« - sangue nas mãos duma estátua, a emoção da história duma tortura antiga -, o dar ou tirar sangue no acto da cópula.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 185
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
«Isso tudo são palavras para vestir uma coisa nua; e essa coisa, vestida, torna-se ridícula.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 184
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 184
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'' o mar andou escuro e danado''
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 181
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“[…] tanto na religião como no amor, o crente aspirará a uma beatitude sem limites; devora-o uma apetência de imortalidade, queima-o uma ânsia de fusão total unificadora, de transformação ou liquefacção do amante no amado.
Ambos os amorosos vivem alheios de si próprios, “mortos” para eles mesmos porque “vivos” respectivamente um no outro. O amor religioso acompanha-se dos mesmos sacrifícios ascéticos que o amor profano, e crepita nos mesmos transportes extáticos. A expressão verbal ou literária dum é a expressão verbal ou literária do outro”
«Querias-me?», perguntou ele.
«Queria, sim querido. Não dormi o bastante, mas queria falar contigo antes de tornar a adormecer. Podia esquecer-me do que te quero dizer. Tens de te lembrar por mim.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 128
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 128
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domingo, 23 de agosto de 2015
Born To Die
Feet don't fail
me now
Take me to the finish line
All my heart it breaks every step that I take
But I'm hoping that the gates
They'll tell me that you're mine
Walking through the city streets
Is it by mistake or desire?
I feel so alone on a friday night
Can you make it feel like home
If I tell you you're mine
It's like I told you honey
Don't make me sad, don't make me cry
Sometimes love's not enough
When the road gets tough
I don't know why
Keep making me laugh,
Let's go get high
Road's long, we carry on
Try to have fun in the meantime
Come and take a walk on the wild side
Let me kiss you hard in the pouring rain
You like your girls insane
Choose your last words
This is the last time
Cause you and I
We were born to die
Lost but now I am found
I can see but once I was blind
I was so confused as a little child
Tried to take what I could get
Scared that I couldn't find
All the answers honey
Don't make me sad, don't make me cry
Sometimes love's not enough
When the road gets tough
I don't know why
Keep making me laugh
Let's go get high
Road's long, we carry on
Try to have fun in the meantime
Come and take a walk on the wild side
Let me kiss you hard in the pouring rain
You like your girls insane
Choose your last words,
This is the last time
Cause you and I
We were born to die
We were born to die
We were born to die
Come and take a walk on the wild side
Let me kiss you hard in the pouring rain
You like your girls insane
Don't make me sad, don't make me cry
Sometimes love's not enough
When the road gets tough
I don't know why
Keep making me laugh,
Let's go get high
Road's long, we carry on
Try to have fun in the meantime
Come and take a walk on the wild side
Let me kiss you hard in the pouring rain
You like your girls insane
Choose your last words
This is the last time
Cause You and I
We were born to die
We were born to die
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sexta-feira, 21 de agosto de 2015
O CAÇADOR
(...)
«E até reles serventes torna os cães.»
António Osório. A ignorância da morte. Colecção forma.Editorial Presença, Lisboa., p. 33
«E até reles serventes torna os cães.»
António Osório. A ignorância da morte. Colecção forma.Editorial Presença, Lisboa., p. 33
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É-me doloroso falar, mas calar-me também
o é; quer fale, quer me cale, para mim só
há dor.
Prometeu agrilhoado, Esquilo
o é; quer fale, quer me cale, para mim só
há dor.
Prometeu agrilhoado, Esquilo
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DIZERES
Apodrecer é simples: basta
ceder do coração apenas
a parte mais sombria.
Guardar o resto para inúteis
coisas que não acontecem.
Alberto Soares. Escrito para a noite. Gota de Água. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 25
ceder do coração apenas
a parte mais sombria.
Guardar o resto para inúteis
coisas que não acontecem.
Alberto Soares. Escrito para a noite. Gota de Água. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 25
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Adágio
«Não é tranquilo o coração dos lobos
fazem mau uso da morte e da ternura.»
Alberto Soares. Escrito para a noite. Gota de Água. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 21
fazem mau uso da morte e da ternura.»
Alberto Soares. Escrito para a noite. Gota de Água. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 21
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FRACTURA
Difícil
é recordar todas as palavras
de outro modo. Ou reflectir
a noite.
