domingo, 11 de dezembro de 2016

enquistar

conjugação
verbo intransitivo e pronominal
1. converter-se em quisto
2. endurecer
3. figurado ficar seguro como um quisto; encaixar-se
4. figurado não evoluir; não progredir


«Seguindo as ideias de Klein sobre as posições, Wilkinson, Gabbard (1995) referem-se à existência de um espaço romântico que se situa entre o amante e o amado. Trata-se de uma experiência intrapsíquica e interpessoal que implica a existência de modos de relacionamento depressivos e paranóides-esquizóides relacionados com cada um dos parceiros. O modo esquizóide-paranóide implicando a idealização e receptividade à relação e envolvendo a coerção do amado, através da identificação projectiva, sendo possível aos amantes fantasiarem que parte de si próprios foi depositada no amante.»

Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 95

Patologização

seio mau

angústia branca

depressão encoberta

"O Ser é e o não ser não é"

Parmênides e o Ser

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

eco afectivo


definhar

''Esse alguém que me falta não é tanto o outro como eu próprio''

(M. Schneider cit. Golse, p. 199)


“In the depth of winter I finally learned that there was in me an invincible summer.”

Albert Camus 

domingo, 4 de dezembro de 2016



“You can’t cross the sea merely by standing and staring at the water.”

 Rabindranath Tagore 


sábado, 3 de dezembro de 2016



“No tree, it is said, can grow to heaven unless its roots reach down to hell.”

- Carl Jung -

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

“E pensei: não poderiam os homens
morrer como morrem os dias?”

José Luís Peixoto
In “Morreste-me”

"pussy generation"

Jean-Luc Godard and Anne Coudret in Eric Rohmer's "Charlotte et son steak" 1960


«(...) dirigir amor suficiente para si própria e posteriormente para os objectos.»


Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 69

Pensamentos à procura de um pensador.

Bion.

turbulência instintiva

The Winter Triangle


Pele psíquica

Bick

Imagem sonora do Self

Anzieu (1974)
That these are dreams that I only dream Do I dream alone?

Micah P. Hinson - You Will Find Me



Were you alone? I figured is what It could have been That these are dreams that I only dream Do I dream alone? You will find me alone Cause I lost my way When I was heading home to you alone Were you alone? I figured is what It could have been That these are dreams that I only dream Do I dream alone?

«(...) pensar os seus pensamentos e sentir os seus sentimentos.»

«Portanto é a passagem da posição esquizo-paranóide, para a posição depressiva, em que é possível pensar sobre as dores próprias, as do outro e o papel que se teve nesse processo, desenvolvendo-se o que Fonagy et al. (2004) designam de função reflexiva


Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 67

ataques pulsionais



«A comunicação de sentimentos é o início da comunicação interpessoal e fornece uma educação sobre o que pode e não pode ser comunicado.»


Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 65

''Alguém me responde, então eu existo!''

«No entanto, quando a mãe adaptativa predomina, é possível a expansão do verdadeiro Self uma vez que esta se permite ser criada para além das necessidades do bebé, está ao serviço dos seus desejos, possibilitando-lhe o sentimento de existência do Self, como refere Ken Wright (1996): ''Alguém me responde, então eu existo!'', acrescentaríamos: alguém me pensa então eu existo.»


Isabel Mesquita.
Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 64
«Acaso o que surja seja um descompasso entre a necessidade, o desejo e a satisfação, o progresso do Self fica retido e desenvolve-se uma resignação implicando uma lógica de: ''se não podes mudar nada, então é melhor aceitar o que vem'' (Ken Wright, 1996.»



Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 64
«Uma vez que o Self está continuamente em transformação, necessita de relações com o meio para se ir desenvolvendo, a estagnação corresponde à falha, ao sentimento de que algo encriptou impedindo patologicamente o desenvolvimento, conduzindo muitas vezes a repetições de relações que sistematicamente confirmam o que falta, acentuam a dor, em vez de a acalentar.»



Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 62



"...muitas vezes trepava até à cornija da janela e empoleirava-se ali, simétrico ao grande abutre da parede oposta. Durante horas ficava nesta posição, imóvel, com um olhar turvo e um malicioso sorriso nos lábios, e quando alguém entrava na sala mexia repentinamente as mãos, a imitar as asas, e cantava como um galo."


