domingo, 9 de março de 2014
LÁGRIMA
A cada hora
o frio
que o sangue leva ao coração
nos gela como o rio
do tempo aos derradeiros glaciares
quando a espuma dos mares
se transformar em pedra.
Ah no deserto
do próprio céu gelado
pudesses tu suster ao menos na descida
uma estrela qualquer
e ao seu calor fundir a neve que bastasse
à lágrima pedida
pela nossa morte.
Carlos de Oliveira. Obras de Carlos de Oliveira. Editorial Caminho, Lisboa, 1992., p. 179
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O FUNDO DAS ÁGUAS
(...)
«O que me espanta é a aceitação de cada dia. E desta angústia vou tecendo as palavras, desta água salgada e doce como as lágrimas e o sangue. Tecendo escuramente as palavras.»
Carlos de Oliveira. Obras de Carlos de Oliveira. Editorial Caminho, Lisboa, 1992., p. 163
«O que me espanta é a aceitação de cada dia. E desta angústia vou tecendo as palavras, desta água salgada e doce como as lágrimas e o sangue. Tecendo escuramente as palavras.»
Carlos de Oliveira. Obras de Carlos de Oliveira. Editorial Caminho, Lisboa, 1992., p. 163
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«Eis o que torna o amor mais forte:
amar quem está tão próximo da morte.»
Carlos de Oliveira. Obras de Carlos de Oliveira. Editorial Caminho, Lisboa, 1992., p. 153
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VILANCETE CASTELHANO DE GIL VICENTE
Por mais que nos doa a vida
nunca se perca a esperança;
a falta de confiança
só da morte é conhecida.
Se a lágrimas for cumprida
a sorte, sentindo-a bem,
vereis que todo o mal vem
achar remédio na vida.
E pois que outro preço tem
depois do mal a bonança,
nunca se perca a esperança
enquanto a morte não vem.
Carlos de Oliveira. Obras de Carlos de Oliveira. Editorial Caminho, Lisboa, 1992., p. 143
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o desenho do voo antes das asas
Carlos de Oliveira. Obras de Carlos de Oliveira. Editorial Caminho, Lisboa, 1992., p. 99
«Andam os mortos enfeitando-se ao frio,
servindo-se das árvores para ter cabelos;
deslizam ao fulgor das estrelas, loiros, amarelos,
e fitam-se no tempo, ou no espelho dum rio?»
Carlos de Oliveira. Obras de Carlos de Oliveira. Editorial Caminho, Lisboa, 1992., p. 99
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cilício
nome masculino
1. vestido tosco de pele de cabra proveniente da Cilícia
2. peça de vestuário incómoda
3. cinto áspero de corda ou arame outrora usado sobre a pele para mortificação e penitência
4. figurado mortificação voluntária
(Do latim cilicĭu-, «pano da Cilícia, fabricado com pêlo de cabra»)
sábado, 8 de março de 2014
De mágoa eu tinha lágrimas em fio,
Edmundo de Bettencourt in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Presença''. Círculo de Poesia. Moraes Editores, Lisboa, 1972., p. 198
TRINUFO
O acrobata pairava sobre um silêncio de morte. Ele suspenso por dois fios de seda vermelha e uma vara de bambu; a multidão suspensa pelo prazer doloroso de gozar o perigo que ele sofria.
De repente um grito e o acrobata caindo... Desceu num voo, tombou: e toda a gente se ergueu, gritou, a-cla-mooou!!
Agora, mesmo aqueles que só o tinham condenado, todos sorriam de completa satisfação e diziam: Que belo! Aqueles saltos no ar, aquelas idas e vindas com os braços a voar!...
Mas isto era o que ele fazia todas as noites e que raros apreciavam. Hoje, a mais, só tinha feito o cair, trabalhar mal e cair.
Quando a multidão serenou e de novo olhou a pista, então viu: as pessoas que tinham acudido levando nos braços o corpo quebrado e morto do acrobata que tinha conseguido fazer compreender o seu valor.
