sexta-feira, 26 de outubro de 2018
«Que os rios têm asas
E os homens são rios.»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 5 Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p.87
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«Por visitar a Lua recebe-se a Loucura.
Por visitar a Luz, recebe-se a cegueira.
É preciso dormir como quem apodrece
E sossegar no pó, sem pena de ser só.»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 76
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«Não traíste o Deus traído.»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 77
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quarta-feira, 24 de outubro de 2018
«(...)
Por dentro da pessoa
É o mar invisível,
A montanha que voa.»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 54
Por dentro da pessoa
É o mar invisível,
A montanha que voa.»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 54
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«O deserto a florir. O oceano a sangrar.»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 53
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«O sangue colectivo de uma ausência.»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 49
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«Beberam sonhos pelo mesmo copo.»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 49
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«E nas cicatrizes nasceram as asas (...)»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 45
«(...)
Confessa mesmo àquela que te ame
O terror do arame.»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 44
Confessa mesmo àquela que te ame
O terror do arame.»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 44
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«(...)
- O viajar do homem, o viajar do bicho,
O viajar da folha - à tona dos ouvidos.»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 43
- O viajar do homem, o viajar do bicho,
O viajar da folha - à tona dos ouvidos.»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 43
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« Sangue de partos, feridas de combates.»
Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 43
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domingo, 21 de outubro de 2018
Já morri a morte certa
Já senti a fome, aperta a dor
Já bati à porta incerta
Viajei de caixa aberta, a dor
Já bati à porta incerta
Viajei de caixa aberta, a dor
Pecado, fundido, queimado
Já desci lá em baixo ao fundo
Já falei com outro mundo e então
Já passei o limbo limpo
Já subi ao purgatório e vou
Já falei com outro mundo e então
Já passei o limbo limpo
Já subi ao purgatório e vou
Zangado, bem vindo ao passado
Pecado, arrependido, queimado
Pecado, arrependido, queimado
Zangado, bem vindo ao passado
Pecado, fundido e queimado
Zangado, bem vindo ao passado
Pecado, arrependido, queimado
Pecado, fundido e queimado
Zangado, bem vindo ao passado
Pecado, arrependido, queimado
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“A burguesia não pode existir sem revolucionar constantemente os instrumentos de produção, e com estes as relações de produção, ou seja, todas as relações sociais (…) A alteração incessante da produção, a mudança contínua de todas as instituições sociais, a instabilidade e a incerteza distinguem a época burguesa de todas as outras.”
Karl Marx
hegemonia
he.ge.mo.ni.a eʒəmuˈniɐ
nome feminino
1.supremacia de uma cidade, povo ou nação sobre outras cidades, povos ounações
2.figurado supremacia
Do grego hegemonía, «comando»
nome feminino
1.supremacia de uma cidade, povo ou nação sobre outras cidades, povos ounações
2.figurado supremacia
Do grego hegemonía, «comando»
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Elogio da Resistência,1998, A Esquerda Deles e a Nossa, 1998, Os Irredutíveis, 2001
Livros de Bensaïd
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Bourdieu, Labriola,Espinoza, Leibniz, Descartes, Korsch, Kolakowsky, Gramsci, Derrida,
Godelier, Elster, Brenner, Olin Wright, Lefèbvre, Hegel, Stephen Jay, Gould, Balibar, Schumpeter, Sacristán, Adorno, Heidegger, Marcuse, Péguy, Nietzsche, Benjamin, Bloch, Freud, Comte, Blanqui, Lukács, Rawls ou Poulantzas
Marx elabora um plano ambicioso. Quer escrever seis livros: um sobre o
capital, outro sobre a propriedade da terra, outro sobre o trabalho assalariado, um quarto
sobre o Estado, outro sobre o comércio externo e finalmente um sobre o mercado mundial,
como explica em cartas a Lassalle e a Engels em 1858.
