quarta-feira, 8 de julho de 2015

« - Olha - tornou a ordenar-me. Os meus olhos encheram-se de enforcados. - Enquanto viveres - disse-me -, ouve-me bem: enquanto viveres, que estes enforcados jamais desapareçam da tua memória. - Quem os matou? - A liberdade, bendita seja ela.
    Não compreendi. Olhava, olhava, de olhos franzidos, os três enforcados que se moviam lentamente entre as folhas amarelas do plátano.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 81
«Durante essas horas, creio que, se as coisas invisíveis pudessem tornar-se visíveis, eu teria visto amadurecer a minha alma. Bruscamente, da criança que era, senti que, no espaço de poucas horas, me transformei num homem.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 79

«(...), o verdadeiro rosto da vida: a cabeça da morte.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 79

«Sentira o coração a endurecer-se.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 78
«Que sejas bem-vinda, desgraça, se vens sós», costumamos dizer em Creta, porque na verdade é raro que uma desgraça venha só.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 77

«(...) as desgraças conseguiram corrigir-nos dos defeitos.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 301

«Enquanto os meus amigos não morrerem, não falarei da morte.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 301

«Gostamos de dominar o carácter.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 300

1966 - Maria Barroso numa cena do filme Mudar de Vida de Paulo Rocha


«Podemos amar de todo o coração aquele em que reconhecemos grandes defeitos. Seria impertinência julgar que só a imperfeição tem o direito de nos agradar.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 299
«Estimamos os grandes intentos quando nos sentimos capazes dos grandes êxitos.
  A reserva é a aprendizagem dos espíritos.»
  Dizem-se coisas sólidas quando não se procura dizer coisas extraordinárias.»


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 299
«É ofender os humanos dar-lhes louvores que alargam os limites do seu mérito. Muitas pessoas são suficientemente modestas para suportarem sem custo que as apreciem.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 298
«O melhor meio de persuadir consiste em não persuadir.
   O desespero é o menor dos nossos erros.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 298
«Os que escrevem em louvor da glória querem ter a glória de ter escrito bem. Os que lêem querem ter a glória de ter lido.»


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 296
«Não nos contentamos com a vida que temos em nós. Queremos viver na ideia dos outros, de uma vida imaginária.»


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 294

«Para estudar a ordem não é preciso estudar a desordem.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 293

à porfia

ao desafio, em competição

«Os sentidos esclarecem a razão por aparências verdadeiras.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 291
«Existe uma filosofia para as ciências. Não existe para a poesia. Não conheço moralista que seja poeta de primeira ordem. É estranho, dirá alguém.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 291
"De novo amo e não amo
e deliro e não deliro"

Anacreonte 
-"Dez Poetas Gregos Arcaicos"
- Arquíloco/ Álcman/ Mimnermo/ Alceu/ Safo/ Íbico/ Anacreonte/ Teógnis/ Simónides/ Píndaro

terça-feira, 7 de julho de 2015


«O escritor que se deixa enganar pelos sentimentos não deve ser levado em linha de conta com o escritor que não se deixa enganar nem pelos sentimentos nem por si próprio. A juventude propõe a si mesma lucubrações sentimentais. A idade madura começa a raciocinar sem perturbações. Ele só sentia, agora pensa.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 290
«(...) O cão, tendo três cabeças, tinha naturalmente três bocas; e não sei se por isso devia também ter três estômagos; o que é certo é que, atendendo à carestia dos géneros e às décimas e economias, que agora são moda para esfolar a torto e a direito, entendeu-se, que tão Cérbero era ele como uma como com três cabeças, e suprimiram-se-lhe as outras duas.»


Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 120/1

trifauce


adjetivo de dois géneros
1. poético que tem três fauces
2. MITOLOGIA atributo de Cérbero, cão de três cabeças que guardava o Inferno

«(...)

Debalde aguças o dente;
Cá não apanhas fatia.
Aqui não tens aliados
Como os de certa nação,
Que te engordou com presentes
E agora deve-te o pão!
Bem sabes de quem eu falo...
É dum país sem miolo, 
Que dá tudo aos estrangeiros
Para que lhe chamem tolo!
Qualquer charlatão o embaça
Com dois ou três palavrões!
É Por...mas não; chamo-lhe antes
Terra de parlapatões.»


Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 117
«PEDRO

(à Imperatriz) Já recebeu notícias do inferno?

IMPERATRIZ

Não; meu marido não tem escrito.»



Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 101
« PEDRO
        Coitada! Vi-a no outro dia com o começo dos seus achaques, e fez-me dó!»

Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 98
«(Cantando e chorando)

    Mas quem te há-de acender lume
     Para frigir o teu peixe?!»



Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 97

1966 - Maria Barroso com Geraldo del Rey, numa cena do filme de Paulo Rocha


Jurei-o !

«Jurei-o! Prometi não cortar mais as barbas desta cara e os cabelos desta cabeça; não comer, não beber, não descalçar as botas, nem dormir em povoado, enquanto não encontrar o meu rival, o roubador cobarde da minha Elisa...ou Tomásia...que ela chama-se Tomásia, mas eu embirrei em chamar-lhe Elisa, que é mais poético. Por onde andarão eles? Eu aqui estou, fechado com este pobre esqueleto, para ver se os encontro por acaso. Meti-me neste lúgubre subterrâneo, para preparar a minha vingança com sossego; isto aqui é mais seguro; eu não quero que o patife do Luís Gregório me assassine, antes de eu o matar a ele. (Olhando para o esqueleto acorrentado) Este infeliz talvez amasse também como eu?...Hei-de pôr o Luís Gregório no lugar dele? Oh lá se hei-de!»

Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 95

obscuridade alemã

«Que serias tu sem este sabor de obscuridade alemã, que faz com que sejas amada e cultivada, até pelos que menos te compreendem?!»


Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 95
«Alguns, comidos de desejo ardente,
Pretendiam roer os cotovelos;
Outros, cravavam o aguçado dente
Na taça impura dos danados zelos!»


Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 94
Quarto Quadro

Subterrâneo húmido e sombrio; paredes caídas a um lado, o tecto rachado e ameaçando ruína. Armas pendentes da parede. Um armário pintado de preto. Um esqueleto, de pé, com uma grande espada na mão, em posição de quem se defende de uma estocada e acorrentado à parede com grossas cadeias de ferro.



Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 93
«Adeus! choremos todos,
Que o pranto é de rigor...
Depois, console o fado
A nossa triste dor.»

Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 90

Mudar de Vida, Paulo Rocha, 1966


CENA IV

FÍGADOS DE TIGRE

(só, cabisbaixo e andando com passo lento) Dizia minha avó que as águas do Letes apagam a memória; e a minha avó era mulher que sabia perfeitamente onde tinha o nariz. O Letes é o rio do esquecimento.»

Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 67/8

«Chorei a minha alma aos pedaços;»

Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 62
CENA I

JOANA

(oculta na floresta: grandes aves negras, de espécies desconhecidas, andam esvoaçando por toda a cena, entram no poço e tornam a sair, dando pios longos e sinistros. A orquestra toca uma peça estridente, sacudida, e que se interrompe a espaços. Cada vez que soam as notas mais agudas da música, ouvem-se gemidos dolorosos e saem do poço grandes labaredas. Pouco a pouco vão desaparecendo as aves, a música esmorece e Joana canta com voz plangente; música da ópera Safo no rondó final)

Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 62
FÍGADOS DE TIGRE

Matem-me já por favor, que vou estando muito aborrecido com tudo isto.

Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 61

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Beach babe


bacamarte


nome masculino
1. antiga arma de fogo individual de cano curto e calibre grosso, de escorva inflamada por pederneira e de carregar pela boca, sendo esta geralmente em forma de sino
2. figurado livro velho, volumoso e inútil
3. Brasil indivíduo corpulento e boçal
4. ICTIOLOGIA peixe teleósteo, da família dos Triglídeos, também conhecido por cabra-moura, ruivo, santo-antónio, etc.

fressura


nome feminino
conjunto das vísceras dos animais que se aproveitam na alimentação

rebéubéu

«Sou uma caixa de vários lados / com vários cantos / com duas sombras / uma escura que nasce da clara / outra clara que nasce da escura». Fernando Lemos

Fernando Lemos/ Auto- Retrato (1949-52) Colecção Museu Berardo


 «Que a Grécia anda aos ziguezagues e não tem estratégia. Pois, que a Grécia não tenha estratégia não me admira e até concedo. Já a Europa tem uma estratégia do caraças.  Servir de capacho aos Estados Unidos é uma grande e brilhante estratégia. Semear o caos à sua volta, da Ucrânia a Marrocos é sublime e augura o melhor dos mundos. Destruir o consumo para acudir ao casino da Banca também é brilhante. Até para a própria Alemanha, que é o maior produtor/exportador do capitalismo europeu. Ter deslocalizado a produção para a China também foi extraordinário de inteligência estratégica e amor benemérito aos povos europeus.. A China, recordo, que não é nada comunista nem nunca foi maoista, graças a Deus.
Em contrapartida, Portugal, em matéria de estratégia, dispensa comentários. Mais que esquizofrenia (oscilações de sabujice rastejante entre a Alemanha e os Estados Unidos, dependendo de que lado sopra a brisa), é já a polifrenia: entre Angola, a China, a Alemanha, os Estados Unidos e o Brasil, a nossa estratégia balança.»