"As Lojas de Canela" de Bruno Schulz
tradução Aníbal Fernandes. Sistema Solar

terça-feira, 29 de novembro de 2016

A importância da cor no cinema

«O aparecimento das cores transformou a linguagem fílmica e contribuiu para a sua evolução estética, aproximando a imagem da realidade ao abandonar a monotonia do preto e branco. O cinema tornou-se mais complexo: os enquadramentos tornaram-se mais diversificados, o ponto de vista e os movimentos da câmara soltaram-se da forma minimalista inicial.»
Em 1926, a Warner Brothers adquire o sistema de som Vitaphone2 , e a 6 de Outubro de 1927 estreou o filme The Jazz Singer, que foi considerado o designado cinema falado, apesar de conter apenas duas cenas faladas.

Anna Karina photographed by Sabine Weiss,1960's


Dos Irmãos Lumière aos anos 50

 «O cinema pode ser definido como a arte de produzir imagens em movimento. A origem da palavra provém de cinematógrafo, uma invenção dos irmãos Lumière, que tem origem no grego “kinema” que significa movimento e “ghaphein”que se refere ao registo. O cinema nasceu de várias inovações que vão desde o domínio fotográfico até à síntese do movimento, recorrendo a jogos ópticos. As diversas captações de imagens sequenciais através da fotografia1 proporcionaram o surgimento do cinema. Auguste e Louis Lumière inventaram o cinematógrafo, um aparelho portátil com um mecanismo movido à manivela que utilizava negativos perfurados, substituindo a utilização de várias máquinas fotográficas para a criação de movimento, conseguindo projectar imagens ampliadas numa tela. A 28 de Dezembro de 1895, no Salão Indiano do Grand Café do Boulevard des Capucines, em Paris, o pai dos Irmãos Lumière organizou a primeira exibição pública paga para filmes, data esta vulgarmente assinalada como o nascimento do cinema»

nevoeiro azulado

O futuro do cinematógrafo pertence a uma raça nova de jovens solitários que filmarão gastando nos filmes até ao seu último cêntimo e sem concessões às rotinas materiais do ofício.

 Robert Bresson, Notes sur le cinématographe, 1975

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

«Lábios nus. Sem um grão de pó. O Werner tem direito aos cuidados, à ternura, aos beijos: aos sorrisos, nunca. Você deixou de sorrir.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 94

domingo, 27 de novembro de 2016


«O impulso para a morte
é uma corrente fria, sólida,
sem corpo.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 405
«E despias tantas máscaras
que até estrangeira
era a face, cercada
de todas as águas.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 401
    «Não voltavas
não voltarias nunca.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 393

« entre os canaviais da lua»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 392

« a água
amaciando sol.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 385

FUNDAÇÃO DO VENTO

«Não morri,
fui acordado.»



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 383
«Parar 
a eternidade
como um vento
na mão?»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 382
[...] Et tu restes
avec se peuple
avec ce cité
avec ce siècle,
face à face, seul
comme un enfant.

JOSEPH BRODSKI
«A morte se depura
quanto mais se morre.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 373

«Nascemos dos limites.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 371

''rio intransponível''

42

MÃO QUE VOA

Poesia
não se aperta
na mão
como um pássaro 
doente.

Poesia é a mão
que voa
com o pássaro.

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 370
de esconso
de soslaio, de esguelha

sexta-feira, 25 de novembro de 2016


37

PASSAGEM DE UM POVO

Sou a passagem 
entre ti e os mortos.
Passagem de um povo.
Escolhi.

Que me lavem no fogo
e me rodeiem
no silêncio da aurora.

A criação pousou em mim.
Eu vejo.

Sou um começo
que nem mesmo entendo.
Passagem de alguém
que reconheço
no amor de andar
em mim.


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 365

«Nenhuma lucidez é feliz»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 364
«Voltava da eternidade
ou do amor quando te vi.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 366
«A eternidade era o sangue
que roubei do equilíbrio.»



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 364

úmero




nome masculino

ANATOMIA osso longo que constitui o endosqueleto do braço

«os teus sonhos
não dormem.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 363

(...)

« o bando de estorninhos
sobre a alma.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 362

incoativo

adjetivo

1. que começa
2. GRAMÁTICA (verbo) que exprime começo de uma ação (como adormecer e anoitecer)


Do latim inchoatīvu-, «que indica começo»
«(...) E dali
descíamos
e não era o mar,
a escuridão.

