segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

"Não, não é nada disso. Não tenho preocupações nenhumas a respeito do que se chama a Litaratura. Estou-me nas tintas. Tenho até um profundo desprezo pelos literatos, pela literatura que por aqui se vai fazendo. Parecem-me todos muito pequeninos, muito preocupados com pequenas coisas. Isso não interessa nada para o caso. Escrever é uma forma de me opor ao universo em que vivemos, de reinventá-lo, de destruí-lo, de lhe atirar à cara este nojo sem fim. Nada disto tem a ver com a literatura que se ensina nas escolas. Toda a escrita é uma porcaria - dizia-o um senhor chamado Antonin Artaud. Quem sabe se eu não acabarei ainda por compreender o meu velho professor de filosofia. Opor a morte à vida. Talvez eu oponha à vida as minhas histórias acerca da vida... da outra vida. Qual outra vida? A dos sonhos, naturalmente. A das nossas mais profundas obsessões."
- Nelson de Matos -
-"Coisas"
- Vitor Silva Tavares/ Pedro Oom/ Virgílio Martinho/ Paulo da Costa Domingos/ João Rodrigues...
- &Etc, 1974 (1a Edição)
- Primeiro livro da editora &Etc

«O meu coração põe-se a palpitar como uma cotovia.»



Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 40

''ramos de salgueiro acetinados''


Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 39

''vermelho-sangue''


Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 39

«Cheio de medo e de dores, comecei a chorar muito baixinho e, para que ninguém visse as minhas lágrimas, fechei os olhos; mas as lágrimas, claro, passavam sob as pestanas, corriam-me pelas têmporas e quase deslizavam para as orelhas.»

Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 36

domingo, 6 de dezembro de 2015



«- Alexis, não consigo adormecer, há qualquer coisa que me causa medo; fala um pouco comigo...
    Meio ensonado, punha-me a contar-lhe alguma coisa e ela, sentada, calava-se e agitava-se no leito. Parecia-me que o seu corpo escaldante tinha o cheiro da cera e do incenso, e que entretanto ela acabaria por morrer. Não iria, de súbito, cair sobre o soalho, primeiro com a cabeça, e morrer em seguida?»


Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 23
« - Ah, espécie de barata maldita, erro de Deus!»


Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 22

« O Diabo tem espírito, mas Deus não gosta dele.»

Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 22

agulhas de cobre


"Pode-se partir com a condição de deixar tudo na sua desordem e de confiar o seu destino ao acaso."

"Vida Secreta"
- Pascal Quignard
"Julgamos que nos libertamos dos lugares que deixamos para trás de nós. Mas o tempo não é o espaço e é o passado que está diante de nós. Deixá-lo não nos distância. Todos os dias vamos ao encontro daquilo que que fugimos. E aquilo de que sempre fugimos, como somos criaturas interrompidas, vamos abraça-lo no momento da morte. É por isso que se pode ficar no fundo de si mesmo como em dívida de redizer a responsabilidade e ao mesmo tempo consagrar a vida ao movimento de desengatar a sua vida.
São os livros. Pode-se desengatar."

-"Vida Secreta"
- Pascal Quignard
"Eu escrevo o prazer perigoso dos reencontros. Não há regresso que não corra o risco de desintegração de si ou de absorção.
A paixão súbita é igual.
A fascinação é igual.
Fulguratio, fascinatio não fazme mais que dizer este reencaixe num relâmpago, mais rápido que um relâmpago, na forma mais recente na forma mais antiga.
A fascinação é a forma do passado.
Melhor ainda: ela é o abraço do passado."

-"Vida Secreta"
- Pascal Quignard
Isto não é Paris
nem são cinco da tarde
nem chove
nem há cómicos na rua
e tampouco nesta esquina
desta cidade que não é Paris
há um realejo surpreendido
e um pintor boémio
e uma garrafa de vinho
porque às cinco da tarde
esta cidade não é Paris
e não existe um amor curioso
escondido atrás da cortina
enquanto Edith Piaf canta
Les amants de Paris
Nem a recordação do Sena
me leva as minhas memórias tristes
desta cidade sem noite
nem espelhos de mel
e não minto se disser
que Paul Éluard saiu do meu quarto
com asas de melro branco
pela janela desta cidade
que não tem pombas nem bêbados alegres
porque às cinco da tarde
esta cidade não é Paris.