Alberto Soares. Escrito para a noite. Gota de Água. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 9
é recordar todas as palavras
de outro modo. Ou reflectir
a noite.
Alberto Soares. Escrito para a noite. Gota de Água. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 9
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«Os loucos da casa exageram no volume de seus discos,
gritam para além dos sacos
de lixo, esbofeteiam-se, fun-
dam paralelos lares de com-
panheiros sós e felizes.
Telefonam-se a altas horas, marcam encontros impos-
síveis, roem-se tranquila-
mente as unhas.
Mas o mar os conhece como ninguém, embate contra
seus quadris, fica sereno, e
é a noite acampada à beira
das marés.
Entre esmagar conchas ou beijar um pescoço húmido de
suor, só a história fica des-
ses, vomitando nos lugares
públicos as públicas e de
pasta mulheres dos profis-
sionais livres: virginsíssimas.»
Mário Cláudio. Terra Sigillata. Edição & etc, Lisboa., p. 31
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«Passas, é o corredor demasiado estreito. Tocas-me o
peito de tuas mamas: mo-
mento do limão espremido,
sulcos acabados de rasgar.
O túnel, agora.»
Mário Cláudio. Terra Sigillata. Edição & etc, Lisboa., p. 24/5
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«Criança que era, descia às caves da casa, procurava
as lâminas, incindia com
elas a cana do nariz.
Retrocedia às escadas, erguia-se ensanguentada, tin-
gindo de si a maçaneta das
portas, o papel das pare-
des, as toalhas de linho.
Era a morte primeira, o lívido oásis da dor.»
Mário Cláudio. Terra Sigillata. Edição & etc, Lisboa., p. 20
as lâminas, incindia com
elas a cana do nariz.
Retrocedia às escadas, erguia-se ensanguentada, tin-
gindo de si a maçaneta das
portas, o papel das pare-
des, as toalhas de linho.
Era a morte primeira, o lívido oásis da dor.»
Mário Cláudio. Terra Sigillata. Edição & etc, Lisboa., p. 20
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«Nada se vende já na Rua dos Arménios, nem o medo.
Só alguns azulejos se compõem e descompõem, um
poeta nasce, o teatro arde
pela madrugada.»
Mário Cláudio. Terra Sigillata. Edição & etc, Lisboa., p. 15
Só alguns azulejos se compõem e descompõem, um
poeta nasce, o teatro arde
pela madrugada.»
Mário Cláudio. Terra Sigillata. Edição & etc, Lisboa., p. 15
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Esquecemos a sombra que movíamos
e a em que, movendo-nos, era
madrugar desde o princípio
de sermos fonte duma fonte velha.
E madrugar a sombra dessa fonte
da nossa sombra esquecida madrugava,
acendendo-se espelho fundo e onde
o espelho se esquecesse, e a madrugada.
Fernando Echevarria. A base e o timbre. Círculo de Poesia, Moraes Editores., p. 55
e a em que, movendo-nos, era
madrugar desde o princípio
de sermos fonte duma fonte velha.
E madrugar a sombra dessa fonte
da nossa sombra esquecida madrugava,
acendendo-se espelho fundo e onde
o espelho se esquecesse, e a madrugada.
Fernando Echevarria. A base e o timbre. Círculo de Poesia, Moraes Editores., p. 55
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«Iluminarmo-nos ilumina
outros iluminar-se.»
Fernando Echevarria. A base e o timbre. Círculo de Poesia, Moraes Editores., p. 43
outros iluminar-se.»
Fernando Echevarria. A base e o timbre. Círculo de Poesia, Moraes Editores., p. 43
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quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Carta 77
“na vida é como no teatro: não interessa a duração da peça, mas a qualidade da representação. Em que ponto tu vais parar, é questão sem a mínima importância. Pára onde quiseres, mas dá à tua vida um fecho condigno.”
Séneca, op. cit., 77, 20, p. 328.
“É muito mais difícil [do que na morte na sequência de doença] encontrar ou criar um significado na morte súbita resultante do suicídio ou da injúria autoinfligida. Para o indivíduo que escolheu cometer suicídio, parece que a vida se tornou uma luta sem sentido, ou um terror para o qual a morte é a única saída. O único factor comum ao suicídio ou à injúria auto-infligida é o fazer-se mal a si próprio; a questão comum deixada aos que ficam é ‘Porquê’?”
