terça-feira, 4 de agosto de 2015

PEREGRINATIO AD LOCA INFECTA

1969


Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 161

«Ó morte feita um inocente amor.»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 157
«Ó música de morte, ah quantas, quantas 
mortes gritaram no que em ti não fala.»


Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 157

«doçura tensa tão dialogada»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 153

''línguas tensas''

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 150
«Pilar do mundo! Como é suave o braço
descendo dos teus ombros! Como é frágil
a firme decisão que pousa em ti, 
dos ombros à cintura, da cintura às pernas,
e das pernas abertas ao espalmado pé
que assentas delicado sobre o tempo
escoando-se por saltos do desejo,
que te contraem, lambem e deslizam
para o chão das cousas, para o pó que o vento
levanta em nuvens à tua volta. Quando...»


Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 150

Eva Lynd, from Adventure Magazine, June 1957


«Olhar vazio, ó templo demolido,»


Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 149

pêlos

''prazer lembrado''

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 149
«Apenas o tinir das gargalhadas
subsiste ainda, e na memória o vulto
do deus que se espreguiça à beira de água.»


Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 149
andar/ficar a tinir

não ter dinheiro, ficar sem dinheiro

POST - METAMORFOSE

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 147

''carne do Universo''


Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 147

«A Vida Humana, sim, a respirada,
suada, segregada, circulada, 
a que é um excremento e sangue, a que é semente
e é gozo e é dor e pele que palpita
ligeiramente fria sob ardentes dedos.»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 145

« o inominável fim da nossa carne;»


Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 144
«Como ele a despe e como ela resiste
no olhar que pousa enviezado e arguto
sabendo quantas rendas a rasgar!
Como do mundo nada importa mais!»


Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 143
«Que roupas se demoram e constrangem
o sexo e os seios que avolumam presos,
e adivinhados na malícia tensa!»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 143
«iluminando a teia de milhares de rugas
tecida pela aranha que se agita
entre nós e os outros, entre nós e as coisas, 
entre nós e nós próprios, mesmo que 
não fosse a vida esse crispar-se a pele
a um beijo que desliza, um vento que perpassa,
uma ansiedade alheada, um medo súbito,
uma demora de  confiança triste.»

Jorge de Sena 
por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 141/2

«Revolving Upside Down», 1968 Bruce Nauman


«A MORTA» DE REMBRANDT


«Morta. Apenas morta. Nada mais que morta.
Não parece dormir. Nem se dirá
que sonha ou que repousa ou que da vida
levou consigo o mais que não viveu.
Parece que está morta e nada mais parece.
E tudo se compõe, dispõe e harmoniza
para que a morte seja apenas sua.»


Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 140
«Na boca firme, como no olhar duro,
ou no cabelo ferozmente preso,
ou nas imensas pérolas que se multiplicam,
ou nos bordados do vestido em que nem seios
se alteiam muito, há uma virtude fria,
uma ciência de não-pecar na confissão e na alcova,
uma reserva de distante encanto»


Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 139

«roubando à morte o repetir perpétuo»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 137

« A dor dos tempos sobre todos pousa.»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 137
«(...)                                                     Gesto
de pedra branca e fria, sem limites
por dentro dos limites. Esperança
vazia e vertical. Humanidade.»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 135

Maurice-Pillard Verneuil’s Nude #95 from 1935.






Les contes d'Hoffmann (Os Contos de Hoffmann) é uma ópera de Jacques Offenbach, com libreto foi escrito por Jules Barbier, baseado em três contos de E.T.A. Hoffmann, que é ele próprio um dos personagens da obra. Teve a sua estréia em Paris, na Opéra-Comique, em 10 de fevereiro, de 1881.

'' pedra não-pedra''

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 135

''seio sem palavra''

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 134

''perdidos tempos sem memória''

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 122

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

«E regresso um pouco triste a uma alegria imensa.»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 124

indefectível


adjetivo de 2 géneros
1. que não falha; infalível; incontestável
2. que não pode ser destruído; que dura sempre; perdurável

« e, tendo-te, não tenho, porque quero ter-te.»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 112

IV

Por que esperaste, ciente, a pele da minha mão?

