pardal em bloco, adormeço, familiarmente, com minha sombra.
E, ao descer do acto venerável e do outro gemido, pouso a pensar na marcha impávida do tempo.
...Porquê a corda, então, se o ar é tão simples? Para quê a corrente, se existe o ferro por si só?
César Vallejo, o acento com que amas, o verbo com que escreves, a brisa com que ouves, sabem de tu somente pela tua garganta.
César Vallejo, prostra-te, por isso, com indistinto orgulho, com um tálamo de áspides ornamentais e de hexagonais ecos.
Restitui-te ao favo corpóreo, à beleza; perfuma as rolhas em flor, fecha ambas as grutas ao furioso antropóide; atende, enfim, o teu antipático veado; tem pena de ti.
Que não há coisa mais densa que o ódio na voz passiva, nem úbere mais mísero que o amor!
Que já não posso andar, a não ser em duas harpas!
Que já não me conheces, senão porque te sigo instrumental, prolixamente!
Que já não dou vermes, mas breves!
Que já não te envolvo tanto, que meio que te aguças!
Que já levo uns tímidos legumes e outros ferozes!
Pois o afecto que se quebra de noite em meus brônquios, trouxeram-no uns ocultos deões durante o dia e, se amanheço pálido, é pela minha obra; e, se anoiteço vermelho, por meu obreiro. Isto explica, igualmente, estes meus cansaços e estes despojos, meus famosos tios. Isto explica, enfim, esta lágrima que brindo pela ventura dos homens.
César Vallejo, parece mentira que assim dormem teus parentes,
sabendo que ando cativo,
sabendo que jazes livre!
Vistosa e infame sorte!
César Vallejo, odeio-te com ternura!
25 Nov. 1937
E, depois de tudo, ao cabo da natureza ordenada e do pardal em bloco, adormeço, familiarmente, com minha sombra.
E, ao descer do acto venerável e do outro gemido, pouso a pensar na marcha impávida do tempo.
...Porquê a corda, então, se o ar é tão simples? Para quê a corrente, se existe o ferro por si só?
César Vallejo, o acento com que amas, o verbo com que escreves, a brisa com que ouves, sabem de tu somente pela tua garganta.
César Vallejo, prostra-te, por isso, com indistinto orgulho, com um tálamo de áspides ornamentais e de hexagonais ecos.
Restitui-te ao favo corpóreo, à beleza; perfuma as rolhas em flor, fecha ambas as grutas ao furioso antropóide; atende, enfim, o teu antipático veado; tem pena de ti.
Que não há coisa mais densa que o ódio na voz passiva, nem úbere mais mísero que o amor!
Que já não posso andar, a não ser em duas harpas!
Que já não me conheces, senão porque te sigo instrumental, prolixamente!
Que já não dou vermes, mas breves!
Que já não te envolvo tanto, que meio que te aguças!
Que já levo uns tímidos legumes e outros ferozes!
Pois o afecto que se quebra de noite em meus brônquios, trouxeram-no uns ocultos deões durante o dia e, se amanheço pálido, é pela minha obra; e, se anoiteço vermelho, por meu obreiro. Isto explica, igualmente, estes meus cansaços e estes despojos, meus famosos tios. Isto explica, enfim, esta lágrima que brindo pela ventura dos homens.
César Vallejo, parece mentira que assim dormem teus parentes,
sabendo que ando cativo,
sabendo que jazes livre!
Vistosa e infame sorte!
César Vallejo, odeio-te com ternura!
25 Nov. 1937
César Vallejo. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Relógio D' Água, Lisboa, 1992., p. 131/2
«seria segunda-feira, talvez, vir-me-ia a ideia ao coração
o pranto ao cérebro
e à garganta uma ânsia medonha de afogar
o que sinto agora,
como um homem que sou e que tenho sofrido.»
21 Nov. 1937
César Vallejo. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Relógio D' Água, Lisboa, 1992., p. 129
« a fim de não gritar ou de chorar, já que os olhos
possuem, independentes de cada qual, suas pobrezas,
quero dizer, o seu ofício, alguma coisa
que resvala da alma e cai à alma.»