Stella Ridley, “Sudden death from suicide”, in Donna Dickenson, Malcolm Johnson, Jeanne
Samson Katz (org.), Death, Dying and Bereavement, London, Sage Publications, 2000, p. 55
“Morrer jovem, sobreviver heroicamente”.
(Cf. Jean-Pierre Vernant, O Universo, os Deuses, os Homens, Lisboa, D. Quixote, 2000, p. 95-99).
«De acordo com um autor antigo, a lei em Atenas diria o seguinte: “Que aquele que não quer viver mais tempo exponha as suas razões ao Senado e deixe a vida se o Senado lhe der autorização para partir. Se a existência te é odiosa, morre; se o destino te é opressivo, bebe a cicuta. Se o peso da dor te faz andar curvado, abandona a vida. Que o infeliz relate os seus infortúnios, que o magistrado lhe forneça o remédio e a miséria cessará.”
(Libanius, citado por Durkheim, ibidem, p. 329).
(Libanius, citado por Durkheim, ibidem, p. 329).
«Em Atenas – mas também em Esparta, Tebas e Chipre –, não só estavam vedadas as honras de sepultura ao homem que se suicidava sem autorização do Estado, como se cortava uma mão ao cadáver para ser enterrada à parte.»
Joaquim Mateus Paulo Serra. O Suicídio considerado como uma das Belas Artes. Universidade da Beira Interior. Artigos LusoSofia, Covilhã, 2008., p. 6
Joaquim Mateus Paulo Serra. O Suicídio considerado como uma das Belas Artes. Universidade da Beira Interior. Artigos LusoSofia, Covilhã, 2008., p. 6
“Talvez o verdadeiro estádio do espelho antropiano: contemplar-se num duplo, alter ego, e, no visível próximo, ver outro que o visível. E o nada em si, ‘este não-sei-quê que não tem nome em nenhuma língua’. Traumatismo suficientemente siderante para desencadear, desde logo, uma contra-medida: fazer uma imagem do inominável, um duplo do morto para o manter em vida, e, por contragolpe, não ver esse não-sei-quê em si, não se ver a si mesmo como quase nada.”
Régis Débray, Vie et Mort de l’Image, Paris, Gallimard, 2000, p. 37
“Quando aparece o sapiens [Homem de Neanderthal], o homem já é socius, faber, loquens. Portanto, a novidade que o sapiens traz ao mundo não consiste, como se julgava, na sociedade, na técnica, na lógica, na cultura. Consiste, pelo contrário, naquilo que até agora se considerava como epifenomenal, ou que imbecilmente se saudava como sinal de espiritualidade: a sepultura e a pintura.”
Edgar Morin, O Paradigma Perdido. A natureza humana, Lisboa, Europa-América, 1975, p. 93.
Edgar Morin, O Paradigma Perdido. A natureza humana, Lisboa, Europa-América, 1975, p. 93.
João Moita 8 poemas
O mundo é a tua vigília.
Levas milénios acordado,
velando a tua esperança.
Velas, teus acólitos seguram
as tuas pálpebras.
Esperas o impossível:
que se erga da terra um rumor que embale.
*
À força de êxtases,
a fé podou o amor.
Quando veio o desejo,
brincámos com a fome dos corações.
*
A descrença celebra o seu apóstata,
reclama o seu arado:
chegará o tempo da sega,
mas cultive-se primeiro o amor,
essa deformação.
Se espigar,
haverá fome por mantimento
e uma colheita tardia
para a distração.
*
Levas milénios acordado,
velando a tua esperança.
Velas, teus acólitos seguram
as tuas pálpebras.
Esperas o impossível:
que se erga da terra um rumor que embale.
*
À força de êxtases,
a fé podou o amor.
Quando veio o desejo,
brincámos com a fome dos corações.
*
A descrença celebra o seu apóstata,
reclama o seu arado:
chegará o tempo da sega,
mas cultive-se primeiro o amor,
essa deformação.
Se espigar,
haverá fome por mantimento
e uma colheita tardia
para a distração.
*
Não escrevia para não roubar tempo à leitura: aprendia a humildade. Agora escrevo, aprendo a humilhar-me.
*
Se falham o primeiro voo,
as aves não chegam a voar.
Delas não se pode dizer
que tinham o voo por condição.
Inata só a altura do ninho
e a vertigem do solo.
O resto é conquista das asas.