Branquinho da Fonseca in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Presença''. Círculo de Poesia. Moraes Editores, Lisboa, 1972., p. 196
De repente um grito e o acrobata caindo... Desceu num voo, tombou: e toda a gente se ergueu, gritou, a-cla-mooou!!
Agora, mesmo aqueles que só o tinham condenado, todos sorriam de completa satisfação e diziam: Que belo! Aqueles saltos no ar, aquelas idas e vindas com os braços a voar!...
Mas isto era o que ele fazia todas as noites e que raros apreciavam. Hoje, a mais, só tinha feito o cair, trabalhar mal e cair.
Quando a multidão serenou e de novo olhou a pista, então viu: as pessoas que tinham acudido levando nos braços o corpo quebrado e morto do acrobata que tinha conseguido fazer compreender o seu valor.
Branquinho da Fonseca in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Presença''. Círculo de Poesia. Moraes Editores, Lisboa, 1972., p. 196
Agnus Dei
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POEMA DA CARNE-ESPÍRITO
Em noite de furor, julgo que és tu.
Atiro os braços para te abraçar!
Abraço o meu corpo nu;
Beijo os meus lábios e o ar...
Todo o corpo me dói de tais desejos
Que minha carne flagelada e moça
Já só exige quaisquer beijos:
Basta-lhe a água, já, de qualquer poça.
Eis como tu ficas distante,
E assim a fera triste em mim desperta.
E eu vou-me em busca de qualquer amante,
Pedir esmola a qualquer porta aberta...
Se isto é pecado, e se é mesquinha
Esta sede sem escolha,
Por que não vens tu dar-me, Eva só minha,
A única flor que eu sem miséria colha?
Por que não vens, nos oiros-rosas da manhã
Que eu inventei para te receber,
Minha mãe! minha amante! minha irmã!,
(Divina e animal...) minha mulher...?
Sei que não vens. (Como virias,
Se não és corpo, embora eu t'o imagine?)
Vou-me, a desoras, por vielas tortuosas e sombrias,
Como em busca de alguém que me assassine...
As que do amor fizeram ganha-pão
Somem-se e reaparecem-me às esquinas.
E acobertado pela escuridão,
Deliro, então, misérias peregrinas.
Por que não vens, tu que não chegas,
Meu terrível fantasma real e vago!
E sonho...sim! que vens - Sim!, que te entregas
Na pobre carne que pago...
Sonho, quando os espasmos me agoniam,
Teu corpo de camélias e açucenas,
Sobre o qual os meus beijos passeariam
Como um roçar ou um flutuar de penas...
Sonho-te, para te humilhar,
E me vingar da tua ausência,
Nesse instante supremo, estrídulo...e vulgar,
Em que o prazer atinge o cúmulo da urgência.
Mas ante mim,
Levita-se o teu espectro:
E esse instante já no fim
É um infinito em que penetro...
E por virtude tua, amo-as, em tais momentos,
As que se prestam ao meu vício!
Assim, no meu espasmo, há comprometimentos,
Auréolas, angústia e sacrifício.
E assim de algum mau leito de aluguer
O altar se eleva em que me é grave e doce,
Comemorar, gozar e padecer
O mistério da Posse.
Nus! sós e nus!, os corpos rolarão
Nessa vertigem dum não sei que Mais...
E os leitos podres se transformarão
Em deliciosos abismos de ânsia e ais.
Evadir-me-ei, então, por sei bem que espaços,
Cego de raiva e de ternuras loucas,
Tenho duas cabeças, quatro pernas, quatro braços,
E uma só língua em duas bocas!
Todas as forças brutas que suporto
Desencadearão, em mim, o seu poder,
Até que vergue para o lado, morto,
A soluçar e a tremer...
Para outro lado, outra metade, como um trapo,
Caíu...ficou assim horas sem fim.
Mudo, olharei, então, esse farrapo
Que despeguei de mim:
Mudo, olharei aqueles seios esmagados,
Aquele ventre aberto, como um vaso que parti,
Aquele sexo negro, e esses cabelos desgrenhados,
E essa garganta que mordi...
