terça-feira, 17 de março de 2015

«Nesse tempo, ou já muito antes, era considerado um tipo insociável. Fumava desalmadamente, macerando o cigarro de um canto para o outro da boca, num jeito nervoso nada fácil de imitar, roendo a todo o momento qualquer danação íntima que se traduzia nos modos como fazia crer às pessoas que a presença delas me era insuportável. Tudo me servia para exagerar a brusquidão, talvez porque toda a gente reparasse nela e a censurasse, e a minha rebeldia contra fosse lá o que fosse movimentava-se, provocante, tanto mais quanto os outros a receavam.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 9

Dead flowers


Amigos de Quem


Lá voltaste a puxar para ti o lençol
Como que a privar meus sonhos do último raio de sol
Amigos são sobras do tempo
Que enrolam seu tempo á espera de ver
O que não existe acontecer

Mas teimas em riscar o fim do meu chão
Nunca medes a distância
Dos passos á razão
Meus votos são claros na forma
Desejo-te o mesmo que guardo p'ra mim
E o que não existe não tem fim

É só dizer e volto a mergulhar
Voltar a ler não é morrer é procurar
Não vai doer mais do que andar assim a fugir
Deixa-te entrar para tentar ou destruir

Mas quem te ouviu falar
Pensou tudo vai bem
Só que alguém vestiu a pele
Que nunca serve a ninguém
E a dúvida está do meu lado
Mas eu não consigo olhá-la e achar
Ser esse o lado em que ela deve estar

Erguemos um grande castelo
Mas não nos lembramos bem para quê
E é essa a verdade que se vê

É só dizer e volto a mergulhar
Voltar a ler não é morrer é procurar
Não vai doer mais do que andar assim a fugir
Deixa-te entrar para tentar ou destruir
Mas sem fingir
Sem fingir
Sem desistir

Clã

Pequena Morte

(...)


«Vira-me do avesso, amor
Corta-me aos pedaços
Eu cresço e desapareço
Seguindo os meus próprios passos
Eu cresço e desapareço


Não me abandones nesta margem
Eu sou parte da viagem.»

Clã

Madame Tussaud's spare heads - doll parts


Narciso Sobre Rodas



ainda me lembro de ti.
tão cheio de ti mesmo.
passeando tua esfinge
de príncipe de alta casta.
alguém que já nem finge
que amar-se a si mesmo basta!

havia sempre alguém
a prestar vassalagem
e a render-se à tua imagem
de Narciso bem penteado
tirando da garagem um coração cromado!

julgavas que a vida era um chevrolet vermelho
que a beleza bastava
para seres do mundo lago mas quebrando-se o espelho
não aguentaste o estrago.

E eu que verti uma lágrima
Por não merecer o teu olhar
Pergunto a mim mesma como pude um dia
por ti chorar.

narciso, sobre rodas vem
narciso
sobre rodas

e agora encontrar-te pergunto a mim mesmo
como pude um dia sequer amar-te
e agora encontrar-te pergunto a mim mesmo
como pude sequer amar-te

Clã

segunda-feira, 16 de março de 2015

protagonista regiana

UNO
"Os olhos dela são como dois lagos
recuperados do sânscrito à sombra do lótus
Cantarei nas margens sem mover quadris
na imóvel dança dos sufis
«Bom dia, meu senhor!»
e a loucura da manhã amadurece o amor"

-"Amor Único"
- António Barahona da Fonseca
«(…) O que eu quis significar com reforma da mentalidade não é uma modificação no conteúdo das crenças, e sim na forma do pensamento dos homens, isto é, a passagem da mentalidade catecismal e dogmática (que se encontra igualmente nos dois campos opostos, entre homens da direita e entre homens da esquerda, entre vermelhos e azuis) para a atitude de espírito indagadora e crítica - para a do livre exame, para a da correcção incessante, para a da discussão aberta, para a da investigação contínua.»

