domingo, 9 de outubro de 2016
«O tempo esvaece mais depressa no centro, que nas bordas.»
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 257
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MINHA CASINHA (O Costa do Castelo, 1943)
Que saudades eu já tinha
da minha alegre casinha
tão modesta como eu.
Como é bom, meu Deus, morar
assim num primeiro andar
a contar vindo do céu.
O meu quarto lembra um ninho
e o seu tecto é tão baixinho
que eu, ao ir para me deitar,
abro a porta em tom discreto,
digo sempre: "Senhor tecto,
por favor deixe-me entrar."
da minha alegre casinha
tão modesta como eu.
Como é bom, meu Deus, morar
assim num primeiro andar
a contar vindo do céu.
O meu quarto lembra um ninho
e o seu tecto é tão baixinho
que eu, ao ir para me deitar,
abro a porta em tom discreto,
digo sempre: "Senhor tecto,
por favor deixe-me entrar."
''Invulnerável é a infância''
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 257
«A morte nada mais pode senão morrer.»
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 255
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«A ignorância é o saber das árvores.»
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 256
ATRAVÉS DE UM PAÍS
«Viajou para aquém da infância. Como através de um país.
Com o coração carregado de mortos. (...) »
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 255
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segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Sucede que tenho precisamente aquelas qualidades...
Sucede que tenho precisamente aquelas qualidades que são negativas para fins de influir, de qualquer modo que seja, na generalidade de um ambiente social. Sou, em primeiro lugar, um raciocinador, e, o que é pior, um raciocinador minucioso e analítico. Ora o público não é capaz de seguir um raciocínio, e o público não é capaz de prestar atenção a uma análise. Sou, em segundo lugar, um analisador que busca, quanto em si cabe, descobrir a verdade. Ora o público não quer a verdade, mas a mentira que mais lhe agrade. Acresce que a verdade — em tudo, e mormente em coisas sociais — é sempre complexa. Ora o público não compreende ideias complexas. É preciso dar-lhe só ideias simples, generalidades vagas, isto é, mentiras, ainda que partindo de verdades; pois dar como simples o que é complexo, dar sem distinção o que cumpre distinguir, ser geral onde importa particularizar, para definir, e ser vago em matéria onde o que vale é a precisão — tudo isto importa em mentir.
Sou, em terceiro lugar, e por isso mesmo que busco a verdade, tão imparcial quanto em mim cabe ser. Ora o público, movido intimamente por sentimentos e não por ideias, é organicamente parcial. Não só portanto lhe desagrada ou não interessa, por estranho à sua índole, o mesmo tom da imparcialidade, mas ainda mais o agrava o que de concessões, de restrições, de distinções é preciso usar para ser imparcial. Entre nós, por exemplo, e em a maioria dos povos do sul de Europa, ou se é católico, ou se é anti-católico, ou se é indiferente ao catolicismo, porque a tudo. Se eu, portanto, fizesse um estudo sobre o catolicismo, onde forçosamente teria que dizer mal e bem, que apontar vantagens misturadas com desvantagens, que indicar defeitos aliviados por virtudes, que me sucederia? Não me escutariam os católicos, que não aceitariam o que eu dissesse de mal do catolicismo. Não me escutariam os anti-católicos, que não aceitariam o que eu lhes dissesse de bem. Não me escutariam os indiferentes, para quem todo o assunto não passaria de uma maçadoria ilegível. Assim resultaria inútil esse meu estudo, por cuidado e escrupuloso que fosse — direi, até, tanto mais inútil, porque tanto menos aceitável ao público, quanto mais fosse cuidado e escrupuloso. Seria, quando muito, apreciado por um ou outro indivíduo de índole semelhante à minha, raciocinador sem tradições nem ideais, analisador sem preconceitos, liberal porque liberto e não porque servo da ideia inaplicada da liberdade. A esse, porém, que teria eu que ensinar? Quando muito, certas coisas particulares sobre o catolicismo, na hipótese que me serviu de exemplo, e no caso de lhe ser a ele estranho o assunto. E se a ele, perscrutador cultural como eu, o assunto é estranho, é que nunca o interessou; se nunca o interessou, para que vai ler o que escrevi sobre ele?
De aqui parece dever concluir-se que um estudo raciocinado, imparcial, cientificamente conduzido, de qualquer assunto é um trabalho socialmente inútil. Assim de facto é. É, quando muito, uma obra de arte, e mais nada. Vox et preterea nihil.