“raramente alguém escreveu sobre o dinheiro com tanta falta dele”
Espião da polícia prussiana sobre Karl Marx
Na novela Uma Educação Sentimental, Flaubert põe na boca de um personagem o
excessivo entusiasmo da época: “Está tudo ótimo! O povo está a vencer! Os operários e
as classes médias caem nos braços uns dos outros! Ah, se tivesses visto o que eu vi! Como
isto é magnífico!... A República foi proclamada e toda a gente vai ser feliz! Não percebes
que não haverá mais reis? Todo o mundo será livre, absolutamente livre!”.
proletários
“Entende-se
por proletários a classe de trabalhadores assalariados modernos que, não possuindo meios
de produção próprios, dependem, para viver, da venda da sua força de trabalho.”
Engels
Engels
“No que consiste, então, a alienação do
trabalho? Primeiro, no facto de que o trabalho é exterior ao trabalhador, isto é, não
pertence à sua natureza, que não se realiza no seu trabalho, que se nega nele, que não se
sente à vontade, antes se sente infeliz, que não desenvolve nenhuma energia física ou
mental que seja livre, mas antes que se mortifica e arruína o seu espírito. O trabalhador,
assim, só é ele próprio quando não trabalha, e no seu trabalho sente-se fora de si próprio.
O seu trabalho, por isso, não é voluntário, mas forçado. Não é a satisfação de uma
necessidade, mas somente uma forma de gratificar a necessidade de outrem”
Karl Marx
''No primeiro capítulo de O Capital, escrito mais de vinte anos depois dos Manuscritos,
Marx apresentou por isso o conceito de “fetichismo da mercadoria”, ou seja, identificou
a transferência imaginária de características humanas para a mercadoria. Com esta
transferência, as relações sociais expressas na produção apresentam-se como relações
entre coisas. Ora, o conceito de “fetichismo” é inseparável da resposta para a pergunta:
em que circunstâncias é que os trabalhadores aceitam o processo que os explora e que
coisifica a sua atividade?'' Francisco Louçã
Adam Smith, no dealbar da Revolução Industrial escreve: “Não é com o ouro ou com o
dinheiro, é com o trabalho que todas as riquezas do mundo foram originariamente
compradas, e o seu valor para os que as possuem e que procuram trocá-las por novos
produtos é precisamente igual à quantidade de trabalho que permitem comprar ou
encomendar”. Para Smith, o trabalho não só aumenta o valor, ele é a origem de “todas as
riquezas do mundo” e a sua medida.
“É o trabalho, portanto, que atribui a maior parte do valor à terra, sem o qual ela
dificilmente valeria alguma coisa; é a ele que devemos a maior parte de todos os
produtos úteis da terra; por tudo isso a palha, farelo e pão desse acre de trigo valem
mais do que o produto de um acre de uma terra igualmente boa, mas abandonada,
sendo o valor daquele o efeito do trabalho". O trabalho acrescenta valor, portanto;
tem um “efeito”. Mas como é que cria o valor?
John Locke, um dos pais do liberalismo clássico
“O teu coração está
manifestamente dominado por uma potência demoníaca que é rara entre os homens. O
génio que te habita é de natureza celestial ou faustiana? Será que poderás algum dia
espalhar felicidade entre o círculo dos teus próximos?”
Escrita de Heinrich (Pai de Karl Marx) em fevereiro de 1837. O jovem Karl 19 anos e estuda literatura e filosofia em Bona
Escrita de Heinrich (Pai de Karl Marx) em fevereiro de 1837. O jovem Karl 19 anos e estuda literatura e filosofia em Bona
terça-feira, 16 de outubro de 2018
«Que sois (muitos de vós) dolorosamente grotescos, que as vossas
mulheres (venham as excepções!) não passam de «tristezas sobre pernas»,
que olhais uns para os outros com o ar de quem vê a desalentada
excrescência de si próprio, que os vossos filhos só garantem, no pior
dos casos, a sobrevivência da vossa espécie - tudo isso (e não é
pouco!) o poeta sabe e ressabe.»
Alexandre O'Neill
Alexandre O'Neill
«Ò Falinhas, chega-te mas é pra lá(…) senão apareces todo picado em casa, oubites?»
A
Esmeraldina no seu despacho popular, no seu linguajar, constitui
exemplo de retrato e situação concentrados em poucas palavras
entretecidas, de tal modo que desembocam num tipo social
sugestivo e capaz de, pela ironia e rigorosa caracterização,
fazer sorrir e reflectir qualquer leitor.
