Olha o sol que vai nascendo anda ver o marOs meninos vão correndo ver o sol chegarMenino sem condição irmão de todos os nusTira os olhos do chão vem ver a luzMenino do mal trajar um novo dia lá vemSó quem souber cantar vira tambémNegro bairro negro bairro negroOnde não há pão não há sossegoMenino pobre o teu larQueira ou não queira o papãoHá-de um dia cantar esta cançãoOlha o sol que vai nascendo anda ver o marOs meninos vão correndo ver o sol chegarSe até da gosto cantar se toda a terra sorriQuem te não há-de amar menino a tiSe não é fúria a razãoSe toda a gente quiserUm dia hás-de aprender haja o que houverNegro bairro negro bairro negroOnde não há pão não há sossegoMenino pobre o teu larQueira ou não queira o papãoHá-de um dia cantar esta canção
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domingo, 31 de dezembro de 2023
terça-feira, 28 de março de 2023
'' A dor-inverno''
José Afonso. Textos e Canções. Organização Elfriede Engelmayer. 3ª edição revista. Relógio D'Água Editores, Outubro de 2000., p. 133
sábado, 11 de março de 2023
''Sem pedais para a morte''
José Afonso. Textos e Canções. Organização Elfriede Engelmayer. 3ª edição revista. Relógio D'Água Editores, Outubro de 2000., p. 33
domingo, 13 de junho de 2021
Zeca Afonso - Os Vampiros "Eles Comem Tudo"
No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
À toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
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sábado, 12 de junho de 2021
domingo, 26 de abril de 2020
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade
Letra e música: Zeca Afonso
In: "Cantigas do maio", 1971
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domingo, 24 de fevereiro de 2019
A Nau de António Faria
(LP Como se Fora seu Filho, 1983)
Vai-se a vida e vem a morte
O mal que a todos domina
Reina o comércio da china
Às cavalitas da sorte
Dinheiro seja louvado
A cruz de Cristo nas velas
Soprou o diabo nelas
Deu à costa um afogado
A guerra é coisa ligeira
Tudo vem do mal de ofício
Não pode haver desperdício
Nesta vida de canseira
Demanda o porto corsário
No caminho faz aguada
Ali findou seu fadário
Morreu de morte matada
A nau de António Faria
Leva no bojo escondida
A cabeça de uma corsário
Que lhes quis tirar a vida
Aljofre pérola rama
Eis os pecados do mundo
Assim vai a nau ao fundo
Sem arte a honra e a fama
Entre cristãos e gentios
Em gritos e altos brados
Para ganhar uns cruzados
Lançam-se mil desafios
Em vindo de veniaga
Com a vela solta ao vento
Um mouro é posto a tormento
Por não dizer quem lhe paga
Vou-me à costa à outra banda
Já vejo o rio amarelo
Foi no tempo do farelo
Agora é o rei quem manda
Faz-te à vela marinheiro
Rumo ao reino de sião
Antes do fim de janeiro
Hás-de ser meu capitão.
Vai-se a vida e vem a morte
O mal que a todos domina
Reina o comércio da china
Às cavalitas da sorte
Dinheiro seja louvado
A cruz de Cristo nas velas
Soprou o diabo nelas
Deu à costa um afogado
A guerra é coisa ligeira
Tudo vem do mal de ofício
Não pode haver desperdício
Nesta vida de canseira
Demanda o porto corsário
No caminho faz aguada
Ali findou seu fadário
Morreu de morte matada
A nau de António Faria
Leva no bojo escondida
A cabeça de uma corsário
Que lhes quis tirar a vida
Aljofre pérola rama
Eis os pecados do mundo
Assim vai a nau ao fundo
Sem arte a honra e a fama
Entre cristãos e gentios
Em gritos e altos brados
Para ganhar uns cruzados
Lançam-se mil desafios
Em vindo de veniaga
Com a vela solta ao vento
Um mouro é posto a tormento
Por não dizer quem lhe paga
Vou-me à costa à outra banda
Já vejo o rio amarelo
Foi no tempo do farelo
Agora é o rei quem manda
Faz-te à vela marinheiro
Rumo ao reino de sião
Antes do fim de janeiro
Hás-de ser meu capitão.
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As Pombas
(EP Baladas de Coimbra, 1963)
Pombas brancas
Que voam altas
Riscando as sombras
Das nuvens largas
Lá vão
Pombas que não voltam
Trazem dentro
Das asas prendas
Nas bicos rosas
Nuvens desfeitas
No mar
Pombas do meu cantar
Canto apenas
Lembranças várias
Vindas das sendas
Que ninguém sabe
Onde vão
Pombas que não voltam
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Alegria Da Criação
(LP Galinhas do Mato, 1985)
Plantei a semente da palavra
Antes da cheia matar o meu gado
Ensinei ao meu filho a lavra e a colheita
num terreno ao lado
A palavra rompeu
Cresceu como a baleia
No silêncio da noite à lua cheia
Vi mudar estações soprar a ventania
Brilhar de novo o sol sobre a baía
Fui um bom engenheiro um bom castor
Amei a minha amada com amor
De nada me arrependo só a vida
Me ensinou a cantar esta cantiga
Feiticeira
Mãe de todos nós
Flor da espiga
Maldita para tiranos
Amorosa te louvamos
tens mais de um milhão de anos
Rapariga
Quando o lume nos aquece
No grande frio de Inverno
Vem até nós uma prece
Que assim de longe parece
Uma cantiga
Magistrada Nossa natural
Vitoriosa
Curandeira dos aflitos
Amante de mil maridos
Há mais de um milhão de idos
tormentosa
Quando a fera encarcerada
Que dentro de nós suplanta
Quebra a gaiola sozinha
Voa voa endiabrada
Uma andorinha
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A Cidade
A cidade é um chão de palavras pisadas
A palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
A palavra distância e a palavra medo
A cidade é um saco um pulmão que respira
Pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
Pela palavra sangue pela palavra ira
A cidade tem praças de palavras abertas
Como estátuas mandadas apear
A cidade tem ruas de palavras desertas
Como jardins mandados arrancar
A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
Não há rua de sons que a palavra não corra
À procura da sombra de uma luz que não há
A Cidade (LP Contos velhos rumos novos(Letra de Ary dos Santos), 1969)
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