- António Sérgio, História de Portugal – Introdução Geográfica, 1941.

domingo, 15 de março de 2015


«O FARTURAS - Eu tenho morrido mil vezes. Há anos que morro todos os dias mais um bocadinho. E gostava de morrer todo de uma só vez, com um enfartamento.»


Miguel BarbosaOs Carnívoros. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 31

Margaret Monck, Man, Quayside with Bird Cages (Portugal) 1930 s.



«O PÉRICLES (gritando) - Vejo vampiros!
O SUICIDA - Onde, ó Péricles? É no ar?!
O PÉRICLES - Sim, no ar. Andam vampiros no ar. À nossa volta.
O SUICIDA - São moscas (faz menção de apanhar uma que passa.) Sou o Rei! O imperador das moscas. (Abre a mão lentamente como se tivesse medo que ela fugisse). Domino-as, apanho-as no ar. Escravizo-as. Nunca falho. Tenho a mão. A mão para as moscas...E só as largo quando quero. Separo-as do mundo, do sol, da vida. Foi o que me fizeram a mim. Fechado num quarto escuro, sem janelas, a morrer de fome. Maldito mundo, malditas pessoas, e como tinha medo daquela maldita miséria! O mundo, as moscas, tudo contra mim!...(Puxa duma corda). Vou-me suicidar.»


Miguel BarbosaOs Carnívoros. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 29

«Há coisas que, se a gente não souber, não doem. O que não se sabe não dói...»

Miguel BarbosaOs Carnívoros. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 28

«-As máquinas são os braços, as pernas, o pensamento do homem. Satisfazem-no até sexualmente»

«Deixamos de sentir fome, é verdade, mas continuamos a tê-la»


 Miguel BarbosaO Tecni-Homem. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 16

''riso amargo, pungente''

«Pior que matarem-te foi terem-te roubado a esperança.»

Miguel BarbosaO Tecni-Homem. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 16

Romy Schneider on the set of L’Enfer (1964)


apoteose


«Por momentos somos levados a suspeitar que Miguel Barbosa é orientado por um sentido de fatalismo ontológico como se, à semelhança dos heróis das tragédias gregas, às personagens fosse inútil a luta. E resta-lhes não o riso mas a acção que parece destinada a provocá-lo. É um teatro incómodo porque, se aponta problemas existenciais e não lhes dá solução, também não deixa adivinhar uma estrutura ética, social, estética, interior ao drama, substantiva à acção que sugira a esperança.»


Isabel Clemente

in Miguel BarbosaOs Carnívoros. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 16

''consciência da humilhação''

sine qua non

catársis

«A fome inexplicável, por exemplo. A fome que não tem sentido apreensível, justificável:
«De que espécie é a tua fome? É uma fome assim...muito grande?
-É fome, fome...Só fome.
-Porque não dormes de barriga para baixo? Devias dormir de barriga para baixo...»



Miguel Barbosa. Os Carnívoros. Editorial Futura, Lisboa, 1974., p. 14

Um Crime À Minha Porta

Um Crime À Minha Porta
Vim da rua de matar alguém,
E foi assim que eu matei por bem.
As razões:
Não há razões!
É que eu não tenho mais amor pra dar,
E a ninguém!
Quero não amar p'ra não cair,
Não vou dar,
E não vou ter,
A mesma forma de estar.
Tudo bem vá durar um dia,
Faça agora tudo o que eu fizer.
Quero estar voar e só contigo,
Mas só enquanto eu quiser.
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar.
Vim da rua de matar alguém,
Agora espero o sol.
Agora espero só.
Quem não dá para ter quem não dá,
Pra dar um brilho ao ego,
E ter assim o cheiro do que um dia,
Seria,
O nosso dia,
Daquilo que eu faria.
Agora sinto a dor,
Agora sinto a dor.
Por quem matei por ter feito amor.
Qual dor.
Eu só faço o que eu quero.
Eu não penso em ninguém,
Por pensar.
Meu nome é partir,
E voltar,
E tudo por quem?
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar.
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar.
Levo-me ao inverno,
Pela mão da minha culpa,
Tenho a força para ser mais forte,
E roubo-te a desculpa.
Eis a preocupação,
Com uma qualquer situação anormal.
É triste o fim ser igual,
Para nós.
Estar nas nossas mãos,
O evitar simples,
Da dor.
E qualquer dia me traz,
Até mim.
Qual a minha culpa qual,
A sentença?
Da lição não tiro nada,
Mas que o crime só compensa.
E se eu matar,
Logo pela madrugada?
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar.
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar.
Eu não sou normal.
Eu não quero ser igual.
Isso é virar um homem,
Que eu não sou.
(Sou) ouro em teu olhar.
Serei o pai do teu prazer até ao dia,
Em que o amor for para nós:
A ultima fatia.
E se o trago é difícil,
E a veia entope,
Só nos resta a nós os dois:
A hemorragia.
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar.
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar.

