domingo, 31 de outubro de 2010

«No tempo dos príncipes havia um, e dos mais belos, rico e moço que, andando um dia a passear no campo, por distracção pôs o pé na borda de um poço raso e caiu no fundo dele.
O sítio era ermo. Daquele poço já ninguém se serviu porque estava seco e atafulhado de silvas.
O triste moço, todo arranhado, quando deu consigo no buraco negro onde caíra barafustou, gritou e gastou as unhas nas pedras, mas tudo em vão. Rouco, quem o ouvisse já não suporia ser a sua uma voz humana. (...)»




Irene Lisboa. Uma Mão Cheia de Nada Outra de Coisa Nenhuma. Livraria Figueirinhas, Porto, 1989., p. 123

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