As sociedades são conduzidas por agitadores de sentimentos, não por agitadores de ideias. Nenhum filósofo fez caminho senão porque serviu, em todo ou em parte, uma religião, uma política ou outro qualquer modo social do sentimento.
Se a obra de investigação, em matéria social, é portanto socialmente inútil, salvo como arte e no que contiver de arte, mais vale empregar o que em nós haja de esforço em fazer arte, do que em fazer meia-arte.
Reconhecendo que todas as doutrinas são defensáveis, e que valem, não por o que valem, senão pela valia do defensor, concentrar-nos-emos mais na literatura das defensivas do que no assunto delas. Faremos contos intelectuais onde, pelo primeiro e imprudente impulso, faríamos estudos científicos. Ser-nos-á indiferente a verdade da ideia: em si mesma; não é mais que a matéria para um belo argumento, para as elegâncias e as astúcias da subtileza.
Timbraremos, por um movimento idêntico em sentido inverso, em mostrar a parvoíce das ideias aceites, a vileza dos ideais nobres, a ilusão de tudo quanto o povo crê ou pode crer. Salvaremos assim o princípio aristocrático, que na ordem social se afundou, deixando atrás de si o vácuo de uma universal, monótona escravidão.
Seremos dissolventes? Como dissolventes, se não temos acção sobre o público, se nos não lêem senão os que lêem arte pela arte, arte intelectual, arte feita com ideias em vez de ritmos, e esses, pequeníssimo número humano, ou estão já dissolvidos, ou são fortes, pela. inteligência e a cultura, contra toda a dissolução?
Dissolvente, socialmente, é a doutrina social do que não está. Foi dissolvente e anti-social, no sentido de prejudicar a ordem e a harmonia dos povos, o cristianismo quando o paganismo era a civilização. Foi dissolvente e anti-social a Reforma, quando a civilização de Europa era católica. Foi dissolvente e anti-social a doutrina da Revolução Francesa, quando a civilização da Europa era o Antigo Regime. São hoje dissolventes todas as doutrinas sociais que reagem contra as dessa mesma Revolução. Quem hoje prega a sindicação, o estado corporativo, a tirania social, seja fascismo ou comunismo, está dissolvendo a civilização europeia; quem defende a democracia e o liberalismo a está defendendo.
Quer isto dizer que não há doutrinas dissolventes senão por sua situação ocasional? Quer dizer isso mesmo. A mais «radical» das doutrinas, desde que seja universalmente aceite, é uma doutrina conservadora; a mais «conservadora», se nessa altura se opuser àquela, será radical.
Quer isto dizer que não há princípios fundamentais na vida das sociedades? Não quer dizer isso; quer porém dizer que, se os há, nós os não conhecemos. Não há ciência social, não sabemos como nascem, como se conservam ou não conservam, como crescem ou decrescem, como se estiolam ou morrem, as sociedades. A existência da humanidade, se por ela se entende qualquer coisa mais que a espécie animal chamada homem, é tão hipotética e racionalmente indemonstrável como a existência de Deus. Se, porém, por humanidade, se entende a espécie animal chamada homem, então existe para os biologistas, para os médicos — para todos quantos estudam, de um modo ou de outro, o corpo humano; existe como existem os peixes e as aves, e mais nada.
Que princípio social se pode erigir em fundamental? Todos e nenhum, conforme a habilidade do argumentador. Há períodos de ordem que o são de estagnação, como a longa vida morta de Bizâncio. Há-os que são «de actividade intelectual, como os da Antiga Monarquia francesa. Há períodos de desordem que são a ruína intelectual dos países em que se dão, como o Império Romano em declínio, ou a época da Revolução Francesa, propriamente dita. Há períodos de desordem fecundos em produção intelectual, como o da Renascença nas repúblicas italianas, como o que abrange o tempo de Isabel e de Cromwell em Inglaterra.
