sábado, 13 de outubro de 2018
«... fui acusado de, entre as crónicas que escrevo
e poemas que publico não haver praticamente
diferença do ponto de vista da expressão. Mas o
prosaico não elimina o poético. Há que tempos que
se eliminou a distinção entre o poético e o
prosaico no aspecto formal. Sabe-se lá o que é uma
coisa e o que é outra!»
Alexandre O'Neill, Entrevista a Eduarda Ferreira «A descoberta da poesia é sempre solitária», Notícias da Tarde, Lisboa, Ano 2, nº 289, 17.09.1983, p. 14.
e poemas que publico não haver praticamente
diferença do ponto de vista da expressão. Mas o
prosaico não elimina o poético. Há que tempos que
se eliminou a distinção entre o poético e o
prosaico no aspecto formal. Sabe-se lá o que é uma
coisa e o que é outra!»
Alexandre O'Neill, Entrevista a Eduarda Ferreira «A descoberta da poesia é sempre solitária», Notícias da Tarde, Lisboa, Ano 2, nº 289, 17.09.1983, p. 14.
''Este varão, não menos eminente pelo engenho do que pelo patriotismo em que não o venciam os
caracteres ilustres da Roma de Cipião e de Paulo Emílio, descansava das antigas lutas da palavra (inútil e
muda sob as mordaças do despotismo) no regaço da tranquilidade doméstica. O antigo tribuno, cuja voz
soara cheia de eloquência no nosso primeiro congresso liberal, quando foi lançado nos cárceres, vivia
estranho às conspirações preparadas (…) para derrubar um poder, que diante da Europa parecia
condenado a exumar do túmulo do passado as demências ensanguentadas de Tibério”
Benalcanfor, 1874
What Does Beauty Look Like in the Age of Algorithms?
Plastic surgery, artificial intelligence and the pursuit of perfection come together in science fiction artist Lucy McRae’s futuristic new work.
“When I started making clothes for my line Y’s in 1977, all I wanted was for women to wear men’s clothes. I jumped on the idea of designing coats for women. It meant something to me – the idea of a coat guarding and hiding a woman’s body. I wanted to protect the woman’s body from something – maybe from men’s eyes or a cold wind.”
Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer
Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer
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"I think that my men's clothes look as good on women as my women's clothing […] When I started designing, I wanted to make men's clothes for women."
Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer
Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer
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quarta-feira, 10 de outubro de 2018
vanidade
va.ni.da.de vɐniˈdad(ə)
nome feminino
1.
carácter do que é vão
2.
coisa inútil ou sem valor; inutilidade
3.
insignificância
domingo, 7 de outubro de 2018
«No contexto de uma entrevista recente, e não é senão um
exemplo entre muitos, o responsável por uma das grandes
editoras portuguesas afirmava que dentro de dez anos ninguém
editaria poesia em Portugal, e que esta estaria confinada a
edições marginais, em tiragens de quarenta ou cinquenta
exemplares. Por que falar, então, da poesia como exercício de
contrapoder? A resposta é: por isto mesmo. »
Rosa Maria Martelo
Rosa Maria Martelo
«Conheceríamos uma era em que teríamos já desistido ou teríamos de desistir de tentar imaginar ou
desejar um rosto para o futuro. Esta situação dever-se-ia a um medo que inibe a própria imaginação
e de que padeceríamos para além de todo e qualquer pessimismo individual ou grupal. E contudo se
não houver futuro, se não tivermos futuro, seremos como dizia o outro, "cadáveres adiados que
procriam". (…) Ora nós precisamos do futuro como do ar que respiramos. (…) Aliás, a tese sobre o
"fim da história" começa por ser uma história mal contada e, mais do que um diagnóstico, representa
uma tentativa de eternização de um presente reduzido e um bloqueamento do futuro por esgotamento
dos possíveis.»