Uberto Stabile

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015


"Me encontro em renomear o mundo
com palavras que já são dele:
amor, oceano é o mar que nos divide.
Às vezes resolve uma mulher
e sai andando por sobre o Atlântico
um dia você será daquela espécie de homem-
-marfim que parou de respirar
e agora só vive debaixo d'água."

-"Cantos de Estima"
- Júlia de Carvalho Hansen
"Não te beijou por a traição poder levá-lo
a nunca mais tirar da sua a tua boca.
Cycnos, o algoz; Phylios, o encantado.
A perfeição vã do arco-íris nos lagos,
o alcantil das queixas, o vosso abandono.
As faias, os ramos de vidoeiro, nada
nem um pomar encapelado que dissesse
sê bem-vindo aos meus braços no pavor do voo."

-"Alguns Antecedentes Mitológicos"
- Joaquim Manuel Magalhães / Ilda David
- Assírio & Alvim, 1984 (1a edição)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Carta ao poeta Eugénio Evtushenko a propósito de uma suposta autocrítica
Não te arrependas de nada.
Um verso está sempre certo
mesmo quando errado. A verdade
também, mesmo quando dói
ou fere ou parece inoportuna.
A verdade nunca é inoportuna.
O teu inconformismo é o preço
da nossa libertação e teus versos
florescem no coração do povo.
Não. Não te arrependas de nada.
Não torças o verso, não obrigues
a palavra: um poeta está
sempre certo. Não permitas que o óxido
dos políticos entre na lâmina
dos teus versos. Um poeta não se vende,
não se compra, não se emenda.
A um poeta corta-se-lhe a cabeça.
E uma cabeça cortada não dói, mas
tem uma importância danada.
Rui Knopfli

segunda-feira, 30 de novembro de 2015


"Ardem os campos
o lago bebe brasas
chove cinza na aldeia
sem estrelas a noite dilui-se
nenhuma pedra fala
em silêncio levanta-se o vento
escapei
recordo que esqueci"

-"Sigo a Água"
- Eva Christina Zeller

''As pessoas sofrem de fome de amor''– Joel Birman

''fracos de ódio, fracos de amor''

Conferência das Aves

Cada vez está mais vento, com mutações de Sol excessivas para os meus olhos que agora, com o ar, o sol e a cor, se fatigam. Eu explico. Trabalho muito com eles, fixando intensamente um ponto-paisagem antes de começar a escrever; depois, o decurso do texto depende do que essa concentração, num lugar vazio, permite. O olhar atento vai voltando a si mesmo e, então, o que eu consigo ouvir são as ondulações vibratórias entre esses dois pontos. Os meus olhos recebem, num ponto-voraz, as linhas que sustentam o espaço, feixes incidentes paralelos, raios que se afastam progressivamente, termos geométricos.
Lá onde estás, deve ser assim.
Nunca olhes o bordos de um texto. Tens que começar numa palavra. Numa palavra qualquer se conta. Mas, no ponto-voraz, surgem fugazes as imagens. Também lhes chamo figuras. Não ligues excessivamente ao sentido. A maior parte das vezes, é impostura da língua. Vou, finalmente, soletrar-te as imagens deste texto, antes que meus olhos se fatiguem. O milionésimo sentido da voz, "tiro o lápis da mão", o gesto de partir a luz, o pensamento de uma criança, cópias da noite, passeio nocturno, "era um dia verde", o afecto do negro, sob o lenço da noite. O indizível é feito de mim mesma, Gabi, agarrada ao silêncio que elas representam.

Maria Gabriela Llansol, «Um beijo dado mais tarde», Edições Rolim, 1990

Estado para um enriquecimento interior, Helena Almeida, 1976


"um homem e uma mulher
aproximam-se de uma porta
com uma chave na mão.
avançam
como se não respirassem.
um deles
mete a chave na fechadura
e entram.
assim que fecham a porta
atrás de si,
olham-se um instante e
lança-se um ao outro,
prendendo-se com as mãos e
abrindo caminho com a cara, com a boca.
passado pouco tempo
arrastam-se no chão
procurando cada lugar do corpo
com cada lugar do corpo,
arqueando-se
ou amoldando-se e
vorazmente passando de uma para outra entrada.
ambos têm a boca molhada
quando se levantam,
passada uma hora,
arfando enlaçados,
mas
devora-os ainda
uma sede quase infinita
e impossível de satisfazer."


