quinta-feira, 30 de abril de 2020


‘‘Pain is inevitable; suffering is optional’’ (author unknown)

quarta-feira, 29 de abril de 2020


Três poemas de Carlos Bessa

Linha do horizonte
 
Crescer, sair de casa
para os fantasmas da rua e
envelhecer, na tortura
da meteorologia. Do que muda.
 
O medo, qual linha contínua,
porque a infância, os sonhos,
o peso da genealogia.
 
Dores e rugas, ruas e mais ruas,
com os seus becos e paredes sujas.
O medo sempre, essa moldura.
 
O medo de demolir, o medo do novo,
de não estar à altura.
O medo da tradição e do ridículo.
 
E mesmo assim querer. Querer muito.
Um lugar no tempo,
um quinhão do negócio,
um lugar na comitiva.

*

Religião
 
Às vezes o ódio, algodão doce,
os pequenos tons.
O nojo em todo o seu esplendor.
 
A tradição de passar por baixo,
porque há um código de bem servir,
porque o vazio tem o dom de encher.
 
Dizem, és sábio. E sorriem,
como é próprio do reconhecimento
entre lobos.
 
Os nomes são apenas isso, operações,
maneiras de transformar o medo,
de conduzir os rebanhos.
 
Todos os impérios se servem do mesmo.
Todos soçobram com estrondo.
Apêndices, adereços, notas de rodapé.

*

Dissimulação
 
A dor tem capítulos, muitos. Um cúmulo eloquente,
sonoro. Durante.
Dá nas vistas? Sim e não,
porque alcança, porque se perde.
E permanece, precisa de provar o arrependimento,
precisa de louvar a festa.
A dor, contraditória, elegante.
Persistente.

Em 1520, o rei Francis I da França usava um fato de veludo preto com 13.400 botões dourados.

Sementes de Boca-de-Leão

Tigela de Ágate

Inimigo Rumor. Marcos Siscar. Livros Cotovia., p. 74

Às vezes, em jeito de desabafo, diz que lhe dói essa gente que, por nada sentir, de tudo tenta fazer uma arena ou um circo.


«Sempre leu muito, mas nunca exibiu nem livros nem leituras. Publicou um ou dois de poesia. Cada vez mais só e com os mesmos problemas de sempre, continua a procurar palavras que não obscureçam o mundo. Sabe que as palavras, como os gestos, são eleições e que quem ama outrém tenta falar-lhe tão naturalmente quando lhe é possível. Às vezes, em jeito de desabafo, diz que lhe dói essa gente que, por nada sentir, de tudo tenta fazer uma arena ou um circo.»


Inimigo Rumor. Carlos Bessa. Livros Cotovia., p. 73
«O Inverno, estação de um recolhimento todo cobertores, que faz da cama um lento e longo sussurro ( e estamos a falar de um tempo sem televisão e de poucos rádios), propícios aos sonhos, a essa outra maneira de viver tão comum entre misantropos e solidários. Que se deixam ir no rasto de caminhos sombrios e zonas escuras em que há muito mapearam o seu próprio interior. Que felicidade, pois, a do calor ruidoso, quando não luxuriante, dos livros, embora estes pouco mais façam do que agravar doenças e despertar fantasias.»

Inimigo Rumor. Carlos Bessa. Livros Cotovia., p. 72
«Por sorte, quando os tempos pouco mais são do que aridez, a caserna torna-se casa.»

Inimigo Rumor. Carlos Bessa. Livros Cotovia., p. 72

'' O que vai escrito no corpo, a amante não corrige.''

Inimigo Rumor. Fabrício Carpinejar. Livros Cotovia., p. 71

terça-feira, 28 de abril de 2020

areópago

nome masculino
1.
HISTÓRIA (Grécia antiga) antigo tribunal de Atenas onde se reunia o conselho dos anciãos
2.
assembleia de homens eminentes
3.
colina de Atenas onde se reunia o conselho dos anciãos, a que também se dava o mesmo nome

12- Maré alta

Letra e música de Sérgio Godinho

Aprend'a nadar, companheiro
aprend'a nadar, companheiro
que a maré se vai levantar
que a maré se vai levantar
Que a liberdade está a passar por aqui
Que a liberdade está a passar por aqui
Que a liberdade está a passar por aqui
Maré alta
Maré alta
Maré alta
(Aprend'a nadar,...)
(Aprend'a nadar,...)
Aprend'a nadar, companheiro
aprend'a nadar, companheiro
que a maré se vai levantar
que a maré se vai levantar
Que a liberdade está a passar por aqui
Que a liberdade está a passar por aqui
Que a liberdade está a passar por aqui
Que a liberdade está a passar por aqui

10- A linda Joana

Letra e música de Sérgio Godinho

Olhai a linda Joana
que linda que ela vai
com pombas no vestido
que muito bem lhe cai
e rolas na garganta
que ao cantar encanta
Que é da manta, qu'é da manta
levou-a pra dormir
Três homens a seguem
qual será seu
ai sim, ai não, ai sim, que sou eu
Olhai a feia Alcina
que feia que ela vai
com corvos no vestido
que muito mal lhe cai
e corujas na garganta
que os pardais espanta
Que é da manta, qu'é da manta
levou-a pra dormir
Três homens a seguem
qual será seu
ai não, ai sim, ai não, não sou eu
(Olhai a linda...)
Olhai a linda Joana
que linda que ela vai