E subtilmente, como um anjo em prece
Descendo à luz duma estrela,
Minha inocência incorruptível desce...
Desce até mim, ou rapta-me até ela.
Sem dar por isso, choro e rezo, como quando
Rezava às avé marias,
E ouvia os anjos entoando
Que longínquas melodias...!
«...E eis que posso dar-te!» - penso,
Ante esse corpo cúmplice do meu;
Quando, súbito, leio em seu olhar imenso
Que ela interroga como eu.
Ai!, se eu pudesse dizer tudo! E calo
Coisas íntimas, novas, insondáveis e subtis,
Todo um mundo que desminto quando falo
Que eu valho..., mas pelo que a voz não diz.
E arrumado a um cantinho, ali me fico
Ruminando, na sombra, um sonho estranho.
E é então que eu sou eu! (eu livre e rico...)
Meu fantasma estelar! porque te tenho.
Foi em ti que saciei o meu desejo:
Em qualquer meretriz te prostituis...
E mais: És tu que as beijas se eu as beijo,
Porque eu dou-te o aguilhão com que as possuis.
E se é loucura desejar-te, pois tu és
Um hálito, uma auréola, uma sombra, ou uma graça,
Pois não tens mãos, não tens cabeça, não tens sexo, não tens pés,
Sendo, embora, qualquer mulher que passa,
O não te desejar é impossível
Porque tu sabes, sempre moça e eterna amante,
Pairar, virgem suprema, inatingível e intangível,
Prostituída a cada instante.
José Régio in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Presença''. Círculo de Poesia. Moraes Editores, Lisboa, 1972., p. 176- 17
Atiro os braços para te abraçar!
Abraço o meu corpo nu;
Beijo os meus lábios e o ar...
Todo o corpo me dói de tais desejos
Que minha carne flagelada e moça
Já só exige quaisquer beijos:
Basta-lhe a água, já, de qualquer poça.
Eis como tu ficas distante,
E assim a fera triste em mim desperta.
E eu vou-me em busca de qualquer amante,
Pedir esmola a qualquer porta aberta...
Se isto é pecado, e se é mesquinha
Esta sede sem escolha,
Por que não vens tu dar-me, Eva só minha,
A única flor que eu sem miséria colha?
Por que não vens, nos oiros-rosas da manhã
Que eu inventei para te receber,
Minha mãe! minha amante! minha irmã!,
(Divina e animal...) minha mulher...?
Sei que não vens. (Como virias,
Se não és corpo, embora eu t'o imagine?)
Vou-me, a desoras, por vielas tortuosas e sombrias,
Como em busca de alguém que me assassine...
As que do amor fizeram ganha-pão
Somem-se e reaparecem-me às esquinas.
E acobertado pela escuridão,
Deliro, então, misérias peregrinas.
Por que não vens, tu que não chegas,
Meu terrível fantasma real e vago!
E sonho...sim! que vens - Sim!, que te entregas
Na pobre carne que pago...
Sonho, quando os espasmos me agoniam,
Teu corpo de camélias e açucenas,
Sobre o qual os meus beijos passeariam
Como um roçar ou um flutuar de penas...
Sonho-te, para te humilhar,
E me vingar da tua ausência,
Nesse instante supremo, estrídulo...e vulgar,
Em que o prazer atinge o cúmulo da urgência.
Mas ante mim,
Levita-se o teu espectro:
E esse instante já no fim
É um infinito em que penetro...
E por virtude tua, amo-as, em tais momentos,
As que se prestam ao meu vício!
Assim, no meu espasmo, há comprometimentos,
Auréolas, angústia e sacrifício.
E assim de algum mau leito de aluguer
O altar se eleva em que me é grave e doce,
Comemorar, gozar e padecer
O mistério da Posse.
Nus! sós e nus!, os corpos rolarão
Nessa vertigem dum não sei que Mais...
E os leitos podres se transformarão
Em deliciosos abismos de ânsia e ais.