1954

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 112
«Não me falaste, não. Fui eu quem perguntou,
beijando-te tremente, quantos anos tinhas,
e o teu nome.»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 111
«uns rostos encontrei, que eu tinha sido,
outros que ainda sou, e mais alguns,
meus conhecidos, que também serei.»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 108
«A paisagem ática não se pavoneia, não faz retórica, não se abaixa a fraquezas melodramáticas, diz o que tem a dizer com uma força calma e viril. Exprime o essencial com a máxima economia de meios.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 128
«A juventude é amarga, muito amarga, desdenhosa, não compreende; e quando se começa a a compreender, já a juventude partiu.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 124
«A maçã que ela me dera a comer enchera-me os lábios e os dentes de cinza. Fiz um movimento brusco, não a deixei aproximar-se de mim; ela nada disse, deixou-se ficar para trás, ouvi-a chorar.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 123

La Priére (Prayer) – Man Ray





Love is
Known for
Not giving in
But it seems almost impossible
To make it

Give into my love
And I'll stay so true
And I'll stay so true

Said my dreams are
Never
Going to come true
But it seems almost impossible
To make it

Give into my love
And I'll stay so true

And I'll stay so true
« - Mas o vosso cérebro é mais pequeno - replicou o impressor, encolerizado. - Vocês pretendem dar moral aos ricos? Trabalho inútil; é o mesmo que pretender que um burro morto se peide. O rico, ouçam bem o que vos digo, não quer mudar nada, nem Deus, nem a pátria, nem a bela vida, sente-se bem; não há pior surdo do que aquele que não quer ouvir. Começai, pois, meus cordeiros, pelos pobres, por aqueles que estão na indigência, por aqueles que sofrem. Senão ide procurar outro impressor. A mim, chamam-me a Miséria.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 118

«(...), pavoneando-nos, felizes por sermos mártires da Verdade.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 116
''Posso sorrir e matar enquanto sorrio.'' Era a citação preferida de Robert, em toda a obra de Shakespeare.»

Tom Baker. The Boy Who Kicked Pigs. Tradução: Fernando Dias Antunes. Ilustrações de David Roberts,  Editorial Teorema, 2003., p. 49

«Adorava os odiados e odiava as pessoas.»

Tom Baker. The Boy Who Kicked Pigs. Tradução: Fernando Dias Antunes. Ilustrações de David Roberts,  Editorial Teorema, 2003., p. 45
«Era casada, mas, como a mulher não parava de engordar à base de costeletas de porco, o marido teve de sair de casa e procurar um quarto na aldeia. Continuava a gostar muito da mulher e era visto frequentemente a conversar com ela através da janela da casa dela, que não tinha espaço para ele entrar.»


Tom Baker. The Boy Who Kicked Pigs. Tradução: Fernando Dias Antunes. Ilustrações de David Roberts,  Editorial Teorema, 2003., p. 37

Freedom

«O beijo do porco turvou o cérebro do polícia, que guinou o volante bruscamente para a direita e foi embater numa carrinha de peixe que estava estacionada, uma carrinha de peixe fresco com as palavras 'A Melhor Solha Ambulante' pintadas de lado. Caos! Voaram linguados, espalhando-se pelo chão. Uma mulher nariguda com cerca de quarenta e seis anos e uma venda no olho esquerdo saltou para o lado, para se desviar dos linguados voadores.

Tom Baker. The Boy Who Kicked Pigs. Tradução: Fernando Dias Antunes. Ilustrações de David Roberts,  Editorial Teorema, 2003., p. 25-27
«(...) o lóbulo da orelha esquerda descaía quase até ao colarinho da camisa.»

Tom Baker. The Boy Who Kicked Pigs. Tradução: Fernando Dias Antunes. Ilustrações de David Roberts,  Editorial Teorema, 2003., p. 21

''trejeitos de usurária!''

Tom Baker. The Boy Who Kicked Pigs. Tradução: Fernando Dias Antunes. Ilustrações de David Roberts,  Editorial Teorema, 2003., p. 17

Robert tem um pensamento diabólico.