11- Romance de um dia na estrada

Letra e música de Sérgio Godinho

Andava há já vinte dias
ao frio, ao vento e à fome
às escondidas da sorte
um dia fraco, outro forte
qu'o dia em que se não come
é um dia a menos pr'á morte
Um dia fraco, outro forte
Um dia fraco, outro forte
Quando um barulho de cama
a voltar-se d'impaciente
me fez parar de repente
era noite e o casarão
não tinhas lados nem frente
dentro havia luz e pão
Me fez parar de repente
Me fez parar de repente
Ó da casa, abram-m'a porta
fiz as luzes se apagarem
cheguei-me mais à janela
vi acender-se uma vela
passos de mulher andarem
e uma mulher muito bela
chegou-se mais à janela
chegou-se mais à janela
Não tenhas medo, eu não trago
nem ódio nem espingardas
trago paz numa viola
quase que não fui à escola
mas aprendi nas estradas
o amor que te consola
Trago paz numa viola
Trago paz numa viola
Meu marido foi pra longe
tomar conta das herdades
ela disse "Companheiro"
eu disse "Vem", ela "Tu primeiro"
"Tu que me falas de estradas"
"E eu só conheço um carreiro"
Ela disse "Companheiro"
Ela disse "Companheiro"
A contas com a nossa noite
afundados num colchão
entre arcas e um reposteiro
descobrimos um vulcão
era o mês de Fevereiro
e o Inverno se fez Verão
Descobrimos um vulcão
Descobrimos um vulcão
E eu que falava de estradas
e só conhecia atalhos
e ela a mostrar-me caminhos
entre chaminés e orvalhos
pela manhã, sem agasalhos
voltei a rumos sozinhos
E ela a mostrar-me caminhos
E ela a mostrar-me caminhos
Andarei mais vinte dias
ao frio, ao vento e à fome
às escondidas da sorte
um dia fraco, outro forte
qu'o dia em que se não come
é um dia a menos pr'á morte
Um dia fraco, outro forte
Um dia fraco, outro forte
Um dia fraco, outro forte
Um dia fraco, outro forte
Um dia fraco, outro forte
Um dia fraco, outro forte

9- Cantiga da velha mãe e dos seus dois filhos

Letra de Sérgio Godinho
Música de José Mário Branco

Ai o meu pobre filho, que rico que é
ai o meu rico filho, que pobre que é
nascidos do mesmo ventre
um vive de joelhos pr'ó outro passar à frente
e esta velha mãe pr'áqui já no sol poente
Um dia há muito tempo, vi-os partir
levando cada um do outro o porvir
seguiram pla estrada fora
um voltou-se pra trás, disse adeus que me vou embora
voltaremos trazendo connosco a vitória
De que vitória falas, disse eu então
da que faz um escravo do teu irmão?
ou duma outra que rebenta
como um rio de fúria no peito feito tormenta
quando não há nada a perder no que se tenta?
Passaram muitos anos sem mais saber
nem por onde paravam, nem se por ter
criado os dois no mesmo chão
eram ainda irmãos, partilhavam ainda o pão
e o silêncio enchia de morte o meu coração
Depois vieram novas que o que vivia
da miséria do outro, se enriquecia
não foi pra isto que andei
dias que foram longos e noites que não contei
a lutar pra ter a justiça como lei
Às vezes rogo pragas de os ver assim
sinto assim uma faca dentro de mim
sei que estou velha e doente
mas para ver o mundo girar dum modo diferente
'inda sei gritar, e arreganhar o dente



Estou quase a ir embora, mas deixo aqui
duas palavras pra um filho que perdi
não quero dar-te conselhos
mas s'é o teu próprio irmão que te faz viver de joelhos
doa a quem doer, faz o que tens a fazer

8- Senhor marquês

Letra e música de Sérgio Godinho

Olhe pr'áqui uma vez
Senhor Marquês
do bairro da lata
está'gente farta
Senhor Marquês
e o nosso fim do mês
Passe pra cá'carteira
da sua algibeira
carteira em couro
relógio d'ouro
não lhe faz falta
e faz-nos jeito à malta
Ó da guarda, ladrões
plos meus brasões
ai meu Deus socorro
Jesus qu'eu morro
grita o Marquês
ninguém vem desta vez
Venha por aqui ver isto
Senhor Ministro
que estes bandidos
uns mal-nascidos
'inda sem dentes
e já delinquentes
Meta aqui o nariz
Senhor Juiz
nós somos bandidos
ou mal-nascidos?
Senhor Ministro
perdoe s'insisto
Se nós somos ladrões
temos razões
que não são as suas
são minhas, tuas
e d'outros mais
de muitos, muitos mais
(Olhe pr'áqui...)
Passe pra cá'carteira
da sua algibeira
carteira em couro
relógio d'ouro
não lhe faz falta
e faz-nos jeito à malta
pr'ó nosso fim do mês

