segunda-feira, 30 de novembro de 2015
Cada vez está mais vento, com mutações de Sol excessivas para os meus olhos que agora, com o ar, o sol e a cor, se fatigam. Eu explico. Trabalho muito com eles, fixando intensamente um ponto-paisagem antes de começar a escrever; depois, o decurso do texto depende do que essa concentração, num lugar vazio, permite. O olhar atento vai voltando a si mesmo e, então, o que eu consigo ouvir são as ondulações vibratórias entre esses dois pontos. Os meus olhos recebem, num ponto-voraz, as linhas que sustentam o espaço, feixes incidentes paralelos, raios que se afastam progressivamente, termos geométricos.
Lá onde estás, deve ser assim.
Nunca olhes o bordos de um texto. Tens que começar numa palavra. Numa palavra qualquer se conta. Mas, no ponto-voraz, surgem fugazes as imagens. Também lhes chamo figuras. Não ligues excessivamente ao sentido. A maior parte das vezes, é impostura da língua. Vou, finalmente, soletrar-te as imagens deste texto, antes que meus olhos se fatiguem. O milionésimo sentido da voz, "tiro o lápis da mão", o gesto de partir a luz, o pensamento de uma criança, cópias da noite, passeio nocturno, "era um dia verde", o afecto do negro, sob o lenço da noite. O indizível é feito de mim mesma, Gabi, agarrada ao silêncio que elas representam.
Lá onde estás, deve ser assim.
Nunca olhes o bordos de um texto. Tens que começar numa palavra. Numa palavra qualquer se conta. Mas, no ponto-voraz, surgem fugazes as imagens. Também lhes chamo figuras. Não ligues excessivamente ao sentido. A maior parte das vezes, é impostura da língua. Vou, finalmente, soletrar-te as imagens deste texto, antes que meus olhos se fatiguem. O milionésimo sentido da voz, "tiro o lápis da mão", o gesto de partir a luz, o pensamento de uma criança, cópias da noite, passeio nocturno, "era um dia verde", o afecto do negro, sob o lenço da noite. O indizível é feito de mim mesma, Gabi, agarrada ao silêncio que elas representam.
Maria Gabriela Llansol, «Um beijo dado mais tarde», Edições Rolim, 1990
"um homem e uma mulher
aproximam-se de uma porta
com uma chave na mão.
avançam
como se não respirassem.
um deles
mete a chave na fechadura
e entram.
assim que fecham a porta
atrás de si,
olham-se um instante e
lança-se um ao outro,
prendendo-se com as mãos e
abrindo caminho com a cara, com a boca.
passado pouco tempo
arrastam-se no chão
procurando cada lugar do corpo
com cada lugar do corpo,
arqueando-se
ou amoldando-se e
vorazmente passando de uma para outra entrada.
ambos têm a boca molhada
quando se levantam,
passada uma hora,
arfando enlaçados,
mas
devora-os ainda
uma sede quase infinita
e impossível de satisfazer."
aproximam-se de uma porta
com uma chave na mão.
avançam
como se não respirassem.
um deles
mete a chave na fechadura
e entram.
assim que fecham a porta
atrás de si,
olham-se um instante e
lança-se um ao outro,
prendendo-se com as mãos e
abrindo caminho com a cara, com a boca.
passado pouco tempo
arrastam-se no chão
procurando cada lugar do corpo
com cada lugar do corpo,
arqueando-se
ou amoldando-se e
vorazmente passando de uma para outra entrada.
ambos têm a boca molhada
quando se levantam,
passada uma hora,
arfando enlaçados,
mas
devora-os ainda
uma sede quase infinita
e impossível de satisfazer."
-"Obra Quase Incompleta"
- Alberto Pimenta
- Fenda, 1990 (1a Edição)
- Alberto Pimenta
- Fenda, 1990 (1a Edição)
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"Carregando as persianas vem a noite.
Na sala tão severa, como cegos,
procuram-se uma à outra as nossas solidões.
Sobreviveu à tarde
a brancura gloriosa da tua carne.
No nosso amor há uma pena
parecida com a alma.
Na sala tão severa, como cegos,
procuram-se uma à outra as nossas solidões.
Sobreviveu à tarde
a brancura gloriosa da tua carne.
No nosso amor há uma pena
parecida com a alma.
Tu
aque ainda ontem eras só toda a beleza
é agora também todo o amor."
aque ainda ontem eras só toda a beleza
é agora também todo o amor."