Tom Baker. The Boy Who Kicked Pigs. Tradução: Fernando Dias Antunes. Ilustrações de David Roberts,  Editorial Teorema, 2003., p. 6

A sua imaginação não podia ser satisfeita.


«Não, vívida não é a palavra ideal para descrever a sua imaginação. Voraz seria mais exacto; ou talvez muito voraz. Não. Já sei! Não é vívida nem voraz, a palavra é insaciável. É isso, insaciável. Significa que 'não pode ser satisfeita'. E era assim que se passava na cabeça de Robert. A sua imaginação não podia ser satisfeita. Quando se interessava por alguma coisa, não era capaz de se satisfazer.»


Tom Baker. The Boy Who Kicked Pigs. Tradução: Fernando Dias Antunes. Ilustrações de David Roberts,  Editorial Teorema, 2003., p. 15

domingo, 2 de agosto de 2015

«todas as leis são lei, e lei não há nenhuma.»


Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 107

«A angústia perpétua e a falta de sono fizeram de nós a sombra do que éramos.»

Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 128
«Por vezes assalta-me o desejo de morrer para salvar o que resta em mim de humano e me libertar da besta-fera.»

Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 127

morticínio

«Uma canção errava-me nos lábios e eu pensava: «Ah. que me deixem hoje em paz, para poder escrever!»

Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 126

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Helena Almeida,Pintura habitada,1975, (acrílico sobre foto a preto e branco)


« - a minha liberdade pra matar a fome - »

António Barahoma. Rizoma. Guimarães Editores, Lisboa, 1983., p 73
«PROCURO tornar-me um monstro pra morrer só
De outro modo não teria olhado para ti
O abismo onde as crianças gostam de subir»

António Barahoma. Rizoma. Guimarães Editores, Lisboa, 1983., p 65

''íntimo teatro triste''

António Barahoma. Rizoma. Guimarães Editores, Lisboa, 1983., p 57

''fénix sonâmbula, ex-apostólica''

António Barahoma. Rizoma. Guimarães Editores, Lisboa, 1983., p 51
«Desanca-a e fere-a com mil esporas
ante o abismo rasgado plas roseiras»

António Barahoma. Rizoma. Guimarães Editores, Lisboa, 1983., p 45

''perpétuo cão''

António Barahoma. Rizoma. Guimarães Editores, Lisboa, 1983., p 37
«Dedicava-se à dissonância
pra morrer amanhã por música»

António Barahoma. Rizoma. Guimarães Editores, Lisboa, 1983., p 33
«ESTE momento entre a lâmpada e o poeta
- só um milhão de noites mortíferas na gaveta.»

António Barahoma.
 Rizoma. Guimarães Editores, Lisboa, 1983., p 24

''náusea do rumor das asas''

António Barahoma. Rizoma. Guimarães Editores, Lisboa, 1983., p 21

Kate Moss’s Flowered Flower by Tim Walker for Love NO.9 SS 2013.


«(...) Em certos casos, quanto mais nobre o génio, menos nobre o destino. Um pequeno génio ganha fama, um grande génio ganha descrédito, um génio ainda maior ganha desespero; um deus ganha crucificação.»

Fernando Pessoa

«É justa a guerra, é justa a paz que sigo.»

CAMÕES

"Não sou triste, mas sou melancólico"

José Saramago

quinta-feira, 30 de julho de 2015

«quanto eu no peito, meu amor,
trago por vós tristeza e dor.»

Vasco Graça Moura. Alguns Amores de Ronsard. Bertrand Editora, 2003., p. 89
«Aquele que aqui jaz, viveu sem coração,
morreu sem coração, sem coração repousa.»

Vasco Graça Moura. Alguns Amores de Ronsard. Bertrand Editora, 2003., p. 83

vanidade


nome feminino
1. carácter do que é vão
2. coisa inútil ou sem valor; inutilidade
3. insignificância

«desde o tempo em que dela sou ausente.»

Vasco Graça Moura. Alguns Amores de Ronsard. Bertrand Editora, 2003., p. 75

«cantando de outro modo morreria.»

