domingo, 29 de novembro de 2015



Come gather ’round people
Wherever you roam
And admit that the waters
Around you have grown
And accept it that soon
You’ll be drenched to the bone
If your time to you is worth savin’
Then you better start swimmin’ or you’ll sink like a stone
For the times they are a-changin’
Come writers and critics
Who prophesize with your pen
And keep your eyes wide
The chance won’t come again
And don’t speak too soon
For the wheel’s still in spin
And there’s no tellin’ who that it’s namin’
For the loser now will be later to win
For the times they are a-changin’
Come senators, congressmen
Please heed the call
Don’t stand in the doorway
Don’t block up the hall
For he that gets hurt
Will be he who has stalled
There’s a battle outside and it is ragin’
It’ll soon shake your windows and rattle your walls
For the times they are a-changin’
Come mothers and fathers
Throughout the land
And don’t criticize
What you can’t understand
Your sons and your daughters
Are beyond your command
Your old road is rapidly agin’
Please get out of the new one if you can’t lend your hand
For the times they are a-changin’
The line it is drawn
The curse it is cast
The slow one now
Will later be fast
As the present now
Will later be past
The order is rapidly fadin’
And the first one now will later be last
For the times they are a-changin’


''caíam estrelas de sangue na água morta''


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 163

«Põe sobre as mãos da Morta folhas secas.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 161

«O vento arrasta pelas lajes folhas secas.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 161

«Ela nunca se deitou sem te beijar.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 160

cor-de-cera

''prostituir o ar''


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 158

saimento

nome masculino
1. saída
2. cortejo fúnebre; funeral; enterro

coactar

''expressão de ódio reprimido''


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 157

almadraque

nome masculino
1. almofada usada como assento ou para encostar a cabeça; travesseiro; coxim
2. colchão grosseiro; enxerga

''(...) ver raiar nos olhos dela a Eternidade''


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 155

e.dí.cu.la

«Para entender estrelas, o melhor, é viver como elas a arder sempre.»

António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 141

«A saudade sei eu que é o olhar das almas; mas a Justiça, Afonso, é o olhar de Deus. É o que Deus sonha, o que o faz triste.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 140

Edward Hartwig - Ruiny Warszawy, 2003.


''Dizemos que alguma coisa é má apenas porque a nossa visão limitada do mundo a faz aparecer como má, isto é, como oposta ao que seria nosso desejo; as coisas deixarão de ser más (ou boas, como oposto a más), no momento em que transcendermos a nossa visão particular do Universo.''


Agostinho da Silva, Alcorão (1947).
"Paraíso é quando não sentimos o corpo. Quando nos esquecemos.
Ou quando o sentimos com tal intensidade que estamos mergulhados na chama, que parece eterna"


Casimiro de Brito, Da Frágil Sabedoria, 2001, p.99

''as árvores deformam-se na névoa''


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 136


«                                       UMA MULHER

Vê! Todo o souto treme e não há vento...

                                         OUTRA MULHER

As nuvens caem no vale como mortas.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 134

«                                          UM VELHO

As árvores ficam com ossadas...Todas as folhas caem sobre a morta.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 134
«Anda a Morte entre as árvores, à espreita!...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 133

«O meu coração jamais se abriu para que Deus entrasse;»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 215

«Duas lágrimas rolaram dos seus olhos vazios;»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 212

Edward Hartwig - Kalinowszczyzna, 1927 r.


«No cume da fome, da sede e da dor encontra-se Deus.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 211

«Muitos desses ascetas selvagens tornaram-se loucos. Acreditam que lhes foram dadas asas e tentam voar sobre o abismo. Em baixo, a margem está coberta de ossadas.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 209

fome canina


«-Tem paciência, não estejas triste. É necessário que a nossa alma resista bem e não sucumba porque se algumas almas soçobrarem no mundo, o mundo desmoronar-se-á. São essas almas que o sustêm. É pouco mas é bastante.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 204
«SIGLA: Porra!

                                               Pancada do ponteiro.

NINA: Desabafa, é a tua vez dos palavrões.»


José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 149


«SIGLA: Estás mas é louca, tu é que não percebes. Tu é que não vês a maneira como olhas às vezes. (Sorriso fatigado de Nina.) E os lapsos, Nina. Os silêncios em que ficas de repente...e tu nem notas.»

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 135
«O que é preciso é ter memória, quando ninguém se lembra da gente.»


José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 122
« ESCUTA: Ao menos para passar fome, passo-a sozinha.»



