sábado, 13 de outubro de 2018


 “When I started making clothes for my line Y’s in 1977, all I wanted was for women to wear men’s clothes. I jumped on the idea of designing coats for women. It meant something to me – the idea of a coat guarding and hiding a woman’s body. I wanted to protect the woman’s body from something – maybe from men’s eyes or a cold wind.”

Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer
"I think that my men's clothes look as good on women as my women's clothing […] When I started designing, I wanted to make men's clothes for women."

Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer

alfaiataria

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

 «nem sempre o livro ama quem o escreve./ Muitas vezes amotina‑se, animal exasperado»

«eu preciso da poesia como de pão para a boca»

«Se Deus existe, fez‑me sem fé,/ inapto para a crença e para a bondade da prece./ Infelicidade a minha»

José Jorge Letria 

Capela dos Ócios

José Jorge Letria

«solidão nocturna de mapas»

José Jorge Letria
 «Não tentem saber o que sou pelo que escrevo./ Não me interpretem mal pelo que não digo./ Eu só confesso o que posso confessar»

José Jorge Letria

«O Que Sou E O Que Escrevo»

José Jorge Letria

''Não Há Poetas Felizes''

capelinhas literárias

«Existo tangencialmente ao que digo»

José Jorge Letria

vanidade

va.ni.da.de          vɐniˈdad(ə)

nome feminino
1.
carácter do que é vão
2.
coisa inútil ou sem valorinutilidade
3.
insignificância
(«Eu sou muitos com um só rosto./ Não tenho como tu, Fernando […], uma identidade/ plural, um leque de nomes a abrir‑se,/ imenso, em direcção à luz»

José Jorge Letria
Nem sempre escapamos na fuga,
tão pouco na ilusão da fuga. […]

José Jorge Letria, Cesário: Instantes da Fala

«a ilusão breve/ de que os dias sabem a pólen»

José Jorge Letria

furor poeticus

 «arte de ser»
 «arte de parecer»

«No meu labirinto não há Minotauro».

José Jorge Letria

domingo, 7 de outubro de 2018

 A criação artística é em si um acto de resistência.

Gilles Deleuze 

«No contexto de uma entrevista recente, e não é senão um exemplo entre muitos, o responsável por uma das grandes editoras portuguesas afirmava que dentro de dez anos ninguém editaria poesia em Portugal, e que esta estaria confinada a edições marginais, em tiragens de quarenta ou cinquenta exemplares. Por que falar, então, da poesia como exercício de contrapoder? A resposta é: por isto mesmo. »

Rosa Maria Martelo
«A violência simbólica é uma violência que se exerce com a cumplicidade tácita dos que a sofrem e também, muitas vezes, dos que a exercem na medida em que uns e outros estão inconscientes do facto de a exercerem ou de a sofrerem.»

Pierre Bourdieu
«Conheceríamos uma era em que teríamos já desistido ou teríamos de desistir de tentar imaginar ou desejar um rosto para o futuro. Esta situação dever-se-ia a um medo que inibe a própria imaginação e de que padeceríamos para além de todo e qualquer pessimismo individual ou grupal. E contudo se não houver futuro, se não tivermos futuro, seremos como dizia o outro, "cadáveres adiados que procriam". (…) Ora nós precisamos do futuro como do ar que respiramos. (…) Aliás, a tese sobre o "fim da história" começa por ser uma história mal contada e, mais do que um diagnóstico, representa uma tentativa de eternização de um presente reduzido e um bloqueamento do futuro por esgotamento dos possíveis.»

Manuel Gusmão

(there is no alternative, como dizia Margaret Tatcher

discurso da via única
 “Que as pessoas valham dinheiro e sejam olhadas e avaliadas pelo que luzem é o escândalo absoluto. As pessoas são moedas e não devia ser assim”

 Adília Lopes
«lembre-se do grande princípio do nosso grande século:
 sermos o contrário daquilo que esperam de nós»

Stendhal 
O Vermelho e o Negro

«O capital não é, portanto, um poder pessoal, é um poder social.»