Vasco Graça Moura. Alguns Amores de Ronsard. Bertrand Editora, 2003., p. 75

« mas tendes o coração de uma Leoa altiva.»

Vasco Graça Moura. Alguns Amores de Ronsard. Bertrand Editora, 2003., p. 71
«Maria, vós mostrais a face tão vermelha
quanto a rosa de Maio e o cabelo toucado
entre castanho e louro em mil nós frisado,
em gentis caracóis a darem a volta à orelha.»

Vasco Graça Moura. Alguns Amores de Ronsard. Bertrand Editora, 2003., p. 71

«boca com boca e flanco sobre flanco.»

Vasco Graça Moura. Alguns Amores de Ronsard. Bertrand Editora, 2003., p. 65

Kate Moss, Outtakes from the Love #9 magazine editorial photographed by Tim Walker, Spring/Summer 2013.


''ó doce errar''

«tem belo fim quem morre amando bem».

Vasco Graça Moura. Alguns Amores de Ronsard. Bertrand Editora, 2003., p. 61
«Um e outro o mesmo mal torna capaz,
eu de morrer e vós de me matar.»

Vasco Graça Moura. Alguns Amores de Ronsard. Bertrand Editora, 2003., p. 57
«Quando vos vejo ou trago em pensamento,
vibra-me o coração num arrepio,
ferve-me o sangue e de um pensar desfio
outro pensar, tão doce é o argumento.»


Vasco Graça Moura. Alguns Amores de Ronsard. Bertrand Editora, 2003., p. 57
«Se a imagem da coisa faz somente
a coisa a nossos olhos conceber»

Vasco Graça Moura. Alguns Amores de Ronsard. Bertrand Editora, 2003., p. 53

Ser-se indigente e dar-se o que se tem

«Ser-se indigente e dar-se o que se tem,
fingir-se rir, de coração em ferida,
verdade odiar e amar coisa fingida,
possuir tudo e nada gozar quem,

(...)»

Vasco Graça Moura. Alguns Amores de Ronsard. Bertrand Editora, 2003., p. 51

quarta-feira, 29 de julho de 2015

FIDELIDADE

Diz-me devagar coisa nenhuma, assim
como a só presença com que me perdoas
esta fidelidade ao meu destino.
Quanto assim não digas é por mim
que o dizes. E os destinos vivem-se
como outra vida. Ou como solidão
E quem lá entra? E quem lá pode estar
mais que o momento de estar só consigo?

Diz-me assim devagar coisa nenhuma:
o que à morte se diria, se ela ouvisse,
ou se diria aos mortos, se voltassem.

1956

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 103

libérrimo


adjetivo
superlativo absoluto sintético de livre
muito livre, completamente livre

«Por nós, por ti, por mim, falou a dor.
E a dor é evidente - libertada.»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 100
« (...)                     Nem sei se penso
ou pensarei quando de mim fugir.»


Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 100

«Perdidas uma a uma as coisas todas,»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 98

« nessa verdade que, de o ser, já mente,»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 96

«Alguém que eu fui ou não cheguei a ser,»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 95
«Beijemo-nos então. Língua na língua,
essa outra vida que trazeis, distingo-a,
e como liberdade aceito a dor.»


Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 95

Voar (fragmento), Helena Almeida, 2001


«Metia-me sozinho pelos caminhos à beira-mar, ou nos campos, caminhava depressa, para me cansar, para esquecer; mas não podia esquecer. »

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 107
«Nunca mais, desde então, as duas feridas que eles abriram em mim cicatrizaram por completo.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 107
«Mas quanto mais eu sentia o meu espírito abrir-se e deslocar as fronteiras da verdade, tanto mais o coração se me enchia, transbordava de tristeza. A vida parecia-me demasiado pequena, não podia já conter-me, o que me levava a desejar violentamente a morte; só esta me parecia infinita e podia conter-me.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 106

« Morreu? Que quer isso dizer? Mas ninguém me explicava. Escondi-me num canto da casa, atrás do canapé, peguei numa almofada, tapei o rosto e pus-me a chorar; não por desgosto, nem mesmo por medo, mas porque não compreendia.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 100

''lutei para fazer a história!''

