"Gostava dessa espécie de beleza
que podemos surpreender a cada passo,
desvelada pelo acaso numa esquina
de arrabalde; a beleza de uma casa devoluta
que foi toda a infância de alguém,
com visitas ao domingo e tardes no quintal
depois da escola; a beleza crepuscular
de alguns rostos num retrato de família
a preto e branco, ou a de certos hóteis
que conheceram há muito os seus dias de fulgor
e foram perdendo estrelas; a beleza condenada
que nos toma de repente, como um verso
ou o desejo, como um copo que se parte
e dispersa no soalho a frágil luz de um instante.
Gostava de tudo isso que o deixava muito a sós
consigo mesmo, essa espécie de beleza
arruinada
onde a vida encontra o espelho mais fiél."
-"Oráculos de Cabeceira"
- Rui Pires Cabral
domingo, 20 de setembro de 2015
I
Em tempos que já lá vão, vivia em Portugal, uma mulher que, de seu, tinha apenas uma cama e um bacio.
A sua sujeição era tal que mal podia levantar a cabeça. Só servia para a lida da casa. E para a cama.
Levantar a voz não o podia fazer. Lamentar-se também não. Assim, a sua fala, humana, quando saía mais parecia um miado que voz de mulher.
Mesmo assim, de boa que era, essa mulher, mesmo permanentemente de gatas, dançava louca de arrependimento quando o via aparecer a ele, o homem, seu amante e senhor, seu marido.
Muitas das vezes, pensou em rebelar-se. Ninguém gosta de ser escravo. Mas logo acudiam, em socorro da sua mansidão, com contos e histórias que a faziam adormecer e sonhar.
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 7
A sua sujeição era tal que mal podia levantar a cabeça. Só servia para a lida da casa. E para a cama.
Levantar a voz não o podia fazer. Lamentar-se também não. Assim, a sua fala, humana, quando saía mais parecia um miado que voz de mulher.
Mesmo assim, de boa que era, essa mulher, mesmo permanentemente de gatas, dançava louca de arrependimento quando o via aparecer a ele, o homem, seu amante e senhor, seu marido.
Muitas das vezes, pensou em rebelar-se. Ninguém gosta de ser escravo. Mas logo acudiam, em socorro da sua mansidão, com contos e histórias que a faziam adormecer e sonhar.
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 7
«O que vem do fogo é tudo o que esperamos
para que só a cinza o possa receber.»
Fernando Guimarães, O Anel Débil
para que só a cinza o possa receber.»
Fernando Guimarães, O Anel Débil
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« o coração mais dói ao ver-se exposto.»
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 217
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«somos a dor que dói dentro do nada.»
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 153
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«Pára-me de repente o pensamento
e a luz que nos contorna a razão.»
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 141
e a luz que nos contorna a razão.»
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 141
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«Desfeita a neve em água rumorosa, »
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 101
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«Tudo começa a ordenar-se, à aproximação do amor.»
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 49
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Consumpção
nome feminino
1. acto ou efeito de consumir
2. enfraquecimento lento e progressivo do organismo, produzido por doença; definhamento
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«A mecânica do amor não conhece
pausas.»
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 41
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(...)
3.
Todos os poemas procedem deste modo:
contornam o insuportável,
até cercarem as palavras de grãos de areia e de luz,
tornando assim aquilo que está fora do poema
mais legível do que o próprio poema.
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 30
3.
Todos os poemas procedem deste modo:
contornam o insuportável,
até cercarem as palavras de grãos de areia e de luz,
tornando assim aquilo que está fora do poema
mais legível do que o próprio poema.
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 30
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(...)
«Também eu quero ouvir-te,
esperar-te ansiosamente
até não suportar mais a passagem das horas.»
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 30
«Também eu quero ouvir-te,
esperar-te ansiosamente
até não suportar mais a passagem das horas.»
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 30
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«música apercebida
entre nuvens»
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 29
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4.
Só o vazio pode endurecer a alma,
permitindo-lhe chegar
à sua própria chama. O vazio é atravessado
pela radiosa música
do que vai morrer.
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 28
permitindo-lhe chegar
à sua própria chama. O vazio é atravessado
pela radiosa música
do que vai morrer.
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 28
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quarta-feira, 16 de setembro de 2015
À memória de Raquel Moacir
A tua morte é sempre nova em mim.
Não amadurece. Não tem fim.
Se ergo os olhos dum livro, de repente
tu morreste.
Acordo, e tu morreste.
Sempre, cada dia, cada instante,
a tua morte é nova em mim,
sempre impossível.
E assim, até à noite final
irás morrendo a cada instante
da vida que ficou fingindo vida.
Redescubro a tua morte como outros
redescobrem o amor,
porque em cada lugar, cada momento,
tu estás viva.