Alexandre O’Neill
Alexandre O’Neill
domingo, 14 de outubro de 2018
“sempre que em mim há acção, reconheço que não fui eu.” “O mundo é de
quem não sente. A condição essencial para ser um homem prático é a ausência
de sensibilidade.” “A arte serve de fuga para a sensibilidade que a acção teve
de esquecer.” ”A acção é uma doença do pensamento, um cancro da imaginação.
Agir é exilar-se. Toda a acção é incompleta e imperfeita.” “Parece-nos imoral agir.”
Fernando Pessoa, Textos Filosóficos, Lisboa, 1968, I, LD, 275, 286, 287, 302, 428.
Fernando Pessoa, Textos Filosóficos, Lisboa, 1968, I, LD, 275, 286, 287, 302, 428.
...o sofrimento é um momento muito longo. Não o podemos dividir por estações.
“... o sofrimento é um momento muito longo. Não o podemos dividir por
estações. Apenas podemos notar os seus modos e registar a sua volta. Para
nós o próprio tempo não avança. Revolve. Parece circular em torno de um
só centro de dor. A imobilidade paralisante de uma vida da qual cada
circunstância está regulada segundo um molde imutável, de modo que
comemos e bebemos segundo as leis inflexíveis de uma fórmula de ferro: este
carácter de imobilidade que faz cada horroroso dia no seu mínimo detalhe
como todo outro dia parece transmitir-se àquelas forças exteriores[, e o texto completa-se, de modo pouco legível,] a essência de cuja existência é mudar
incessantemente.”
Fernando Pessoa, Textos Filosóficos, Lisboa, 1968, I, 228
«(...)a fonte da dor é a excessiva permanência do eu em si mesmo, porque nesse estado a sua negatividade interna, que constitui a sua identidade, ameaça destruí-lo. A identidade do eu não é a
identidade das coisas situadas ao nível do puro ser, onde umas são as outras das outras, mas a identidade de um ente especular, na superfície do qual se podem formar imagens. »
DIOGO FERRER. FERNANDO PESSOA E A CONSCIÊNCIA INFELIZ. Revista Filosófica de Coimbra — (2008)
“Ser eu é não ser”
Fernando Pessoa, Obras Completas de Fernando Pessoa, Ática, Lisboa [=OC],
198712, I, 64.
“não há/Cá-dentro nem lá-fora”
Fernando Pessoa, Obras Completas de Fernando Pessoa, Ática, Lisboa [=OC],
198712, I, 64.
“poeta do Nada”
Cf. Eduardo Lourenço, PM, 166); idem, PR, 36. Ou “poeta da negação” segundo
Sena (FP, 193).
sábado, 13 de outubro de 2018
«A obediência
é a arte de escutar, e a ordem é o estar preparado para a palavra,
o estar preparado para o comando que, como o raio de um relâmpago,
vai do cume às raízes. Cada um e cada coisa está na ordem feudal e
o guia [Führer] é reconhecido em ele ser o primeiro servo, o primeiro soldado, o primeiro trabalhador. Daí que tanto a liberdade como a ordem
se relacionem não com a sociedade, mas com o Estado, e que o
modelo de cada organização seja a organização militar e não o contrato
social»
formulações de Jünger em Der Arbeiter
formulações de Jünger em Der Arbeiter
«... fui acusado de, entre as crónicas que escrevo
e poemas que publico não haver praticamente
diferença do ponto de vista da expressão. Mas o
prosaico não elimina o poético. Há que tempos que
se eliminou a distinção entre o poético e o
prosaico no aspecto formal. Sabe-se lá o que é uma
coisa e o que é outra!»
Alexandre O'Neill, Entrevista a Eduarda Ferreira «A descoberta da poesia é sempre solitária», Notícias da Tarde, Lisboa, Ano 2, nº 289, 17.09.1983, p. 14.
e poemas que publico não haver praticamente
diferença do ponto de vista da expressão. Mas o
prosaico não elimina o poético. Há que tempos que
se eliminou a distinção entre o poético e o
prosaico no aspecto formal. Sabe-se lá o que é uma
coisa e o que é outra!»