7- Farto de voar

Letra e música de Sérgio Godinho

Farto de voar
pouso as palavras no chão
entro no mar
sinto o sal de mão em mão
Tenho um barco na vida espetado
só suspenso por fios dum lado
e do outro a cair
a cair
no arpão
no arpão
no arpão
Levo a dormir
os sonhos qu'andei pra trás
ergo o porvir
trago nos bolsos a paz
Tenho um corpo na morte espetado
só suspenso por balas dum lado
e do outro a escapar
a escapar
de raspão
de raspão
de raspão
Ponho a girar
cantos que ninguém encerra
de par em par
abro as janelas pr'á terra
Tenho um quarto na fome espetado
só suspenso por água dum lado
e do outro a cair
a cair
no alçapão
no alçapão
no alçapão



Farto de voar
pouso as palavras no chão
entro no mar
sinto o sal de mão em mão

6- O charlatão

Letra de Sérgio Godinho
Música de José Mário Branco

Numa rua de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis d'ouro a um tostão
enriquece o charlatão
No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f'rido
e outro em França anda perdido
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga
No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome
(É entrar,...)
Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-s'em quatro zonas
instalados em poltronas
Pr'á rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca d'alguns patacos
(É entrar,...)
Entre a rua e o país
vai o passo dum anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão
(É entrar,...)
É entrar, senhorias
É entrar, senhorias
É entrar, senho...

5- Que bom que é

Letra e música de Sérgio Godinho

Vivo c'uma faca espetada nas costas, ai!
que bom que é
que bom que é
que bom que é
Sentado à espera de D. Sebastião
a cadeira nem é minha, é do papão
que bom que ele é
que bom que ele é
- Um, dois, um-dois-três, paciência, fica pr'outra vez
Vivo com a fome entalada na garganta
que bom que é
que bom que é
que bom que é
Sentado à espera que o céu me dê pão
a cadeira, emprestou-ma o sacristão
que bom que ele é
que bom que ele é
- Um, dois, um-dois-três, paciência, fica pr'outra vez
Vivo com a guerra a bater à minha porta
que bom que é
que bom que é
que bom que é
Sentado à espera do obus dum canhão
a cadeira, emprestou-ma o capitão
que bom que ele é
que bom que ele é
- Um, dois, um-dois-três, paciência, fica pr'outra vez
Vivo a trabalhar nove dias por semana
que bom que é
que bom que é
que bom que é
Sentado à espera da revolução
a cadeira, emprestou-ma o meu patrão
que bom que ele é
que bom que ele é
- Um, dois, um-dois-três de Oliveira, quatro
Vivo c'uma faca enterrada nas costas, ai!
que bom que é
que bom que é
que bom que é
Sentado à espera de D. Sebastião
a cadeira nem é minha, é do papão
que bom que ele é
que bom que ele é
- Um, dois, um-dois-três, esta agora vai de, um, dois, um-dois-três, esta agora vai de vez, ai!

3- Descansa a cabeça (Estalajadeira)

Letra e música de Sérgio Godinho

Vem
entra na minha casa
come a carne, abre as gavetas
leva a roupa e as camisas e os postais
Vai
dizer ao fim do mundo
as palavras que escorreram
na garganta dos que gritaram demais
Descansa a cabeça, que a travesseira
quem t'oferece é estalajadeira
Descansa a cabeça, que a travesseira
quem t'oferece é estalajadeira
Vim
ao mundo por acaso
em Portugal, não tenho pátria
sou sozinho e sou da cama dos meus pais
Sou
donde vos apetecer
sou do mar e sou do corpo
das mulheres estranguladas nos canais
(Descansa a cabeça,...)
Sei
fazer a guerra à guerra
sei histórias verdadeiras
sei resistir ao calor, aos temporais
Sei
rasgar quando é preciso
é preciso tantas vezes
duas vezes, outras tantas, muitas mais
(Descansa a cabeça,...)
Se ao
partir pla madrugada
tiver fome, matarei
para comer, roubarei os vossos quintais
Se ao
partir pla estrada fora
encontrar vida no mundo
pararei onde calhar, entre os mortais
Descansa a cabeça, que a travesseira
quem t'oferece é estalajadeira
Descansa a cabeça, que a travesseira
quem t'oferece é estalajadeira
Descansa a cabeça, que a travesseira
quem t'oferece é estalajadeira
Descansa a cabeça, que a travesseira
quem t'oferece é estalajadeira

2- A-A-E-I-O

Letra e música de Sérgio Godinho

A-A-E-I-O vai para a neta o que foi d'ávó
A-A-E-I-O vai para a neta o que foi d'ávó
A vida de quem anda
às ordens de quem manda
já cheira que tresanda
não anda nem desanda
não anda nem desanda
não anda nem desanda
A vida de quem cresce
a pensar que a merece
não esquenta nem aquece
nem sequer arrefece
nem sequer arrefece
nem sequer arrefece
(A-A-E-I-O...)
(A vida de quem anda...)
A vida de quem chora
à espera duma aurora
que leve a noite embora
bem perde pla demora
bem perde pla demora
bem perde pla demora
(A-A-E-I-O...)
(A vida de quem anda...)
A vida de quem cata
pulgas numa barata
é tão longa e tão chata
não ata nem desata
não ata nem desata
não ata nem desata
(A-A-E-I-O...)
A-A-E-I-O bate na neta quem bateu n'ávó
A-A-E-I-O bate na neta quem bateu n'ávó
A-A-E-E-I bate na neta quem bateu em ti
A-E-I-O-U s'a canção não t'agrada, mete-a no..