*
Uma consciência tranquila dorme de noite, mas de dia é uma insónia insuportável.
*
Os mastins dormiram esta noite
junto ao leito do nosso amor.
Partiram antes da alba
para paragens menos desoladas
com as marcas dos nossos dentes
sobre o dorso.
*
Fiquei em silêncio até já ter dito tudo
e só depois me ergui da fogueira-
Tive de queimar a pele para ferver o sangue.
in Fome, Lisboa, Enfermaria 6, 2015: 14, 18, 19, 31, 36, 40, 47, 55
Fonte: blogue: donnemoimachance.blogspot.com
''Não sei como é que aprendi a ler; só me lembro das minhas primeiras leituras.''
Rousseau
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advérbio
no tempo de agora; actualmente; modernamente
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quarta-feira, 19 de agosto de 2015
"E é na faculdade de mentir, que caracteriza a maior parte dos homens actuais, que se baseia a civilização moderna. Ela firma-se, como tão claramente demonstrou Nordau, na mentira religiosa, na mentira política, na mentira económica, na mentira matrimonial, etc...
A mentira formou este ser, único em todo o Universo: o homem antipático.
Actualmente, a mentira chama-se utilitarismo, ordem social, senso prático; disfarçou-se nestes nomes, julgando assim passar incógnita.
A máscara deu-lhe prestígio, tornando-a misteriosa, e portanto, respeitada. De forma que a mentira, como ordem social, pode praticar impunemente, todos os assassinatos; como utilitarismo, todos os roubos; como senso prático, todas as tolices e loucuras.
A mentira reina sobre o mundo! Quase todos os homens são súbditos desta omnipotente Majestade. Derrubá-la do trono; arrancar-lhe das mãos o ceptro ensaguentado, é a obra bendita que o Povo, virgem de corpo e alma, vai realizando dia a dia, sob a direcção dos grandes mestres de obras, que se chamam Jesus, Buda, Pascal, Spartacus, Voltaire, Rousseau, Hugo, Zola, Tolstoi, Reclus, Bakounine, etc. etc....
E os operários que têm trabalhado na obra da Justiça e do Bem, foram os párias da Índia, os escravos de Roma, os miseráveis do bairro de Santo António, os Gavroches, e os moujiks da Rússia nos tempos de hoje. Porque é que só a gente sincera, inculta e bárbara sabe realizar a obra que o génio anuncia? Que intimidade existirá entre Jesus e os rudes pescadores da Galileia? Entre S. Paulo e os escravos de Roma? Entre Danton e os famintos do bairro de Santo António? Entre os párias e Buda? Entre Tolstoi e os selvagens moujiks? A enxada será irmã da pena? A fome de pão paracer-se-à com a fome de luz?..."
Teixeira de Pascoaes, "Trechos dum livro inédito" (1911), in "A Saudade e o Saudosismo", pp.12-13.
A Vida não Cabe numa Teoria
Miguel Torga, in "Diário (1941)"
«A vida... e a gente põe-se a pensar em quantas maravilhosas teorias os filósofos arquitectaram na severidade das bibliotecas, em quantos belos poemas os poetas rimaram na pobreza das mansardas, ou em quantos fechados dogmas os teólogos não entenderam na solidão das celas.
Nisto, ou então na conta do sapateiro, na degradação moral do século, ou na triste pequenez de tudo, a começar por nós.
Mas a vida é uma coisa imensa, que não cabe numa teoria, num poema, num dogma, nem mesmo no desespero inteiro dum homem.