Manuel Gusmão
Manuel Gusmão
Numa página, do Manifesto do Partido
Comunista de Marx e Engels, encontramos a seguinte frase, «tudo o que era dos
estados [ou ordens sociais] e estável se volatiza, tudo o que era sagrado é dessagrado,
e os homens são por fim obrigados a encarar com os olhos prosaicos a sua posição na
vida, as suas ligações recíprocas»
Não há liberalismo sem medo
«no séc. XIX aparece toda uma educação do perigo, toda uma cultura
do perigo que é muito diferente dos grandes sonhos ou das grandes ameaças do
Apocalipse, como a peste, a morte ou a guerra de que se alimentava a imaginação
política e cosmológica da Idade Média e ainda do séc. XVII. Desaparecimento dos
cavaleiros do Apocalipse e, pelo contrário, aparecimento, emergência, invasão dos
perigos quotidianos, perigos quotidianos perpetuamente animados, reactualizados,
postos em circulação por aquilo a que se poderia chamar a cultura política do perigo
no século XIX, que apresenta uma série de aspectos. Temos, por exemplo, a campanha
de inícios do séc. XIX sobre as caixas económicas; a partir de meados do séc. XIX,
assiste-se ao aparecimento da literatura policial e do interesse jornalístico pelo crime;
surgem campanhas a propósito da doença e da higiene; vejam tudo o que se passa
também acerca da sexualidade e do receio da degenerescência; degenerescência do
indivíduo, da família, da raça, da espécie humana. Enfim, assiste-se em toda a parte a
este estímulo do medo do perigo, que, de certo modo, é a condição, o correlativo
psicológico e cultural interno do liberalismo. Não há liberalismo sem medo».
Foucault
«sequência do célebre filme de Eisenstein O Couraçado Potemkin, em que a tristeza do
luto (as mulheres que choram e se recolhem diante do cadáver do marinheiro
assassinado) se transforma em cólera surda (as mãos desoladas em punhos cerrados),
cólera surda que se transforma ela própria em discursos políticos e cantos
revolucionários, cantos que se transformam eles próprios em cólera exaltada,
exaltação que se transforma ela própria em acto revolucionário. Como se o povo em
lágrimas se tornasse, sob os nossos olhos, um povo em armas» (Didi-Huberman, 2015:
39)
«Era uma vez um velho turco, que tinha um único filho e a quem queria mais do que à luz dos seus
olhos. Todos sabem que para os Turcos o maior castigo que Deus deitou ao mundo é o trabalho; por isso
quando o filho fez catorze anos, pensou pô-lo na escola, para aprender o melhor sistema de fazer
sorna» (Calvino, 2000: 206)
“trabalho é a melhor polícia, que retém cada indivíduo pelo freio
e que sabe impedir com firmeza o desenvolvimento da razão,
do desejo e do prazer da independência. Pois faz despender
enorme quantidade de energia nervosa, e subtrai essa energia
à reflexão, à meditação, ao sonho, à inquietação, ao amor e ao ódio.”
Friedrich Nietzsche
Os Apologistas do Trabalho
Friedrich Nietzsche
Os Apologistas do Trabalho
«Com a leitura silenciosa instaura-se uma nova relação com o texto
escrito, mais secreta, mais livre, totalmente interiorizada. A partir de então, o
mesmo texto pode ser utilizado de diversas maneiras, lido em silêncio para a
própria pessoa, na privacidade do escritório ou da biblioteca, ou então em voz
alta para outras pessoas […]. A revolução da leitura precede pois a do livro
(mesmo que a leitura oralizada, murmurada, “ruminada” continue a ser durante
muito tempo a forma de ler dos leitores mais populares).»
(Chartier, 1998: 11-12)
(Chartier, 1998: 11-12)
«O poder de alusão da poesia — que a tal se resume tudo quanto a tradição da análise literária clássica especificou sob os nomes de vários tropos (metáforas, perífrase, etc., etc.) — não coube nunca nessas prisões douradas que a crítica lhe foi tecendo pelos séculos fora. O poeta diz muito em poucas palavras… e a análise literária diz de menos em palavras demais. Ai de nós, tentar compreender é uma doença incurável. Pois continuemos tentando.»
