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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018
«Se altas são as torres, alta é a coragem.»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 281
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BALADA DA NOSTALGIA INSEPARÁVEL
Sempre esta nostalgia, esta inseparável
nostalgia que tudo afasta e modifica.
Diz-mo tu, árvore.
Olho-te. Olhas-me. E já não és a mesma.
Nem é o mesmo vento que te está a açoitar.
Diz-me tu, água.
Bebo-te. Bebes-me. E já não és a mesma.
Nem é a mesma terra a da tua garganta.
Diz-me tu, terra.
Tenho-te. Tens-me. E já não és a mesma.
Nem é o mesmo o sonho de amor que te possui.
Diz-mo tu, sonho.
Tomo-te. Tomas-me. E já não és o mesmo.
Nem é a mesma estrela que está a adormecer-te
Diz-mo tu, estrela.
Chamo-te. Chamas-me. E já não és a mesma.
Nem és a mesma noite clara quem te queima.
Diz-mo tu, noite.
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 279/80
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«posso viver de novo, se tu mandas,
morrer, morrer também, se assim o queres.»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 278
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«Não quero separar-me de meus olhos,
do meu coração, mãe, nem um momento,»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 278
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''névoa caporal de tabaco''
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 275
segunda-feira, 15 de janeiro de 2018
«(...) no ombro de uma ave não havia flor que apoiasse a cabeça.»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 271
Segunda lembrança
Também antes,
muito antes da rebelião das sombras,
de que ao mundo caíssem penas incendiadas
e um pássaro pudesse ser morto por um lírio.
Antes, antes que me perguntasses
o número e o sítio do meu corpo.
Muito antes do corpo.
Na época da alma.
Quando abriste na fronte sem coroa do céu,
a primeira dinastia do sonho.
Quando, ao olhar-me no nada,
inventaste a primeira palavra.
Então, o nosso encontro.
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 271
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«Passeava com um ar de açucena que pensa,
quase de pássaro que sabe há-de nascer.»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 270
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«Eu dei o meu sangue aos mares.»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 270
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(...)
«Espremei todo meu sangue.
Ponde a secar minha vida
sobre as enxárcias do cais.
Seco, arremessai-me às águas
com uma pedra ao pescoço
p'ra que nunca mais flutue.»
Rafael Alberti. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 269
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