« - Livros! Era do que ele gostava. Mas da vida não sabia nada, mesmo nada. Eu governava-lhe a vida. Olha para os meus calos - ela virou as mãos e mostrou-me as palmas, duras e calosas. - Ler livros não faz calos...»
Ilse Losa. Visita ao Passado in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 79
domingo, 4 de fevereiro de 2018
Conseguiste, alguma vez, ver o meu coração?
« - Trabalhavas muito...Perdeste três filhos. E não choravas.
- Não choravas! papagueou num tom cínico.
Depois dum momento de silêncio hostil, perguntou:
-Conseguiste, alguma vez, ver o meu coração?
Abanei a cabeça num gesto negativo.
-Então nada sabes de mim. Mas como podias saber? Eras uma criança...»
Ilse Losa. Visita ao Passado in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 79
sábado, 3 de fevereiro de 2018
segunda-feira, 29 de janeiro de 2018
Pessoa recusava essencialmente o espírito partidário ou sectário na
literatura e na intelectualidade. “O papel da inteligência é estar au dessus de
la mêlée”,4
escreveu em 1934, repetindo uma frase de Romain Rolland em
1914. Outro texto seu era encimado por esta afirmação: “A função da inteligência
é renegar as paixões”,5
exactamente como Julien Benda defendera
em La trahison des clercs, de 1927, ser o dever dos intelectuais.
«Todo o artista que dá à sua arte um fim extra-artístico é um
infame. É, além disso, um degenerado no pior dos sentidos
que a palavra não tem. É, além disso e por isso, um anti-social.
A maneira de a arte ser social é ser anti-social. A maneira
de o artista colaborar utilmente na vida da sociedade
a que pertence é não colaborar nela. Assim lhe ordenou a
Natureza que fizesse, quando o criou artista e não político
ou comerciante. [...] Quanto mais instintivamente se fizer
essa divisão do trabalho social, mais perfeito será o funcionamento
da sociedade [...] É perfeitamente lógico que um
artista pregue a Decadência na sua arte, e, se for político,
pregue a Vida e Força na sua política. É, mesmo, assim que
deve ser. Não se admite que um artista escreva poemas patrióticos,
como não se admite que um político escreva artigos
antipatrióticos. »
Fernando Pessoa
domingo, 28 de janeiro de 2018
AS CIDADES PROCURAM-SE
As cidades procuram-se as cidades
Hão-de encontrar-se num tempo mais puro
Agora beijam-se através dum muro
Crivado de balas de obscenidades
De lágrimas de sangue de verdades
Escritas depressa e onde é mais escuro
E por enquanto do amor futuro
Conhecemos os gestos das cidades
Nas mãos que se levantam desesperadas
Nos olhos cansados de não ver
E nas bocas fechadas e amargas
Há outros gestos prontos a romper
Palavras em silêncio acumuladas
Cidades e cidades por nascer.
Fevereiro de 1952
Hão-de encontrar-se num tempo mais puro
Agora beijam-se através dum muro
Crivado de balas de obscenidades
De lágrimas de sangue de verdades
Escritas depressa e onde é mais escuro
E por enquanto do amor futuro
Conhecemos os gestos das cidades
Nas mãos que se levantam desesperadas
Nos olhos cansados de não ver
E nas bocas fechadas e amargas
Há outros gestos prontos a romper
Palavras em silêncio acumuladas
Cidades e cidades por nascer.
Fevereiro de 1952
Alexandre O' Neill
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HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca
(...)
Alexandre O ' Neill
Como se tivessem boca
(...)