ADOLFO CASAIS MONTEIRO,
A Palavra Essencial, p. 133.
sábado, 6 de outubro de 2018
«andam fantasmas negros
pelas ruas a baterem às portas… »
Fernando Namora
pelas ruas a baterem às portas… »
Fernando Namora
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versos soltos
«A rua lembra um quadro cubista
pintado num momento aflitivo de pesadelo.»
Fernando Namora
pintado num momento aflitivo de pesadelo.»
Fernando Namora
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versos soltos
«(...)
Partir,
mas com a espontaneidade de quem sente que parte,
e não com o desespero
de quem quer fazer-se partir. »
João José Cochofel
Partir,
mas com a espontaneidade de quem sente que parte,
e não com o desespero
de quem quer fazer-se partir. »
João José Cochofel
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poesia
Resignado
não reajo
contra o que tem de ser.
A minha poesia
é toda feita de melancolia;
eu de fatalismo.
No íntimo
há coisas vagamente pensadas,
vagamente…
Para quê reagir?... ´
No íntimo
há a certeza triste
de tudo perdido
– tudo.
João José Cochofel
contra o que tem de ser.
A minha poesia
é toda feita de melancolia;
eu de fatalismo.
No íntimo
há coisas vagamente pensadas,
vagamente…
Para quê reagir?... ´
No íntimo
há a certeza triste
de tudo perdido
– tudo.
João José Cochofel
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poetas portugueses
egotismo
e.go.tis.mo ɛɡɔˈtiʒmu
nome masculino
nome masculino
1.
sentimento exagerado da própria personalidade
2.
mania de falar de si, de se vangloriar
3.
subjetivismo
«se as palavras, na relatividade do seu poder transmissivo, desvirtuadas por mil acepções, já de si
são névoa que encobre as ideias, comprimi-las em moldes preconcebidos, afogá-las no oceano
das regras estilísticas e gramaticais, é quase sempre matar o poeta, o artista, em proveito, quando
muito, do artífice do verso. »
Martim Noel Monteiro
Martim Noel Monteiro
«o romance, apesar da condenação de alguns dos seus próprios cultores, aparece-nos com
extraordinária importância hoje. É talvez a manifestação artística mais concreta. A poesia dá-nos
uma afirmação que muitas vezes compreendemos mais sensivelmente do que inteligentemente. É
uma síntese. No romance aparece-nos a afirmação também mas mais concretamente. Concreto,
talvez não seja a expressão própria. Queremos dizer: enquanto num poema se nos afirma
directamente é, num romance afirma-se-nos é duma forma talvez mais indirecta mas mais
documentada: - é por isto, não é por aquilo. A poesia dar-nos-á directamente uma sensação. O
romance explicar-no-la-á. O poeta que cante a miséria dum camponês pode desconhecer (e
talvez mesmo não no-lo deva dar) o tamanho exacto da sua choupana, o preço dos géneros
alimentícios em relação com o seu salário, as minúcias do seu estado de cultura ou incultura. O
romancista, pelo contrário, deve conhecer todas essas minúcias, deve dar-no-las
circunstanciadamente, deve pôr sempre um problema, enunciá-lo e resolvê-lo.»
Mário Dionísio. ''A propósito de Jorge Amado - I”, O Diabo, nº164, 14.11.1937, p.3.
«se a obra dos novos escritores literariamente se tem manifestado em público de preferência no
campo da poesia, não quer isso dizer que outras formas de expressão – sobretudo o romance – os
não solicitem mais. Na realidade, o romance é a modalidade literária mais adequada à expressão
da nossa época e é nele que geralmente a arte realista apresenta as suas realizações mais
convincentes.»
Fausto Ribas
Fausto Ribas
ouropel
ou.ro.pel o(w)ruˈpɛɫ
nome masculino
1.
lâmina de latão que imita o ouro
2.
ouro falso
3.
figurado falso brilho
4.
figurado aparência enganadora
parangona
pa.ran.go.na pɐrɐ̃ˈɡonɐ
nome feminino
1.tipo de impressão, de corpo grande (caracteres tipográficos de 18 ou 21pontos), muito utilizado em anúncios e cartazes
2.notícia publicada nos jornais em lugar de relevo e em caracteres grandes
3.figurado grande palavreado, sem jeito
«(...) só realiza verdadeira cultura aquele que vive em permanente libertação: libertação de certas
formas obsoletas de todo incompatíveis com o pensar actual e libertação do falso historicismo de
mera cultura compreensiva que se traduz em vontade de repetição. A verdadeira historicidade
supõe predisposição que nos conduza à descoberta das fontes que nutrem toda a vida, e, portanto,
a actual também.»
Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
«Perante o seu incerto destino, de duas uma: ou [o intelectual] se mantém altivamente no seu
posto neutral de simples observador ou aceita realizar tarefas que a sociedade existente possa
pedir-lhe para diverti-la ou justificar, pela criação de qualquer ideal espiritual, as empresas
interessadas a que ela se dedica.»
Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
«É que a relação de dependência entre a literatura e os fenómenos sociais possui tal amplitude que
aquela tem, necessariamente, de acompanhar a linha evolutiva destes, amoldando-se às novas
condições da sociedade, servindo de expressão às novas inquietações do tempo, concretizando as
novas aspirações da Humanidade.»
Jorge Domingues. O real e o irreal na literatura, O Diabo, nº169, 19.12.1937, p.5.
Don't Play That Song - Aretha Franklin
[Verse 1]
Don’t play that song for me
Cause it brings back memories
Of days that i once knew
The days that i spent with you
Oh no! Don’t let them play it (oh no!)
It fills my heart with pain (it hurts!)
Please stop it right away
Cause i remember just a’ what he said
[Chorus]
He said, darling (darling i, i love you)
And i know that he lied (darling i, i love you)
You know that you lied (darling i, i love you)
You know that you lied (you lied)
Lied (you lied)
You lied (to me)
[Verse 2]
Hey mister, don’t play it no more
Don’t play it no more
I can’t stand it
Don’t play it no more (no more)
No more (no more)
No more (can’t stand it)
I remember on our first date
He kissed me and he walked away
I was only seventeen
I never dreamed he’d be so mean
[Chorus]
He told me darling (darling, i love you)
Baby, baby, you lied (darling, i need you)
You, you lied (darling, i love you)
You know that you lied (you lied)
Lied (you lied)
Lied, lied (to me)
[Outro]
O-o-oh darling (darling, i love you)
You know that you lied, yeah (darling, i need you)
You know i know you lied (darling, i love you)
Darling, you lied (you lied)
You lied (you lied)
You lied. You’re all that i need. You lied (to me)
O-u-o-o-o-oh, you lied (don’t play it no more)
Hey baby don’t play it no more (wo-o-oh, don’t play it no more)
Don’t do it. Don’t play it no more (wo-o-oh, for me)
No more (for me)
I can’t stand it no more (don’t play it no more)
Ouh! Hey! Don’t play it no more (wo-o-oh, don’t play it no more)
«Um dia, vinha para a vila o carvoeiro Zé Preto com o seu burro carregado de carvão. O burro progredia com dificuldade, não só porque a carga era pesada, mas também porque as moscas não o largavam. Ao passar a Valinha, um homem que morava ali junto ao caminho, querendo brincar com o Zé Preto, pediu se lhe podia arranjar um quilo de moscas!
- Arranjo, sim senhor!
Respondeu sem demoras o Zé. Parou o burro e começou a apanhar as moscas que pousavam no pobre do animal, aproveitando até as que estavam nos burros dos amigos que por ali passavam, juntando o tal quilo de moscas que lhe encomendavam. Encomenda pedida, encomenda arranjada, encomenda entregue:
-Aqui tem o que pediu, amigo!
Mas o homem, sentando-se numa pedra que estava mesmo junto ao caminho, começou a apartar as moscas, depois de uma olhadela atenta, seguida de uma breve pausa:
-Esta não é mosca, é mosco! Este é mosco..., este é mosco..., etc..., etc.... -
Não deixava o homem nada da parte que era suposta ser das moscas, para depois dizer que não pagava a encomenda que pedira. Zé Preto bem controlou os nervos para não desancar uma grande surra no esperto do homem. Mas não ficava pela demora.»