José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 106

Then I Heard A Bachelor's Cry



Then I Heard A Bachelor's Cry

Lately I've been searching, searching for answers
I walk around the boulevards, looking for magicians
With a cold feet, black coat full of arms outstretched and a leading voice
And I can't help but shout at the top of my lungs
Who is next in line to get hurt
Who is next in line to get speared

Bad mouth, bad habits
Now leads icicles growing out me hair
Our past I'd guaranteed you if you'd stay with me your tomorrow will be endlessly free

Don't know what it was that had made you to come by
Though I know God created me beautifully but don't you know beauty will forever kill

Who is next in line to get hurt?

Who is next in line to get speared?

I am sorry
I can see our future
It isn't so bright
There isn't any light

Who is next in line to get hurt
Who is next in line to get my spear

And so I wait
I wait for my next prey
I wait
Here
“Temos, sobretudo, de aprender duas coisas: aprender o extraordinário que é o mundo e aprender a ser bastante largo por dentro, para o mundo todo poder entrar”

Agostinho da Silva, “A Última Conversa” (1993), p.96.

ave embalsamada

iniludível

''o soutien é uma grinalda a comemorar o corpo''


José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 83

«-Eu até encontrava um certo charme ao tipo.
-Também eu, também eu. Mas na cama...só lhe digo: analfabeto como a menina não pode imaginar.»

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 83

« SIGLA: Sei. Para mim é como estava: a menina que volta para casa debaixo de chuva. Tem até qualquer coisa de romântico, esse fim.

NINA: Romântica era a tua avó. E tu ainda és pior que queres que todos os fins acabem em casa, a dar ao rabo. »

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p, 74

PLANO C


   Em mangas de camisa, pistola à vista, o Agente contempla o poster de uma mulher nua. 
   Tira um pente do bolso traseiro das calças e, sem deixar de olhar o cartaz, compõe o cabelo. Afasta-se e aproxima-se da figura, analisa pormenores, coçando os testículos de mão no bolso.

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 63

''Sigla dá-lhe um beijo convencional de despedida.''

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 62

sábado, 28 de novembro de 2015

"Quando estou felizmente apaixonado, a minha vida fica cheia de prazer imediato e nem o passado nem o futuro me preocupam. Se o meu coração fica vazio, os meus pensamentos viram-se para o passado ou para o futuro, que acaba em morte, e a tristeza envolve-me. Por isso o amor é a única salvação do tempo pernicioso, salva-nos do passado e do futuro; pára o tempo no dia feliz de hoje.
Se o tepo pára para alguém que está apaixonado, isso quer dizer que a única forma de parar o tempo é estar constantemente apaixonado. E como é impossível estar constatemente apaixonado por uma mulher, estou constantemente a apaixonar-me por mulheres diferentes."




Alexandre Puchkine"Diário Secreto (1836-1837)"

sexta-feira, 27 de novembro de 2015


"Olhar esta ausência que é a única possível porque está escrita dentro de mim e, opaca, se estende no insensível curso do tempo.
Ver nela os erros repetidos e não ter coragem de lhes pôr termo. Não passar do vómito, de projectos vagos do que já hoje deveria estar consumado.
Quem arrumou a mesa onde escrevo trocou todos os lugares de todas as coisas.
Deixou intacto apenas o crâneo branco, meu interlocutor visível desde há alguns dias. O que ele me diz, digo-o eu há meses, há anos. Ele é uma pedra por onde passou o hálito de um ser. É enquanto passa que o hálito corrói.
Ninguém já pode numa das mãos os meus olhos e beijar com a outra a minha face agónica. É tarde na noite e no tempo. Ouço em mim o murmurar exterior do silêncio abafando cada vez mais o borbulhar dos gestos que reservara para mim. Quem outrora esperei sobe agora todos os degraus que eu não quero subir,
Devo olhar-me bem para me aniquilar melhor."

-"Aventuras de Um Crâneo e Outros Textos"
- Mário Botas

segunda-feira, 23 de novembro de 2015


«SIGLA: Guardavas as nódoas negras...o meu cheiro...Tudo o que ficava na pele era sagrado. (Sorriso:) Estupor de palavra, sagrado

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 61

«Nada disse. Nada disse, por cobardia.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 201

«Com os olhos que não dormem, da saudade...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 131

montear

verbo transitivo
caçar no monte

verbo intransitivo
fazer montaria, andar à caça no monte


«Vê as minhas mãos. Ainda têm manchas de sangue...»

António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 123

«São jóias da Morte os teus cabelos...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 120

giestais



«Oiço as roseiras da cerca a desfolhar-se...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 119

«São dois abismos a beijar-se...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 119

«Saboreio o teu cheiro como um corvo.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 118

«...a terra que fez noite nos teus olhos...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 117

freiras-flores


«Têm pouca luz aquelas flores. São freiras-flores.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 116

«A impressão de coisas frias...coisas tristes...de coisas a que não há nada que fazer...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 114

«Nem sossegou na vida nem na morte.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 110

«Tomara eu que o vento se calasse.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 110

«(...), cem anos que eu viva, há-de viver dentro e mim o sangue e lume.»