Evadir-me-ei, então, por sei bem que espaços,
Cego de raiva e de ternuras loucas,
Tenho duas cabeças, quatro pernas, quatro braços,
E uma só língua em duas bocas!
Todas as forças brutas que suporto
Desencadearão, em mim, o seu poder,
Até que vergue para o lado, morto,
A soluçar e a tremer...
Para outro lado, outra metade, como um trapo,
Caíu...ficou assim horas sem fim.
Mudo, olharei, então, esse farrapo
Que despeguei de mim:
Mudo, olharei aqueles seios esmagados,
Aquele ventre aberto, como um vaso que parti,
Aquele sexo negro, e esses cabelos desgrenhados,
E essa garganta que mordi...
E subtilmente, como um anjo em prece
Descendo à luz duma estrela,
Minha inocência incorruptível desce...
Desce até mim, ou rapta-me até ela.
Sem dar por isso, choro e rezo, como quando
Rezava às avé marias,
E ouvia os anjos entoando
Que longínquas melodias...!
«...E eis que posso dar-te!» - penso,
Ante esse corpo cúmplice do meu;
Quando, súbito, leio em seu olhar imenso
Que ela interroga como eu.
Ai!, se eu pudesse dizer tudo! E calo
Coisas íntimas, novas, insondáveis e subtis,
Todo um mundo que desminto quando falo
Que eu valho..., mas pelo que a voz não diz.
E arrumado a um cantinho, ali me fico
Ruminando, na sombra, um sonho estranho.
E é então que eu sou eu! (eu livre e rico...)
Meu fantasma estelar! porque te tenho.
Foi em ti que saciei o meu desejo:
Em qualquer meretriz te prostituis...
E mais: És tu que as beijas se eu as beijo,
Porque eu dou-te o aguilhão com que as possuis.
E se é loucura desejar-te, pois tu és
Um hálito, uma auréola, uma sombra, ou uma graça,
Pois não tens mãos, não tens cabeça, não tens sexo, não tens pés,
Sendo, embora, qualquer mulher que passa,
O não te desejar é impossível
Porque tu sabes, sempre moça e eterna amante,
Pairar, virgem suprema, inatingível e intangível,
Prostituída a cada instante.
José Régio in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Presença''. Círculo de Poesia. Moraes Editores, Lisboa, 1972., p. 176- 17
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sexta-feira, 7 de março de 2014
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(...A unha maior, mordi-a:
Sabe-me a boca a sabugo...)
José Régio in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Presença''. Círculo de Poesia. Moraes Editores, Lisboa, 1972., p. 173
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...
«Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés abro o meu seio:
Procurei fugir de mim,
Mas eu bem sei que sou o meu único fim.
Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir,
Sofro por ter prazer em me acusar e em me exibir!»
José Régio in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Presença''. Círculo de Poesia. Moraes Editores, Lisboa, 1972., p. 159
«Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés abro o meu seio:
Procurei fugir de mim,
Mas eu bem sei que sou o meu único fim.
Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir,
Sofro por ter prazer em me acusar e em me exibir!»
José Régio in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Presença''. Círculo de Poesia. Moraes Editores, Lisboa, 1972., p. 159
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«Para mim a poesia é um vício
como fumar, como pensar,
como sofrer o que sinto e o que penso.
Há outros muito mais felizes, imensos
bem mais felizes
sem pensar, sem sentir, sem nada.»
António de Navarro in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Presença''. Círculo de Poesia. Moraes Editores, Lisboa, 1972., p. 154
como fumar, como pensar,
como sofrer o que sinto e o que penso.
Há outros muito mais felizes, imensos
bem mais felizes
sem pensar, sem sentir, sem nada.»
António de Navarro in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Presença''. Círculo de Poesia. Moraes Editores, Lisboa, 1972., p. 154
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narcose
nome feminino
1. MEDICINA estado de sonolência em que há perda ou diminuição da sensibilidade geral ou local, resultante da acção de anestésicos; anestesia
2. MEDICINA estado de sonolência e insensibilidade causado pela acção de um narcótico que cria habituação e dependência; narcotismo
(Do grego nárkosis, «entorpecimento»)
ACROBATAS
(...)