O Carvoeiro. Lendas do Vale do Minho. Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 105
- Arranjo, sim senhor!
Respondeu sem demoras o Zé. Parou o burro e começou a apanhar as moscas que pousavam no pobre do animal, aproveitando até as que estavam nos burros dos amigos que por ali passavam, juntando o tal quilo de moscas que lhe encomendavam. Encomenda pedida, encomenda arranjada, encomenda entregue:
-Aqui tem o que pediu, amigo!
Mas o homem, sentando-se numa pedra que estava mesmo junto ao caminho, começou a apartar as moscas, depois de uma olhadela atenta, seguida de uma breve pausa:
-Esta não é mosca, é mosco! Este é mosco..., este é mosco..., etc..., etc.... -
Não deixava o homem nada da parte que era suposta ser das moscas, para depois dizer que não pagava a encomenda que pedira. Zé Preto bem controlou os nervos para não desancar uma grande surra no esperto do homem. Mas não ficava pela demora.»
O Carvoeiro. Lendas do Vale do Minho. Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 105
''deambulações predatórias''
O Tomás das Guingostas. Lendas do Vale do Minho. Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 67
''Olha a sem vintém, (...)''
Santo Aginha. Lendas do Vale do Minho. Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 25
«Tens fermento da última cozedura de pão?»
Santo Aginha. Lendas do Vale do Minho. Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 25
domingo, 30 de setembro de 2018
«Por isto, e só por isto, temos existido »
T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 51
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Thomas Stearns Eliot,
verso solto
« Ossos secos não fazem mal a ninguém.»
T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 51
Etiquetas:
Thomas Stearns Eliot,
verso solto
(...)
«A altura é agora propícia, como ele pensa,
A refeição acabou, ela está cansada e aborrecida,
Tenta captá-la com carícias,
Que não são repelidas, embora não sejam desejadas.
Excitado e decidido, ataca de repente;
As suas mãos pesquisadoras não encontram defesa;
A vaidade dele não exige retribuição
E toma a indiferença por bom acolhimento.»
T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 39
«A altura é agora propícia, como ele pensa,
A refeição acabou, ela está cansada e aborrecida,
Tenta captá-la com carícias,
Que não são repelidas, embora não sejam desejadas.
Excitado e decidido, ataca de repente;
As suas mãos pesquisadoras não encontram defesa;
A vaidade dele não exige retribuição
E toma a indiferença por bom acolhimento.»
T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 39
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excerto,
Thomas Stearns Eliot
(...)
«Eu, Terésias, embora cego, palpitando entre duas vidas,
Velho de seios femininos enrugados, posso ver
Na hora violeta, a hora da noite que nos arrasta»
T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 37
«Eu, Terésias, embora cego, palpitando entre duas vidas,
Velho de seios femininos enrugados, posso ver
Na hora violeta, a hora da noite que nos arrasta»
T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 37
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Thomas Stearns Eliot
O SERMÃO DO FOGO
T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 35
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títulos de poemas
(...)
«Devias ter vergonha, disse eu, de parecer tão velha.
(E ela só tem trinta e um anos.)
Não é minha a culpa, disse ela, desanimada,
Foram os comprimidos que tomei para o desmancho, disse ela.
(Ela já teve cinco e quase morreu quando nasceu o Jorginho.)»
T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 31
«Devias ter vergonha, disse eu, de parecer tão velha.
(E ela só tem trinta e um anos.)
Não é minha a culpa, disse ela, desanimada,
Foram os comprimidos que tomei para o desmancho, disse ela.
(Ela já teve cinco e quase morreu quando nasceu o Jorginho.)»
T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 31
(...)
