domingo, 25 de setembro de 2016

Mas eu nem sempre quero ser feliz. / É preciso ser de vez em quando infeliz /Para se poder ser natural...



Alberto Caeiro

XXI - Se eu pudesse trincar a terra toda

XXI
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma coisa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...
7-3-1914
“O Guardador de Rebanhos”. Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luís de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946.
  - 45.

''nudez dos chafarizes''


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 238
levar as lampas a alguém levar-lhe vantagem

''pássaros de metal''


Jorge Viegas  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 417

«É cedo, dizem os que

distribuem os dias, os pães.»


Sebastião Alba  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 402

''braçado dos louros''

Não confundir bobos com burros



Manuel António Pina escreveu este texto no Jornal de Notícias, em 9 de novembro de 2005

Os meus gatos dormem durante a maior parte do dia (e, obviamente, durante a noite toda). Suspeito que os gatos têm um segredo, que conhecem uma porta para um mundo coincidente e feliz, por onde só se passa sonhando. Um mundo criado como Deus terá criado o nosso humano mundo, à sua desmesurada imagem. Porque os que sonham são deuses criadores. Os gatos sonham dormindo, os homens sonham fazendo perguntas e procurando respostas.


Mas os meus gatos dormem e sonham porque não têm fome. Teriam, se precisassem de procurar comida, tempo para sonhar? Acontece talvez assim com os homens. Como se o espírito criador fosse, afinal, prisioneiro do estômago. Talvez, então, a mesquinhez de propósitos da nossa vida colectiva radique, como nos querem fazer crer, no défice, e talvez o cumprimento das normas do pacto de estabilidade seja o único sonho que nos é hoje permitido.


E, contudo, dir-se-ia (e isto é algo que escapa aos economistas) que é o sonho, mais do que a balança de pagamentos, que alimenta a vida, e que os povos, como os homens, precisam de mais do que de números. Os próprios números têm (os economistas não o sabem porque a sua ciência dos números é uma ciência de escravos) o poder desrazoável de, não apenas repetir, mas sonhar o mundo.


Há anos que somos governados por economistas e o resultado está à vista. Talvez seja chegada a altura de ser a política (e o sonho) a dirigir a economia e não a economia a dirigir a política. Jesus Cristo «não sabia nada de finanças, / nem consta que tivesse biblioteca», e o seu sonho, no entanto, continua a mover o mundo.

'' não obrigues a palavra''


Rui Knopfli  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 381

« A poesia é uma arma carregada de futuro.»


«Não te arrependas de nada.
Um verso está sempre certo
mesmo quando errado. A verdade
também, mesmo quando dói

ou fere ou parece inoportuna.
A verdade nunca é inoportuna.»

(...)

Rui Knopfli  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 381

"Hoje, quando alguém diz que ama alguma coisa ou alguém, realmente está como que a ver-se ao espelho, está a amar, ou a pensar amar, alguma coisa que é semelhante a ele. (…) Amar o diferente, vendo-o como um aspecto do Uno, é que é realmente a mais alta expressão de amor"
~ Agostinho da Silva

«Não te arrependas de nada.
Um verso está sempre certo
mesmo quando errado. A verdade
também, mesmo quando dói

ou fere ou aparece inoportuna.
A verdade nunca é inoportuna.»

(...)

Rui Knopfli  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 381


Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.


Alberto Caeiro,
in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando

sábado, 24 de setembro de 2016

''Tenho mais presente em mim aquilo que me falta''

''o peixe morde a sede''


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 220

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O GALOPAR DO FOGO


Amar não é esquecer
o rosto sobre as cinzas.
Mas é lembrar o fogo

e o que ele limita.
E enrijecê-lo todo,
carvão de rubra fibra.

O fogo, o fogo, o fogo,
no potro, que o encilha.
E ir queimando como

se vai moldando a argila.
Sabemos que o abandono
mantém as formas fixas.

O fogo, o fogo, o fogo,
suas rédeas transidas
com fúrias e perícias.

O fogo, o fogo, os anos
de penhascos e bridas.
O ar no ar as vinhas,

centelhas, iras, víboras.
De tanto amar e amar,
o que em nós queimar,

é o que nos vai podando.
Amar é libertar,
libertar-se das cinzas,

até ficar o fogo,
o seu trote frondoso,
o fogo, o fogo ainda.


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 218/9

tardança


«Só é fiel a agonia.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 212

O TRINCO DAS AMORAS


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 212

percuciente

que percute ou fere

«Não pesa o amor, pesa o engano.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 205

«teus desvanecidos traços tento definir
pois de ti só possuo, intensamente, a imagem
de um lenço branco, acenando no cais.»

Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 367

«os estilhaços de vidro na memória»

Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 363

''luares de suor''



Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 361


«Para ti, meu navio de cabelos brancos, velho colono do mar,
vieram o cansaço, o caruncho a roer-te o casaco e as articulações,
o catarro roubando-te a galhardia aos silvos
que faziam saltar, bater as palmas
às gentes daqui até Mocímba.»

Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 360

álacre



adjectivo de 2 géneros


1. alegre; animado
2. em que há entusiasmo; vivo
3. berrante; vistoso

« a fumar com o lume dentro da boca »


Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 360

«Mãe silenciosa oferecendo-me suas costas nuas,
mornas como sol de inverno...»

Noémia de Sousa  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 358

domingo, 18 de setembro de 2016

«com desesperos suicidas e orgulhos brâmanes»

Noémia de Sousa  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 353





Baby sometimes i don't understand you
But you're the abstract art in my modern museum
And baby sometimes we fall apart
But the ruins of my heart stands like a coliseum

I hope you die by my side
The two of us at the exact same time
I hope we die not long from now
The two of us at the exact same time

But baby it's all beyond control
But baby you can have my soul
I hope you die by my side
Baby it's all ages away
But i can't help but think of the day
I hope we die at the exact same time

Baby your love is bigger than a football field
I'm the hooligan of your heart
Sometimes we win but sometimes we lose our dreams
But i always wear the colours of your team

I hope you die by my side
The two of us at the exact same time
I hope we die not long from now
The two of us at the exact same time

Baby you're the coolest moon when the night's begun
And i'm a goth in the sun
And you can sleep through the summer days
I know you think i'm morbid when i say

I hope you die by my side
The two of us at the exact same time
I hope we die not long from now
The two of us at the exact same time
Baby i hope you die right by my side...
Baby i hope we die at the exact same time...

«Quero um cavalo de várias cores,»


Reinaldo Ferreira  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 341
«Feliz quem pode parar
Onde a certeza é certeza
E pensar é só pensar!»

Reinaldo Ferreira  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 341

''Eu-cidadão''


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 337

cegarrega


nome feminino
1. melodia sem tom nem som, aborrecida por ser repetida muitas vezes nomesmo tom
2. MÚSICA instrumento que imita o som da cigarra
3. figurado pessoa tagarela, de voz desagradável e impertinente
4. barulho; confusão

«E minha boca de lábios túmidos
cheios da bela virilidade ímpia de negro
mordendo a nudez lúbrica de um pão»


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 336

A Streetcar Named Desire

«E o luar de cabelos de marfim»


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 334
«O sangue dos nomes
é o sangue dos homens.
Suga-o também se és capaz
tu que não os amas.»

José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 333

joelhos esfolados

«mas amar por amor só amo»


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 330

«tu sabes como é sempre uma dor nova»


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 327

«E nem que nos caia em cima o argumento
de cigarro na boca e lúgubre revólver em cima da mesa
não mostraremos o papel guardado na tábua do soalho
ali a fazer do amor escondido
o futuro de um povo.»

José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 326

«Anilhas de ferro nos tornozelos.»


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 326

«(...) para jamais nos esquecermos de vez
do amor e dos amores mais amados
o amor chamado pátria!»


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 326

AMOR A DOER




José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 326

blenorragia

pastéis com piri-piri

''não queixes a dor''


Orlando Mendes in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 321

«Móis-me a cabeça.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 64

«Estou a fazer progressos. Um dia, as palavras acudir-me-ão por si próprias, e então direi o que quero. Depois, descanso!»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 64

«Sinto-me morto. De cansaço. Leni, morto de cansaço.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 63

«Don't disturb.» «É proibido ter medo.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 61

«(...) pedido por pedido, mais vale pedir a Deus do que aos santos.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 7


They won't know who we are
So we both can pretend
It's written on the mountains
A line that never ends
As the devil spoke we spilled out on the floor
And the pieces broke and the people wanted more
And the rugged wheel is turning another round
Dorian, carry on,
Will you come along to the end
Will you ever let us carry on
Swaying like the children,
Singled out for praise
The inside out on the open
With the straightest face
As the sad-eyed woman spoke we missed our chance,
The final dying joke caught in our hands
And the rugged wheel is turning another round
Dorian, carry on,
Will you come along to the end
Will you ever let us carry on
Dorian, carry on,
Will you come along to the end
Will you ever let us carry on
Dorian, will you follow us down
Written by Agnes Caroline Thaarup Obel




«Agora, à luz fria das verdades inteiras e das mentiras perfeitas, declaro que não confessarei coisa nenhuma pela razão simples de não ter nada a confessar. Sou sozinha, sem força e inteiramente consciente da minha impotência.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 56

Musselina


«Quando afago os teus cabelos, penso na Terra: por fora atapetada de seda, por dentro em ebulição.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 54

« - Dou-te a minha palavra de honra...
LENI. - Eu pedi-lha, por acaso? Mais vale guardá-la.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 53
«O PAI. - Procuro a verdade, ou a razão das tuas mentiras.»



Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 51

«Se fosse preciso, seria terno. Mas a verdade é que a dureza dá melhores resultados.»

Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 50
«O rapaz corria atrás da morte, mas não teve sorte: corria mais depressa que ela.»

Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 46

terça-feira, 13 de setembro de 2016


“Eu e os meus poemas vamos fumar para longe. // Haverá uma árvore.” (XIII, 27)

Patrícia Baltazar
“Mãe? Estás? Mãe? Ouves-me, mãe? / Devolve-me, / A manta da tua ternura ou não sobrevivo.”
 (XXI, 36)

Patrícia Baltazar
 “Perdoo toda a gente que pensa que me magoou ou magoou mesmo.” (XXXIII, 57) 

Patrícia Baltazar

Tenho várias salivas

“Tenho várias salivas. Vários géneros. Acumulei rostos e corpos. E o teu, o teu, o teu, o teu e ainda o teu, continuam guardados, para sempre, em todos os meus lugares. Eu sou tudo o que vocês fizeram de mim.” (III, 10-1)

Patrícia Baltazar 

 ''Não é apenas para os outros que somos um discurso continuamente interrompido, também para nós mesmo o somos. A memória faz o que pode para nos conferir unidade, mas somos o que os outros fazem de nós, somos também o que não fazemos de nós, no fundo, “des-somos” mais do que somos. ''
 “45 quilos de ossos para uma tempestade” (XXII, p. 37)


Patrícia Baltazar 

“Não tenho de ser ninguém para perder a memória.” (XXXIII, p. 55)


Patrícia Baltazar 
“Mas aprofundei-me na ocupação da violência / um arzinho de filosofia para empernar meninos.”

Raquel Nobre Guerra

''dor moinha nos dentes''

“Bebo uma bica por dia, às vezes bebo-a fria
depois disto bem que podia morrer, diga-se
com as mãos ao redor de um pescoço amigo
quero dizer, de um livro. Tenho o carácter
objectivo de uma incompetência para a vida.”

Raquel Nobre Guerra
“O café ilumina-se de todos os anjos filhos da puta.
Daqui a pouco sairei de casa
Para o que é verdadeiramente triste.”

Raquel Nobre Guerra

''o pó da humanidade''


um amor em cinzas

“Movo-me na medida exacta da nossa distância.
Que direi eu deste lado do mundo?”


Raquel Nobre Guerra


“Deixa que nos chamem
pequeno cemitério de animais em flor.
O meu coração gótico espera por ti
aqui onde ninguém dança.

Porque havemos sempre de brincar
vestidos de santos até adormecer
nos olhos da cabra que, escuta:
I touched her thigh and death smiled.

Se perguntarem por nós aponta para cima
e responde com humor tipicamente irlandês
Senhor Roubado. Linha Amarela. Estação Terminal.”

Raquel Nobre Guerra
“O amor desapareceu, diz-se por aí, e eu tendo a acreditar
porque dormes cada vez mais longe na metade da cama
que ocupaste com edições luxuosas do Paraíso Perdido.”



Raquel Nobre Guerra

domingo, 11 de setembro de 2016

«O Sol que vai nascer, ninguém sabe se é ainda o Sol da Liberdade!»

Ramada Curto. Teatro Escolhido. Vol. I Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2004., p. 165

«RADITCHEFF - A morte, às vezes, é caprichosa...»


Ramada Curto. Teatro Escolhido. Vol. I Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2004., p. 159

Audrey Hepburn - Vogue, 1955


«LITVINE - É um feitio estranho de mulher. Não a entendo, tortura-me...»



Ramada Curto. Teatro Escolhido. Vol. I Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2004., p. 114


« CLARA - Ah! O amor! C'est un enfant de bohème - como eu canto na habanera da Carmen...Gostar de alguém, Marussia! É possível!...Mas que tome sentido aquele que eu amar. Há tantos anos que aturo Jabotinski, a sua grosseria, os seus milhões e o seu replente cinismo. Poderei eu amar ainda depois disto? Talvez! Mas se a tempestade se desencadear...»



Ramada Curto. Teatro Escolhido. Vol. I Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2004., p. 102
« NIKOLSKI - É um voto na Duma. Habitue-se a não desdenhar os insignificantes. No xadrez não se desprezam os peões.»


Ramada Curto. Teatro Escolhido. Vol. I Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2004., p. 98

Há-de-se lembrar...






«JOHANNA, irónica. - O pai também tinha consciência?
O PAI. - Tinha. Mas perdi-a...por modéstia. É um luxo de príncipe. O Frantz podia cultivá-lo: as pessoas que não fazem nada julgam-se responsáveis por tudo. Eu trabalhava. (Para Frantz:). Que queres tu que te diga? Que o Hitler e o Himmler são criminosos? Digo-o, pronto!»
Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 39/40

«O Frantz ia passear pelas colinas discutindo consigo próprio, e, quando a consciência dele tinha dito que sim, podiam cortá-lo em postas, que não mudava de opinião. Com a mesma idade eu também era assim.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 39

«FRANTZ. - O pai mete-me medo: não sofre bastante com o sofrimento dos outros.
O PAI . - Consentirei em sofrer quando tiver meios para o suprimir.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 39


«Somos alemães, logo somos culpados; somos culpados, porque somos alemães.»

Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 34

«Os fracos servem os fortes: é a lei.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 26
«Toda a ordem, amada,
tem um peso de água,
se nela não puseres

a ordem da tua alma.»



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 197

«Amar é ser inteiro.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 192
proceloso
adjetivo
1.relativo a procela
2.sujeito a procelastempestuosotormentoso
3.agitadorevolto

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