Marx e Engels
 «cada miséria da vida proletária é agravada por uma relação de humilhação perante o rico que «dá» o trabalho e cujo o olhar desqualifica constantemente a pobreza material, transformando-a em indignidade moral.»

Rancière
 Numa página, do Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, encontramos a seguinte frase, «tudo o que era dos estados [ou ordens sociais] e estável se volatiza, tudo o que era sagrado é dessagrado, e os homens são por fim obrigados a encarar com os olhos prosaicos a sua posição na vida, as suas ligações recíprocas» 

Não há liberalismo sem medo

«no séc. XIX aparece toda uma educação do perigo, toda uma cultura do perigo que é muito diferente dos grandes sonhos ou das grandes ameaças do Apocalipse, como a peste, a morte ou a guerra de que se alimentava a imaginação política e cosmológica da Idade Média e ainda do séc. XVII. Desaparecimento dos cavaleiros do Apocalipse e, pelo contrário, aparecimento, emergência, invasão dos perigos quotidianos, perigos quotidianos perpetuamente animados, reactualizados, postos em circulação por aquilo a que se poderia chamar a cultura política do perigo no século XIX, que apresenta uma série de aspectos. Temos, por exemplo, a campanha de inícios do séc. XIX sobre as caixas económicas; a partir de meados do séc. XIX, assiste-se ao aparecimento da literatura policial e do interesse jornalístico pelo crime; surgem campanhas a propósito da doença e da higiene; vejam tudo o que se passa também acerca da sexualidade e do receio da degenerescência; degenerescência do indivíduo, da família, da raça, da espécie humana. Enfim, assiste-se em toda a parte a este estímulo do medo do perigo, que, de certo modo, é a condição, o correlativo psicológico e cultural interno do liberalismo. Não há liberalismo sem medo». 

Foucault
«sequência do célebre filme de Eisenstein O Couraçado Potemkin, em que a tristeza do luto (as mulheres que choram e se recolhem diante do cadáver do marinheiro assassinado) se transforma em cólera surda (as mãos desoladas em punhos cerrados), cólera surda que se transforma ela própria em discursos políticos e cantos revolucionários, cantos que se transformam eles próprios em cólera exaltada, exaltação que se transforma ela própria em acto revolucionário. Como se o povo em lágrimas se tornasse, sob os nossos olhos, um povo em armas» (Didi-Huberman, 2015: 39)
 «quanto mais um indivíduo cultiva as artes, menos fode. Acentua-se o divórcio entre o espírito e a bestialidade. Só o animal é que fode bem: a foda é o lirismo do povo»

Baudelaire

 «Era uma vez um velho turco, que tinha um único filho e a quem queria mais do que à luz dos seus olhos. Todos sabem que para os Turcos o maior castigo que Deus deitou ao mundo é o trabalho; por isso quando o filho fez catorze anos, pensou pô-lo na escola, para aprender o melhor sistema de fazer sorna» (Calvino, 2000: 206)

“O trabalho, por mais baixo que seja, por mais que tenha em vista apenas o dinheiro, está sempre em relação com a natureza. O simples desejo de executar um trabalho conduz sempre mais e mais à verdade, às leis e preceitos da natureza, que são a verdade.”

Thomas Carlyle 
Trabalhar e não Desesperar
“trabalho é a melhor polícia, que retém cada indivíduo pelo freio e que sabe impedir com firmeza o desenvolvimento da razão, do desejo e do prazer da independência. Pois faz despender enorme quantidade de energia nervosa, e subtrai essa energia à reflexão, à meditação, ao sonho, à inquietação, ao amor e ao ódio.”

 Friedrich Nietzsche
Os Apologistas do Trabalho
«A crítica da obra é o seu autoconhecimento.»

Maria Filomena Molder
O Químico e o Alquimista Benjamin,
leitor de Baudelaire
«Chamo-lhe Literatura porque não sei o nome de isto. (“Transforma-se a coisa escrita no escritor”, in Aquele que quer morrer)»

Manuel António Pina

“dégénérescence sociale”

 “Tu, que tens a mania das Invenções e das Descobertas / e que nunca descobriste que eras bruto, / e que nunca inventaste a maneira de o não seres… / Tu consegues ser cada vez mais besta / e a este progresso chamas Civilização!”