Alexandre O ' Neill
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«Às dores inventadas
Prefere as reais
Doem muito menos
Ou então muito mais »
Alexandre O' Neill
Prefere as reais
Doem muito menos
Ou então muito mais »
Alexandre O' Neill
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«Mas torna-se necessário, antes de mais nada, que o público conheça o que critica e que não exija, se me permitem uma metáfora impertinente que um quadro sirva para ensinar a ler ou para fazer andar os que não têm pernas. Um quadro é um reflexo do mundo, mas não reflecte o mundo como um espelho, pois esta é a função dos espelhos e não dos quadros.Um quadro age sobre o mundo, mas não como uma escola ou um exército, pois esta é a função das escolas e dos exércitos - e não a dos quadros.»
''são a verdades mais evidentes que geralmente esquecemos''
Mário Dionísio in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103
«Na realidade, um público inculto e indiferente acabará , cedo ou tarde, por levar muitos e muitos artistas a criar uma arte superficial e medíocre; um público atento, culto e exigente acabará por provocar o aparecimento de uma arte séria, profunda, ousada e eficiente, uma arte à altura dele. Mas evitemos cuidadosamente um público exigente que seja, ao mesmo tempo, inculto e superficial.»
Mário Dionísio in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103
«Vivendo entre trabalhadores, vi claramente que o produto do trabalho é função da qualidade do chefe tanto quanto do esforço dos homens. (...) Quando a guerra me arrancou à fábrica, reencontrei nos exércitos o mesmo problema. (...) Um milhão de homens mal comandados era apenas uma multidão ineficaz; se um verdadeiro chefe a tomava nas mãos, esta multidão torna-se temível.»
André Maurois
terça-feira, 23 de janeiro de 2018
domingo, 21 de janeiro de 2018
País progressivo
«(...) só o será se a grande massa da população possuir uma cultura eficiente, estiver apetrechada para compreender e usar os meios próprios da transformação da sociedade.»
VÉRTICE. Revista de Cultura e Arte, Fevereiro de 1946, Fascículo 5., p. 2
VÉRTICE. Revista de Cultura e Arte, Fevereiro de 1946, Fascículo 5., p. 2
GITANJALI
(FRAGMENTO)
Lá onde o espírito nada teme e se vive de cabeça erguida;
Lá onde o conhecimento é livre;
Lá onde o mundo não foi dividido por estreitas paredes
intermédias;
Lá onde as palavras emanam da profunda sinceridade;
Lá onde o esforço infatigável estende os braços para a
perfeição;
Lá onde a clara corrente da razão não morre no árido
e morno deserto do costume;
Lá onde o espírito por ti guiado avança no alarga-
mento contínuo do pensamento e da acção;
Nesse paraíso de liberdade, meu pai, permite que a minha
pátria se levante.
Rabindranath Tagore
Lá onde o espírito nada teme e se vive de cabeça erguida;
Lá onde o conhecimento é livre;
Lá onde o mundo não foi dividido por estreitas paredes
intermédias;
Lá onde as palavras emanam da profunda sinceridade;
Lá onde o esforço infatigável estende os braços para a
perfeição;
Lá onde a clara corrente da razão não morre no árido
e morno deserto do costume;
Lá onde o espírito por ti guiado avança no alarga-
mento contínuo do pensamento e da acção;
Nesse paraíso de liberdade, meu pai, permite que a minha
pátria se levante.
Rabindranath Tagore
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''Não há nada que faça mais sucesso do que o próprio sucesso.''
Cientista político Jan-Werner Müller
nativismo
na.ti.vis.mo
nɐtiˈviʒmu
nome masculino
1.
FILOSOFIA teoria que afirma a existência nos seres humanos de noções ouestruturas mentais congénitas, anteriores à experiência; inatismo
2.
valorização excessiva do que é nacional, acompanhada de aversão ao queé estrangeiro
3.
proteção e valorização de uma cultura nativa como forma de resistência àaculturação
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infopédia,
língua portuguesa,
significados
Anticipations of the Reaction of Mechanical and Scientific Progress upon Human Life and Thought, 1901
Herbert George Wells (1866-1946)
«Revisitar e refletir sobre o que outros escreveram acerca do futuro que é hoje o nosso presente permite-nos avaliar a capacidade humana de prever e revela os contornos mais profundos da condição humana.»