Descíamos
para dentro dos vivos.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 361
''¿Quién dijo que cuando nos hacemos mayores ya no podemos crear? El que nace artista, morirá artista y seguirá creando en nuevos mundos. La madre de Tony Luciani ya no era capaz de cuidar de sí misma, entonces el artista canadiense, se encargó de ser su cuidador a tiempo completo. Así que se le ocurrió ir más allá de los cuidados básicos y comenzar una aventura artística junto a su madre. El objetivo, hacerle sentir útil y reforzar…''


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

(...)

«Mas teria Deus alguma infância?

A sua maturidade me chegava
aos olhos e aos sentidos.

Não havia divisão na primavera.
Ou submissão.»




Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 360

O SONO DESLIZOU

''cada instante dói''

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 359

ESTA CHAMA

O coração é jovem.
Envelhece a razão.

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 359

sábado, 19 de novembro de 2016

«Inocentes somos
quando amamos.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 325

“O homem se fez homem graças à mão”

McLuhan

 “O artista é a pessoa que inventa os meios para unir a herança biológica e os ambientes criados pelas inovações tecnológicas”
Filme de Marcelo Masagão, o já clássico ‘Nós que aqui estamos por vós esperamos’ (1999)

Gilles Deleuze: “... e, como se sabe, um puro espírito, basta ter feito a experiência da mesa girante [do espiritismo], para saber que um puro espírito não dá respostas muito profundas, nem muito inteligentes, é um pouco vago”.
«Sozinho não vou.
Não quero ir.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 322

''vento de amanhecer''

«Quero abraçar-te, morte»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 314

‘The Welsh Maid’ book of photographic studies, 1940’s, by Horace Roye from Narbeth


        «Isto começou na minha infância; é uma voz que
se produz, e quando se produz, sempre me desvia do
que vou fazer.»


                                         PLATÃO, Defesa de Sócrates

XLVI


UM DIA

Um dia a aurora
na cesta do pão.

Um dia as coisas 
vergarão a aurora.

Um dia
amor e amantes
colherão
no dobrar das mãos.

O mundo
ao lado de outro
mundo.

Um dia.


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 297
«Pode a memória ser árvore.
E nós, os nodosos ramos.»



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 297

«Quando te vi, perdi a morte»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 296

sexta-feira, 18 de novembro de 2016


expiatiōne


«Que ponto o amor é amor
ou apenas brusco
atordoamento, expiação
de um mundo definhado?»



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 292

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

XXXIV


- NÃO CARREGUEM OS MORTOS

Uma terra que não seca
está connosco.
Não carreguem os mortos.
Os ramos se renovam.
E o coração
tem uma corola de fôlegos.



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 292

«As coisas pedem pouso quando amam.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 286
«Quem te amou,
estava em mim,»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 286

Man Ray, Nusch Eluard on Plaster, 1933


«Estamos
no fim de nós mesmos.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 285
(...)

«O coração não sabe
divisar os seus ritos,
nem se arrimar na terra
ou nas cicatrizes.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 285

''a solidão de um homem''

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 280
«Mitchel (1988) refere que as pessoas continuam ao longo da vida a procurar relações insatisfatórias porque, em todo o caso, elas representam protótipos de graus de segurança, esta é auferida na ligação ao anteriormente já experimentado.
   Da Saúde Mental faz parte a integração de novas experiências de relação, renovadoras e promotoras do desenvolvimento. Contudo, é necessário que se tenha construído internamente um sentimento de ter sido desejado e amado de modo continuado por alguém, de forma a se poder partir em busca de novas relações, também essas geradoras de amor e de crescimento emocional e afectivo.»


Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 63

o DESABROCHAR DO EU


«A minha impressão é a de que as vidas mais produtivas e criativas
são as daqueles que, apesar de muitos traumas na sua infância,
puderam adquirir novas estruturas na busca de novos caminhos
em direcção a uma completude interna.»

H.Kohut, 1988

MUTILAÇÃO do espaço psíquico

possuidor/possuído

Les amants réguliers (2005), directed by Philippe Garrel.

 «(...) a formação de um Self frágil e vulnerável que só poderá ser sustentado por fantasias grandiosas e omnipotentes.»


Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 59

perturbação narcísica

o succionador, o manipulador, o paranóide, e o fálico

raiva narcísica

raiva ORAL

amor imundo


SELF

Self real
Self imaginário
Self ideal
Self patológico
Self descaracterizado
Self nevoento
Self deturpado
Self grandioso
Self ambivalente

....