1- Que força é essa

Letra e música de Sérgio Godinho

Vi-te a trabalhar o dia inteiro
construir as cidades pr'ós outros
carregar pedras, desperdiçar
muita força pra pouco dinheiro
Vi-te a trabalhar o dia inteiro
Muita força pra pouco dinheiro

Que força é essa
que força é essa
que trazes nos braços
que só te serve para obedecer
que só te manda obedecer
Que força é essa, amigo
que força é essa, amigo
que te põe de bem com outros
e de mal contigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo

Não me digas que não me compr'endes
quando os dias se tornam azedos
não me digas que nunca sentiste
uma força a crescer-te nos dedos
e uma raiva a nascer-te nos dentes
Não me digas que não me compr'endes

(Que força...)
(Vi-te a trabalhar...)

Que força é essa
que força é essa
que trazes nos braços
que só te serve para obedecer
que só te manda obedecer
Que força é essa, amigo
que força é essa, amigo
que te põe de bem com outros
e de mal contigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo

A Clausura

Ao revés das modas.

''respondeu com os olhos fechados''


Peter Handke. A Mulher Canhota. Tradução de Maria Adélia Silva Melo. Difel., p. 94

A dor é como uma hélice

Só que não vai a lado algum
E é só a hélice que gira.

Peter Handke. A Mulher Canhota. Tradução de Maria Adélia Silva Melo. Difel., p. 93





Por favor, não faça nenhuns projectos comigo.


« - Há tantas galáxias tão longe de nós que a sua luz é mais fraca do que a luminosidade difusa do céu da noite. Gostaria de estar consigo noutro sítio qualquer.
      A mulher respondeu imediatamente: - Por favor, não faça nenhuns projectos comigo.»

Peter Handke. A Mulher Canhota. Tradução de Maria Adélia Silva Melo. Difel., p. 92/3

''Em todas as lágrimas há uma esperança. ''

Simone de Beauvoir
« Por um momento vi toda a minha vida futura claramente à minha frente e enregelei até ao mais íntimo de mim mesma.»

Peter Handke. A Mulher Canhota. Tradução de Maria Adélia Silva Melo. Difel., p. 91
«Eu já nem via nada - em vez de olhos tinha buracos a queimarem. Agora já não dói tanto e a pouco e pouco estou a ver melhor.»

Peter Handke. A Mulher Canhota. Tradução de Maria Adélia Silva Melo. Difel., p. 89

domingo, 26 de abril de 2020


 “Creio no incrível, nas coisas assombrosas / Na ocupação do mundo pelas rosas / Creio que o Amor tem asas de ouro. Amém.”

Natália Correia

obra nataliana

nacionalismo místico-pessoano

Epístola aos Iamitas




Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Letra e música: Zeca Afonso
In: "Cantigas do maio", 1971
“a actuação dos ossos que procuram / o centro de uma casta e eterna fixidez / onde os deuses nos fitam com a frieza das jóias / e a vida nos espera para ressurgir de vez”

Natália Correia 

“No topázio mais triste da minha clarividência”

Natália Correia

“trevos de cinza pela Europa”

Natália Correia

definição dicionarizada

“Retrato talvez saudoso da menina insular''

Natália Correia

O sociólogo Boaventura de Sousa Santos acredita que as pandemias são a punição da natureza, pela sua violação sem limites, não no sentido de vingança, mas de “auto-defesa, para garantir a sua vida”. 3/5 “Sabemos hoje que todas estas grandes formas de mutação que os vírus estão a ter resultam de uma interação cada vez mais invasiva da vida humana na vida não humana. Desde há alguns séculos decidimos explorar a natureza sem limites. A vida humana é 0,01% da vida do planeta, a vida humana é muito pouca, o planeta não precisa de nós, nós precisamos mais do planeta do que ele de nós, e é evidente que temos de mudar o modelo de desenvolvimento e ter outra atenção à ecologia e à natureza”, afirmou.
Boaventura de Sousa Santos considera, pois, que “a primeira mudança que tem de ser feita é esta nova centralidade de um Estado protetor, de bem estar, onde o investimento na saúde publica não seja um custo como tem sido até agora – os cortes foram em praticamente em todos os países - mas um investimento”
“ao contrário do que se dizia nos últimos quarenta anos - que o Estado é ineficiente e que devemos privatizar a saúde, a educação, a previdência social -, vemos que começa uma pandemia e os mercados não existem, são silenciosos”

Boaventura de Sousa Santos


hipercapitalismo

a letalidade

comunidade sofredora

sábado, 25 de abril de 2020


Carqueja-amargosa.

