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domingo, 8 de novembro de 2015

Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminhos,
caminos sobre la mar

Antonio Machado

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

V

E a seguir à angústia houve a fadiga,
que sente o seu esperar desesperado,
a sede que a água clara não mitiga,
a amargura do tempo envenenado.



António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 211/213

'' a impossível para o amor e sempre amada.''

António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 211

Por ti o mar ensaia ondas e espumas,

António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 205

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

LXVI

  Tomai atenção
um coração solitário
não é um coração.


António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 185
«Insiste a razão: Tu mentes.
E responde o coração:
Tu é que mentes, razão,
pois dizes o que não sentes.
A razão: Jamais poderemos
entender-nos, coração.
O coração: Vê-lo-emos.»



António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 163

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

« o mal é que não sabemos
para que nos serve a sede.»



António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 153

''Este meu sonho de insónia!''

Trigais verdes

domingo, 15 de dezembro de 2013


«(...); dá-me
tua mão e passeemos.
Pelos campos desta minha terra,
bordados de poeirentos olivais,
vou caminhando só,
triste, cansado, pensativo e velho.»



António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 127

''olival florido''

''baldio amarelento''

«Nada vos devo; deveis-me o que vos deixo escrito.»

António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 99

LXXXVI

  Eram ontem minhas dores
tais como bichos-da-seda
que iam tecendo casulos;
hoje, mariposas negras.
   De quantas flores amargas
eu extraí branca cera!
   Oh, tempo em que meus pesares
trabalhavam como abelhas!
  Hoje são avenas loucas
ou joio na sementeira,
como morrão numa espiga,
como caruncho em madeira.
  Oh, tempo em que minhas dores
tinham lágrimas serenas,
e eram como água da nora,
para a horta boa rega!
  Hoje são uma torrente
que arranca o limo da terra.
  Dores que fizeram ontem
de meu coração colmeia,
tratam-me hoje o coração
como uma muralha velha:
querem derrubá-lo, e já,
a golpes de picareta.
 
 
 
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 83

sábado, 14 de dezembro de 2013

...Meu coração sangrava...

António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 73

LXIV


 Do limiar de um sonho me chamaram...
Era a serena voz, a voz querida.
- Diz-me: virás comigo ver a alma?
Chegou-me ao coração uma carícia.
-Contigo sempre...E avancei no sonho
por uma longa e livre galeria,
sentindo o roçar da veste pura
e o suave palpitar da mão amiga.»



António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 71
« - Virás comigo? - Não, jamais; os túmulos
e os mortos assustam-me.»


António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 71

'' el demonio de mi sueño''

''E tudo na memória se perdia''

António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 69

domingo, 8 de dezembro de 2013

XXXVII

  Oh diz-me, noite amiga, amada velha,
que me trazes o retábulo de meus sonhos
sempre deserto e desolado, e só
com meu fantasma dentro,
minha pobre sombra triste
sobre a estepe e sob o sol de fogo,
ou sonhando amarguras
nas vozes de todos os mistérios,
diz-me, se sabes, velha amiga, diz-me
se são minhas as lágrimas que verto.
E respondeu-me a noite:
Nunca me revelaste teu segredo.
Não soube nunca, amado,
se eras tu esse fantasma do teu sonho
nem descobri se era sua voz a tua
ou era a voz de um histrião grotesco.
  Disse eu à noite: Amada mentirosa,
tu sabes meu segredo;
tu viste a funda gruta
onde fabrica seu cristal meu sonho,
e sabes que minhas lágrimas são minhas,
e sabes minha dor, minha dor velha.
   Oh! Eu não sei, amado, disse a noite,
eu não sei teu segredo,
ainda que tenha visto vaguear esse que chamas
desolado fantasma, por teu sonho.
Debruço-me sobre as almas, quando choram
e escuto a sua reza,
humilde e solitária,
a que chamas um salmo verdadeiro;
mas nas profundas abóbadas da alma
não sei se o pranto é uma voz ou um eco.
  Para escutar a queixa de teus lábios
busquei-te no teu sonho,
e vi-te ali a vaguear num conturbado
labirinto de espelhos.



António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 45
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