Alexandre O'Neill, Entrevista a Eduarda Ferreira «A descoberta da poesia é sempre solitária», Notícias da Tarde, Lisboa, Ano 2, nº 289, 17.09.1983, p. 14.
''Este varão, não menos eminente pelo engenho do que pelo patriotismo em que não o venciam os
caracteres ilustres da Roma de Cipião e de Paulo Emílio, descansava das antigas lutas da palavra (inútil e
muda sob as mordaças do despotismo) no regaço da tranquilidade doméstica. O antigo tribuno, cuja voz
soara cheia de eloquência no nosso primeiro congresso liberal, quando foi lançado nos cárceres, vivia
estranho às conspirações preparadas (…) para derrubar um poder, que diante da Europa parecia
condenado a exumar do túmulo do passado as demências ensanguentadas de Tibério”
Benalcanfor, 1874
What Does Beauty Look Like in the Age of Algorithms?
Plastic surgery, artificial intelligence and the pursuit of perfection come together in science fiction artist Lucy McRae’s futuristic new work.
“When I started making clothes for my line Y’s in 1977, all I wanted was for women to wear men’s clothes. I jumped on the idea of designing coats for women. It meant something to me – the idea of a coat guarding and hiding a woman’s body. I wanted to protect the woman’s body from something – maybe from men’s eyes or a cold wind.”
Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer
Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer
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"I think that my men's clothes look as good on women as my women's clothing […] When I started designing, I wanted to make men's clothes for women."
Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer
Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer
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quarta-feira, 10 de outubro de 2018
vanidade
va.ni.da.de vɐniˈdad(ə)
nome feminino
1.
carácter do que é vão
2.
coisa inútil ou sem valor; inutilidade
3.
insignificância
domingo, 7 de outubro de 2018
«No contexto de uma entrevista recente, e não é senão um
exemplo entre muitos, o responsável por uma das grandes
editoras portuguesas afirmava que dentro de dez anos ninguém
editaria poesia em Portugal, e que esta estaria confinada a
edições marginais, em tiragens de quarenta ou cinquenta
exemplares. Por que falar, então, da poesia como exercício de
contrapoder? A resposta é: por isto mesmo. »
Rosa Maria Martelo
Rosa Maria Martelo
«Conheceríamos uma era em que teríamos já desistido ou teríamos de desistir de tentar imaginar ou
desejar um rosto para o futuro. Esta situação dever-se-ia a um medo que inibe a própria imaginação
e de que padeceríamos para além de todo e qualquer pessimismo individual ou grupal. E contudo se
não houver futuro, se não tivermos futuro, seremos como dizia o outro, "cadáveres adiados que
procriam". (…) Ora nós precisamos do futuro como do ar que respiramos. (…) Aliás, a tese sobre o
"fim da história" começa por ser uma história mal contada e, mais do que um diagnóstico, representa
uma tentativa de eternização de um presente reduzido e um bloqueamento do futuro por esgotamento
dos possíveis.»
Manuel Gusmão
Manuel Gusmão
Numa página, do Manifesto do Partido
Comunista de Marx e Engels, encontramos a seguinte frase, «tudo o que era dos
estados [ou ordens sociais] e estável se volatiza, tudo o que era sagrado é dessagrado,
e os homens são por fim obrigados a encarar com os olhos prosaicos a sua posição na
vida, as suas ligações recíprocas»
Não há liberalismo sem medo
«no séc. XIX aparece toda uma educação do perigo, toda uma cultura
do perigo que é muito diferente dos grandes sonhos ou das grandes ameaças do
Apocalipse, como a peste, a morte ou a guerra de que se alimentava a imaginação
política e cosmológica da Idade Média e ainda do séc. XVII. Desaparecimento dos
cavaleiros do Apocalipse e, pelo contrário, aparecimento, emergência, invasão dos
perigos quotidianos, perigos quotidianos perpetuamente animados, reactualizados,
postos em circulação por aquilo a que se poderia chamar a cultura política do perigo
no século XIX, que apresenta uma série de aspectos. Temos, por exemplo, a campanha
de inícios do séc. XIX sobre as caixas económicas; a partir de meados do séc. XIX,
assiste-se ao aparecimento da literatura policial e do interesse jornalístico pelo crime;
surgem campanhas a propósito da doença e da higiene; vejam tudo o que se passa
também acerca da sexualidade e do receio da degenerescência; degenerescência do
indivíduo, da família, da raça, da espécie humana. Enfim, assiste-se em toda a parte a
este estímulo do medo do perigo, que, de certo modo, é a condição, o correlativo
psicológico e cultural interno do liberalismo. Não há liberalismo sem medo».