Se do trapézio,
suspenso
no abismo, alongado no imenso
subsolo do circo, teu corpo caísse
- não prestavas; morrer, então,
era único remédio.»
António de Navarro in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Presença''. Círculo de Poesia. Moraes Editores, Lisboa, 1972., p. 141
Se do trapézio,
suspenso
no abismo, alongado no imenso
subsolo do circo, teu corpo caísse
- não prestavas; morrer, então,
era único remédio.»
António de Navarro in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Presença''. Círculo de Poesia. Moraes Editores, Lisboa, 1972., p. 141
My man don't love me
Treats me oh so mean
My man he don't love me
Treats me awfully
Hes the, lowest man
That Ive ever see
He wears high trimmed pan
Stripes are really yellow
He wears high trimmed pan
Stripes are really yellow
But when he starts in to love me
Hes so fine and mellow
Love will make you drink and gamble
Make you stay out all night long repeat
Love will make you drink and gamble
Make you stay out all night long repeat
Love will make you do things
That you know is wrong
But if you treat me right baby
Ill stay home everyday
But if you treat me right baby
Ill stay home everyday
But you're so mean to me baby
I know you're gonna drive me away
Love is just like the faucet
It turns off and on
Love is just like the faucet
It turns off and on
Sometimes when you think it's on baby
It has turned off and gone
quinta-feira, 6 de março de 2014
« - Eu, minha mãe! ... - disse ele cascalhando uma risada. - A minha vida bem a sabe. De dia, leio; de noite, escrevo e durmo. Ninguém conquista corações a lidar com a traça das livrarias dos frades. O deus do amor não ousa penetrar com os seus dardos no arnês das capas encoiradas dos livros que me defendem. »
Camilo Castelo Branco. O Retrato de ricardina. Livros do bolso europa américa, Lisboa, 1971., p. 151
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Heaven Knows I'm Miserable Now
I was happy in the haze of a
drunken hour
But heaven knows I'm miserable now
I was looking for a job,
And then I found a job
And heaven knows I'm miserable now
In my life
Why do I give valuable time
To people who don't care
If I live or die?
Two lovers entwined pass me by
And heaven knows I'm miserable now
I was looking for a job,
And then I found a job
And heaven knows I'm miserable now
In my life
Oh, why do I give valuable time
To people who don't care
If I live or die?
What she asked of me
At the end of the day
Caligula would have blushed
"You've been in the house
Too long", she said
And I naturally fled
In my life why do I smile
At people who I'd much rather
Kick in the eye?
I was happy in the haze of a drunken hour
But heaven knows I'm miserable now
"You've been in the house
Too long", she said
And I naturally fled
In my life
Why do I give valuable time
To people who don't care
If I live or die?
But heaven knows I'm miserable now
I was looking for a job,
And then I found a job
And heaven knows I'm miserable now
In my life
Why do I give valuable time
To people who don't care
If I live or die?
Two lovers entwined pass me by
And heaven knows I'm miserable now
I was looking for a job,
And then I found a job
And heaven knows I'm miserable now
In my life
Oh, why do I give valuable time
To people who don't care
If I live or die?
What she asked of me
At the end of the day
Caligula would have blushed
"You've been in the house
Too long", she said
And I naturally fled
In my life why do I smile
At people who I'd much rather
Kick in the eye?
I was happy in the haze of a drunken hour
But heaven knows I'm miserable now
"You've been in the house
Too long", she said
And I naturally fled
In my life
Why do I give valuable time
To people who don't care
If I live or die?
mantear
verbo transitivo
1. fazer saltar (alguém) sobre uma manta segura pelas quatro pontas
2. chamar (o touro) com a capa
3. figurado importunar
verbo intransitivo
lavrar a terra em mantas
torvar
verbo transitivo
1. irritar; inquietar; perturbar
2. antiquado impedir
verbo intransitivo
tornar-se carrancudo; irritar-se; perturbar-se
(Do latim turbāre, «idem»)
«Pareceu-lhe de repente que alguma coisa acabava de passar por diante da janela, do lado de fora.