sábado, 20 de janeiro de 2018
«Há coisas que, definitivamente, passaram de moda. Mas também é verdade que ainda não temos o hábito de discutir ideias sem agredir os respectivos autores ou expositores; de vencermos as nossas pequeninas vaidades onde elas não contam e, em vez delas, cultivarmos o amor da objectividade na busca da verdade. Coisas difíceis, todas elas, a quem torna públicos os seus ataques de fígado em vez de, pelo contrário, com muito mais senso, procurar discretamente o conselho de um bom médico. Que essas coisas de vómitos andam, muitas vezes, ao que oiço dizer, ligadas a perturbações do órgão hepático. Mas não desejando meter foice em seara alheia,
Creia, Sr. Director, na consideração do
Joel Serrão.»
Creia, Sr. Director, na consideração do
Joel Serrão.»
«O mais ingrato estudo em sociologia é o crime.»
A criminalidade feminina por Luís de Carvalho e Oliveira
«Este é o grito da sirene dos carros da polícia. Deu-se um crime em Sunset Boulevard eram 4 horas da madrugada. O ruído de uma descarga de tiros, despertou a multidão. Este é o meu corpo boiando à tona de água. Estou morto. São agora 9 horas da manhã. A imprensa vai especular, contar histórias diferentes. Por isso, vou eu narrar os factos, tal como ocorreram.»
Billy Wilder
Billy Wilder
«(...) a ambição do dinheiro como mola impulsionadora do drama;»
Billy Wilder, sua obra e sua importância no cinema ''Negro'' por Mário Bonito
Definição de «filme negro»
« diremos que, de modo geral, se caracteriza por: realismo de ambiência; personagens tentados ao suicídio e ao isolamento, em resultado da impotência ou da indiferença; e exposição da narrativa em termos mais ou menos pessimistas e violentos.»
Billy Wilder, sua obra e sua importância no cinema ''Negro'' por Mário Bonito
Billy Wilder, sua obra e sua importância no cinema ''Negro'' por Mário Bonito
'' chumbei-lhe uma perna e uma asa.''
A Morte do Gaio. Contarelos De um livro para jovens, longamente à espera de Editor, por Irene Lisboa
“É fácil falar de Literatura porque me estou borrifando para a opinião dos críticos encartados e dos escritores encartados”
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quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
quarta-feira, 17 de janeiro de 2018
«Esqueço-me de viver se te recordo,»
Manuel Altolaguirre. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 290
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«Era minha dor tão alta
que avistava o outro mundo
olhando sobre o poente.»
Manuel Altolaguirre. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 287
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«Se altas são as torres, alta é a coragem.»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 281
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''Há sangue caído''
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 280
BALADA DA NOSTALGIA INSEPARÁVEL
Sempre esta nostalgia, esta inseparável
nostalgia que tudo afasta e modifica.
Diz-mo tu, árvore.
Olho-te. Olhas-me. E já não és a mesma.
Nem é o mesmo vento que te está a açoitar.
Diz-me tu, água.
Bebo-te. Bebes-me. E já não és a mesma.
Nem é a mesma terra a da tua garganta.
Diz-me tu, terra.
Tenho-te. Tens-me. E já não és a mesma.
Nem é o mesmo o sonho de amor que te possui.
Diz-mo tu, sonho.
Tomo-te. Tomas-me. E já não és o mesmo.
Nem é a mesma estrela que está a adormecer-te
Diz-mo tu, estrela.
Chamo-te. Chamas-me. E já não és a mesma.
Nem és a mesma noite clara quem te queima.
Diz-mo tu, noite.
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 279/80
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«posso viver de novo, se tu mandas,
morrer, morrer também, se assim o queres.»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 278
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«Não quero separar-me de meus olhos,
do meu coração, mãe, nem um momento,»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 278
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''cadáveres de vozes conhecidas''
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 276
''névoa caporal de tabaco''
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 275
segunda-feira, 15 de janeiro de 2018
(...)