Foucault
«sequência do célebre filme de Eisenstein O Couraçado Potemkin, em que a tristeza do
luto (as mulheres que choram e se recolhem diante do cadáver do marinheiro
assassinado) se transforma em cólera surda (as mãos desoladas em punhos cerrados),
cólera surda que se transforma ela própria em discursos políticos e cantos
revolucionários, cantos que se transformam eles próprios em cólera exaltada,
exaltação que se transforma ela própria em acto revolucionário. Como se o povo em
lágrimas se tornasse, sob os nossos olhos, um povo em armas» (Didi-Huberman, 2015:
39)
«Era uma vez um velho turco, que tinha um único filho e a quem queria mais do que à luz dos seus
olhos. Todos sabem que para os Turcos o maior castigo que Deus deitou ao mundo é o trabalho; por isso
quando o filho fez catorze anos, pensou pô-lo na escola, para aprender o melhor sistema de fazer
sorna» (Calvino, 2000: 206)
“trabalho é a melhor polícia, que retém cada indivíduo pelo freio
e que sabe impedir com firmeza o desenvolvimento da razão,
do desejo e do prazer da independência. Pois faz despender
enorme quantidade de energia nervosa, e subtrai essa energia
à reflexão, à meditação, ao sonho, à inquietação, ao amor e ao ódio.”
Friedrich Nietzsche
Os Apologistas do Trabalho
Friedrich Nietzsche
Os Apologistas do Trabalho
«Com a leitura silenciosa instaura-se uma nova relação com o texto
escrito, mais secreta, mais livre, totalmente interiorizada. A partir de então, o
mesmo texto pode ser utilizado de diversas maneiras, lido em silêncio para a
própria pessoa, na privacidade do escritório ou da biblioteca, ou então em voz
alta para outras pessoas […]. A revolução da leitura precede pois a do livro
(mesmo que a leitura oralizada, murmurada, “ruminada” continue a ser durante
muito tempo a forma de ler dos leitores mais populares).»
(Chartier, 1998: 11-12)
(Chartier, 1998: 11-12)
«O poder de alusão da poesia — que a tal se resume tudo quanto a tradição da análise literária clássica especificou sob os nomes de vários tropos (metáforas, perífrase, etc., etc.) — não coube nunca nessas prisões douradas que a crítica lhe foi tecendo pelos séculos fora. O poeta diz muito em poucas palavras… e a análise literária diz de menos em palavras demais. Ai de nós, tentar compreender é uma doença incurável. Pois continuemos tentando.»
ADOLFO CASAIS MONTEIRO,
A Palavra Essencial, p. 133.
sábado, 6 de outubro de 2018
«andam fantasmas negros
pelas ruas a baterem às portas… »
Fernando Namora
pelas ruas a baterem às portas… »
Fernando Namora
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«A rua lembra um quadro cubista
pintado num momento aflitivo de pesadelo.»
Fernando Namora
pintado num momento aflitivo de pesadelo.»
Fernando Namora
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«(...)
Partir,
mas com a espontaneidade de quem sente que parte,
e não com o desespero
de quem quer fazer-se partir. »
João José Cochofel
Partir,
mas com a espontaneidade de quem sente que parte,
e não com o desespero
de quem quer fazer-se partir. »
João José Cochofel
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Resignado
não reajo
contra o que tem de ser.
A minha poesia
é toda feita de melancolia;
eu de fatalismo.
No íntimo
há coisas vagamente pensadas,
vagamente…
Para quê reagir?... ´
No íntimo
há a certeza triste
de tudo perdido
– tudo.
João José Cochofel
contra o que tem de ser.
A minha poesia
é toda feita de melancolia;
eu de fatalismo.