Viverei até à hora derradeira a tua morte.
Aos goles, lentos goles. Como se fosse
cada vez um veneno novo.
Não é tanto a saudade que dói, mas o remorso.
O remorso de todo o perdido em nossa vida,
coisas de antes e depois, coisas de nunca,
palavras mudas para sempre, um gesto
que sem remédio jamais teve destino,
o olhar que procura e nunca tem resposta.
O único presente verdadeiro é teres partido.
|
Adolfo Casais Monteiro
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segunda-feira, 14 de setembro de 2015
- «Tomei a minha decisão», na tua boca, Senhor, significa: vou matar!»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 238
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Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 238
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«Tive medo. Como era possível que um tal rebelde tivesse saído de dentro de mim? Onde estava escondida, no fundo de mim, atrás de Deus, essa alma selvagem e insubmissa?»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 240
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 240
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Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 239/240
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«Sodoma e Gomorra estendiam-se à beira do rio como duas prostitutas e beijavam-se. »
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 238
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«Peguei na caneta e pus-me a escrever para me acalmar, para criar.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 228
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 228
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«Nunca lhe ouvi sair da boca uma palavra alegre.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 225
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«O meu coração jamais se abriu para que Deus entrasse;»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 215
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O Ofício
Escrevo para sentir nas veias
o voo da pedra.
Antecipação da paz
neste país de granadas
moldadas
no silêncio dos frutos.
Escrevo como quem escava
no bojo da sombra
um mar de claridade.
Pedras vivas de possibilidade
as palavras levantam
o crime, os pássaros do pântano
Escrevo
no grande espaço obscuro
que somos e nos inunda.
Casimiro de Brito, in "Jardins de Guerra"
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domingo, 13 de setembro de 2015
«Fez em seguida e por três vezes o sinal da cruz e cuspiu para o ar:
- Para trás, Satanás! - repetiu. A sua voz era agora firme.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 213
- Para trás, Satanás! - repetiu. A sua voz era agora firme.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 213
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«Não tínhamos dito ainda uma palavra, mas sentíamos o coração angustiado.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 203
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« - Que é que vocês vêm cá fazer, seus palermas? - perguntou.
-Vimos rezar, meu velho.
-Rezar, porquê? E a quem? Estão doentes?»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 203
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"Uma rapariga loura está inclinada sobre um poema. Com o bisturi de um lápis afiado transfere as palavras para uma folha branca e converte-a em acentos, cadências, cesuras. O lamento de um poeta caído assemelha-se agora a uma salamandra devorada por formigas.
Quando o levámos sob o fogo das metralhadoras eu pensei que o seu corpo ainda quente ressuscitaria nas palavras. Agora que vejo a morte das palavras, sei que não há limites para o declínio. Tudo o que deixaremos atrás de nós sobre a terra escura serão sílabas dispersas.
Acentos sobre o pó e o nada."
-"Uisses Já Não Mora Aqui"
- José Miguel Silva
«Puxou uma longa fumaça do cigarro e o fumo saiu-lhe pelas narinas.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 199
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 199
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«Pecado confessado é pecado perdoado.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 199
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«Percorríamos o monte Athos e à medida que respirávamos o nosso coração enchia-se de fogo e dilatava-se, pleno de alegria.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 195
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 195
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«Sentia-me diluído na felicidade.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 192
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''o jardim é um estremecimento''
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 265
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O DEUS NU(LO)
1988
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 255
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sábado, 12 de setembro de 2015
« O poema é um arbusto que não cessa de tremer.»
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 231
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A mão
prolonga
o pulso
quando
a água ondula
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 182
prolonga
o pulso
quando
a água ondula
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 182
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O ar passa
a t r a v é s d a s p a l a v r a s
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 181
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«afundo-me como um osso no silêncio dos ossos»
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 152
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«Não te construo, constróis-me, construo-te,»
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 84
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«uma respiração feliz ombro a ombro
um caminhar sem solidão na noite.»
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 78
um caminhar sem solidão na noite.»
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 78
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«São restos de tabaco e de ternura rápida.»
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 43
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«A fadiga substitui-lhe o coração
as cores da inércia giram-lhe nos olhos.»
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 37
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(...)
