terça-feira, 17 de março de 2015

«Nesse tempo, ou já muito antes, era considerado um tipo insociável. Fumava desalmadamente, macerando o cigarro de um canto para o outro da boca, num jeito nervoso nada fácil de imitar, roendo a todo o momento qualquer danação íntima que se traduzia nos modos como fazia crer às pessoas que a presença delas me era insuportável. Tudo me servia para exagerar a brusquidão, talvez porque toda a gente reparasse nela e a censurasse, e a minha rebeldia contra fosse lá o que fosse movimentava-se, provocante, tanto mais quanto os outros a receavam.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 9
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