«A menina ainda é uma criança. Mas tudo já aqui se vê, tem umas linhas muito claras.
Parecia a mulher que estava a ler:
Gosta do que não tem e do que ainda não conhece, não é verdade, minha beleza? Pois, com isso tudo ainda há-de vir a ser muito afortunada. Já perdeu a sua mãezinha....
Sem mesmo querer fiz-lhe com a cabeça que sim.
E tem madrasta.
Pus-me séria.
Coitadinha!
As lágrimas vieram-me aos olhos.
Não se entristeça, minha bela menina. Ainda há-de sair daqui e ser muito afortunada, que lho digo eu. Nos seus olhos há uma luz que me não engana. Esta marca, vê a menina esta estrela de bicos? é como fala. (...)»
Irene Lisboa.
Uma Mão Cheia de Nada Outra de Coisa Nenhuma. Livraria Figueirinhas, Porto, 1989., p. 108