«arrastam a carcaça do verde e dos céus sáfaros
como pétalas podres caem mortos os pássaros
e à febre das areias que deliram ao sol
arremessam as águas primeiras do dilúvio
as espinhas dos peixes que dos bruscos terraços
das ondas se despenham em luas de petróleo
Chamávamos Europa ao sítio onde parou
o sangue que a estrela de seis pontas buscava
onde a sede do corpo por fim chegasse à alma
Mal eram começadas as letras que a serpente
sabiam encantar ensanguentou-se o livro»
Natália Correia. Poemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 178
«arrastam a carcaça do verde e dos céus sáfaros
como pétalas podres caem mortos os pássaros
e à febre das areias que deliram ao sol
arremessam as águas primeiras do dilúvio
as espinhas dos peixes que dos bruscos terraços
das ondas se despenham em luas de petróleo
Chamávamos Europa ao sítio onde parou
o sangue que a estrela de seis pontas buscava
onde a sede do corpo por fim chegasse à alma
Mal eram começadas as letras que a serpente
sabiam encantar ensanguentou-se o livro»
Natália Correia. Poemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 178
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Natália Correia,
poesia
Nina Simone - Black Is The Color Of My True Love's Hair
Black is the color of my true love's hair
His face so soft and wondrous fair
The purest eyes
And the strongest hands
I love the ground on where he stands
I love the ground on where he stands
His face so soft and wondrous fair
The purest eyes
And the strongest hands
I love the ground on where he stands
I love the ground on where he stands
Black is the color of my true love's hair
Of my true love's hair
Of my true love's hair
Of my true love's hair
Of my true love's hair
Oh I love my lover
And where he goes
Yes, I love the ground on where he goes
And still I hope
That the time will come
When he and I will be as one
When he and I will be as one
And where he goes
Yes, I love the ground on where he goes
And still I hope
That the time will come
When he and I will be as one
When he and I will be as one
So black is the color of my true love's hair
Black is the color of my true love's hair
Black is the color of my true love's hair
Black is the color of my true love's hair
Black is the color of my true love's hair
Compositores: Nina Simone
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(...)
«Que direcção tomar? Com os cérebros ligados
à corrente do inferno o medo é um caminho
de espantosos autómatos que acaba no ocaso
Porque o tempo não gosta dos que andam para a frente
e irado os espera com a espada do poente
Se chegarmos às portas do segundo milénio
como larvas activas de um numérico horror
numa pútrida data esperada pelos corvos
terminada a tarefa das flores asfixiadas
nas jarras retorcidas dos fins do oxigénio
a cobrir-nos os olhos teremos como prémio
o astro da fuligem que no umbral do ferro
pelo anjo da raiz quadrada está escrito.»
Natália Correia. Poemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 177
«Que direcção tomar? Com os cérebros ligados
à corrente do inferno o medo é um caminho
de espantosos autómatos que acaba no ocaso
Porque o tempo não gosta dos que andam para a frente
e irado os espera com a espada do poente
Se chegarmos às portas do segundo milénio
como larvas activas de um numérico horror
numa pútrida data esperada pelos corvos
terminada a tarefa das flores asfixiadas
nas jarras retorcidas dos fins do oxigénio
a cobrir-nos os olhos teremos como prémio
o astro da fuligem que no umbral do ferro
pelo anjo da raiz quadrada está escrito.»
Natália Correia. Poemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 177
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«nós saímos dos ovos e quisemos ser números »
Natália Correia. Poemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 173
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Aretha Franklin - I Never Loved A Man (The Way I Love You)
You're a no good heart breaker
You're a liar and you're a cheat
And I don't know why
I let you do these things to me
My friends keep telling me
That you ain't no good
But oh, they don't know
That I'd leave you if I could
I guess I'm uptight
And I'm stuck like glue
Cause I ain't never
I ain't never, I ain't never, no, no (loved a man)
(The way that I, I love you)
Some time ago I thought
You had run out of fools
But I was so wrong
You got one that you'll never lose
The way you treat me is a shame
How could ya hurt me so bad
Baby, you know that I'm the best thing
That you ever had
Kiss me once again
Don'cha never, never say that we we're through
Cause I ain't never
Never, Never, no, no (loved a man)
(The way that I, I love you)
I can't sleep at night
And I can't eat a bite
I guess I'll never be free
Since you got, your hooks, in me
Whoa, oh, oh
Yeah! Yeah!