António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 107

transir

açodadamente

Poinsétia


«PRIMEIRA FREIRA

Mas com os olhos cheios de sol...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 98

sábado, 21 de novembro de 2015

Jerzy Kosiński- Nude Story, (Studium Aktu),1956


"Nenhum gato reconheceu Ulisses no
seu regresso a casa. Nem consta
que algum brincasse com os novelos
que a mulher dobava e desdobava
durante a longa ausência para
iludir os pretendentes. Por isso
me soa estranha a Odisseia e o
regresso a Ítaca sem o festivo içar
da cauda dum gato."
-"O Segundo Olhar"
- Inês Lourenço
"Traduzir rostos, escrever rostos, caminhar rostos:
as tarefas essenciais do ofício."
-"O Mistério do Ofício"
- Pablo Javier Pérez Marques
"A alma e o mundo estão confundidos um com o outro, de maneira que eu tento fazer a história dessas percepções, desse sentimento. Essa é que é a nossa história, uma história real. A história de uma personagem que existe e se desenvolve não é comigo, embora eu adore esses grandes, sei lá, Rousseau, por exemplo. Rousseau foi um dos primeiros que perceberam que contra a história dele era contar, refazer a história do mundo, para que ele correspondesse àquilo que ele imaginava que seria a sua vocação."


Eduardo Lourenço / José Jorge Letria"Eduardo Lourenço: A História é a Suprema Ficção"
(Entrevistas)

Nikos Kazantzakis in Crete, as a member of the Central Committee for the Verification of Atrocities on Crete of the German and Italian occupying forces. July 1945.


"Há um pássaro pequeno dentro das costelas da alma.
Escutá-lo entre o ruído ou sob o silêncio é saber quem somos."
-"O Mistério do Ofício"
- Pablo Javier Pérez López

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

"(amamos a infelicidade com desespero. Não usamos perfumes nem cremes para mascarar o corpo, não usamos filhos para a sobrevivência, aliás nem filhos temos, e eu não os poderei ter, quanto ao mano, as mulheres das revistas não engravidam com o seu esperma, temos esta casa e dinheiro para acordarmos todos os dias sós. Confortavelmente sós. Temos os corpos dos outros, temos sempre os corpos dos outros, como num filme mudo, andam calados pelo ecrã, mostram-se em cada passada, somos os espectadores dessa passagem)"

Rui Nunes. "A Boca na Cinza" 
«Por toda a parte há gente que tem fome enquanto outros lambem os beiços, enfartados. Por toda a parte há lobos e cordeiros: ou comes ou és comido. Só uma lei permanece inviolável no mundo: a lei da selva.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 194

«SIGLA: Não há nada pior do que enganar a memória. E tu fazes por isso, Nina.

(...)

SIGLA: Enches buracos.

(...)

SIGLA: Cruzas...Inventas enredos, os tais enredos. E depois saem fantasmas.

(...)

SIGLA: Fantasmas...escreve aí, anda! Eu para ti passo a vida a carregar os fantasmas que tu inventaste.»


José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 58

sim-ples-men-te

MATAR O TEMPO


José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 54

semidelírio

''em pinceladas negras imita lágrimas de rímel''


José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 49

«(...) À força de guardarmos o sono dos outros acabamos por perder o nosso.

TRALÁLÁ: O nosso, vírgula! Eu cá, graças a Deus, durmo que nem uma pedra!»


José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 47
« TRALÁLÁ: Com sabidonas é que eu me entendo.»

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 44

domingo, 15 de novembro de 2015

"Outrora o relógioa tocava nas asas das borboletas e o fecundo pó depositava-se-me na boca. O tempo, em Cuma, tem sabor a saliva. Há quem espere por nós para morrer docemente entre as silvas, a camisa branca manchada de um mosto acre, enquanto as abelhas zumbem em torno dos cachos de amoras, embaciando-os. Pedi boleia na estrada que vai de Cuma para onde."

-"Quem da Pátria Sai a Si Mesmo Escapa?"
- Rui Nunes

''espelhismo''


''autenticidade inautêntica''

«O teatro é o lugar por excelência da conversão da aparência em verdade, o momento em que Édipo cega para se ver.»