César Vallejo. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Relógio D' Água, Lisboa, 1992., p. 129
PALMAS E GUITARRA
Agora, aqui entre nós dois,
vem comigo, traz o teu corpo pela mão
e ceemos juntos e passemos um instante a vida
a duas vidas e dando uma parte à nossa morte.
Agora, vem contigo, faz o favor
de te queixar em meu nome e à luz da noite tenebrosa
em que trazes tua alma pela mão
e nas pontas dos pés fugimos de nós mesmos.
Vem a mim, sim, e a ti, sim,
com passo par, ver-nos os dois com passo ímpar,
marcar o passo da despedida.
Até quando voltarmos! Até à volta!
Até quando lermos, ignorantes!
Até quando voltarmos, despeçamo-nos!
Que me importam as espingardas?,
escuta-me.
Escuta-me -, que me importam,
se a bala circula já no nível da minha assinatura?
Que te importam as balas,
se a espingarda fumega já em teu odor?
Hoje mesmo pesaremos
nos braços de um cego a nossa estrela
e, depois de me teres cantado, choraremos.
Hoje mesmo, formosa, com o teu passo par
e a tua confiança a que chegou o meu alarme,
sairemos de nós próprios, dois a dois.
Até que sejamos cegos!
Até
que choremos de tanto voltar!
Agora,
entre nós, traz
a tua doce personagem pela mão
e ceemos juntos e passemos um instante a vida
e a duas vidas e dando uma parte à nossa morte.
Agora, vem contigo, faz o favor
de cantar
e tocar em tua alma, e bater palmas.
Até quando voltarmos! Até esse dia!
Até quando partimos, despeçamo-nos!
8 Nov. 1937
César Vallejo. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Relógio D' Água, Lisboa, 1992., p. 124/5
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poetas hispano-americanos do século XX
«Pois como resultado
do sofrimento, há alguns
que nascem, outros crescem, outros morrem,
e outros que nascem e não morrem, outros
que sem ter nascido morrem, e outros
que não nascem nem morrem (a maioria).»
César Vallejo. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Relógio D' Água, Lisboa, 1992., p. 118
Babe, I'm Gonna Leave You
Babe, i'm gonna leave you
Tell you when i'm gonna leave you
Leave you when ol'summer time,
Summer comes a-rolling
Leave you when ol'summer comes along
Babe, the highway is a-callin'
The old highway's a-callin'
Callin'me to travel on, travel on out the westward
Callin'me to travel on alone
Babe,i'd like to stay here
You know i'd really like to stay here
My feet start goin'down,goin'down the highway
My feet start goin'down, goin'down alone
Babe,i got to ramble
You know i got to ramble
My feet start goin'down and i got to follow
My feet start goin'down, and i got to go
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«Estamos nus? Temos os nossos ossos e os nossos órgãos, a nossa pele e a nossa carne. Há uma fita de sangue a prender o teu cabelo. Não tenhas medo. Tens um tecido de veias à volta das coxas. O mundo passou numa carga sobre eles, o vento caiu em nada, soprando os frutos da batalha sob a lua. Peter ouviu as canções dos pássaros, mas não eram como as que ouvira aos pássaros, no parapeito do quarto, lançar das gargantas. Os pássaros estavam cegos.»
Dylan Thomas. Uma Visão do Mar e outros contos. Tradução de Nuno Vidal, 2ª edição,Vega, Lisboa, p. 58
Once upon a time you dressed so fine
You threw the bums a dime in your prime, didn’t you?
People’d call, say, “Beware doll, you’re bound to fall”
You thought they were all kiddin’ you
You used to laugh about
Everybody that was hangin’ out
Now you don’t talk so loud
Now you don’t seem so proud
About having to be scrounging for your next meal
How does it feel
How does it feel
To be without a home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?
You’ve gone to the finest school all right, Miss Lonely
But you know you only used to get juiced in it
And nobody has ever taught you how to live on the street
And now you find out you’re gonna have to get used to it
You said you’d never compromise
With the mystery tramp, but now you realize
He’s not selling any alibis
As you stare into the vacuum of his eyes
And ask him do you want to make a deal?
How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?