-"Obra Quase Incompleta"
- Alberto Pimenta
- Fenda, 1990 (1a Edição)
"Carregando as persianas vem a noite.
Na sala tão severa, como cegos,
procuram-se uma à outra as nossas solidões.
Sobreviveu à tarde
a brancura gloriosa da tua carne.
No nosso amor há uma pena
parecida com a alma.
Tu
aque ainda ontem eras só toda a beleza
é agora também todo o amor."

-"Obras Completas Vol 1"
- Jorge Luis Borges

domingo, 29 de novembro de 2015

"Todo o possível se eterniza, vive sempre mais que o realizado, prolonga-o, ilimita-o, da dele a pálida imagem duma realidade profunda, desafiadora"

Ernesto Sampaio."A Procura do Silêncio". Hiena, 1986 (1a Edição)

"A tarde que minou o nosso adeus.
Tarde acerada e deleitosa e mosntruosa como um anjo escuro.
Tarde em que viveram os nossos lábios na intimidade nua dos beijos.
O tempo inevitável transbordava
sobre o abraço inútil.
Na paixão fomos pródigos., não para nós, mas para a solidão mais próxima.
Rejeitou-nos a luz; a noite chegara com urgência.
Fugimos prá cancela com a gravidade da sombra que uma estrela alivia.
Como quem volta de um perdido prado voltei do teu abraço.
Como quem volta de um páis de espadas voltei das tuas lágrimas.
Tarde que dura, vívvida como um sonho
no meio das outras tardes.
Mais tarde fui atingindo e transpondo
noites e singruras."

-"Obras Completas Vol 1"
- Jorge Luis Borges
"A única mulher com quem teria podido envelhecer era a Fernanda; a idade não seria capaz de empobrecer a nossa riqueza comum. Compreende agora o que uma tal fonte tinha de inesgotável, de constante, com uma abundância que nunca enfraquecia. Assim é o amor sobre o qual o tempo não tem poder, porque tudo o que podia diminuí-lo não faz mais do que avivá-lo; as suas raízes estendem-se até não deixar nada que não abracem. Só ele permanece, sem o corpo de onde nasceu; tudo o que vai passando e não tem a ver com ele fica irremediavelmente ferido de irrealidade."

-"Fernanda"
- Ernesto Sampaio
"Há vezes em que nos deixa pensativos a sensação «de já termos vivido esse momento». Os partidários do eterno retorno juram-nos que assim é e procuram uma comprovação da sua fé nesses perplexos estados. Esquecem que a recordação implicaria uma novidade que é a negação da tese e que o tempo a iria aperfeiçoando - até ao ciclo distante em que o indivíduo já prevê o seu destino e prefere operar de outro modo..."


-"Obras Completas Vol 1"
- Jorge Luis Borges

«Mais mais, ainda mais que as tuas feridas, me faziam sofrer as tuas mãos...As tuas mãos, amor, via-as pisadas, como asas partidas, que ainda tremem...Eram a coisa mais triste que o sol viu. Os assassinos tinham-nas pisado. O ar, a luz, faziam-nas sofrer. E eu ouviu-os pisar: ouvia...ouvia...Oh! Foi como pisar pássaros mortos...»

António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 166

1956, Elvis kissing a fan. This was just before he became hugely famous.


«A brancura de flor da tua pele era a luz da minha solidão.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 166

''dias de hiena triste, a sonhar sangue''


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 166
«Foi nessa hora que eu nasci para a dor»



António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 166
«As palavras, por si, dizem bem pouco; mas acordam a alma, meu amor. Se não fosse assim, para quê!?...falar...Fala-se para cair no teu silêncio - no silêncio em que a alma sorri toda...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 166

«Durmo nas lajes.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 164

Fado cravo



Come gather ’round people
Wherever you roam
And admit that the waters
Around you have grown
And accept it that soon
You’ll be drenched to the bone
If your time to you is worth savin’
Then you better start swimmin’ or you’ll sink like a stone
For the times they are a-changin’
Come writers and critics
Who prophesize with your pen
And keep your eyes wide
The chance won’t come again
And don’t speak too soon
For the wheel’s still in spin
And there’s no tellin’ who that it’s namin’
For the loser now will be later to win
For the times they are a-changin’
Come senators, congressmen
Please heed the call
Don’t stand in the doorway
Don’t block up the hall
For he that gets hurt
Will be he who has stalled
There’s a battle outside and it is ragin’
It’ll soon shake your windows and rattle your walls
For the times they are a-changin’
Come mothers and fathers
Throughout the land
And don’t criticize
What you can’t understand
Your sons and your daughters
Are beyond your command
Your old road is rapidly agin’
Please get out of the new one if you can’t lend your hand
For the times they are a-changin’
The line it is drawn
The curse it is cast
The slow one now
Will later be fast
As the present now
Will later be past
The order is rapidly fadin’
And the first one now will later be last
For the times they are a-changin’