No íntimo
há coisas vagamente pensadas,
vagamente…
Para quê reagir?... ´
No íntimo
há a certeza triste
de tudo perdido
– tudo.
João José Cochofel
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egotismo
e.go.tis.mo ɛɡɔˈtiʒmu
nome masculino
nome masculino
1.
sentimento exagerado da própria personalidade
2.
mania de falar de si, de se vangloriar
3.
subjetivismo
«se as palavras, na relatividade do seu poder transmissivo, desvirtuadas por mil acepções, já de si
são névoa que encobre as ideias, comprimi-las em moldes preconcebidos, afogá-las no oceano
das regras estilísticas e gramaticais, é quase sempre matar o poeta, o artista, em proveito, quando
muito, do artífice do verso. »
Martim Noel Monteiro
Martim Noel Monteiro
«o romance, apesar da condenação de alguns dos seus próprios cultores, aparece-nos com
extraordinária importância hoje. É talvez a manifestação artística mais concreta. A poesia dá-nos
uma afirmação que muitas vezes compreendemos mais sensivelmente do que inteligentemente. É
uma síntese. No romance aparece-nos a afirmação também mas mais concretamente. Concreto,
talvez não seja a expressão própria. Queremos dizer: enquanto num poema se nos afirma
directamente é, num romance afirma-se-nos é duma forma talvez mais indirecta mas mais
documentada: - é por isto, não é por aquilo. A poesia dar-nos-á directamente uma sensação. O
romance explicar-no-la-á. O poeta que cante a miséria dum camponês pode desconhecer (e
talvez mesmo não no-lo deva dar) o tamanho exacto da sua choupana, o preço dos géneros
alimentícios em relação com o seu salário, as minúcias do seu estado de cultura ou incultura. O
romancista, pelo contrário, deve conhecer todas essas minúcias, deve dar-no-las
circunstanciadamente, deve pôr sempre um problema, enunciá-lo e resolvê-lo.»
Mário Dionísio. ''A propósito de Jorge Amado - I”, O Diabo, nº164, 14.11.1937, p.3.
«se a obra dos novos escritores literariamente se tem manifestado em público de preferência no
campo da poesia, não quer isso dizer que outras formas de expressão – sobretudo o romance – os
não solicitem mais. Na realidade, o romance é a modalidade literária mais adequada à expressão
da nossa época e é nele que geralmente a arte realista apresenta as suas realizações mais
convincentes.»
Fausto Ribas
Fausto Ribas
ouropel
ou.ro.pel o(w)ruˈpɛɫ
nome masculino
1.
lâmina de latão que imita o ouro
2.
ouro falso
3.
figurado falso brilho
4.
figurado aparência enganadora
parangona
pa.ran.go.na pɐrɐ̃ˈɡonɐ
nome feminino
1.tipo de impressão, de corpo grande (caracteres tipográficos de 18 ou 21pontos), muito utilizado em anúncios e cartazes
2.notícia publicada nos jornais em lugar de relevo e em caracteres grandes
3.figurado grande palavreado, sem jeito
«(...) só realiza verdadeira cultura aquele que vive em permanente libertação: libertação de certas
formas obsoletas de todo incompatíveis com o pensar actual e libertação do falso historicismo de
mera cultura compreensiva que se traduz em vontade de repetição. A verdadeira historicidade
supõe predisposição que nos conduza à descoberta das fontes que nutrem toda a vida, e, portanto,
a actual também.»
Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
«Perante o seu incerto destino, de duas uma: ou [o intelectual] se mantém altivamente no seu
posto neutral de simples observador ou aceita realizar tarefas que a sociedade existente possa
pedir-lhe para diverti-la ou justificar, pela criação de qualquer ideal espiritual, as empresas
interessadas a que ela se dedica.»
Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
«É que a relação de dependência entre a literatura e os fenómenos sociais possui tal amplitude que
aquela tem, necessariamente, de acompanhar a linha evolutiva destes, amoldando-se às novas
condições da sociedade, servindo de expressão às novas inquietações do tempo, concretizando as
novas aspirações da Humanidade.»
Jorge Domingues. O real e o irreal na literatura, O Diabo, nº169, 19.12.1937, p.5.