«O tempo das palavras
numa circulação sombria como um poço
de ecos incontrolados
de timbres inesperados
como moedas de sangue cunhadas numa noite
demasiado curta e com luar de mais »
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 33
«O tempo das palavras
numa circulação sombria como um poço
de ecos incontrolados
de timbres inesperados
como moedas de sangue cunhadas numa noite
demasiado curta e com luar de mais »
António Ramos Rosa. Antologia poética. Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001., 33
adivinhava o cérebro por detrás do belo rosto
«Eu era áspero, avaro de palavras, na minha dura carapaça popular; cheio de interrogações, angústias metafísicas, o brilho da fachada nunca me enganava, eu adivinhava o cérebro por detrás do belo rosto;»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 179
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«Possuía asas, não tinha um espírito sólido; via longe e confuso.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 179
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«Os homens sentiam que eu não tinha necessidade deles, que podia viver sem as suas conversas e nunca me puderam perdoar. Existem muito poucos homens com quem eu poderia viver bastante tempo sem me sentir mal.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 178
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 178
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''perigoso ninho de vespas literário''
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 177
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« - Vou cantar-te uma canção bem-educada:
Mijar, comer, beber e cagar, eis a vida do homem!»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 177
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"Rehab"
They tried to make me go to rehab but I said, 'No, no, no.'
Yes, I've been black but when I come back you'll know, know, know
I ain't got the time and if my daddy thinks I'm fine
He's tried to make me go to rehab but I won't go, go, go
I'd rather be at home with ray
I ain't got seventy days
'Cause there's nothing
There's nothing you can teach me
That I can't learn from Mr Hathaway
I didn't get a lot in class
But I know it don't come in a shot glass
They tried to make me go to rehab but I said, 'No, no, no.'
Yes, I've been black but when I come back you'll know, know, know
I ain't got the time and if my daddy thinks I'm fine
He's tried to make me go to rehab but I won't go, go, go
The man said, 'Why do you think you're here?'
I said, 'I got no idea
I'm gonna, I'm gonna lose my baby
So I always keep a bottle near.'
He said, "I just think you're depressed."
This me "Yeah, baby, and the rest."
They tried to make me go to rehab but I said, 'No, no, no.'
Yes, I've been black but when I come back you'll know, know, know
I don't ever wanna drink again
I just, ooh, I just need a friend
I'm not gonna spend ten weeks
Have everyone think I'm on the mend
It's not just my pride
It's just 'til these tears have dried
They tried to make me go to rehab but I said, 'No, no, no.'
Yes, I've been black but when I come back you'll know, know, know
I ain't got the time and if my daddy thinks I'm fine
He's tried to make me go to rehab but I won't go, go, go
"You Know I'm No Good"
Meet you downstairs in the bar and hurt,
Your rolled up sleeves in your skull t-shirt,
You say "what did you do with him today?",
And sniffed me out like I was Tanqueray,
'Cause you're my fella, my guy,
Hand me your stella and fly,
By the time I'm out the door,
You tear men down like Roger Moore,
I cheated myself,
Like I knew I would,
I told you I was trouble,
You know that I'm no good,
Upstairs in bed, with my ex boy,
He's in a place, but I can't get joy,
Thinking on you in the final throes,
This is when my buzzer goes,
Run out to meet you, chips and pitta,
You say 'when we married",
'cause you're not bitter,
"There'll be none of him no more,"
I cried for you on the kitchen floor,
I cheated myself,
Like I knew I would,
I told you I was trouble,
You know that I'm no good,
Sweet reunion, Jamaica and Spain,
We're like how we were again,
I'm in the tub, you on the seat,
Lick your lips as I soak my feet,
Then you notice little carpet burn,
My stomach drops and my guts churn,
You shrug and it's the worst,
Who truly stuck the knife in first
I cheated myself,
Like I knew I would
I told you I was trouble,
You know that I'm no good,
I cheated myself,
Like I knew I would
I told you I was trouble,
Yeah, you know that I'm no good.
Writer(s): Amy Winehouse
confusas transformações espirituais
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 176
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«Senti, uma vez mais, como a felicidade na terra é feita à medida do homem; não é uma ave rara que perseguimos ora no céu, ora no nosso espírito. A felicidade é um pássaro domesticado que vive no nosso quintal.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 169
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sexta-feira, 11 de setembro de 2015
XVI
Ser indiferente é como estar-se morto,
vivendo até talvez alegremente.
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 110
vivendo até talvez alegremente.
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 110
(...)
«Nevoenta, a tarde
é o meu abrigo.»
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 100
«Nevoenta, a tarde
é o meu abrigo.»
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 100
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(...)
«Mas logo voam em mim aves,
como o vento.»
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 98
«Mas logo voam em mim aves,
como o vento.»
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 98
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(...)
«Ao fala, é segura a minha fala.
Na acção, sou preciso e resoluto.»
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 87
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ARGILA
Ao afirmar-me aqui, tudo me prende.
Aqui, está-me o futuro já moldando.
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 72
Aqui, está-me o futuro já moldando.
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 72
«Dá-te sempre a quem quer que se te dê,»
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 63
''arvoredo amedrontado''
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 47
«Dos olhos a arder me rompem pombas.»
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 45
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XXXI
Ninguém está só, onde haja amor.