Refiro-me à produção intelectual, supondo-a uma vantagem, e, ao menos, parte da civilização. Não insisto nisso, porém, e posso aceitar a doutrina de que a cultura e a arte são um mal, de que é paz e não sonetos o que mais importa à humanidade. Mas quais são as circunstâncias que produzem a paz, quais as que a não produzem? Encontraremos as mesmas causas dando diferentes efeitos, ou, melhor, encontraremos as mesmas circunstâncias com diferentes resultados — o que quer dizer que não são causas, mas coincidências, que qualquer coisa que se considera uma vantagem social, seja uma sinfonia ou o jantar certo, pode aparecer em circunstâncias sociais diferentes, sem que saibamos nunca de onde veio a sinfonia, porque é que se conseguiu que o jantar não faltasse.
Acresce que, assim como não há ciência social, assim também não há arte social, finalidade certa da existência das sociedades. Aqui o problema, que era semelhante ao da metafísica, torna-se metafísica mesmo. Para que fim existem as sociedades? Para fazer a felicidade dos que as compõem? Não o sabemos, e o certo é que a felicidade varia de tipo de homem para homem, e há muitos que de bom grado perderiam a mulher, desde que não percam a colecção de selos. (...)
s.d.
Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1966.
- 74.
Ver aqui
Por mim, o meu egoísmo é a superfície da minha dedicação.
Por mim, o meu egoísmo é a superfície da minha dedicação. O meu espírito vive constantemente no estudo e no cuidado da Verdade, e no escrúpulo de deixar quando eu despir a veste que me liga a este mundo, uma obra que sirva o progresso e o bem da Humanidade.
Reconheço que o sentido intelectual que esse Serviço da Humanidade toma em mim, em virtude do meu temperamento, me afasta, muitas vezes, das pequenas manifestações que em geral revelam o espírito humanitário. Os actos de caridade, a dedicação por assim dizer quotidiana são coisas que raras vezes aparecem em mim, embora nada haja em mim que represente a negação delas.
Em todo o caso, reconheço, em justiça para comigo próprio, que não sou mais egoísta que a maioria dos indivíduos, e muito menos o sou que a maioria dos meus colegas nas artes e nas letras. Pareço egoísta àqueles que, por um egoísmo absorvente, exigem a dedicação dos outros como um tributo.
1-1917?
Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1966.
- 68.
Ver aqui
«De nada serve a morte. Nem para si mesma.»
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 253
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«Só a infância te conhece. Só a infância tem eternidade. A infância da infância da eternidade.»
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 247
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«Não apenas desaprendeste de morrer, como morrer não te ocorre. »
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 247
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INFÂNCIA - ETERNIDADE
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 246
domingo, 2 de outubro de 2016
«já os teus braços arroxeavam de prisão
já não havia deuses, nem batuques
para alegrarem a cadência do sangue nas tuas veias
(...)»
Francisco José Tenreiro in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 454
já não havia deuses, nem batuques
para alegrarem a cadência do sangue nas tuas veias
(...)»
Francisco José Tenreiro in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 454
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''os teus olhos de dor embaciados''
Francisco José Tenreiro in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 454
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«Meu amor. Minha solidão crescente.»
Jorge Viegas in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 421
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''o vermelho emerge do mármore''
Sérgio Vieira in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 412
terça-feira, 27 de setembro de 2016
Não estás deprimido, estás...
Não estás deprimido, estás distraído.
Distraído em relação à vida que te preenche, distraído em relação à vida que te rodeia, golfinhos, bosques, mares, montanhas, rios.
Não caias como caiu teu irmão que sofre por um único ser humano, quando existem cinco mil e seiscentos milhões no mundo. Além de tudo, não é assim tão ruim viver só. Eu fico bem, decidindo a cada instante o que desejo fazer, e graças à solidão conheço-me. O que é fundamental para viver.
Não faças o que fez teu pai, que se sente velho porque tem setenta anos, e esquece que Moisés comandou o Êxodo aos oitenta e Rubinstein interpretava Chopin com uma maestria sem igual aos noventa, para citar apenas dois casos conhecidos.
Distraído em relação à vida que te preenche, distraído em relação à vida que te rodeia, golfinhos, bosques, mares, montanhas, rios.
Não caias como caiu teu irmão que sofre por um único ser humano, quando existem cinco mil e seiscentos milhões no mundo. Além de tudo, não é assim tão ruim viver só. Eu fico bem, decidindo a cada instante o que desejo fazer, e graças à solidão conheço-me. O que é fundamental para viver.
Não faças o que fez teu pai, que se sente velho porque tem setenta anos, e esquece que Moisés comandou o Êxodo aos oitenta e Rubinstein interpretava Chopin com uma maestria sem igual aos noventa, para citar apenas dois casos conhecidos.