Don't Play That Song - Aretha Franklin
[Verse 1]
Don’t play that song for me
Cause it brings back memories
Of days that i once knew
The days that i spent with you
Oh no! Don’t let them play it (oh no!)
It fills my heart with pain (it hurts!)
Please stop it right away
Cause i remember just a’ what he said
[Chorus]
He said, darling (darling i, i love you)
And i know that he lied (darling i, i love you)
You know that you lied (darling i, i love you)
You know that you lied (you lied)
Lied (you lied)
You lied (to me)
[Verse 2]
Hey mister, don’t play it no more
Don’t play it no more
I can’t stand it
Don’t play it no more (no more)
No more (no more)
No more (can’t stand it)
I remember on our first date
He kissed me and he walked away
I was only seventeen
I never dreamed he’d be so mean
[Chorus]
He told me darling (darling, i love you)
Baby, baby, you lied (darling, i need you)
You, you lied (darling, i love you)
You know that you lied (you lied)
Lied (you lied)
Lied, lied (to me)
[Outro]
O-o-oh darling (darling, i love you)
You know that you lied, yeah (darling, i need you)
You know i know you lied (darling, i love you)
Darling, you lied (you lied)
You lied (you lied)
You lied. You’re all that i need. You lied (to me)
O-u-o-o-o-oh, you lied (don’t play it no more)
Hey baby don’t play it no more (wo-o-oh, don’t play it no more)
Don’t do it. Don’t play it no more (wo-o-oh, for me)
No more (for me)
I can’t stand it no more (don’t play it no more)
Ouh! Hey! Don’t play it no more (wo-o-oh, don’t play it no more)
«Um dia, vinha para a vila o carvoeiro Zé Preto com o seu burro carregado de carvão. O burro progredia com dificuldade, não só porque a carga era pesada, mas também porque as moscas não o largavam. Ao passar a Valinha, um homem que morava ali junto ao caminho, querendo brincar com o Zé Preto, pediu se lhe podia arranjar um quilo de moscas!
- Arranjo, sim senhor!
Respondeu sem demoras o Zé. Parou o burro e começou a apanhar as moscas que pousavam no pobre do animal, aproveitando até as que estavam nos burros dos amigos que por ali passavam, juntando o tal quilo de moscas que lhe encomendavam. Encomenda pedida, encomenda arranjada, encomenda entregue:
-Aqui tem o que pediu, amigo!
Mas o homem, sentando-se numa pedra que estava mesmo junto ao caminho, começou a apartar as moscas, depois de uma olhadela atenta, seguida de uma breve pausa:
-Esta não é mosca, é mosco! Este é mosco..., este é mosco..., etc..., etc.... -
Não deixava o homem nada da parte que era suposta ser das moscas, para depois dizer que não pagava a encomenda que pedira. Zé Preto bem controlou os nervos para não desancar uma grande surra no esperto do homem. Mas não ficava pela demora.»
O Carvoeiro. Lendas do Vale do Minho. Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 105
- Arranjo, sim senhor!
Respondeu sem demoras o Zé. Parou o burro e começou a apanhar as moscas que pousavam no pobre do animal, aproveitando até as que estavam nos burros dos amigos que por ali passavam, juntando o tal quilo de moscas que lhe encomendavam. Encomenda pedida, encomenda arranjada, encomenda entregue:
-Aqui tem o que pediu, amigo!
Mas o homem, sentando-se numa pedra que estava mesmo junto ao caminho, começou a apartar as moscas, depois de uma olhadela atenta, seguida de uma breve pausa:
-Esta não é mosca, é mosco! Este é mosco..., este é mosco..., etc..., etc.... -
Não deixava o homem nada da parte que era suposta ser das moscas, para depois dizer que não pagava a encomenda que pedira. Zé Preto bem controlou os nervos para não desancar uma grande surra no esperto do homem. Mas não ficava pela demora.»
O Carvoeiro. Lendas do Vale do Minho. Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 105
''deambulações predatórias''
O Tomás das Guingostas. Lendas do Vale do Minho. Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 67
''Olha a sem vintém, (...)''
Santo Aginha. Lendas do Vale do Minho. Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 25
«Tens fermento da última cozedura de pão?»
Santo Aginha. Lendas do Vale do Minho. Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 25
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