Onde haja amor, só há verdade.
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 39
Onde haja amor, só há verdade.
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 39
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VI
Tudo pode ser tudo.
Tudo pode ser nada.
Depende das fomes
que cada um tem.
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 14
Tudo pode ser nada.
Depende das fomes
que cada um tem.
Armindo Rodrigues. Sequência da Alvorada. Livros Horizonte, Lisboa, 1985., 14
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Mas talvez a tua pessoa se tenha
transformado numa espécie de ar de
neve, que entra pela janela que torna-
mos a fechar, tomados de arrepios
ou de um mal estar prenúncio de drama,
como me aconteceu há semanas atrás. O frio
concentrou-se-me de súbito nos ombros
cobri-me precipitadamente e afastei-me
quando eras tu talvez e o mais quente
que podias mostrar-te, à espera de
ser bem acolhida; tu, tão lúcida, já
não conseguias exprimir-te de outra
maneira.
Henri Michaux
Nós dois ainda
Bonecos Rebeldes, 2009
Tradução de Rui Caeiro
Nós dois ainda
Bonecos Rebeldes, 2009
Tradução de Rui Caeiro
Jogo-medeia
Da teia desce uma cama que é disposta ao alto. Duas figuras de mulher com máscaras mortuárias trazem uma rapariga para o palco e colocam-na de costas para a cama. Vestem a noiva. Atam-na à cama com o cinto do vestido de noiva. Duas figuras de homem com máscaras mortuárias trazem o noivo e colocam-no de frente para a noiva. Ele faz o pino, anda com as mãos no chão, faz a roda à frente dela, etc.; ela ri sem se ouvir. Ele rasga o vestido de noiva e toma posição encostado a ela. Projecção: sexo. Com os farrapos do vestido de noiva as máscaras mortuárias masculinas amarram as mãos, as máscaras mortuárias femininas os pés da noiva à cama. O reste serve de mordaça. Enquanto o homem, diante do público (feminino) faz o pino, anda com as mãos no chão, faz a roda, etc., a barriga da mulher incha até rebentar. Projecção: parto. As máscaras mortuárias femininas tiram da barriga da mulher uma criança, desamarram-lhe as mãos, põem-lhe o filho nos braços. Ao mesmo tempo, as máscaras mortuárias masculinas carregam de tal modo com armas o homem que ele já só consegue andar de gatas. Projecção: morte. A mulher arranca o rosto, desmembra a criança e lança os pedaços na direcção do homem. Da teia caem sobre o homem escombros membros entranhas.
Heiner Müller
O anjo do desespero
Relógio D´Água, 1997
Tradução de João Barrento
O anjo do desespero
Relógio D´Água, 1997
Tradução de João Barrento
Causar boa impressão
Masturbei-me duas vezes
antes de sairmos juntos,
para que não parecesse demasiado esfomeado.
Hal Sirowitz
Tradução de José Luís Peixoto
para que não parecesse demasiado esfomeado.
Hal Sirowitz
Tradução de José Luís Peixoto
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
[...] nenhum deus
é tão grande que se não perca na substância
da sombra.
Herberto Helder,
do poema II de 'O Poema'
in «A Colher na Boca» (1961)
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Herberto Helder,
livros de poesia
terça-feira, 8 de setembro de 2015
Rimbaud
As noites, as pontes de comboio, a má estrela,
os seus temíveis companheiros não as conheciam;
Mas nessa criança a mentira do retórico
Queimava como uma fornalha: o frio fizera um poeta.
As bebidas que o seu amigo tíbio e lírico
Lhe comprava, perturbavam-lhe os cinco sentidos,
Teimando com todo o nonsense corriqueiro;
Até se alhear dos pecados e da lira.
Os versos eram uma doença específica do ouvido:
a integridade era de menos; parecia
O inferno da infância: devia tentar de novo.
Agora, galopando pela África, ele sonhava
Um novo eu, um filho, um engenheiro,
Cuja verdade mentirosos aceitassem.
os seus temíveis companheiros não as conheciam;
Mas nessa criança a mentira do retórico
Queimava como uma fornalha: o frio fizera um poeta.
As bebidas que o seu amigo tíbio e lírico
Lhe comprava, perturbavam-lhe os cinco sentidos,
Teimando com todo o nonsense corriqueiro;
Até se alhear dos pecados e da lira.
Os versos eram uma doença específica do ouvido:
a integridade era de menos; parecia
O inferno da infância: devia tentar de novo.
Agora, galopando pela África, ele sonhava
Um novo eu, um filho, um engenheiro,
Cuja verdade mentirosos aceitassem.
W. H. AudenO Massacre dos Inocentes: Uma AntologiaAssírio & Alvim, 1994
Tradução de José Alberto Oliveira
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