-"Obras Completas Vol 1"
- Jorge Luis Borges
- Jorge Luis Borges
domingo, 29 de novembro de 2015
"A tarde que minou o nosso adeus.
Tarde acerada e deleitosa e mosntruosa como um anjo escuro.
Tarde em que viveram os nossos lábios na intimidade nua dos beijos.
O tempo inevitável transbordava
sobre o abraço inútil.
Na paixão fomos pródigos., não para nós, mas para a solidão mais próxima.
Rejeitou-nos a luz; a noite chegara com urgência.
Fugimos prá cancela com a gravidade da sombra que uma estrela alivia.
Como quem volta de um perdido prado voltei do teu abraço.
Como quem volta de um páis de espadas voltei das tuas lágrimas.
Tarde que dura, vívvida como um sonho
no meio das outras tardes.
Mais tarde fui atingindo e transpondo
noites e singruras."
Tarde acerada e deleitosa e mosntruosa como um anjo escuro.
Tarde em que viveram os nossos lábios na intimidade nua dos beijos.
O tempo inevitável transbordava
sobre o abraço inútil.
Na paixão fomos pródigos., não para nós, mas para a solidão mais próxima.
Rejeitou-nos a luz; a noite chegara com urgência.
Fugimos prá cancela com a gravidade da sombra que uma estrela alivia.
Como quem volta de um perdido prado voltei do teu abraço.
Como quem volta de um páis de espadas voltei das tuas lágrimas.
Tarde que dura, vívvida como um sonho
no meio das outras tardes.
Mais tarde fui atingindo e transpondo
noites e singruras."
-"Obras Completas Vol 1"
- Jorge Luis Borges
- Jorge Luis Borges
"A única mulher com quem teria podido envelhecer era a Fernanda; a idade não seria capaz de empobrecer a nossa riqueza comum. Compreende agora o que uma tal fonte tinha de inesgotável, de constante, com uma abundância que nunca enfraquecia. Assim é o amor sobre o qual o tempo não tem poder, porque tudo o que podia diminuí-lo não faz mais do que avivá-lo; as suas raízes estendem-se até não deixar nada que não abracem. Só ele permanece, sem o corpo de onde nasceu; tudo o que vai passando e não tem a ver com ele fica irremediavelmente ferido de irrealidade."
-"Fernanda"
- Ernesto Sampaio
- Ernesto Sampaio
"Há vezes em que nos deixa pensativos a sensação «de já termos vivido esse momento». Os partidários do eterno retorno juram-nos que assim é e procuram uma comprovação da sua fé nesses perplexos estados. Esquecem que a recordação implicaria uma novidade que é a negação da tese e que o tempo a iria aperfeiçoando - até ao ciclo distante em que o indivíduo já prevê o seu destino e prefere operar de outro modo..."
-"Obras Completas Vol 1"
- Jorge Luis Borges
-"Obras Completas Vol 1"
- Jorge Luis Borges
«Mais mais, ainda mais que as tuas feridas, me faziam sofrer as tuas mãos...As tuas mãos, amor, via-as pisadas, como asas partidas, que ainda tremem...Eram a coisa mais triste que o sol viu. Os assassinos tinham-nas pisado. O ar, a luz, faziam-nas sofrer. E eu ouviu-os pisar: ouvia...ouvia...Oh! Foi como pisar pássaros mortos...»