(Negreiros, J. A., 1990: 49)

... a poesia inculca a ideia de que a palavra é livre e de que a
 língua é partilhada por todos, quando não há opressão
maior e mais infame que a da língua.

 Alberto Pimenta, IV de Ouros 

''Perpétua escuridão''

Bocage
De amor há precisão, há liberdade.

(Bocage, 2004-05, VII: 8)

Pavorosa Ilusão da Eternidade


Bocage

Sacrificium intellectus

«vesgo fanatismo»


poesia científica

ethos societário

«Mas tem a glória de trazer consigo
 A derrotada estúpida Ignorância. »

(Alvarenga, 2003: 128-129)

''A Deusa peregrina da Estupidez''

«Com a leitura silenciosa instaura-se uma nova relação com o texto escrito, mais secreta, mais livre, totalmente interiorizada. A partir de então, o mesmo texto pode ser utilizado de diversas maneiras, lido em silêncio para a própria pessoa, na privacidade do escritório ou da biblioteca, ou então em voz alta para outras pessoas […]. A revolução da leitura precede pois a do livro (mesmo que a leitura oralizada, murmurada, “ruminada” continue a ser durante muito tempo a forma de ler dos leitores mais populares).»

(Chartier, 1998: 11-12)

dramatismo “biográfico”

Karl Marx and his wife Jenny von Westphalen


poeta-cabeleireiro

«Uma época interpreta falsamente a outra»

 Ludwig Wittgenstein, Cultura e Valor

O Romance e os Seus Problemas

fotobiografia

«QUE SÓ O HOMEM LIVRE É DIGNO DE SER HOMEM! »

ADOLFO CASAIS MONTEIRO, Europa, 1944-1945.
«O poder de alusão da poesia — que a tal se resume tudo quanto a tradição da análise literária clássica especificou sob os nomes de vários tropos (metáforas, perífrase, etc., etc.) — não coube nunca nessas prisões douradas que a crítica lhe foi tecendo pelos séculos fora. O poeta diz muito em poucas palavras… e a análise literária diz de menos em palavras demais. Ai de nós, tentar compreender é uma doença incurável. Pois continuemos tentando.»


ADOLFO CASAIS MONTEIRO, A Palavra Essencial, p. 133.



“E, pouco a pouco, surgi / da luta / um outro que agora sou”

“transes de estranha angústia”

''O conhecimento acarreta sempre alguma angústia.''

sábado, 6 de outubro de 2018


“moderna literatura subjectivista, que animada pelo freudismo e pelo bergsonismo perde completamente o pé com a realidade exterior e se afunda cada vez mais no homem e nos seus complexos”

António Ramos de Almeida

''confessionalismo assertivo''

“Mar manso”

Fernando Namora
«andam fantasmas negros
pelas ruas a baterem às portas… »

Fernando Namora
«A rua lembra um quadro cubista
pintado num momento aflitivo de pesadelo.»

Fernando Namora
«(...)

Partir,
mas com a espontaneidade de quem sente que parte,
 e não com o desespero
de quem quer fazer-se partir. »

João José Cochofel

fraseologia


Talvez valesse a pena ser árvore…

Talvez valesse a pena ser cão.

Tudo
menos andar amarrado uma vida inteira
aos preconceitos inúteis
duma civilização caduca.

João José Cochofel
Resignado não reajo
contra o que tem de ser.
A minha poesia
 é toda feita de melancolia;
 eu de fatalismo.
No íntimo
há coisas vagamente pensadas,
vagamente…

Para quê reagir?... ´

No íntimo
 há a certeza triste
de tudo perdido
– tudo.

João José Cochofel

''um rebelde não-alinhamento''

“E que piedade anda a escrever um frágil, / Na embalagem dos ossos / Que trago emprestados...”).