A Baccharis trimera é uma espécie de Baccharis conhecida popularmente como Carqueja ou Carqueja-amargosa.

Família d'as Malheiras

in Carquejeiras. As escravas do Porto - Documentário 

''A Gracinda Manca''

Os molhos da carqueja

« - Não temos salário certo. Dias há que ganhamos 10 escudos e mais. Outros - nem 2.»

in Carquejeiras. As escravas do Porto - Documentário 

''nódoa cívica''

Carquejeiras
As escravas do Porto - Documentário 

Carquejeiras

As escravas do Porto

Calçada das carquejeiras

Estátua mutilada

''pasquim''

jornal sem categoria;

uma qualquer publicação de baixa qualidade

jornais empilhados

''ardinas''

pessoa que andava pelas ruas apregoando e vendendo jornais

polpa dos dedos

comoção

Linótipo

Linotipista

aquele que compõe o texto na tipografia

índole

Tipografia Prudêncio

Bíblia de Mazarino, Bíblia de Gutenberg ou Bíblia das 42 Linhas

Gutenberg ,1456

cunho ou carácter tipográfico

excentricidade

“O princípio que regula as relações sociais entre os dois sexos – a subordinação legal de um sexo ao outro – está em si mesmo errado, constituindo hoje um dos principais obstáculos ao desenvolvimento humano; e que, justamente por isso, deveria ser substituído por um princípio de perfeita igualdade, que não admitisse qualquer poder ou privilégio de um dos lados, nem discriminação do outro.” (MILL, 2006, p. 33.).

Stuart Mill in A sujeição das mulheres advoga.
Inácio Ludgero

A vindication for rights of women

«Mary Wollstonecraft, em 1792, escreveu a carta aberta A vindication for rights of women em resposta a um texto educativo intitulado Émile de Jean-Jacques Rousseau, em que o autor sugere que a educação “feminina deveria ter como objetivo tornar a mulher útil e apoiadora do homem racional” (TODD, 2011). »

sob a acusação de ser contrarrevolucionária

«Olympe de Gouges foi uma escritora e dramaturga francesa que teve grande participação nas manifestações durante o período da revolução em 1789. Além de lutar contra a monarquia absolutista, contra os privilégios feudais e aristocráticos ela introduziu nas manifestações a discussão sobre a necessidade da participação efetiva das mulheres na vida pública e política. Também introduziu a discussão acerca da igualdade de direitos e tratamentos entre homens e mulheres.»

«Em 1793, Gouges é guilhotinada pelo governo francês sob a acusação de ser contrarrevolucionária, por se opor abertamente à Robespierre e de ser considerada uma mulher desnaturada. (GOUGES, 1791.)»
Democracia 46 Anos Depois: 25 de abril


    Direitos Reservados

A revolução dos cravos.

«Quarenta e seis anos depois, subsistem os privilégios injustificados. Subsiste uma casta que apregoa a meritocracia e que se alimenta de privilégios, do capital económico, social e mediático, conduzindo à eterna reprodução das desigualdades sociais na sociedade portuguesa.»

quarta-feira, 22 de abril de 2020

A arte progressista pode ajudar as pessoas a aprender não apenas sobre as forças objetivas em ação na sociedade em que vivem, mas também sobre o caráter intensamente social de suas vidas interiores. Em última análise, ela pode incitar as pessoas no sentido da emancipação social. (DAVIS, 2017, p.166.)

DAVIS, Angela, Mulheres, Cultura e Política. (trad. Heci Regina Candiani). São Paulo: Boitempo, 2017.

''A liberdade é uma luta constante ''

Não é, pois, fortuito que Angela Davis conclua o último capítulo de Mulheres, raça e classe, ratificando essa convicção e, ao mesmo tempo, defendendo a necessidade da “abolição das tarefas domésticas enquanto responsabilidade privada e individual das mulheres negras” como um “objetivo estratégico da libertação feminina” (DAVIS, 2016, p. 244).

The rebel girl

Reivindicação dos direitos da mulher, de Mary Wollstonecraft

Mulheres e socialismo, de August Bebel.
Nos últimos dez anos, mais de mil homens, mulheres e crianças negras sofreram mortes violentas pelas mãos de uma gangue branca. E o restante dos Estados Unidos ficou em silêncio. [...] O clero e a imprensa de nosso país permanecem em silêncio diante dessas seguidas atrocidades, e a voz da minha raça, torturada e ultrajada dessa forma, é reprimida ou ignorada em qualquer lugar dos Estados Unidos onde ela se levante para exigir justiça. 

(WELLS apud DAVIS, 2016, p. 120).