Pára de Olhar Para Mim

Ao ver meu quarto aberto
Alguém entrou
Só no acender da luz
Vê que eu não estou
Eu jurei
Quando eu voltar
Ninguém mais vai entrar
Para sempre eu vou esperar por ti
Pára de olhar para mim
Deixa-me ser alguém
Tão cedo não vais ver ninguém
Ao ver meu quarto aberto
Alguém pensou
Foi para mim que alguém assim o deixou
Para quê mentir
Se eu bem sei
Que não há ninguém igual
Para sempre eu vou esperar por ti
Pára de olhar para mim
Deixa-me ser alguém
Tão cedo não vais ver ninguém
Guardar cá dentro amor
Não nos faz nada bem
Quando cá fora o ódio quer entrar
Fui morar pra paixão
Pois eu sei
Que não há melhor lugar
Para sempre eu vou esperar por ti
Pára de olhar para mim
Deixa-me ser alguém
Tão cedo não vais ver ninguém
Eu só quero dar-te alguém melhor

sexta-feira, 13 de março de 2015

"Escreve-se para que algo aconteça
sem acrescentar nada ao mundo"


- António Ramos Rosa, As Palavras.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Coffee girl


«T: Então o que é que queres? Foder?
Ou queres que te bata?
L: Eu quero qualquer coisa real!
T: Então vou começar a gritar: estúpida e fedorenta de
merda
cona nojenta
puta de puta
puta cancerosa
racha pestilenta
balde de cancro
rio de aftas
porque é que não pões o dedo no iogurte
e o metes depois pela cona acima
para poderes finalmente ver-te livre desses fungos
e nós podermos, finalmente, dar mais uma queca!
E depois começas tu a gritar para mim:
Estupor de merda, cara de merda...
L: Eu é que decido o que te quero gritar,
mas eu não te quero gritar mais nada
porque estaria a desperdiçar o meu tempo e a minha
voz
T: Nem sequer tens voz
L: Caralho!
T: OK
     Cona!»

Gerardjan Rijnders Buraco Negro. Campo das Letras, 1999, p. 169/170

«T: Queres dizer que eu não te consigo dar esse
sentimento?
L: Porque é que tens que reconciliar tudo com tudo?
T: Acabaste de dizer que destruo tudo
L: Alisas sempre as rugas
é essa a tua maneira de reconciliar
e de destruir
T: Amo-te
L: Isso é o que todos dizem
T: Estamos a falar de sentimentos ou de arte?
L: Outro cliché»


Gerardjan Rijnders Buraco Negro. Campo das Letras, 1999, p. 166





Uma estalada

T: O resto é silêncio
L: Não. Sentimento.
T: Magoei-te?
L: Não saberias
T: Magoar?
L: Sentir
T: É a mesma coisa, para mim
L: Caralho
T: OK
     Cona
   
Gerardjan Rijnders Buraco Negro. Campo das Letras, 1999, p. 164

«T: Mas pode-se sonhar que se sonha
L: Também se pode dizer que se diz qualquer coisa
T: É pena
Pensava que estávamos a encetar uma conversa
 interessante
L: Não estás a dizer nada
Estás só a destruir coisas
T: É a mesma coisa
L: Sim, é tudo a mesma coisa:
é nada
Uma conversa interessante, um sonho, ou um buraco
negro
para o qual és sugado
Quero um bebé!»