Políbio Gomes dos Santos

“umbicalismo”

“Para os Novos, meus companheiros neste império de escrever”

 Políbio Gomes dos Santos

As Três Pessoas

Políbio Gomes dos Santos 

O Mistério da Poesia

 João Gaspar Simões

a obra que «ilude»

Amorim de Carvalho

“Novos ritmos. A técnica como revelação da alma humana”

Amorim de Carvalho

''calculadas dissociações de personalidade''

egotismo

e.go.tis.mo            ɛɡɔˈtiʒmu

nome masculino
1.
sentimento exagerado da própria personalidade
2.
mania de falar de si, de se vangloriar
3.
subjetivismo

Simone Signoret & Yves Montand


''artificiosos destrambelhamentos''

Amorim de Carvalho
«se as palavras, na relatividade do seu poder transmissivo, desvirtuadas por mil acepções, já de si são névoa que encobre as ideias, comprimi-las em moldes preconcebidos, afogá-las no oceano das regras estilísticas e gramaticais, é quase sempre matar o poeta, o artista, em proveito, quando muito, do artífice do verso. »

Martim Noel Monteiro
«o romance, apesar da condenação de alguns dos seus próprios cultores, aparece-nos com extraordinária importância hoje. É talvez a manifestação artística mais concreta. A poesia dá-nos uma afirmação que muitas vezes compreendemos mais sensivelmente do que inteligentemente. É uma síntese. No romance aparece-nos a afirmação também mas mais concretamente. Concreto, talvez não seja a expressão própria. Queremos dizer: enquanto num poema se nos afirma directamente é, num romance afirma-se-nos é duma forma talvez mais indirecta mas mais documentada: - é por isto, não é por aquilo. A poesia dar-nos-á directamente uma sensação. O romance explicar-no-la-á. O poeta que cante a miséria dum camponês pode desconhecer (e talvez mesmo não no-lo deva dar) o tamanho exacto da sua choupana, o preço dos géneros alimentícios em relação com o seu salário, as minúcias do seu estado de cultura ou incultura. O romancista, pelo contrário, deve conhecer todas essas minúcias, deve dar-no-las circunstanciadamente, deve pôr sempre um problema, enunciá-lo e resolvê-lo.»

Mário Dionísio. ''A propósito de Jorge Amado - I”, O Diabo, nº164, 14.11.1937, p.3.
«se a obra dos novos escritores literariamente se tem manifestado em público de preferência no campo da poesia, não quer isso dizer que outras formas de expressão – sobretudo o romance – os não solicitem mais. Na realidade, o romance é a modalidade literária mais adequada à expressão da nossa época e é nele que geralmente a arte realista apresenta as suas realizações mais convincentes.»

Fausto Ribas
“um romance ou uma novela que seja um simples discurso de propaganda, construído com mera retórica, não será nem um romance, nem uma novela, nem um poema. Será, se for, uma obra falhada”

António Ramos de Almeida

ouropel

ou.ro.pel                  o(w)ruˈpɛɫ
nome masculino
1.
lâmina de latão que imita o ouro
2.
ouro falso
3.
figurado falso brilho
4.
figurado aparência enganadora

Nasci com Passaporte de Turista

Alves Redol 

Robert Mapplethorpe, Lisa Lyon, 1980,


''metafísica estéril''

''subalternização do intimismo''

parangona


pa.ran.go.na        pɐrɐ̃ˈɡonɐ
nome feminino

1.tipo de impressão, de corpo grande (caracteres tipográficos de 18 ou 21pontos), muito utilizado em anúncios e cartazes
2.notícia publicada nos jornais em lugar de relevo e em caracteres grandes
3.figurado grande palavreado, sem jeito
«(...) só realiza verdadeira cultura aquele que vive em permanente libertação: libertação de certas formas obsoletas de todo incompatíveis com o pensar actual e libertação do falso historicismo de mera cultura compreensiva que se traduz em vontade de repetição. A verdadeira historicidade supõe predisposição que nos conduza à descoberta das fontes que nutrem toda a vida, e, portanto, a actual também.»


Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
«Perante o seu incerto destino, de duas uma: ou [o intelectual] se mantém altivamente no seu posto neutral de simples observador ou aceita realizar tarefas que a sociedade existente possa pedir-lhe para diverti-la ou justificar, pela criação de qualquer ideal espiritual, as empresas interessadas a que ela se dedica.»

Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
«E vem a propósito dizer que os problemas literários são os próprios problemas humanos. Aqueles, sem estes, não teriam significação. »

Jorge Domingues. O real e o irreal na literatura, O Diabo, nº169, 19.12.1937, p.5.
«É que a relação de dependência entre a literatura e os fenómenos sociais possui tal amplitude que aquela tem, necessariamente, de acompanhar a linha evolutiva destes, amoldando-se às novas condições da sociedade, servindo de expressão às novas inquietações do tempo, concretizando as novas aspirações da Humanidade.»

Jorge Domingues. O real e o irreal na literatura, O Diabo, nº169, 19.12.1937, p.5.

abdicação

“o papel individual do artista na obra a realizar”

Álvaro Salema

Robert Mapplethorpe, Two Men Dancing, 1984


“Página velha de um ensaio tímido”

Álvaro Salema
“toda a Arte, desde que seja digna deste nome, possui uma função utilitária, já que não é útil apenas a arte que visa o progresso social ou político”
«rosto queimado
pelo hálito das multidões »

Paulo Leminsky 
«Não sei ao certo se a erosão das estátuas, no lado mais exposto ao tempo, as prejudica ou não.»

  Carlos de Oliveira 

Don't Play That Song - Aretha Franklin


[Verse 1]
Don’t play that song for me
Cause it brings back memories
Of days that i once knew
The days that i spent with you
Oh no! Don’t let them play it (oh no!)
It fills my heart with pain (it hurts!)
Please stop it right away
Cause i remember just a’ what he said

[Chorus]
He said, darling (darling i, i love you)
And i know that he lied (darling i, i love you)
You know that you lied (darling i, i love you)
You know that you lied (you lied)
Lied (you lied)
You lied (to me)

[Verse 2]
Hey mister, don’t play it no more
Don’t play it no more
I can’t stand it
Don’t play it no more (no more)
No more (no more)
No more (can’t stand it)
I remember on our first date
He kissed me and he walked away
I was only seventeen
I never dreamed he’d be so mean

[Chorus]
He told me darling (darling, i love you)
Baby, baby, you lied (darling, i need you)
You, you lied (darling, i love you)
You know that you lied (you lied)
Lied (you lied)
Lied, lied (to me)

[Outro]
O-o-oh darling (darling, i love you)
You know that you lied, yeah (darling, i need you)
You know i know you lied (darling, i love you)
Darling, you lied (you lied)
You lied (you lied)
You lied. You’re all that i need. You lied (to me)
O-u-o-o-o-oh, you lied (don’t play it no more)
Hey baby don’t play it no more (wo-o-oh, don’t play it no more)
Don’t do it. Don’t play it no more (wo-o-oh, for me)
No more (for me)
I can’t stand it no more (don’t play it no more)
Ouh! Hey! Don’t play it no more (wo-o-oh, don’t play it no more)




«Um dia, vinha para a vila o carvoeiro Zé Preto com o seu burro carregado de carvão. O burro progredia com dificuldade, não só porque a carga era pesada, mas também porque as moscas não o largavam. Ao passar a Valinha, um homem que morava ali junto ao caminho, querendo brincar com o Zé Preto, pediu se lhe podia arranjar um quilo de moscas!
 - Arranjo, sim senhor!
Respondeu sem demoras o Zé. Parou o burro e começou a apanhar as moscas que pousavam no pobre do animal, aproveitando até as que estavam nos burros dos amigos que por ali passavam, juntando o tal quilo de moscas que lhe encomendavam. Encomenda pedida, encomenda arranjada, encomenda entregue:
-Aqui tem o que pediu, amigo!
Mas o homem, sentando-se numa pedra que estava mesmo junto ao caminho, começou a apartar as moscas, depois de uma olhadela atenta, seguida de uma breve pausa:
-Esta não é mosca, é mosco! Este é mosco..., este é mosco..., etc..., etc.... -
Não deixava o homem nada da parte que era suposta ser das moscas, para depois dizer que não pagava a encomenda que pedira. Zé Preto bem controlou os nervos para não desancar uma grande surra no esperto do homem. Mas não ficava pela demora.»

O CarvoeiroLendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 105

''carro de feno''

«No pensamento nem sempre mandamos. Nos actos, sim.»

Frei João da Cruz. Lendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 74

''deambulações predatórias''

O Tomás das GuingostasLendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 67

LE BIDONVILLE PORTUGAIS DE CHAMPIGNY-SUR-MARNE, PAUL ALMÁSY, 1963


tramóia

''Olha a sem vintém, (...)''

Santo AginhaLendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 25

«Tens fermento da última cozedura de pão?»

Santo AginhaLendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 25

''histórias de antanho''

  «(...) o assaltante só desistia da presa depois de a esbulhar, nem que fosse da roupa que trazia.»

Santo Aginha. Lendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 9

domingo, 30 de setembro de 2018

«Quando não tenho nada no coração, não tenho nada.» 

Abbas Kiarostami

France 1963. Travailleurs immigrés portugais travaillant sur un chantier


«Por isto, e só por isto, temos existido »

T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 51

« Ossos secos não fazem mal a ninguém.»

T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 51
(...)

«A altura é agora propícia, como ele pensa,
A refeição acabou, ela está cansada e aborrecida,
Tenta captá-la com carícias,
Que não são repelidas, embora não sejam desejadas.
Excitado e decidido, ataca de repente;
As suas mãos pesquisadoras não encontram defesa;
A vaidade dele não exige retribuição
E toma a indiferença por bom acolhimento.»


T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 39
(...)

«Eu, Terésias, embora cego, palpitando entre duas vidas,
Velho de seios femininos enrugados, posso ver
Na hora violeta, a hora da noite que nos arrasta»

T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 37

O SERMÃO DO FOGO

T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 35


(...)

«Devias ter vergonha, disse eu,  de parecer tão velha.
(E ela só tem trinta e um anos.)
Não é minha a culpa, disse ela, desanimada,
Foram os comprimidos que tomei para o desmancho, disse ela.
(Ela já teve cinco e quase morreu quando nasceu o Jorginho.)»



T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 31
(...)

«Os meus nervos estão mal esta noite. Sim, mal. Fica ao pé de mim.
«Fala comigo. Porque é que nunca falas? Fala.
       «Em que estás a pensar? Em que pensas? Em quê?
«Nunca sei em que estás a pensar. Pensa.»

T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 29
(...)

«Aquele cadáver que plantaste o ano passado no teu jardim
«Já começou a despontar? Dará flor este ano?
«Ou a súbita geada perturbou o seu canteiro?»

T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 25
(...)

«arrastam a carcaça do verde       e dos céus sáfaros
como pétalas podres caem mortos os pássaros
e à febre das areias que deliram ao sol
arremessam as águas primeiras do dilúvio 
as espinhas dos peixes que dos bruscos terraços
das ondas se despenham em luas de petróleo

Chamávamos Europa ao sítio onde parou
o sangue que a estrela de seis pontas buscava
onde a sede do corpo por fim chegasse à alma
Mal eram começadas as letras que a serpente
sabiam encantar ensanguentou-se o livro»

Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 178

Nina Simone - Black Is The Color Of My True Love's Hair



Black is the color of my true love's hair
His face so soft and wondrous fair
The purest eyes
And the strongest hands
I love the ground on where he stands
I love the ground on where he stands
Black is the color of my true love's hair
Of my true love's hair
Of my true love's hair
Oh I love my lover
And where he goes
Yes, I love the ground on where he goes
And still I hope
That the time will come
When he and I will be as one
When he and I will be as one
So black is the color of my true love's hair
Black is the color of my true love's hair
Black is the color of my true love's hair

Compositores: Nina Simone
(...)