''caíam estrelas de sangue na água morta''


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 163

«Põe sobre as mãos da Morta folhas secas.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 161

«O vento arrasta pelas lajes folhas secas.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 161

«Ela nunca se deitou sem te beijar.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 160

cor-de-cera

''prostituir o ar''


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 158

saimento

nome masculino
1. saída
2. cortejo fúnebre; funeral; enterro

coactar

''expressão de ódio reprimido''


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 157

almadraque

nome masculino
1. almofada usada como assento ou para encostar a cabeça; travesseiro; coxim
2. colchão grosseiro; enxerga

''(...) ver raiar nos olhos dela a Eternidade''


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 155

e.dí.cu.la

«Para entender estrelas, o melhor, é viver como elas a arder sempre.»

António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 141

«A saudade sei eu que é o olhar das almas; mas a Justiça, Afonso, é o olhar de Deus. É o que Deus sonha, o que o faz triste.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 140

Edward Hartwig - Ruiny Warszawy, 2003.


''Dizemos que alguma coisa é má apenas porque a nossa visão limitada do mundo a faz aparecer como má, isto é, como oposta ao que seria nosso desejo; as coisas deixarão de ser más (ou boas, como oposto a más), no momento em que transcendermos a nossa visão particular do Universo.''


Agostinho da Silva, Alcorão (1947).
"Paraíso é quando não sentimos o corpo. Quando nos esquecemos.
Ou quando o sentimos com tal intensidade que estamos mergulhados na chama, que parece eterna"


Casimiro de Brito, Da Frágil Sabedoria, 2001, p.99

''as árvores deformam-se na névoa''


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 136


«                                       UMA MULHER

Vê! Todo o souto treme e não há vento...

                                         OUTRA MULHER

As nuvens caem no vale como mortas.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 134

«                                          UM VELHO

As árvores ficam com ossadas...Todas as folhas caem sobre a morta.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 134
«Anda a Morte entre as árvores, à espreita!...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 133

«O meu coração jamais se abriu para que Deus entrasse;»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 215

«Duas lágrimas rolaram dos seus olhos vazios;»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 212

Edward Hartwig - Kalinowszczyzna, 1927 r.


«No cume da fome, da sede e da dor encontra-se Deus.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 211

«Muitos desses ascetas selvagens tornaram-se loucos. Acreditam que lhes foram dadas asas e tentam voar sobre o abismo. Em baixo, a margem está coberta de ossadas.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 209

fome canina


«-Tem paciência, não estejas triste. É necessário que a nossa alma resista bem e não sucumba porque se algumas almas soçobrarem no mundo, o mundo desmoronar-se-á. São essas almas que o sustêm. É pouco mas é bastante.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 204
«SIGLA: Porra!

                                               Pancada do ponteiro.

NINA: Desabafa, é a tua vez dos palavrões.»


José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 149


«SIGLA: Estás mas é louca, tu é que não percebes. Tu é que não vês a maneira como olhas às vezes. (Sorriso fatigado de Nina.) E os lapsos, Nina. Os silêncios em que ficas de repente...e tu nem notas.»

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 135
«O que é preciso é ter memória, quando ninguém se lembra da gente.»


José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 122
« ESCUTA: Ao menos para passar fome, passo-a sozinha.»



José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 106

Then I Heard A Bachelor's Cry



Then I Heard A Bachelor's Cry

Lately I've been searching, searching for answers
I walk around the boulevards, looking for magicians
With a cold feet, black coat full of arms outstretched and a leading voice
And I can't help but shout at the top of my lungs
Who is next in line to get hurt
Who is next in line to get speared

Bad mouth, bad habits
Now leads icicles growing out me hair
Our past I'd guaranteed you if you'd stay with me your tomorrow will be endlessly free

Don't know what it was that had made you to come by
Though I know God created me beautifully but don't you know beauty will forever kill

Who is next in line to get hurt?

Who is next in line to get speared?