«Mas quando já nos anos que se têm
correm por nosso sangue mais mortos do que anos,
o melhor é ser álamo,
Álamo que assistiu a uma batalha
e vai contando noites com nomes de soldados.»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 275
«(...) no ombro de uma ave não havia flor que apoiasse a cabeça.»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 271
Segunda lembrança
Também antes,
muito antes da rebelião das sombras,
de que ao mundo caíssem penas incendiadas
e um pássaro pudesse ser morto por um lírio.
Antes, antes que me perguntasses
o número e o sítio do meu corpo.
Muito antes do corpo.
Na época da alma.
Quando abriste na fronte sem coroa do céu,
a primeira dinastia do sonho.
Quando, ao olhar-me no nada,
inventaste a primeira palavra.
Então, o nosso encontro.
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 271
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«Passeava com um ar de açucena que pensa,
quase de pássaro que sabe há-de nascer.»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 270
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«Eu dei o meu sangue aos mares.»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 270
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(...)
«Espremei todo meu sangue.
Ponde a secar minha vida
sobre as enxárcias do cais.
Seco, arremessai-me às águas
com uma pedra ao pescoço
p'ra que nunca mais flutue.»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 269
domingo, 14 de janeiro de 2018
Todas as minhas fontes vêm de ti
As nascentes
E amo-te com a constância do moribundo que respira
Já sem saber de que lado o visita a morte
As nascentes
E amo-te com a constância do moribundo que respira
Já sem saber de que lado o visita a morte
Procuro a ligação entre ti a luz muito miudinha depois dos temporais
Entre a luz e os estilhaços nas ruas bombardeadas
Desconheço o colar onde unes tudo
Entre a luz e os estilhaços nas ruas bombardeadas
Desconheço o colar onde unes tudo
Procuro entender como é que moldas
Os meus pés ao equilíbrio que os desloca no chão
Sei que és tu que me levantas
Que remendas o meu corpo a cada dia
Os meus pés ao equilíbrio que os desloca no chão
Sei que és tu que me levantas
Que remendas o meu corpo a cada dia
Em ti encontro a pulsação
Que rebente - uma artéria como nunca
Tinha jorrado. Cratera onde durmo
Recluso, árvore à chuva
Em dificuldade extrema
De respiração
Que rebente - uma artéria como nunca
Tinha jorrado. Cratera onde durmo
Recluso, árvore à chuva
Em dificuldade extrema
De respiração
Ponho a cabeça entre os ramos, lanço os braços para fora
Como um pássaro entre um bando
De disparos
Como um pássaro entre um bando
De disparos
Tu moves as agulhas, tu unes de novo
As minhas asas à curva do céu
As minhas asas à curva do céu
– Daniel Faria
Günther Anders já não confia nos meios pacíficos, já não acredita na democracia dos partidos. “Depois da grande vitória dos meios de comunicação de massas, deixou de existir democracia. O substancial da democracia é poder ter uma opinião própria e, ao mesmo tempo, poder expressá-la. Por exemplo, vivi catorze anos nos Estados Unidos e nunca pude expressar a minha opinião. Desde que existem meios de comunicação de massas, e desde que a população mundial se encontra como que exorcizada diante do televisor, ela é alimentada, às colheres, com opiniões. A expressão ´ter uma opinião própria` já não tem sentido de realidade. Os alimentados deixaram de possuir, forçadamente, qualquer hipótese de ter uma opinião própria. Não, já nem sequer consomem opiniões alheias. São engordados com o sistema. E os gansos engordados a sistema não ´consomem`. A televisão engorda com sistema. Se a democracia é aquilo que permite expressar uma opinião própria, então a democracia converteu-se em algo impossível através dos meios de comunicação de massas, porque quando não se tem algo próprio, também não se consegue expressá-lo.”
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