''impaciência feroz''

inepto

«Para impedir seu avanço e combater a proliferação de seus discursos, mesmo após o fim oficial do trabalho escravo, pelo menos quatro milhões de pessoas alforriadas já haviam se dado conta de que “o conhecimento torna uma criança inadequada para a escravidão.” (DOUGLASS apud DAVIS, 2016, p. 108)»
“a definição tautológica de pessoas negras como serviçais é, de fato, um dos artifícios essenciais da ideologia racista.”

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução de Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016, 244p.

número infinitesimal

«(...)chama particular atenção à precária condição das mulheres de origem africana: como negras, as escravas eram submetidas a todo tipo de práticas disciplinares e punitivas, por exemplo, com chibatadas, privações e mutilações. Além disso, como mulheres, estavam suscetíveis a estupros e abusos sexuais cotidianos, como parte do expediente de apropriação material e econômica de seus corpos, levada a termo por seus possuidores legais. Como a autora observa, quando era lucrativo explorá-las como se fossem homens, as escravas eram tratadas como se não possuíssem um gênero (genderless), sendo alocadas para realizar os serviços mais árduos, degradantes e penosos. Não obstante, quando elas podiam ser exploradas, punidas e reprimidas de formas cabíveis somente às mulheres, elas permaneciam compulsoriamente reféns de suas funções “naturais” de “fêmeas”. »

sobre Angela Davis.

na cultura do algodão, do tabaco, da cana-de-açúcar


''fôlego historiográfico''

''(...)crítica de uma certa esquerda dogmática, insistentemente alheia a suas próprias nuances, insuficiências e contradições internas.''

sectarismos

Partido dos Panteras Negras (Black Panther Party)

«Angela Davis, é uma das mulheres mais proeminentes, não apenas para os estudos interseccionais, mas também para os movimentos sociais que buscam combater, na prática, as estruturas gerativas das assimetrias de gênero, raça e classe, em todas as suas formas.»

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução de Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016, 244p.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

“Marriage is like Counterpoint—Opposition and Contrary Motion”

Mikhail Glinka and Maria Petrovna
Mikhail Glinka and Maria Petrovna

ASPIRAÇÃO

Meus dias vão correndo vagarosos,
Sem prazer e sem dor parece
Que o foco interior já desfalece
E vacila com raios duvidosos.

É bela a vida e os anos são formosos,
E nunca ao peito amante o amor falece...
Mas, se a beleza aqui nos aparece,
Logo outra lembra de mais puros gozos.

Minha alma, ó Deus! a outros céus aspira:
Se um momento a prendeu mortal beleza,
É pela eterna pátria que suspira...

Porém, do pressentir dá-ma a certeza,
Dá-ma! e sereno, embora a dor me fira,
Eu sempre bendirei esta tristeza!

SOLEMNIA VERBA


Disse ao meu coração: Olha por quantos
Caminhos vãos andámos! Considera
Agora, desta altura, fria e austera,
Os ermos que regaram nossos prantos...

Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!
E a noite, onde foi luz a Primavera!
Olha a teus pés o mundo e desespera,
Semeador de sombras e quebrantos!

Porém o coração, feito valente
Na escola da tortura repetida,
E no uso do pensar tornado crente,

Respondeu: Desta altura vejo o Amor!
Viver não foi em vão, se isto é vida,
Nem foi demais o desengano e a dor.

O QUE DIZ A MORTE

Deixai-os vir a mim, os que lidaram;
Deixai-os vir a mim, os que padecem;
E os que cheios de mágoa e tédio encaram
As próprias obras vãs, de que escarnecem...

Em mim, os Sofrimentos que não saram,
Paixão, Dúvida e Mal, se desvanecem.
As torrentes da Dor, que nunca param,
Como num mar, em mim desaparecem. -

Assim a Morte diz. Verbo velado,
Silencioso intérprete sagrado
Das cousas invisíveis, muda e fria,

É, na sua mudez, mais retumbante
Que o clamoroso mar; mais rutilante,
Na sua noite, do que a luz do dia.

MORS-AMOR

Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,

Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,

Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a Morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"

A GERMANO MEIRELES

Só males são reais, só dor existe:
Prazeres só os gera a fantasia;
Em nada [um] imaginar, o bem consiste,
Anda o mal em cada hora e instante e dia.

Se buscamos o que é, o que devia
Por natureza ser não nos assiste;
Se fiamos num bem, que a mente cria,
Que outro remédio há [aí] senão ser triste?

Oh! Quem tanto pudera que passasse
A vida em sonhos só. E nada vira…
Mas, no que se não vê, labor perdido!

Quem fora tão ditoso que olvidasse…
Mas nem seu mal com ele então dormira,
Que sempre o mal pior é ter nascido!

Mosolov: Iron Foundry , Op.19

INTIMIDADE


Quando, sorrindo, vais passando, e toda
Essa gente te mira cobicosa,
Es bela - e se te nao comparo a rosa,
E que a rosa, bem ves, passou de moda...

Anda-me as vezes a cabeca a roda,
Atras de ti tambem, flor caprichosa!
Nem pode haver, na multidao ruidosa,
Coisa mais linda, mais absurda e doida.

Mas e na intimidade e no segredo,
Quando tu coras e sorris a medo,
Que me apraz ver-te e que te adoro, flor!