I am sorry
I can see our future
It isn't so bright
There isn't any light

Who is next in line to get hurt
Who is next in line to get my spear

And so I wait
I wait for my next prey
I wait
Here
“Temos, sobretudo, de aprender duas coisas: aprender o extraordinário que é o mundo e aprender a ser bastante largo por dentro, para o mundo todo poder entrar”

Agostinho da Silva, “A Última Conversa” (1993), p.96.

ave embalsamada

iniludível

''o soutien é uma grinalda a comemorar o corpo''


José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 83

«-Eu até encontrava um certo charme ao tipo.
-Também eu, também eu. Mas na cama...só lhe digo: analfabeto como a menina não pode imaginar.»

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 83

« SIGLA: Sei. Para mim é como estava: a menina que volta para casa debaixo de chuva. Tem até qualquer coisa de romântico, esse fim.

NINA: Romântica era a tua avó. E tu ainda és pior que queres que todos os fins acabem em casa, a dar ao rabo. »

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p, 74

PLANO C


   Em mangas de camisa, pistola à vista, o Agente contempla o poster de uma mulher nua. 
   Tira um pente do bolso traseiro das calças e, sem deixar de olhar o cartaz, compõe o cabelo. Afasta-se e aproxima-se da figura, analisa pormenores, coçando os testículos de mão no bolso.

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 63

''Sigla dá-lhe um beijo convencional de despedida.''

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 62

sábado, 28 de novembro de 2015

"Quando estou felizmente apaixonado, a minha vida fica cheia de prazer imediato e nem o passado nem o futuro me preocupam. Se o meu coração fica vazio, os meus pensamentos viram-se para o passado ou para o futuro, que acaba em morte, e a tristeza envolve-me. Por isso o amor é a única salvação do tempo pernicioso, salva-nos do passado e do futuro; pára o tempo no dia feliz de hoje.
Se o tepo pára para alguém que está apaixonado, isso quer dizer que a única forma de parar o tempo é estar constantemente apaixonado. E como é impossível estar constatemente apaixonado por uma mulher, estou constantemente a apaixonar-me por mulheres diferentes."




Alexandre Puchkine"Diário Secreto (1836-1837)"

sexta-feira, 27 de novembro de 2015


"Olhar esta ausência que é a única possível porque está escrita dentro de mim e, opaca, se estende no insensível curso do tempo.
Ver nela os erros repetidos e não ter coragem de lhes pôr termo. Não passar do vómito, de projectos vagos do que já hoje deveria estar consumado.
Quem arrumou a mesa onde escrevo trocou todos os lugares de todas as coisas.
Deixou intacto apenas o crâneo branco, meu interlocutor visível desde há alguns dias. O que ele me diz, digo-o eu há meses, há anos. Ele é uma pedra por onde passou o hálito de um ser. É enquanto passa que o hálito corrói.
Ninguém já pode numa das mãos os meus olhos e beijar com a outra a minha face agónica. É tarde na noite e no tempo. Ouço em mim o murmurar exterior do silêncio abafando cada vez mais o borbulhar dos gestos que reservara para mim. Quem outrora esperei sobe agora todos os degraus que eu não quero subir,
Devo olhar-me bem para me aniquilar melhor."

-"Aventuras de Um Crâneo e Outros Textos"
- Mário Botas

segunda-feira, 23 de novembro de 2015


«SIGLA: Guardavas as nódoas negras...o meu cheiro...Tudo o que ficava na pele era sagrado. (Sorriso:) Estupor de palavra, sagrado

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 61

«Nada disse. Nada disse, por cobardia.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 201

«Com os olhos que não dormem, da saudade...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 131

montear

verbo transitivo
caçar no monte

verbo intransitivo
fazer montaria, andar à caça no monte


«Vê as minhas mãos. Ainda têm manchas de sangue...»

António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 123

«São jóias da Morte os teus cabelos...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 120

giestais



«Oiço as roseiras da cerca a desfolhar-se...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 119

«São dois abismos a beijar-se...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 119

«Saboreio o teu cheiro como um corvo.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 118

«...a terra que fez noite nos teus olhos...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 117

freiras-flores


«Têm pouca luz aquelas flores. São freiras-flores.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 116

«A impressão de coisas frias...coisas tristes...de coisas a que não há nada que fazer...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 114

«Nem sossegou na vida nem na morte.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 110

«Tomara eu que o vento se calasse.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 110

«(...), cem anos que eu viva, há-de viver dentro e mim o sangue e lume.»


António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 107

transir

açodadamente

Poinsétia


«PRIMEIRA FREIRA

Mas com os olhos cheios de sol...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 98
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