«Que direcção tomar? Com os cérebros ligados
à corrente do inferno o medo é um caminho
de espantosos autómatos que acaba no ocaso
Porque o tempo não gosta dos que andam para a frente
e irado os espera com a espada do poente
Se chegarmos às portas do segundo milénio
como larvas activas de um numérico horror
numa pútrida data esperada pelos corvos
terminada a tarefa das flores asfixiadas 
nas jarras retorcidas dos fins do oxigénio
a cobrir-nos os olhos teremos como prémio
o astro da fuligem que no umbral do ferro
pelo anjo da raiz quadrada está escrito.»


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 177
(...)

«Chegará simplesmente como um verão mais perverso
cantam-na as mulheres nuas estampadas nos lençóis
como cancros de fogo nas virilhas dos soldados »


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 175

«nós saímos dos ovos e quisemos ser números »

Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 173

Aretha Franklin - I Never Loved A Man (The Way I Love You)

You're a no good heart breaker
You're a liar and you're a cheat
And I don't know why
I let you do these things to me
My friends keep telling me
That you ain't no good
But oh, they don't know
That I'd leave you if I could

I guess I'm uptight
And I'm stuck like glue
Cause I ain't never
I ain't never, I ain't never, no, no (loved a man)
(The way that I, I love you)

Some time ago I thought
You had run out of fools
But I was so wrong
You got one that you'll never lose
The way you treat me is a shame
How could ya hurt me so bad
Baby, you know that I'm the best thing
That you ever had
Kiss me once again

Don'cha never, never say that we we're through
Cause I ain't never
Never, Never, no, no (loved a man)
(The way that I, I love you)

I can't sleep at night
And I can't eat a bite
I guess I'll never be free
Since you got, your hooks, in me

Whoa, oh, oh
Yeah! Yeah!
I ain't never loved a man
I ain't never loved a man, baby
Ain't never had a man hurt me so bad

No
Well this is what I'm gonna do about it

''orquídeas de fumo''

Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 168

(...)

«e do fundo da noite que é o sexo à deriva
da bailarina nua vem uma estrela húmida
onde passa a correr uma mulher em chamas
montando um cavalinho que fugiu de uma libra»

Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 167
A VIRGEM DE MEMLING ATRAI COM UMA MAÇÃ
                        OS SUICIDAS A BRUGES

Que mais pedir à lassidão e ao sonho
que o último tomo de uma geira
neste sonambulismo das coisas
em sua propriedade de cera?

Um cometa de lacre tudo selou
e na liturgia do sossego
inerte e insone a água ficou
num impossível voo negro

Propõem os sinos lêvedas horas
e estátuas jacentes submetidas
e falando uma língua morta
declinam os dias pendões de guildas

mercadoria de reinos mortos
que fundam penados sucursais
Sustendo o pó dois anjos seguram
o céu coroa seca de decimais

Húmida e amarela pinga nos canais
uma luz de sódio lua de gafeira
que as habitantes do esquecimento dá
a sua cor final e verdadeira

E eu peço a estas sombras empalhadas
(embalsamado horror de olhos abertos)
os sete palmos que honestamente vão
do meu coração aos meus desertos

Acaso é uma linha imaginária
a morte que separa este hemisfério
numa cordial agência funerária
de cinzas pó e nada
                                        ou do mistério?


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 165/6

(...)

«Do préstito cardíaco da hora populosa
fica um último homem síncope de profecia
que ao clarão de uma árvore de lágrimas eléctricas
lê o último capítulo das gaivotas.»


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 164

«metafísica dos homens sós »


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 156

''Da fixidez de esperar''


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 155

(...)

«Do aguerrido galo a crista se amansa
num lilás luminar que ocupa de alfazema
sestas meridionais no ar boquiaberto
que deixou a passagem de uma canção blasfema»


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 152

«do suicídio que se incuba nos corações molhados»


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 149

capitosa

calendas

ca.len.das
kɐˈlẽdɐʃ
nome feminino plural
primeiro dia de cada mês, no antigo calendário romano
para as calendas gregas
irónico nunca (os gregos não tinham calendas)
Powered By Blogger