terça-feira, 8 de setembro de 2015

Rimbaud

As noites, as pontes de comboio, a má estrela,
os seus temíveis companheiros não as conheciam;
Mas nessa criança a mentira do retórico
Queimava como uma fornalha: o frio fizera um poeta.

As bebidas que o seu amigo tíbio e lírico
Lhe comprava, perturbavam-lhe os cinco sentidos,
Teimando com todo o nonsense corriqueiro;
Até se alhear dos pecados e da lira.

Os versos eram uma doença específica do ouvido:
a integridade era de menos; parecia
O inferno da infância: devia tentar de novo.

Agora, galopando pela África, ele sonhava
Um novo eu, um filho, um engenheiro,
Cuja verdade mentirosos aceitassem.



W. H. AudenO Massacre dos Inocentes: Uma AntologiaAssírio & Alvim, 1994
Tradução de José Alberto Oliveira

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