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«A brancura de flor da tua pele era a luz da minha solidão.»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 166
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''dias de hiena triste, a sonhar sangue''
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 166
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«Foi nessa hora que eu nasci para a dor»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 166
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 166
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«As palavras, por si, dizem bem pouco; mas acordam a alma, meu amor. Se não fosse assim, para quê!?...falar...Fala-se para cair no teu silêncio - no silêncio em que a alma sorri toda...»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 166
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 166
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«Durmo nas lajes.»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 164
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Come gather ’round people
Wherever you roam
And admit that the waters
Around you have grown
And accept it that soon
You’ll be drenched to the bone
If your time to you is worth savin’
Then you better start swimmin’ or you’ll sink like a stone
For the times they are a-changin’
Wherever you roam
And admit that the waters
Around you have grown
And accept it that soon
You’ll be drenched to the bone
If your time to you is worth savin’
Then you better start swimmin’ or you’ll sink like a stone
For the times they are a-changin’
Come writers and critics
Who prophesize with your pen
And keep your eyes wide
The chance won’t come again
And don’t speak too soon
For the wheel’s still in spin
And there’s no tellin’ who that it’s namin’
For the loser now will be later to win
For the times they are a-changin’
Who prophesize with your pen
And keep your eyes wide
The chance won’t come again
And don’t speak too soon
For the wheel’s still in spin
And there’s no tellin’ who that it’s namin’
For the loser now will be later to win
For the times they are a-changin’
Come senators, congressmen
Please heed the call
Don’t stand in the doorway
Don’t block up the hall
For he that gets hurt
Will be he who has stalled
There’s a battle outside and it is ragin’
It’ll soon shake your windows and rattle your walls
For the times they are a-changin’
Please heed the call
Don’t stand in the doorway
Don’t block up the hall
For he that gets hurt
Will be he who has stalled
There’s a battle outside and it is ragin’
It’ll soon shake your windows and rattle your walls
For the times they are a-changin’
Come mothers and fathers
Throughout the land
And don’t criticize
What you can’t understand
Your sons and your daughters
Are beyond your command
Your old road is rapidly agin’
Please get out of the new one if you can’t lend your hand
For the times they are a-changin’
Throughout the land
And don’t criticize
What you can’t understand
Your sons and your daughters
Are beyond your command
Your old road is rapidly agin’
Please get out of the new one if you can’t lend your hand
For the times they are a-changin’
The line it is drawn
The curse it is cast
The slow one now
Will later be fast
As the present now
Will later be past
The order is rapidly fadin’
And the first one now will later be last
For the times they are a-changin’
The curse it is cast
The slow one now
Will later be fast
As the present now
Will later be past
The order is rapidly fadin’
And the first one now will later be last
For the times they are a-changin’
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''caíam estrelas de sangue na água morta''
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 163
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«Põe sobre as mãos da Morta folhas secas.»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 161
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«O vento arrasta pelas lajes folhas secas.»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 161
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«Ela nunca se deitou sem te beijar.»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 160
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''prostituir o ar''
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 158
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saimento
nome masculino
1. saída
2. cortejo fúnebre; funeral; enterro
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''expressão de ódio reprimido''
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 157
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almadraque
nome masculino
1. almofada usada como assento ou para encostar a cabeça; travesseiro; coxim
2. colchão grosseiro; enxerga
1. almofada usada como assento ou para encostar a cabeça; travesseiro; coxim
2. colchão grosseiro; enxerga
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''(...) ver raiar nos olhos dela a Eternidade''
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 155
«Para entender estrelas, o melhor, é viver como elas a arder sempre.»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 141
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 141
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''Dizemos que alguma coisa é má apenas porque a nossa visão limitada do mundo a faz aparecer como má, isto é, como oposta ao que seria nosso desejo; as coisas deixarão de ser más (ou boas, como oposto a más), no momento em que transcendermos a nossa visão particular do Universo.''
Agostinho da Silva, Alcorão (1947).
''as árvores deformam-se na névoa''
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 136
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« UMA MULHER
Vê! Todo o souto treme e não há vento...
OUTRA MULHER
As nuvens caem no vale como mortas.»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 134
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« UM VELHO
As árvores ficam com ossadas...Todas as folhas caem sobre a morta.»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 134
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«O meu coração jamais se abriu para que Deus entrasse;»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 215
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«Duas lágrimas rolaram dos seus olhos vazios;»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 212
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«No cume da fome, da sede e da dor encontra-se Deus.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 211
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«Muitos desses ascetas selvagens tornaram-se loucos. Acreditam que lhes foram dadas asas e tentam voar sobre o abismo. Em baixo, a margem está coberta de ossadas.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 209
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«-Tem paciência, não estejas triste. É necessário que a nossa alma resista bem e não sucumba porque se algumas almas soçobrarem no mundo, o mundo desmoronar-se-á. São essas almas que o sustêm. É pouco mas é bastante.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 204
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«SIGLA: Porra!
Pancada do ponteiro.
NINA: Desabafa, é a tua vez dos palavrões.»
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 149
Pancada do ponteiro.
NINA: Desabafa, é a tua vez dos palavrões.»
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 149
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«SIGLA: Estás mas é louca, tu é que não percebes. Tu é que não vês a maneira como olhas às vezes. (Sorriso fatigado de Nina.) E os lapsos, Nina. Os silêncios em que ficas de repente...e tu nem notas.»
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 135
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«O que é preciso é ter memória, quando ninguém se lembra da gente.»
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 122
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 122
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« ESCUTA: Ao menos para passar fome, passo-a sozinha.»