E nao te quero nunca tanto (ouve isto)
Como quando por ti, por mim, por Cristo, Juras
- mentindo - que me tens amor...

A JOÃO DE DEUS

Se é lei, que rege o escuro pensamento,
Ser vã toda a pesquisa da verdade,
Em vez da luz achar a escuridade,
Ser uma queda nova cada invento;

É lei também, embora cru tormento,
Buscar, sempre buscar a claridade,
E só ter como certa realidade
O que nos mostra claro o entendimento.

O que há de a alma escolher, em tanto engano?
Se uma hora crê de fé, logo duvida;
Se procura, só acha... o desatino!

Só Deus pode acudir em tanto dano:
Esperemos a luz duma outra vida,
Seja a terra degrêdo, o céu destino.
Homem!
Homem! Mendigo do Infinito!
Abres a boca e estendes os teus braços
A ver se os astros caem dos espaços
A encher o vácuo imenso do finito!

Porque sobes à rocha de granito?
Porque é que dás no ar tantos abraços?
E cuidas amarrar com férreos laços
Um reflexo da sombra de um espírito?

Vê que o céu, por escárnio, a luz nos lança!
Que, à tua voz, a voz da imensidão
Responde com imensa gargalhada!

A ideia fechou a porta à esperança
Quando lhe foi pedir agasalho e pão....
Deixou-a cara a cara com o Nada!! ..
«A obra de arte torna-se objeto de culto e adoração justamente por sua raridade, ela é a manifestação mesma de uma criação superior, divina. Essa é a crença propagada, por exemplo, por renascentistas como Giorgio Vasari (1511- 1574) e Leonardo Da Vinci (1452-1519): apenas o artista inspirado pelo divino poderia criar aquela obra tal como ela é, a materialidade da obra é a manifestação de Deus. »
Walter Benjamin sintetiza o conceito de aura como a autenticidade e unicidade de uma obra, uma teia singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante por mais perto que ela esteja.

Alexander Scriabin and Tatiana Schloezer on the banks of the Oka River


A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica

Walter Benjamim, 1930
A artista estava convencida de que a realidade humana não estava confinada no mundo físico, mas sim que, paralelamente ao mundo material, existe um interior, e que os conteúdos das dimensões internas são exatamente tão verdadeiros e reais quanto os do mundo exterior.

HILMA AF KLINT FOUNDATION

vocabulário espiritual

 “A Teosofia aclamava à renovação de uma sociedade desiludida com a ajuda de filosofias espirituais e religiões orientais. Seu sucesso entre intelectuais e artistas se deu em relação ao fato da Teosofia colocar ênfase no conhecimento em contraponto à fé.”

Váraljai 

Tatiana Schloezer with children


«Em seus manuscritos, Klint escreve conhecer Steiner em 1909, o qual aparece reforçando instruções anteriormente dadas pelas entidades com as quais ela acreditava se comunicar, tais instruções foram as responsáveis pela mais excêntrica peculiaridade da artista: a sua descoberta tardia pelo público, já que eles a convenceram a guardar suas pinturas por vinte anos para que uma sociedade mais preparada intelectualmente pudesse receber suas mensagens divinas apropriadamente (TAKAC, 2018).»

TAKAC, Balasz. What Does Hilma af Klint Mean for Brazil? Pinacoteca’s Jochen Volz
Explains, junho 2018. Disponível em: https://www.widewalls.ch/hilma-af-klint-pinacoteca-
sao-paulo

Antroposofia

estudo do homem, do ponto de vista moral
«Nessas épocas mudas e cegas, os homens atribuem um valor especial e exclusivo aos êxitos exteriores. Apenas os bens materiais têm importância; cada progresso técnico que só serve e só pode servir ao corpo saudado como uma vitória. As forças puramente espirituais passam despercebidas. [...] Os objetos cuja reprodução é seu único objetivo permanecem imutavelmente os mesmos.
De todas as interrogações que a arte pode formular-se só o “como” subsiste. O método que empregará para reproduzir o objeto torna-se, para o artista, o único problema: é o “Credo” de uma arte sem alma.»

Wassily Kandinsky

medianímico

movimento abstracionista

«Por conta de seu obsessivo interesse acerca desses assuntos, em 1896 Hilma af Klint e mais cinco amigas artistas fundaram o De Fem, o “Grupo de Sexta-Feira”, mais conhecido como “As Cinco”, o qual se reunia todas às sextas para reuniões espirituais. É a partir desse grupo de estudos que Klint
definirá seu marco na história da arte como uma dos precursores do movimento abstracionista,
com o qual será identificada posteriormente.»
caráter aurático da obra de arte

Walter Benjamin

teosofia

doutrina que se apresenta como o conhecimento de Deus e das coisas divinas mediante o aprofundamento da vida interior como forma de elevação progressiva do espírito até à iluminação

atemporal

Scriabin - Black Mass Sonata: Piano Sonata No. 9, Op. 68 (1912-13)

comummente

Chopin on acid

Os insectos nascem do sol que os alimenta. São os beijos do sol como a minha Sonata n.º 10 é uma sonata de insectos. Quão perfeita é a compreensão do mundo quando olhamos para as coisas desta forma”.