''Quem é? Será o feitor?...'', pensou o velho, ouvindo os passos no vestíbulo.'' Talvez a minha velha não tivesse fechado bem a porta.''
O cão ladrou no pátio; ele atravessou o vestíbulo, em seguida, como depois contou o velho, procurou a porta, transpôs o limiar, pôs-se a caminhar ao longo da parede, às apalpadelas, topou com um barril e, novamente hesitante, parecia procurar o ferrolho.
Eis que o encontrara. O velho sente um calafrio por todo o corpo. O espírito mau entra com cara de homem.
Dutlov sabia já que era ele. Quer fazer um sinal da cruz, mas não o consegue. Ele aproxima-se da mesa, coberta com um tapete, tira-o, lança-o ao chão e precipita-se para o fogão.
Então o velho reconheceu que o espírito mau tinha tomado a figura de Polikuchka. Mostrava os dentes, as suas mãos balouçavam; subiu ao fogão, caiu sobre Dutlov e tentou estrangulá-lo.
-É o meu dinheiro! - disse Ilicht.
''Deixa-me!'', quis Semen articular, mas sem o poder fazer.
Polikey oprimia-lhe o peito com todo o peso de uma montanha. Dutlov sabia que uma oração o obrigaria a largar a presa, sabia qual era, mas não a podia sequer murmurar.»
Leão Tolstoi. Polikuchka. Livros de bolso Europa-América., p. 104/5
-É o meu dinheiro! - disse Ilicht.
''Deixa-me!'', quis Semen articular, mas sem o poder fazer.
Polikey oprimia-lhe o peito com todo o peso de uma montanha. Dutlov sabia que uma oração o obrigaria a largar a presa, sabia qual era, mas não a podia sequer murmurar.»
Leão Tolstoi. Polikuchka. Livros de bolso Europa-América., p. 104/5
quarta-feira, 5 de março de 2014
terça-feira, 4 de março de 2014
História de Inverno
A mulher de água
traz limos nas espáduas
Tem olhos de lagoa
e o corpo como um rio.
Traz musgo sobre os seios
e a sua voz dá frio,
o seu olhar magoa.
Mas não lhe sei o nome.
Estende os cabelos de água
no inverno dos meus olhos,
dorme na minha sorte
por toda a noite insone.
Faz um rumor de chuva,
tem um sabor de morte.
Mas não lhe sei o nome.
Carlos de Oliveira. Obras de Carlos de Oliveira. Editorial Caminho, Lisboa, 1992., p. 73
traz limos nas espáduas
Tem olhos de lagoa
e o corpo como um rio.
Traz musgo sobre os seios
e a sua voz dá frio,
o seu olhar magoa.
Mas não lhe sei o nome.
Estende os cabelos de água
no inverno dos meus olhos,
dorme na minha sorte
por toda a noite insone.
Faz um rumor de chuva,
tem um sabor de morte.
Mas não lhe sei o nome.
Carlos de Oliveira. Obras de Carlos de Oliveira. Editorial Caminho, Lisboa, 1992., p. 73
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«Filha: tendes escutado
quanto deixo convencido
esse tão tirano estado
de viver com um marido
cruel e mal inclinado.
Não vos fieis de propostas
nem das suas aparências.
Por não darmos más respostas,
nos propõem mil conveniências:
depois quebram-nos as costas.
Sempre foi o mais perfeito
o estado de celibato.»
Paula da Graça. Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado., p. 76
quanto deixo convencido
esse tão tirano estado
de viver com um marido
cruel e mal inclinado.
Não vos fieis de propostas
nem das suas aparências.
Por não darmos más respostas,
nos propõem mil conveniências:
depois quebram-nos as costas.
Sempre foi o mais perfeito
o estado de celibato.»