Não estás deprimido, estás distraído.
Por isso acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça, portanto não és dono de coisa alguma. Além disso, a vida não te tira coisas: te liberta de coisas, alivia-te para que possas voar mais alto, para que alcances a plenitude.
Do útero ao túmulo, vivemos numa escola; por isso, o que chamas de problemas são apenas lições. Não perdeste coisa alguma: aquele que morre apenas está adiantado em relação a nós, porque todos vamos na mesma direção.
E não esqueças, que o melhor dele, o amor, continua vivo em teu coração.
Não existe a morte, apenas a mudança.
E do outro lado te esperam pessoas maravilhosas: Gandhi, o Arcanjo Miguel, Whitman, São Agostinho, Madre Teresa, teu avô e minha mãe, que acreditava que a pobreza está mais próxima do amor, porque o dinheiro nos distrai com coisas demais, e nos machuca, porque nos torna desconfiados.
Faz apenas o que amas e serás feliz. Aquele que faz o que ama, está benditamente condenado ao sucesso, que chegará quando for a hora, porque o que deve ser será, e chegará de forma natural.
Não faças coisa alguma por obrigação ou por compromisso, apenas por amor.
Então terás plenitude, e nessa plenitude tudo é possível sem esforço, porque és movido pela força natural da vida. A mesma que me ergueu quando caiu o avião que levava minha mulher e minha filha;
a mesma que me manteve vivo quando os médicos me deram três ou quatro meses de vida.
Deus te tornou responsável por um ser humano, que és tu. Deves trazer felicidade e liberdade para ti mesmo.
E só então poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros.
Lembra-te: "Amarás ao próximo como a ti mesmo".
Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que vês, é uma obra de Deus, e decide neste exato momento ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição.
Aliás, a felicidade não é um direito, mas um dever; porque se não fores feliz, estarás levando amargura para todos os teus vizinhos.
Um único homem que não possuiu talento ou valor para viver, mandou matar seis milhões de judeus, seus irmãos.
Existem tantas coisas para experimentar, e a nossa passagem pela terra é tão curta, que sofrer é uma perda de tempo.
Podemos experimentar a neve no inverno e as flores na primavera, o chocolate de Perusa, a baguette francesa, os tacos mexicanos, o vinho chileno, os mares e os rios, o futebol dos brasileiros, As Mil e Uma Noites, a Divina Comédia, Quixote, Pedro Páramo, os boleros de Manzanero e as poesias de Whitman; a música de Mahler, Mozart, Chopin, Beethoven; as pinturas de Caravaggio, Rembrandt, Velázquez, Picasso e Tamayo, entre tantas maravilhas.
E se estás com câncer ou AIDS, podem acontecer duas coisas, e ambas são positivas:
se a doença ganha, te liberta do corpo que é cheio de processos (tenho fome, tenho frio, tenho sono, tenho vontades, tenho razão, tenho dúvidas)
Se tu vences, serás mais humilde, mais agradecido... portanto, facilmente feliz, livre do enorme peso da culpa, da responsabilidade e da vaidade,
disposto a viver cada instante profundamente, como deve ser.
Por isso acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça, portanto não és dono de coisa alguma. Além disso, a vida não te tira coisas: te liberta de coisas, alivia-te para que possas voar mais alto, para que alcances a plenitude.
Do útero ao túmulo, vivemos numa escola; por isso, o que chamas de problemas são apenas lições. Não perdeste coisa alguma: aquele que morre apenas está adiantado em relação a nós, porque todos vamos na mesma direção.
E não esqueças, que o melhor dele, o amor, continua vivo em teu coração.
Não existe a morte, apenas a mudança.
E do outro lado te esperam pessoas maravilhosas: Gandhi, o Arcanjo Miguel, Whitman, São Agostinho, Madre Teresa, teu avô e minha mãe, que acreditava que a pobreza está mais próxima do amor, porque o dinheiro nos distrai com coisas demais, e nos machuca, porque nos torna desconfiados.
Faz apenas o que amas e serás feliz. Aquele que faz o que ama, está benditamente condenado ao sucesso, que chegará quando for a hora, porque o que deve ser será, e chegará de forma natural.
Não faças coisa alguma por obrigação ou por compromisso, apenas por amor.