You never turned around to see the frowns on the jugglers and the clowns
When they all come down and did tricks for you
You never understood that it ain’t no good
You shouldn’t let other people get your kicks for you
You used to ride on the chrome horse with your diplomat
Who carried on his shoulder a Siamese cat
Ain’t it hard when you discover that
He really wasn’t where it’s at
After he took from you everything he could steal
How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?
Princess on the steeple and all the pretty people
They’re drinkin’, thinkin’ that they got it made
Exchanging all kinds of precious gifts and things
But you’d better lift your diamond ring, you’d better pawn it babe
You used to be so amused
At Napoleon in rags and the language that he used
Go to him now, he calls you, you can’t refuse
When you got nothing, you got nothing to lose
You’re invisible now, you got no secrets to conceal
How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?
«Lá fora na noite andavam à procura dum louco. Tinha os olhos verdes, diziam, e tinha desposado uma senhora. Diziam que lhe tinha cortado os lábios porque sorria aos homens. Levaram-no, mas roubou a faca da cozinha e retalhou o guarda e evadiu-se para os vales brancos.»
Dylan Thomas. Uma Visão do Mar e outros contos. Tradução de Nuno Vidal, 2ª edição,Vega, Lisboa, p. 46
Dylan Thomas. Uma Visão do Mar e outros contos. Tradução de Nuno Vidal, 2ª edição,Vega, Lisboa, p. 46
«Se achasse o sono, o sono seria uma rapariga. Nas duas últimas noites, ao caminhar ou correr pela região deserta, tinha sonhado com aquele encontro. «Deita-te», diria ela, e dar-lhe-ia do seu vestido para ele se deitar, estendendo-se ao seu lado. Tinha ele sonhado, e as vergônteas sob os pés fugitivos feito um ruído como o roçagar do vestido dela, quando o inimigo gritou nos campos.»
Dylan Thomas. Uma Visão do Mar e outros contos. Tradução de Nuno Vidal, 2ª edição,Vega, Lisboa, p. 45
«Achou que era uma mulher misteriosa que gostava do escuro porque era escuro. Era velho demais para questionar os segredos da escuridão, e agora, com o fato preto rasgado e molhado e as mãos finas envoltas nas ligaduras da estranha mulher, sentiu-se mais velho do que nunca.»
Dylan Thomas. Uma Visão do Mar e outros contos. Tradução de Nuno Vidal, 2ª edição,Vega, Lisboa, p. 37
terça-feira, 19 de novembro de 2013
C'est la vie, mort de la Mort!
César Vallejo. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Relógio D' Água, Lisboa, 1992., p. 105
«Compreendo sem esforço
que o homem fica, às vezes, pensativo
como a querer chorar
...
Compreendo
que ele sabe que lhe quero,
que o odeio com afecto e, resumindo, me é indiferente...»
César Vallejo. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Relógio D' Água, Lisboa, 1992., p. 92
que o homem fica, às vezes, pensativo
como a querer chorar
...
Compreendo
que ele sabe que lhe quero,
que o odeio com afecto e, resumindo, me é indiferente...»
César Vallejo. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Relógio D' Água, Lisboa, 1992., p. 92
Perdeu o rosto no amor
«Existe um mutilado, não de um combatente mas de um abraço, não da guerra mas da paz. Perdeu o rosto no amor e não no ódio.»
César Vallejo. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Relógio D' Água, Lisboa, 1992., p. 84
César Vallejo. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento. Relógio D' Água, Lisboa, 1992., p. 84
You must leave now, take what you need, you think will last
But whatever you wish to keep, you better grab it fast
Yonder stands your orphan with his gun
Crying like a fire in the sun
Look out the saints are comin’ through
And it’s all over now, Baby Blue
The highway is for gamblers, better use your sense
Take what you have gathered from coincidence
The empty-handed painter from your streets
Is drawing crazy patterns on your sheets
This sky, too, is folding under you
And it’s all over now, Baby Blue
All your seasick sailors, they are rowing home
All your reindeer armies, are all going home
The lover who just walked out your door
Has taken all his blankets from the floor
The carpet, too, is moving under you
And it’s all over now, Baby Blue
Leave your stepping stones behind, something calls for you
Forget the dead you’ve left, they will not follow you
The vagabond who’s rapping at your door
Is standing in the clothes that you once wore
Strike another match, go start anew
And it’s all over now, Baby Blue
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