Paula da Graça. Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado., p. 76
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«SE POR DAR LUSTRE...»
Se por dar lustre aos pesares
Vossas lágrimas teimosas
Correm por margens de rosas,
Porque não cabem nos mares,
A submergir esses ares
Subiram rios crescendo,
E certo o naufrágio sendo,
A fineza deslustrais,
Porque podendo amar mais,
Deixareis de amar morrendo.
Deixai que o mar se dilate,
Que o rio se precipite,
Que o vento se fortifique,
Que em água a nuvem desate,
Sem que vós neste combate
Balas de neve esgrimindo,
Que as estrelas vão ferindo,
De neve e fogo tomeis
As armas com que ofendeis,
De amor os raios cobrindo.
Soror Madalena da Glória. Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado., p. 63-64
Vossas lágrimas teimosas
Correm por margens de rosas,
Porque não cabem nos mares,
A submergir esses ares
Subiram rios crescendo,
E certo o naufrágio sendo,
A fineza deslustrais,
Porque podendo amar mais,
Deixareis de amar morrendo.
Deixai que o mar se dilate,
Que o rio se precipite,
Que o vento se fortifique,
Que em água a nuvem desate,
Sem que vós neste combate
Balas de neve esgrimindo,
Que as estrelas vão ferindo,
De neve e fogo tomeis
As armas com que ofendeis,
De amor os raios cobrindo.
Soror Madalena da Glória. Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado., p. 63-64
Tenho amor, sem ter amores.
Soror Madalena da Glória. Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado., p. 59
«Ó morte, aonde estás? Tu me socorre,
Que um infeliz descansa quando morre.»
Soror Madalena da Glória. Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado., p. 57
Que um infeliz descansa quando morre.»
Soror Madalena da Glória. Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado., p. 57
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Que a dor só vive em mim, que eu já não vivo.
Soror Madalena da Glória. Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado., p. 57
Quero morrer de esquecida.
Soror Violante do Céu. Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado., p. 39
Razão
Se achásseis paciência
teríeis consolação;
deitai fora a paixão,
agasalhai a prudência:
muitas voltas dá o tempo
no que impossível parece:
dar-vos-á contentamento
no que vos entristece.
Joana da Gama. Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado., p. 23
teríeis consolação;
deitai fora a paixão,
agasalhai a prudência:
muitas voltas dá o tempo
no que impossível parece:
dar-vos-á contentamento
no que vos entristece.
Joana da Gama. Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado., p. 23
Não condenemos os pensamentos de ninguém, antes de os examinar de raiz.
«Não condenemos os pensamentos de ninguém, antes de os examinar de raiz.
Olhemos antes para o céu daquele dia 26 de Março de 1828.
Que formoso nascia o sol! Que chilreado de aves, e perfumado das auras pernoitadas nas urnas das flores!
Se há-de cuidar-se que o Criador daquela manhã tinha sido o mesmo que fizera as trevas e os homens da noite passada!»
Camilo Castelo Branco. O Retrato de ricardina. Livros do bolso europa américa, Lisboa, 1971., p. 117
Olhemos antes para o céu daquele dia 26 de Março de 1828.
Que formoso nascia o sol! Que chilreado de aves, e perfumado das auras pernoitadas nas urnas das flores!
Se há-de cuidar-se que o Criador daquela manhã tinha sido o mesmo que fizera as trevas e os homens da noite passada!»
Camilo Castelo Branco. O Retrato de ricardina. Livros do bolso europa américa, Lisboa, 1971., p. 117
«Duniacha aquecia cera amarela e deitava-a em água fria. Para que faria ela spusk*? Não sei, mas faziam-na todas as vezes que a barina se achava indisposta, e àquela hora estava quase doente.
*Esta preparação de azeite e de cera amarela quente e deitada em água fria é considerada pelo povo como um específico contra a enxaqueca e as nevralgias. Espalha-se sobre a cabeça do doente.
Leão Tolstoi. Polikuchka. Livros de bolso Europa-América., p. 86
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