Então terás plenitude, e nessa plenitude tudo é possível sem esforço, porque és movido pela força natural da vida. A mesma que me ergueu quando caiu o avião que levava minha mulher e minha filha;
a mesma que me manteve vivo quando os médicos me deram três ou quatro meses de vida.
Deus te tornou responsável por um ser humano, que és tu. Deves trazer felicidade e liberdade para ti mesmo.
E só então poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros.
Lembra-te: "Amarás ao próximo como a ti mesmo".
Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que vês, é uma obra de Deus, e decide neste exato momento ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição.
Aliás, a felicidade não é um direito, mas um dever; porque se não fores feliz, estarás levando amargura para todos os teus vizinhos.
Um único homem que não possuiu talento ou valor para viver, mandou matar seis milhões de judeus, seus irmãos.
Existem tantas coisas para experimentar, e a nossa passagem pela terra é tão curta, que sofrer é uma perda de tempo.
Podemos experimentar a neve no inverno e as flores na primavera, o chocolate de Perusa, a baguette francesa, os tacos mexicanos, o vinho chileno, os mares e os rios, o futebol dos brasileiros, As Mil e Uma Noites, a Divina Comédia, Quixote, Pedro Páramo, os boleros de Manzanero e as poesias de Whitman; a música de Mahler, Mozart, Chopin, Beethoven; as pinturas de Caravaggio, Rembrandt, Velázquez, Picasso e Tamayo, entre tantas maravilhas.
E se estás com câncer ou AIDS, podem acontecer duas coisas, e ambas são positivas:
se a doença ganha, te liberta do corpo que é cheio de processos (tenho fome, tenho frio, tenho sono, tenho vontades, tenho razão, tenho dúvidas)
Se tu vences, serás mais humilde, mais agradecido... portanto, facilmente feliz, livre do enorme peso da culpa, da responsabilidade e da vaidade,
disposto a viver cada instante profundamente, como deve ser.
Não estás deprimido, estás desocupado.
Ajuda a criança que precisa de ti, essa criança que será sócia do teu filho. Ajuda os velhos e os jovens te ajudarão quando for tua vez.
Aliás, o serviço prestado é uma forma segura de ser feliz, como é gostar da natureza e cuidar dela para aqueles que virão.
Dá sem medida, e receberás sem medida.
Ama até que te tornes o ser amado; mais ainda converte-te no próprio Amor.
E não te deixes enganar por alguns homicidas e suicidas.
O bem é maioria, mas não se percebe porque é silencioso.
Uma bomba faz mais barulho que uma caricia, porém, para cada bomba que destrói há milhões de carícias que alimentam a vida.
Ajuda a criança que precisa de ti, essa criança que será sócia do teu filho. Ajuda os velhos e os jovens te ajudarão quando for tua vez.
Aliás, o serviço prestado é uma forma segura de ser feliz, como é gostar da natureza e cuidar dela para aqueles que virão.
Dá sem medida, e receberás sem medida.
Ama até que te tornes o ser amado; mais ainda converte-te no próprio Amor.
E não te deixes enganar por alguns homicidas e suicidas.
O bem é maioria, mas não se percebe porque é silencioso.
Uma bomba faz mais barulho que uma caricia, porém, para cada bomba que destrói há milhões de carícias que alimentam a vida.
Facundo Cabral
Poema do beber no antigamente
dobro a esquina da memória
a mais próxima dos amigos de então
e ali fico
sob a luz que no poste
me derrama em mil sombras
que uma a uma reconheço
o que fui o que sou
o que um dia quiseram que eu fosse
mas não fui
o que nunca por nada serei
o que tudo fizeram por não ser
mas fui
o que a esquina da memória dobrou
e no poste sob a luz se inspirou
sou eu não sou
na dialéctica da vida
fui aquele que nunca foi
sou aquele que sempre será
assim
a beber no antigamente
ficou-me a sede
do eternamente
(1974)
Silêncio escancarado, 1982
Rui Nogar in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 391
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''lixeiras do capitalismo''
Rui Nogar in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 390
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''preços dos vivos escravizados''
Rui Nogar in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 390
A luta é a minha primavera
Vasco Cabral in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 391
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domingo, 25 de setembro de 2016
Fernando Pessoa
No man is normal, perfect — this is true.