A vida é o que eu estou a ver: uma manhã majestosa e nua sobre estes montes cobertos de neve e de sol, uma manta de panasco onde uma ovelha acabou de parir um cordeiro, e duas crianças — um rapaz e uma rapariga — silenciosas, pasmadas, a olhar o milagre ainda a fumegar. »
Miguel Torga, in "Diário (1941)"
A Essência da Poesia
«Não aprendi nos livros qualquer receita para a composição de um poema; e não deixarei impresso, por meu turno, nem sequer um conselho, modo ou estilo para que os novos poetas recebam de mim alguma gota de suposta sabedoria. Se narrei neste discurso alguns sucessos do passado, se revivi um nunca esquecido relato nesta ocasião e neste lugar tão diferentes do sucedido, é porque durante a minha vida encontrei sempre em alguma parte a asseveração necessária, a fórmula que me aguardava, não para se endurecer nas minhas palavras, mas para me explicar a mim próprio. Encontrei, naquela longa jornada, as doses necessárias para a formação do poema. Ali me foram dadas as contribuições da terra e da alma. E penso que a poesia é uma acção passageira ou solene em que entram em doses medidas a solidão e solidariedade, o sentimento e a acção, a intimidade da própria pessoa, a intimidade do homem e a revelação secreta da Natureza. E penso com não menor fé que tudo se apoia - o homem e a sua sombra, o homem e a sua atitude, o homem e a sua poesia - numa comunidade cada vez mais extensa, num exercício que integrará para sempre em nós a realidade e os sonhos, pois assim os une e confunde. E digo igualmente que não sei, depois de tantos anos, se aquelas lições que recebi ao cruzar um rio vertiginoso, ao dançar em torno do crânio de uma vaca, ao banhar os pés na água purificadora das mais elevadas regiões, digo que não sei se aquilo saía de mim mesmo para se comunicar depois a muitos outros seres ou era a mensagem que os outros homens me enviavam como exigência ou embrazamento. Não sei se aquilo o vivi ou escrevi, não sei se foram verdade ou poesia, transição ou eternidade, os versos que experimentei naquele momento, as experiências que cantei mais tarde. De tudo aquilo, amigos, surge um ensinamento que o poeta deve aprender dos outros homens. Não há solidão inexpugnável. Todos os caminhos conduzem ao mesmo ponto: à comunicação do que somos. E é necessário atravessar a solidão e aspereza, a incomunicação e o silêncio para chegar ao recinto mágico em que podemos dançar com hesitação ou cantar com melancolia, mas nessa dança ou nessa canção acham-se consumados os mais antigos ritos da consciência; da consciência de serem homens e de acreditarem num destino comum. »
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Pablo Neruda,
sobre a poesia
O Orgulho e a Vaidade
«O orgulho é a consciência (certa ou errada) do nosso próprio mérito, a vaidade, a consciência (certa ou errada) da evidência do nosso próprio mérito para os outros. Um homem pode ser orgulhoso sem ser vaidoso, pode ser ambas as coisas, vaidoso e orgulhoso, pode ser — pois tal é a natureza humana — vaidoso sem ser orgulhoso. É difícil à primeira vista compreender como podemos ter consciência da evidência do nosso mérito para os outros, sem a consciência do nosso próprio mérito. Se a natureza humana fosse racional, não haveria explicação alguma. Contudo, o homem vive a princípio uma vida exterior, e mais tarde uma interior; a noção de efeito precede, na evolução da mente, a noção de causa interior desse mesmo efeito. O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. É a vaidade em acção.»
Fernando Pessoa, in "Da Literatura Européia"
terça-feira, 18 de agosto de 2015
«A calma e o desgosto eram tão grandes que lhe oprimiam o peito e o isolamento era completo - um círculo impenetrável.»
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 150
John Steinbeck. A um deus desconhecido. Tradução de Manuel do Carmo. Publicações Europa-América., p. 150
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«Cheira a podridão da cabeça aos pés. Todos nós cheiramos a podridão!»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 264
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 264
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«O ódio», afirmava ele, « é o único caminho que nos pode conduzir ao amor.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 262
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«De que será feito o corpo humano para dar e receber tanta felicidade? E os lábios? Aproximarmo-nos deles, um pedaço de carne, pode abalar-nos o espírito.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 258
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Os irmãos inimigos
«O odor dos sovacos dessas mulheres subia-lhe ainda às narinas: urina, especiarias e almíscar.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 257
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Os irmãos inimigos
«Será que o Demónio tomou conta de mim e me quer arrastar? Foi sempre ele quem governou a minha vida, não fui eu. Fala-me de liberdade, mas de que liberdade? Só ele, o Demónio que vive em nós, é livre.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 257
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Os irmãos inimigos
«(...) corpos devorados pela fome, de grandes olhos de veludo cheios de deuses mortos e de resignação.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 253
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Carnificina
«À frente, banhado em lágrimas, caminhava o espectro sangrento da Liberdade, arrastando atrás de si a imortal canalha: a Fome, a Pilhagem, o Fogo e a Carnificina.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 250/1
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« - O mundo já não tem fim, pois todos juntos formamos um só mundo.»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 237
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«Será o meu coração doente incapaz de se abrir?»
Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 235
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