Aleksandr Scriabin, Russian composer and pianist

delírios messiânicos de Scriabin

divergências estéticas



domingo, 19 de abril de 2020

''o fantasma da explosão''

''escuridão profunda carbonizada''

Donos de escravos

bobinas de chumbo

Ganância visual



tremeluzir

Reeducação visual

abstracionismo

Lírios de água

Tem a crença de que a renovação da civilização está dependente do arrumar do ruído do passado.
Soichiro Fukutake, Fundador do Museu

Chichu Art Museum

Museu de Arte Chichu
Ilha de Naoshima, Japão

Soichiro Fukutake, Fundador do Museu

fealdade

''infernos de alienação''

'' Será a arte contemporânea nada mais que burburinho e moda?''

Documentário, Civilizações
''Temos todo o maquinismo do genocídio como um acto de burocracia''.

Documentário, Civilizações
''Paisagem fantasiosa de luz e ar.''

VOOS DE FANTASIA

Charais (regionalismo)

campos incultos

Tamalavez (regionalismo)

de algum modo, de alguma maneira; dificilmente

Matrafia

regionalismo

Confusões linguísticas

e particularidades semânticas

adivinhações

liberalidade

Fotólito

''pedra ou placa de mental com imagem reproduzida por fotolitografia, para a impressão ou transporte.''

Neofilia

gosto por tudo o que é novidade;
desejo de progresso;

Cromeleque

Toda a utopia é ingénua

«Toda a utopia é ingénua e está, portanto, condenada ao fracasso, porque as circunstâncias políticas e o curso da história contradizem o sonho e a fantasia. Além disso, a avant-garde era filha da Revolução, e sabe-se que a Revolução devora os seus filhos.»

Documentário, A Música, a Guerra e a Revolução
''Lev Theremin foi inventor do primeiro instrumento electrónico, o teremim, em que não tocamos ao executar. Uma antena vertical controla o tom, e uma horizontal, o volume. O teremim também é chamado de ''eterfone'', já que o som provém do ar. E os jornalistas chamaram-lhe ''thereminvox'', ''a vos de Theremin''. ''

Documentário, A Música, a Guerra e a Revolução

O pai do psicadelismo: Scriabin

génio vulcânico

Construtivismo

movimento artístico

''artisticamente silenciados''

''A ideia do Estado Socialista era desenvolver o povo...e a arte tinha nisso um papel importante. Os grandes artistas iam dar concertos às fábricas, mas os operários não demonstravam grande interesse. A principal função da avant-garde permaneceu: mudar o mundo. E com a Revolução também buscava uma nova sociedade, a avant-garde alinhcou-se com ela. Ainda assim, a linguagem e os ideais eram difíceis de compreender. A avant-garde estende a mão ao público, à sociedade, mas o público não a agarra.''

Documentário, A Música, a Guerra e a Revolução

linguagem tonal



"Ignorantes de la luz que circundaba la inocencia

éramos tan felices amor mío

con el calor de nuestras manos juntas

cruzando todos los caminos

y riéndonos de los obstáculos de piedra o granizo

que nos intentaban parar esa carrera irresponsable de la felicidad.

Éramos tan felices

y no nos enterábamos de la dimensión de la vida.

De la invisible amenaza, de la larga sombra del miedo,

no lo sabíamos nosotros, irreverentes.

Amándonos con proyecciones de futuro.

Hoy ya no pienso más allá de mañana cuando espero

tu prueba de vida dicha por otros"

''Realismo Socialista''

Turquemenistão

''propaganda antirrevolucionária''

sábado, 18 de abril de 2020

coisas sem fim

o claro-escuro




« Quem puder ir à fonte, não beba do copo. ''

Leonardo da Vinci (1452-1519)

A Anunciação

quadro pintado por Leonardo da Vinci (1452-1519)

"Carta de amor numa pandemia vírica"

 O último poema da imunologista Maria de Sousa.



''Carta de amor numa pandemia vírica
Gaitas-de-fole tocadas na Escócia
Tenores cantam das varandas em Itália
Os mortos não os ouvirão
E os vivos querem chorar os seus mortos em silêncio
Quem pretendem animar?
As crianças?
Mas as crianças também estão a morrer
Na minha circunstância
Posso morrer
Perguntando-me se vos irei ver de novo
Mas antes de morrer
Quero que saibam
O quanto gosto de vós
O quanto me preocupo convosco
O quanto recordo os momentos partilhados e
queridos
Momentos então
Eternidades agora
Poesia
Riso
O sol-pôr
no mar
A pena que a gaivota levou à nossa mesa
Pequeno-almoço
Botões de punho de oiro
A magnólia
O hospital
Meias pijamas e outras coisas acauteladas
Tudo momentos então
Eternidades agora
Porque posso morrer e vós tereis de viver
Na vossa vida a esperança da minha duração''
Maria de Sousa
3 de abril de 2020

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