Gerardjan Rijnders Buraco Negro. Campo das Letras, 1999, p. 163

«L: Bateste-me! Não me digas que já estás a esquecer!
T: Pediste-me! Não me digas que te esqueceste!»


Gerardjan Rijnders Buraco Negro. Campo das Letras, 1999, p. 157
«L: Se eu não soubesse como chorar
também seria muito infeliz»

Gerardjan Rijnders Buraco Negro. Campo das Letras, 1999, p. 149


«L: Estava a ler uma coisa que dizia
mulherzinhas mexem o chá com as maminhas
e a palavra política
parece dizer sempre policiar»


Gerardjan Rijnders Buraco Negro. Campo das Letras, 1999, p. 148
"O meu livreiro dá-me conselhos. Ele conhece-me, sabe o género de livros de que eu gosto. O meu marido, esse, lê coisas científicas. Não gosta de romances, lê coisas muito difíceis de compreender... oh, não é que não gostasse de ler... mas neste momento... durmo...
Sou alguém que tem medo - continua Alissa - medo de ficar abandonada, medo do futuro, medo de amar, medo da violência, do número, do desconhecido, da fome, da miséria, da verdade."

-"Destruir, Diz Ela"
- Marguerite Duras 
TEMPO APRAZADO
"Coloca uma palavra
no vale da minha nudez
e planta florestas de ambos os lados,
para que a minha boca
fique toda à sombra"


-"O Tempo Aprazado"
- Ingeborg Bachman


Silêncio

RICHARD
Não te compreendo

RITA 
Como se quisesses

Silêncio

RICHARD
Eu quero compreender-te

RITA
Tu nem sequer sabes o que isso quer dizer

Silêncio

RICHARD
Eu quero que tu me expliques
Aquilo que eu quero
Quando digo
''Eu quero compreender-te''


Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 131

«Atreve-te de uma vez a dizer algo
Atreve-te de uma vez a nada dizer»


Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 129

ramo de peónias

''No lamento sou feliz''


Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 108

língua de trapos

«RICHARD
Eu não te acuso
Tu partes do princípio
Que és acusada»

Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 99

«E se estivesses só
Mas não o sentisses»


Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 98

apoquentação doentia


«RICHARD
Não tenho lágrimas
Não faço ideia onde elas estão
Não saberia onde ir buscá-las
Falámos tanto que desapareceram»



Gerardjan Rijnders. Belo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 94

«Portanto, tu queres...

RITA
Eu quero que continues a falar!

RICHARD
Tu queres música

RITA
Quero que continues a falar

RICHARD
Tu queres música
Tu queres um enterro»


Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 91/2

«RICHARD
Good morning Vietnam!»

Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 86
«RICHARD
Um homem ama uma mulher
Ela ama-o
Mas ele não pode mais fodê-la
Só massajar
Então não dá vontade de chorar?

RITA
Sim
Isso
''Não pode mais fodê-la''
É nisso que deu então
Todos os anos que estiveram juntos

RICHARD
Sim

RITA
Sim?

RICHARD
Tenho frio

RITA
Muita gente tem frio



Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 82
«RITA
(...)
Conheces palavras tímidas?»


Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 76

apodrecendo


«RITA
É que vejo perfeitamente
Como aos poucos te deixas levar
Pela tua cólera»

Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 67

«RITA
Ela tem qualquer coisa de alegre.

RICHARD
Como qualquer cão.»




Gerardjan Rijnders. Belo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 64
«RICHARD
Pensar?
Masturbação?

RITA
Medo»

Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 60

Maria do Alívio fotografada por Agnès Varda, Póvoa de Varzim 1953



RITA

Acordei
Como se toda a noite
Tivesse chorado
Não consigo lembrar-me de nada
Nenhum sonho nenhum farrapo nenhuma imagem
Mas foi como se eu
Tivesse chorado toda a noite
Deve ter sido o teu sonho


Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 59

comoventemente

terça-feira, 10 de março de 2015


«RITA
Uma verdadeira tragédia?