No man is normal, perfect — this is true. A normal man were a man incapable of being affected by disease. For every disease (as I think) predisposition is necessary, a predisposition of the organism to disease. The degree of predisposition is the degree of abnormality. Every disease supposes predisposition to it, even as every real thing supposes its own personality, since it is real.
1910?
Textos Filosóficos . Vol. I. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968 (imp. 1993).
- 229.
Ver em Arquivo Pessoa
Fernando Pessoa
Personalidade supõe complexidade.
Personalidade supõe complexidade. Não há personalidade simples?
1906
Textos Filosóficos . Vol. II. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968.
- 147.
Ver em Arquivo Pessoa
Fernando Pessoa
A única realidade para mim são as minhas sensações.
A única realidade para mim são as minhas sensações. Eu sou uma sensação minha. Portanto nem da minha própria existência estou certo. Posso está-lo apenas daquelas sensações a que eu chamo minhas.
A verdade? É uma coisa exterior? Não posso ter a certeza dela, porque não é uma sensação minha, e eu só destas tenho a certeza. Uma sensação minha? De quê?
Procurar o sonho é pois procurar a verdade, visto que a única verdade para mim, sou eu próprio. Isolar-se tanto quanto possível dos outros é respeitar a verdade.
s.d.
Textos Filosóficos . Vol. II. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968.
- 220.
Ver em Arquivo Pessoa
Mas eu nem sempre quero ser feliz. / É preciso ser de vez em quando infeliz /Para se poder ser natural...
Alberto Caeiro
XXI - Se eu pudesse trincar a terra toda
XXI
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma coisa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...
7-3-1914
“O Guardador de Rebanhos”. Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luís de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946.
- 45.
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''nudez dos chafarizes''
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 238
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''pássaros de metal''
Jorge Viegas in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 417
«É cedo, dizem os que
distribuem os dias, os pães.»
Sebastião Alba in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 402
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Manuel António Pina escreveu este texto no Jornal de Notícias, em 9 de novembro de 2005
Os meus gatos dormem durante a maior parte do dia (e, obviamente, durante a noite toda). Suspeito que os gatos têm um segredo, que conhecem uma porta para um mundo coincidente e feliz, por onde só se passa sonhando. Um mundo criado como Deus terá criado o nosso humano mundo, à sua desmesurada imagem. Porque os que sonham são deuses criadores. Os gatos sonham dormindo, os homens sonham fazendo perguntas e procurando respostas.
Mas os meus gatos dormem e sonham porque não têm fome. Teriam, se precisassem de procurar comida, tempo para sonhar? Acontece talvez assim com os homens. Como se o espírito criador fosse, afinal, prisioneiro do estômago. Talvez, então, a mesquinhez de propósitos da nossa vida colectiva radique, como nos querem fazer crer, no défice, e talvez o cumprimento das normas do pacto de estabilidade seja o único sonho que nos é hoje permitido.
E, contudo, dir-se-ia (e isto é algo que escapa aos economistas) que é o sonho, mais do que a balança de pagamentos, que alimenta a vida, e que os povos, como os homens, precisam de mais do que de números. Os próprios números têm (os economistas não o sabem porque a sua ciência dos números é uma ciência de escravos) o poder desrazoável de, não apenas repetir, mas sonhar o mundo.
Há anos que somos governados por economistas e o resultado está à vista. Talvez seja chegada a altura de ser a política (e o sonho) a dirigir a economia e não a economia a dirigir a política. Jesus Cristo «não sabia nada de finanças, / nem consta que tivesse biblioteca», e o seu sonho, no entanto, continua a mover o mundo.
'' não obrigues a palavra''
Rui Knopfli in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 381
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«Não te arrependas de nada.
Um verso está sempre certo
mesmo quando errado. A verdade
também, mesmo quando dói
ou fere ou parece inoportuna.
A verdade nunca é inoportuna.»
(...)
Rui Knopfli in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 381
Um verso está sempre certo
mesmo quando errado. A verdade
também, mesmo quando dói
ou fere ou parece inoportuna.
A verdade nunca é inoportuna.»
(...)
Rui Knopfli in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 381
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«Não te arrependas de nada.
Um verso está sempre certo
mesmo quando errado. A verdade
também, mesmo quando dói
ou fere ou aparece inoportuna.
A verdade nunca é inoportuna.»
(...)