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 106
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 106
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Then I Heard A Bachelor's Cry
Then I Heard A Bachelor's Cry
Lately I've been searching, searching for answers
I walk around the boulevards, looking for magicians
With a cold feet, black coat full of arms outstretched and a leading voice
And I can't help but shout at the top of my lungs
Who is next in line to get hurt
Who is next in line to get speared
Bad mouth, bad habits
Now leads icicles growing out me hair
Our past I'd guaranteed you if you'd stay with me your tomorrow will be endlessly free
Don't know what it was that had made you to come by
Though I know God created me beautifully but don't you know beauty will forever kill
Who is next in line to get hurt?
Who is next in line to get speared?
I am sorry
I can see our future
It isn't so bright
There isn't any light
Who is next in line to get hurt
Who is next in line to get my spear
And so I wait
I wait for my next prey
I wait
Here
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''o soutien é uma grinalda a comemorar o corpo''
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 83
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«-Eu até encontrava um certo charme ao tipo.
-Também eu, também eu. Mas na cama...só lhe digo: analfabeto como a menina não pode imaginar.»
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 83
-Também eu, também eu. Mas na cama...só lhe digo: analfabeto como a menina não pode imaginar.»
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 83
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« SIGLA: Sei. Para mim é como estava: a menina que volta para casa debaixo de chuva. Tem até qualquer coisa de romântico, esse fim.
NINA: Romântica era a tua avó. E tu ainda és pior que queres que todos os fins acabem em casa, a dar ao rabo. »
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p, 74
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PLANO C
Em mangas de camisa, pistola à vista, o Agente contempla o poster de uma mulher nua.
Tira um pente do bolso traseiro das calças e, sem deixar de olhar o cartaz, compõe o cabelo. Afasta-se e aproxima-se da figura, analisa pormenores, coçando os testículos de mão no bolso.
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''Sigla dá-lhe um beijo convencional de despedida.''
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 62
sábado, 28 de novembro de 2015
"Quando estou felizmente apaixonado, a minha vida fica cheia de prazer imediato e nem o passado nem o futuro me preocupam. Se o meu coração fica vazio, os meus pensamentos viram-se para o passado ou para o futuro, que acaba em morte, e a tristeza envolve-me. Por isso o amor é a única salvação do tempo pernicioso, salva-nos do passado e do futuro; pára o tempo no dia feliz de hoje.
Se o tepo pára para alguém que está apaixonado, isso quer dizer que a única forma de parar o tempo é estar constantemente apaixonado. E como é impossível estar constatemente apaixonado por uma mulher, estou constantemente a apaixonar-me por mulheres diferentes."
Alexandre Puchkine. "Diário Secreto (1836-1837)"
sexta-feira, 27 de novembro de 2015
"Olhar esta ausência que é a única possível porque está escrita dentro de mim e, opaca, se estende no insensível curso do tempo.
Ver nela os erros repetidos e não ter coragem de lhes pôr termo. Não passar do vómito, de projectos vagos do que já hoje deveria estar consumado.
Quem arrumou a mesa onde escrevo trocou todos os lugares de todas as coisas.
Deixou intacto apenas o crâneo branco, meu interlocutor visível desde há alguns dias. O que ele me diz, digo-o eu há meses, há anos. Ele é uma pedra por onde passou o hálito de um ser. É enquanto passa que o hálito corrói.
Ninguém já pode numa das mãos os meus olhos e beijar com a outra a minha face agónica. É tarde na noite e no tempo. Ouço em mim o murmurar exterior do silêncio abafando cada vez mais o borbulhar dos gestos que reservara para mim. Quem outrora esperei sobe agora todos os degraus que eu não quero subir,
Devo olhar-me bem para me aniquilar melhor."
Ver nela os erros repetidos e não ter coragem de lhes pôr termo. Não passar do vómito, de projectos vagos do que já hoje deveria estar consumado.
Quem arrumou a mesa onde escrevo trocou todos os lugares de todas as coisas.
Deixou intacto apenas o crâneo branco, meu interlocutor visível desde há alguns dias. O que ele me diz, digo-o eu há meses, há anos. Ele é uma pedra por onde passou o hálito de um ser. É enquanto passa que o hálito corrói.
Ninguém já pode numa das mãos os meus olhos e beijar com a outra a minha face agónica. É tarde na noite e no tempo. Ouço em mim o murmurar exterior do silêncio abafando cada vez mais o borbulhar dos gestos que reservara para mim. Quem outrora esperei sobe agora todos os degraus que eu não quero subir,
Devo olhar-me bem para me aniquilar melhor."
-"Aventuras de Um Crâneo e Outros Textos"
- Mário Botas
- Mário Botas
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
«SIGLA: Guardavas as nódoas negras...o meu cheiro...Tudo o que ficava na pele era sagrado. (Sorriso:) Estupor de palavra, sagrado!»