Self, Self, Self, Self, Self
Self, Self, Self, Self, Self
Self, Self, Self, Self, Self
Self, Self, Self, Self, Self

instintos libidinais e agressivos

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Quis redimir-te e tu me receaste.
Quis redimir-me e tu não me mataste.
Partiste em demanda
E deixaste-me tecendo a longa espera
Dum fim que não viria.
Partiste,
E assim me condenaste
A que vivesse."

-"A Dama e o Cavaleiro"
- Ana Hatherly
- Guimarães Editores, 1960 (1a Edição)

sábado, 5 de novembro de 2016


«Continuamente sinto que fui outro, que senti outro, que pensei outro. Aquilo a que assisto é um espetáculo com outro cenário. E aquilo a que assisto sou eu.»

Fernando Pessoa
“É dessa massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade”

José Saramago

terça-feira, 1 de novembro de 2016

«(...feridas internas, as lesões sofridas no Self,''

Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 19

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Chris Maher - Striped Zebra Woman


«Eu megalômano, narcísico,»


Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 15

anestesia afectiva

Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 14
Filocreia

(filia pelo relacionamento íntimo, inter-subjectivo, de partilha emocional)




António Coimbra de Matos in Prefácio Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 12

Creianálise

Creianálise (análise dos relacionamentos íntimos)



António Coimbra de Matos in Prefácio Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 12

''as lacunas e as deformações narcísicas''

António Coimbra de Matos 

Self Restoration

  « Uma coisa é certa: bicho Homem reconhece-se, sabe quem é - Homo sapiens sapiens (sabe e sabe que sabe) - identifica-se e sabe que é único; e valora-se, sabe que tem determinado valor no mercado relacional (na bolsa das relações humanas), um valor de estima, uma qualidade - que está áquem e vai para além da substância concreta de que é feito.»



António Coimbra de Matos in Prefácio Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 8
«(...) sobre o amor e a sua falta - o amor falho, o amor que não se teve na justa e necessária medida, no temo certo e na qualidade adequada.
   O amor que se recebe e o amor que se dá. O amor passivo e captativo; e o amor activo e oblativo. O amor que nos constrói e dá forma; bondade, beleza e verdade; completude, coesão, continuidade e determinância; fé, esperança e entusiasmo; força, valor e significado; criatividade e futuro - Amor que é o amor incondicional do outro; e que só esse amor estrutura um amor próprio sólido, seguro e fiável capaz de nos auto-sustentar no voo do amor mútuo, complementar, insaturado e criador do par de amantes.»

António Coimbra de Matos in Prefácio Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 7

o.bla.ção


nome feminino

1. oferecimento de alguma coisa à divindade, por meio de certas cerimónias litúrgicas, oblata
2. oferenda

«The New World» Terrence Malick


domingo, 23 de outubro de 2016

“Os meus sonhos são mais belos que a conversa alheia”

«Não faço visitas, nem ando em sociedade alguma – nem de salas, nem de cafés. Fazê-lo seria sacrificar a minha unidade interior, entregar-me a conversas inúteis, furtar tempo senão aos meus raciocínios e aos meus projectos, pelo menos aos meus sonhos, que sempre são mais belos que a conversa alheia.

Devo-me a humanidade futura. Quanto me desperdiçar desperdiço do divino património possível dos homens de amanhã; diminuo-lhes a felicidade que lhes posso dar e diminuo-me a mim-próprio, não só aos meus olhos reais, mas aos olhos possíveis de Deus.

Isto pode não ser assim, mas sinto que é meu dever crê-lo.»

Fernando Pessoa, ‘Inéditos’

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Segue o Teu Destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nos queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-proprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis, in “Odes”


Amo o que Vejo

Amo o que vejo porque deixarei
Qualquer dia de o ver.
Amo-o também porque é.

No plácido intervalo em que me sinto,
Do amar, mais que ser,
Amo o haver tudo e a mim.

Melhor me não dariam, se voltassem,
Os primitivos deuses,
Que também, nada sabem.

Ricardo Reis, in “Odes”





Estás Só
Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge.
Mas finge sem fingimento.
Nada ‘speres que em ti já não exista,
Cada um consigo é triste.
Tens sol se há sol, ramos se ramos buscas,
Sorte se a sorte é dada.

Ricardo Reis, in “Odes”


Colhe o Dia, porque És Ele

Uns, com os olhos postos no passado,
Veem o que não veem: outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, veem
O que não pode ver-se.

Por que tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.

Ricardo Reis, in “Odes”



Tenho Mais Almas que Uma

Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.

Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu ‘screvo.

Ricardo Reis, in “Odes

Abaixo, o poema “Segue
Powered By Blogger