Eduardo Lourenço

elipse cinematográfica

«A tradição e as gerações anteriores pesam como um pesadelo sobre o cérebro dos vivos»

Marx


"lábios ressuscitou a luminescente abelha de uma lágrima. comoveu-se, quando a criança, assustada, lhe perguntou:
- em que idade do coração se apaga o riso dos homens?
regressava de um corpo onde"
...
-"O Medo"
- Al Berto


"Não passe este prospecto sem o ter lido todo.
Não passe uma porta se encontrar alguém que chora do outro lado.
Observe bem antes que o acusem de homicídio,
que uma sombra urgente o abrace sem mágoa, o
confunda com outro,
lhe faça sinais e convide para a cama...
Portanto, leia em pormenor o papel; depois vêm-nos
reclamar e não estamos, compreenderá, para isso.
Se lhe surgir alguma dúvida,
se lhe vier de repente um sorriso aos lábios ou pensar que lhe mentem,
rasgue o papel em mil pedaços, não se preocupe, há perdão
para o furtivo,
não constará no expediente, continue.
Momentos há em que rasgados os papéis mais fácil é.
mais bela é a leitura:
reconhece-se antes a palavra seguinte,
pronuncia-se com facilidade e verso e deixam de notar-se
as lentas torções do decassílabo.
Ao fundo, na expressão:
não se esqueça de apagar o cigarro, abir a alma,
murmurar à sua sombra algum silêncio:
apagar a luz, sentir entre os lençóis
o livro a fechar-se, ouvir as boas noites."

- Jesús Urceloy 
-"Poesia Espanhola, Anos 90"

«Os perfumes na sombra têm uma voz de aparição.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 77

«O luar bate nos poiais de pedra»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 76

Nikos Kazantzakis with Eleni Samiou (later Eleni N. Kazantzakis) at their house in Aegina. 1941.


«Vou dizer-te um segredo para te mostrar uma vez mais, como te quero.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 73

«Nem Deus nem a Morte
Puderam levar-te.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 68

meio-morto

«Queria dormir, dormir dias sem conto.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 64

inanidade

«E uma chuva de granadas foi cair, incendiando os palácios que a enquadram, matando por centenas, num relâmpago...»


António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 49

«nós éramos e somos 
gente insignificante»

Fernando Assis Pacheco. A Musa Irregular. Edições Asa. Lisboa, 1991., p. 200

''grânulos de luz''


«Eu sentava-me diante da arrecadação
tentando recordar uns seios altos»

Fernando Assis Pacheco. A Musa Irregular. Edições Asa. Lisboa, 1991., p. 193

''pode morrer tudo aos poucos''


Fernando Assis Pacheco. A Musa Irregular. Edições Asa. Lisboa, 1991., p. 191

«Não são noites, são rios 
de suor na almofada.
O mais está parado.
É uma ausência da alma.
Não são noites, são horas
hora a hora empurradas.
O mais está parado.
É uma ausência de lágrimas.

                                                      1964»

Fernando Assis Pacheco. A Musa Irregular. Edições Asa. Lisboa, 1991., p. 160

Nikos and Eleni in Aegina. 1940.


''Doías-me nos olhos,''

Fernando Assis Pacheco. A Musa Irregular. Edições Asa. Lisboa, 1991., p. 186

ma.ré.gra.fo

amor violento

(...)

«acenderei um cigarro pensando que estou triste

é notável tudo isto o amor do amor
em rosa e oiro. E não há cura.»




Fernando Assis Pacheco. A Musa Irregular. Edições Asa. Lisboa, 1991., p. 160

''coisa rúim de cinza e névoa e cinza''


Fernando Assis Pacheco. A Musa Irregular. Edições Asa. Lisboa, 1991., p. 133

''nem sou sequer quem muda mas um outro''


Fernando Assis Pacheco. A Musa Irregular. Edições Asa. Lisboa, 1991., p. 123

'' o mal de muita gente é que anda aos gritos''


Fernando Assis Pacheco. A Musa Irregular. Edições Asa. Lisboa, 1991., p. 120

''cobra de vidro''

Dance like nobody's watching


"A minha pintura é o meu corpo, a minha obra é o meu corpo.” Helena Almeida

flores de limoeiro

relampaguear

sábado, 14 de novembro de 2015

"Quem quer que se decida a falar da estupidez corre hoje o risco de ser insultado: podem acusá-lo de pretensiosismo ou de querer perturbar o curso da evolução histórica.
Eu próprio escrevi já há alguns anos:«Se a estupidez não se assemelhasse, a ponto de se confundir, com o progreso, o talento, a esperança ou o aperfeiçoamento, ninguém desejaria ser estúpido.» Isso foi em 1931; e não há quem se atreva a negar que o mundo conheceu, desde então, inúmeros progressos e aperfeiçoamentos! Assim tornou-se pouco a pouco impossível adiar a questão:«O que é. exactamente a estupidez?»"

-"Da Estupidez"
- Robert Musil
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