Rui Knopfli in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 381
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Rui Knopfli
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando
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sábado, 24 de setembro de 2016
''o peixe morde a sede''
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 220
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segunda-feira, 19 de setembro de 2016
O GALOPAR DO FOGO
Amar não é esquecer
o rosto sobre as cinzas.
Mas é lembrar o fogo
e o que ele limita.
E enrijecê-lo todo,
carvão de rubra fibra.
O fogo, o fogo, o fogo,
no potro, que o encilha.
E ir queimando como
se vai moldando a argila.
Sabemos que o abandono
mantém as formas fixas.
O fogo, o fogo, o fogo,
suas rédeas transidas
com fúrias e perícias.
O fogo, o fogo, os anos
de penhascos e bridas.
O ar no ar as vinhas,
centelhas, iras, víboras.
De tanto amar e amar,
o que em nós queimar,
é o que nos vai podando.
Amar é libertar,
libertar-se das cinzas,
até ficar o fogo,
o seu trote frondoso,
o fogo, o fogo ainda.
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 218/9
«Só é fiel a agonia.»
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 212
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O TRINCO DAS AMORAS
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 212
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«Não pesa o amor, pesa o engano.»
Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 205
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«teus desvanecidos traços tento definir
pois de ti só possuo, intensamente, a imagem
de um lenço branco, acenando no cais.»
Fonseca Amaral in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 367
pois de ti só possuo, intensamente, a imagem
de um lenço branco, acenando no cais.»
Fonseca Amaral in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 367
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«os estilhaços de vidro na memória»
Fonseca Amaral in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 363
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''luares de suor''
Fonseca Amaral in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 361
«Para ti, meu navio de cabelos brancos, velho colono do mar,
vieram o cansaço, o caruncho a roer-te o casaco e as articulações,
o catarro roubando-te a galhardia aos silvos
que faziam saltar, bater as palmas
às gentes daqui até Mocímba.»
Fonseca Amaral in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 360
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« a fumar com o lume dentro da boca »
Fonseca Amaral in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 360
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domingo, 18 de setembro de 2016
«com desesperos suicidas e orgulhos brâmanes»
Noémia de Sousa in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 353
Baby sometimes i don't understand you
But you're the abstract art in my modern museum
And baby sometimes we fall apart
But the ruins of my heart stands like a coliseum
I hope you die by my side
The two of us at the exact same time
I hope we die not long from now
The two of us at the exact same time
But baby it's all beyond control
But baby you can have my soul
I hope you die by my side
Baby it's all ages away
But i can't help but think of the day
I hope we die at the exact same time
Baby your love is bigger than a football field
I'm the hooligan of your heart
Sometimes we win but sometimes we lose our dreams
But i always wear the colours of your team
I hope you die by my side
The two of us at the exact same time
I hope we die not long from now
The two of us at the exact same time
Baby you're the coolest moon when the night's begun
And i'm a goth in the sun
And you can sleep through the summer days
I know you think i'm morbid when i say
I hope you die by my side
The two of us at the exact same time
I hope we die not long from now
The two of us at the exact same time
Baby i hope you die right by my side...
Baby i hope we die at the exact same time...
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«Quero um cavalo de várias cores,»
Reinaldo Ferreira in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 341
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«Feliz quem pode parar
Onde a certeza é certeza
E pensar é só pensar!»
Reinaldo Ferreira in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 341
Onde a certeza é certeza
E pensar é só pensar!»
Reinaldo Ferreira in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 341
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cegarrega
nome feminino
1. melodia sem tom nem som, aborrecida por ser repetida muitas vezes nomesmo tom
2. MÚSICA instrumento que imita o som da cigarra
3. figurado pessoa tagarela, de voz desagradável e impertinente
4. barulho; confusão
1. melodia sem tom nem som, aborrecida por ser repetida muitas vezes nomesmo tom
2. MÚSICA instrumento que imita o som da cigarra
3. figurado pessoa tagarela, de voz desagradável e impertinente
4. barulho; confusão
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«E minha boca de lábios túmidos
cheios da bela virilidade ímpia de negro
mordendo a nudez lúbrica de um pão»
José Craveirinha in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 336
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«E o luar de cabelos de marfim»
José Craveirinha in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 334
«mas amar por amor só amo»
José Craveirinha in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 330
«tu sabes como é sempre uma dor nova»
José Craveirinha in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 327
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