Günther Anders já não confia nos meios pacíficos, já não acredita na democracia dos partidos. “Depois da grande vitória dos meios de comunicação de massas, deixou de existir democracia. O substancial da democracia é poder ter uma opinião própria e, ao mesmo tempo, poder expressá-la. Por exemplo, vivi catorze anos nos Estados Unidos e nunca pude expressar a minha opinião. Desde que existem meios de comunicação de massas, e desde que a população mundial se encontra como que exorcizada diante do televisor, ela é alimentada, às colheres, com opiniões. A expressão ´ter uma opinião própria` já não tem sentido de realidade. Os alimentados deixaram de possuir, forçadamente, qualquer hipótese de ter uma opinião própria. Não, já nem sequer consomem opiniões alheias. São engordados com o sistema. E os gansos engordados a sistema não ´consomem`. A televisão engorda com sistema. Se a democracia é aquilo que permite expressar uma opinião própria, então a democracia converteu-se em algo impossível através dos meios de comunicação de massas, porque quando não se tem algo próprio, também não se consegue expressá-lo.”
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domingo, 14 de janeiro de 2018
''Para Anders, os estádios até ao fim da humanidade, começados com Auschwitz (a destruição sistemática e anónima do ser humano), com Hiroshima (quando o ser humano se apercebeu de que só bastava apertar um botão), completam-se com Chernobyl (nome representativo para Harrisburg e para todas as outras catástrofes ecológicas da última década), onde o homem perde o domínio sobre o poder-violência e se auto-aniquila num holocausto de irracionalidade, de estupidez obstinada e de ganância.''
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