I ain't never loved a man
I ain't never loved a man, baby
Ain't never had a man hurt me so bad
No
Well this is what I'm gonna do about it
You're a liar and you're a cheat
And I don't know why
I let you do these things to me
My friends keep telling me
That you ain't no good
But oh, they don't know
That I'd leave you if I could
I guess I'm uptight
And I'm stuck like glue
Cause I ain't never
I ain't never, I ain't never, no, no (loved a man)
(The way that I, I love you)
Some time ago I thought
You had run out of fools
But I was so wrong
You got one that you'll never lose
The way you treat me is a shame
How could ya hurt me so bad
Baby, you know that I'm the best thing
That you ever had
Kiss me once again
Don'cha never, never say that we we're through
Cause I ain't never
Never, Never, no, no (loved a man)
(The way that I, I love you)
I can't sleep at night
And I can't eat a bite
I guess I'll never be free
Since you got, your hooks, in me
Whoa, oh, oh
Yeah! Yeah!
I ain't never loved a man
I ain't never loved a man, baby
Ain't never had a man hurt me so bad
No
Well this is what I'm gonna do about it
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''orquídeas de fumo''
Natália Correia. Poemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 168
(...)
«e do fundo da noite que é o sexo à deriva
da bailarina nua vem uma estrela húmida
onde passa a correr uma mulher em chamas
montando um cavalinho que fugiu de uma libra»
Natália Correia. Poemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 167
«e do fundo da noite que é o sexo à deriva
da bailarina nua vem uma estrela húmida
onde passa a correr uma mulher em chamas
montando um cavalinho que fugiu de uma libra»
Natália Correia. Poemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 167
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A VIRGEM DE MEMLING ATRAI COM UMA MAÇÃ
OS SUICIDAS A BRUGES
Que mais pedir à lassidão e ao sonho
que o último tomo de uma geira
neste sonambulismo das coisas
em sua propriedade de cera?
Um cometa de lacre tudo selou
e na liturgia do sossego
inerte e insone a água ficou
num impossível voo negro
Propõem os sinos lêvedas horas
e estátuas jacentes submetidas
e falando uma língua morta
declinam os dias pendões de guildas
mercadoria de reinos mortos
que fundam penados sucursais
Sustendo o pó dois anjos seguram
o céu coroa seca de decimais
Húmida e amarela pinga nos canais
uma luz de sódio lua de gafeira
que as habitantes do esquecimento dá
a sua cor final e verdadeira
E eu peço a estas sombras empalhadas
(embalsamado horror de olhos abertos)
os sete palmos que honestamente vão
do meu coração aos meus desertos
Acaso é uma linha imaginária
a morte que separa este hemisfério
numa cordial agência funerária
de cinzas pó e nada
ou do mistério?
Natália Correia. Poemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 165/6
OS SUICIDAS A BRUGES
Que mais pedir à lassidão e ao sonho
que o último tomo de uma geira
neste sonambulismo das coisas
em sua propriedade de cera?
Um cometa de lacre tudo selou
e na liturgia do sossego
inerte e insone a água ficou
num impossível voo negro
Propõem os sinos lêvedas horas
e estátuas jacentes submetidas
e falando uma língua morta
declinam os dias pendões de guildas
mercadoria de reinos mortos
que fundam penados sucursais
Sustendo o pó dois anjos seguram
o céu coroa seca de decimais
Húmida e amarela pinga nos canais
uma luz de sódio lua de gafeira
que as habitantes do esquecimento dá
a sua cor final e verdadeira
E eu peço a estas sombras empalhadas
(embalsamado horror de olhos abertos)
os sete palmos que honestamente vão
do meu coração aos meus desertos
Acaso é uma linha imaginária
a morte que separa este hemisfério
numa cordial agência funerária
de cinzas pó e nada
ou do mistério?
Natália Correia. Poemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 165/6
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(...)
«Do préstito cardíaco da hora populosa
fica um último homem síncope de profecia
que ao clarão de uma árvore de lágrimas eléctricas
lê o último capítulo das gaivotas.»
Natália Correia. Poemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 164
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«metafísica dos homens sós »
Natália Correia. Poemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 156
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