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 95
« - Um homem verdadeiro - disse-me - é aquele que deixa as pessoas sem lhes dizer adeus. - E eu, que queria ser um homem verdadeiro, endureci o coração e calei-me.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 93

«(...); e sobre o altar, em grandes jarros de vidro, braçados de lírios brancos. Não eram mudados muitas vezes, ficavam dias e dias na água, apodreciam, e quando pela manhã eu entrava na capela o cheiro quase me fazia vomitar; um dia, lembro-me, desmaiei.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 90

Francesca Woodman, Polka Dots, Providence, Rhode Island, 1976


''gosto salgado em curvas sem segredos''

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 87
''ouço os teus passos crepitando tristes.»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 83

''angústia melancólica''

''primaveras morrendo ignoradas''

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 82

«Um dia nos libertaremos da morte sem deixar de morrer.»

Jorge de Sena por Eugénio Lisboa. Colecção Poetas. Editorial Presença, Lisboa., p. 77

terça-feira, 28 de julho de 2015






My life, your life
Don't cross them lines
What you like, what I like
Why can't we both be right?
Attacking, defending
Until there's nothing left worth winning
Your pride and my pride
Don't waste my time

I don't wanna fight no more

Take from my hand
Put in your hands
The fruit of all my grief
Lying down ain't easy
When everyone is pleasing
I can't get no relief
Living ain't no fun
The constant dedication
Keeping the water and power on
There ain't nobody left
Why can't I catch my breath?
I'm gonna work myself to death

No, no, no, no!
I don't wanna fight no more
I don't wanna fight, I don't wanna fight!
I don't wanna fight no more


OFÍCIO DE VÉSPERAS

"Devo ser o último tempo
A chuva definitiva sobre o último animal nos pastos
O cadáver onde a aranha dcide o círculo.
Devo ser o último degrau na escada de Jacob
E o último sonho nele
Devo ser-lhe a última dor no quadril.
Devo ser o mendigo à minha porta
E a casa posta à venda.
Devo ser o chão que me recebe
E a árvore que me planta.
E, silêncio e devagar no escuro
Devo ser a véspera, Devo ser o sal
Voltado para trás.
Ou a pergunta na hora de partir."



Daniel Faria. Explicação das Árvores e de Outros Animais.

domingo, 26 de julho de 2015

O VINHO E AS ROSAS.

Como pode um homem
atravessar paredes
permanecer no meio do fogo sem se queimar?
Não por causa da sua audácia
ou da sua astúcia


A sua vitalidade o seu poder
residem no Tao
Quando o homem é todo um
não há falha nele
por onde possa ser atingido
Da mesma forma um homem embriagado
quando cai fica confuso mas não destruído
Os seus ossos são como os ossos dos outros homens
mas a sua queda é diferente
O seu espírito é completo. Não está consciente
de ter subido
nem de ter caído

A vida e a morte nada significam para ele
Desconhece o pânico enfrenta os obstáculos
sem preocupação
Esta segurança que existe no vinho
só é comparável à do Tao
O homem sábio esconde-se no Tao
Nada o pode atingir



Organização: Jorge Sousa Braga. O Vinho e as Rosas: Antologia de Poemas Sobre a Embriaguez

sábado, 25 de julho de 2015

ANTIMEMÓRIAS

"Quando esperava o coração e ardia,
que hoje arde, mas arder já será vão,
por culpa da furiosa, injusta mão
que à minha espr'ança o fio quebraria,
formosa saia vi, de branca e fria
neve, estendida sobre um verde chão,
tão pura que nem sol nem pé vilão
a tocar tal beleza se atrevia.
Bem a pude prender, bem perto tive
com que amansar meu fogo, e perturbou-me
tanto que a mão estendi, e me detive.
E então (pra onde?) minha vizinha glória
fugiu qual sonho ou sombra, e aí restou-me
dela somente a dor e a memória."


Francisco de Figueroa"Antologia da Poesia Espahola do Siglo de Oro"

sexta-feira, 24 de julho de 2015

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