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 61
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«Nada disse. Nada disse, por cobardia.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 201
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«Com os olhos que não dormem, da saudade...»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 131
montear
verbo transitivo
caçar no monte
verbo intransitivo
fazer montaria, andar à caça no monte
caçar no monte
verbo intransitivo
fazer montaria, andar à caça no monte
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«São jóias da Morte os teus cabelos...»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 120
«São dois abismos a beijar-se...»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 119
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«Saboreio o teu cheiro como um corvo.»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 118
«...a terra que fez noite nos teus olhos...»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 117
freiras-flores
«Têm pouca luz aquelas flores. São freiras-flores.»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 116
«Nem sossegou na vida nem na morte.»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 110
«Tomara eu que o vento se calasse.»
António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 110
sábado, 21 de novembro de 2015
"Nenhum gato reconheceu Ulisses no
seu regresso a casa. Nem consta
que algum brincasse com os novelos
que a mulher dobava e desdobava
durante a longa ausência para
iludir os pretendentes. Por isso
me soa estranha a Odisseia e o
regresso a Ítaca sem o festivo içar
da cauda dum gato."
seu regresso a casa. Nem consta
que algum brincasse com os novelos
que a mulher dobava e desdobava
durante a longa ausência para
iludir os pretendentes. Por isso
me soa estranha a Odisseia e o
regresso a Ítaca sem o festivo içar
da cauda dum gato."
-"O Segundo Olhar"
- Inês Lourenço
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"A alma e o mundo estão confundidos um com o outro, de maneira que eu tento fazer a história dessas percepções, desse sentimento. Essa é que é a nossa história, uma história real. A história de uma personagem que existe e se desenvolve não é comigo, embora eu adore esses grandes, sei lá, Rousseau, por exemplo. Rousseau foi um dos primeiros que perceberam que contra a história dele era contar, refazer a história do mundo, para que ele correspondesse àquilo que ele imaginava que seria a sua vocação."
Eduardo Lourenço / José Jorge Letria. "Eduardo Lourenço: A História é a Suprema Ficção"
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segunda-feira, 16 de novembro de 2015
"(amamos a infelicidade com desespero. Não usamos perfumes nem cremes para mascarar o corpo, não usamos filhos para a sobrevivência, aliás nem filhos temos, e eu não os poderei ter, quanto ao mano, as mulheres das revistas não engravidam com o seu esperma, temos esta casa e dinheiro para acordarmos todos os dias sós. Confortavelmente sós. Temos os corpos dos outros, temos sempre os corpos dos outros, como num filme mudo, andam calados pelo ecrã, mostram-se em cada passada, somos os espectadores dessa passagem)"
Rui Nunes. "A Boca na Cinza"
«Por toda a parte há gente que tem fome enquanto outros lambem os beiços, enfartados. Por toda a parte há lobos e cordeiros: ou comes ou és comido. Só uma lei permanece inviolável no mundo: a lei da selva.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 194
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 194
«SIGLA: Não há nada pior do que enganar a memória. E tu fazes por isso, Nina.
(...)
SIGLA: Enches buracos.
(...)
SIGLA: Cruzas...Inventas enredos, os tais enredos. E depois saem fantasmas.
(...)
SIGLA: Fantasmas...escreve aí, anda! Eu para ti passo a vida a carregar os fantasmas que tu inventaste.»
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 58
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MATAR O TEMPO
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 54
''em pinceladas negras imita lágrimas de rímel''
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 49
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«(...) À força de guardarmos o sono dos outros acabamos por perder o nosso.
TRALÁLÁ: O nosso, vírgula! Eu cá, graças a Deus, durmo que nem uma pedra!»
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 47
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« TRALÁLÁ: Com sabidonas é que eu me entendo.»
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 44
José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 44
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domingo, 15 de novembro de 2015
"Outrora o relógioa tocava nas asas das borboletas e o fecundo pó depositava-se-me na boca. O tempo, em Cuma, tem sabor a saliva. Há quem espere por nós para morrer docemente entre as silvas, a camisa branca manchada de um mosto acre, enquanto as abelhas zumbem em torno dos cachos de amoras, embaciando-os. Pedi boleia na estrada que vai de Cuma para onde."
-"Quem da Pátria Sai a Si Mesmo Escapa?"
- Rui Nunes
-"Quem da Pátria Sai a Si Mesmo Escapa?"
- Rui Nunes
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