RICHARD
Ou uma tragédia representada
As catástrofes possuem frequentemente uma grande
        dose de beleza?

RITA
Verdadeiras catástrofes?

RITA
A indiferença ajuda.

RICHARD
Porque é que eu diria uma coisa dessas?

RITA
Mas tu não o dizes
Tu dizes isso no palco
Ou querias verdadeiramente dizê-lo?»


Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 36

RICHARD
Mas isso é um filme
Ou imagina
Nós não somos nós
Nós não estamos aqui
Mas num palco
Actores
E eu digo-te 
Tu não tens uma cona
Tu tens um extintor


Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 35


RICHARD

Não
A impotência tem qualquer coisa de belo
Nós dizemos ''merda''
Eles dizem ''Heil Hitler''
Nós chamamos a isso ''vulnerável''
Eles ''Medo''
Um hotel vazio e belo


Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 33

RITA

Isso é inveja
Ou impotência
Depressão
A inocência tão-pouco
A inocência não pode ser feia

RICHARD

Muitas vezes estúpida e ensebada
De se calcar aos pés
Freiras amargas
Bebés ranhosos
A compaixão nada tem a ver com o belo.

RITA

A compaixão não pode ser feia.

Gerardjan RijndersBelo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 28/9

''uma paz de papel de parede com flores.''

Gerardjan Rijnders. Belo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 24

Uma girl next door...


démodés

ALCOVITEIRA

«Leva-a, Boult; faz-lhe o que te parecer: quebra-lhe o vidro da virgindade, e torna o resto maleável.»



William Shakespeare. Péricles Príncipe de Tiro. Trad e revisto por João Grave. Lello & Irmão Editores, Porto, 1976., p. 139

Lupanar


nome masculino

casa de prostituição; bordel; prostíbulo


«Aquela dor simulada passa por verdadeira mágoa, e Péricles, devorado de angústia, suspirando e derramando grossas lágrimas, torna e embarcar, e abandona Tarso. Jura de nunca mais lavar a cara nem cortar o cabelo; veste-se com um saco, e embarca. Sobrevém uma tempestade que lhe despedaça o navio, mas de que ele escapa. Permiti agora que vos leia o epitáfio de Marina, escrito pela criminosa Dionisa.»



William Shakespeare. Péricles Príncipe de Tiro. Trad e revisto por João Grave. Lello & Irmão Editores, Porto, 1976., p. 126/7

propalar


«Vede, eu nunca matei um rato ou molestei uma mosca; se calquei algum verme, foi sem querer, e logo chorei por isso.»


William Shakespeare. Péricles Príncipe de Tiro. Trad e revisto por João Grave. Lello & Irmão Editores, Porto, 1976., p. 108

''mágoas improfícuas''


«Da educação obteve ela as graças que a tornam perfeita tanto pelo coração como pelo carácter.»


William Shakespeare. Péricles Príncipe de Tiro. Trad e revisto por João Grave. Lello & Irmão Editores, Porto, 1976., p. 101

''urdida seda''

''Se vives, Péricles, tens um coração que deve estalar de dor!''


William Shakespeare. Péricles Príncipe de Tiro. Trad e revisto por João Grave. Lello & Irmão Editores, Porto, 1976., p. 93

''relâmpagos sulfurosos''

«O gato, com os olhos brilhantes como brasas, está deitado diante do buraco do rato, e os grilos, cada vez mais contentes com o calor, cantam à boca do forno.»

William Shakespeare. Péricles Príncipe de Tiro. Trad e revisto por João Grave. Lello & Irmão Editores, Porto, 1976., p. 78
MANHÃ
"Uma médica psiquiatra disse-me nos anos 80: sempre que uma pessoa faz uma coisa bem feita é punida por isso."


-"Manhã"
- Adília Lopes

quinta-feira, 5 de março de 2015

malga

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