«Recordando o Shelltox Concise do Dragão...

Democracia s.f., tirania da multidão, ou oclocracia; regime onde o absurdo impera, já que o putativo soberano delega os plenos poderes em terceiros que sobre ele exercem todas as arbitrariedades, traições, fraudes e saques possíveis e imaginários; estado geral de fermentação e efervescência duma muliplicidade de egos até à eclosão dum único ego predominante e incontestado; género teatral. 
Podemos assim actualizar com novo requinte semântico:
O Governo de anónimos por desconhecidos.»

Ver aqui  Blogue DRAGOSCÓPIO
«Não brinquemos. O coração humano tem dois grandes machados: um é capaz de desbastar a ignorância e os equívocos do ódio; o outro é capaz de mutilar e aniquilar os seus semelhantes por um altar de si mesmo. Cabe às comunidades elegerem os seus símbolos, a sua ética. Que machado empunhar?»

Vasco Gato
''O povo português é, essencialmente, cosmopolita. Nunca um verdadeiro português foi português: foi sempre tudo"

 Fernando Pessoa

quinta-feira, 2 de julho de 2015


As paixões diminuem com a idade.

   «As paixões diminuem com a idade. O amor, que não deve ser classificado entre as paixões, diminui da mesma maneira.»


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 288
   « A razão e o sentimento aconselham-se, completam-se. Quem conhecer apenas uma das duas coisas, renunciando à outra, priva-se da totalidade dos auxílios que nos foram concedidos para nos conduzirmos.»


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 287
«Vi os homens cansarem os moralistas para lhes descobrirem o coração, fazerem derramar sobre eles a bênção do alto.»

Conde de Lautréamont
Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 287

Jimi Hendrix no Monterey International Pop Festival, em 1967


«O amor não é a felicidade.
  Se não tivéssemos defeitos, não teríamos tanto prazer em corrigir-nos, em louvar nos outros o que nos falta a nós.»


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 286

Alfred de Musset

Diz-se que ele foi "o mais clássico dos românticos e o mais romântico dos clássicos".
«Voltemos a Confúcio, a Sócrates, a Jesus Cristo, moralistas que corriam as aldeias sofrendo de fome!»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 283

«O coração do homem é um livro que aprendi a estimar.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 282

   «O homem é tão grande, que a sua grandeza surge sobretudo por se não querer reconhecer miserável. Uma árvore não sabe que é grande. Ser grande é saber-se grande. É ser grande não querer reconhecer-se miserável. A sua grandeza refuta as suas misérias. Grandeza de rei.»


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 281

« O encanto da morte só existe para os corajosos.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 281

« O homem é um carvalho. A natureza não tem outro mais robusto.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 280

Elohim

«(...)é o termo hebraico para designar divindades e poderes celestiais, em especial Deus, ou Deus como transcrevem os judeus. Na Torá é o primeiro termo utilizado em relação a divindade como consta no livro Bereshit/Gênesis: “No princípio criou Elohim os céus e a terra”.»
«O génio garante as faculdades do coração.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 279
«Os sentimentos são a forma de raciocínio mais incompleta que se pode imaginar.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 279

'' jovens poetas de lábios húmidos do leite materno''


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 278
  «Há que saber arrancar belezas literárias até ao seio da morte; mas essas belezas não pertencerão à morte. A morte aqui é só causa ocasional. Não é o meio, é o fim, que não é ela.
     As verdades imutáveis e necessárias que fazem a glória das nações, e que em vão a dúvida tenta abalar, começaram com os tempos. São coisas em que não se devia tocar. Os que querem fazer anarquia em literatura, a pretexto de novidade, caem no contra-senso. Não ousam atacar Deus; atacam a imortalidade da alma. Mas também a imortalidade da alma é velha como os fundamentos do mundo.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 276
    «Transmiti aos que vos lêem apenas a experiência que se retira da dor, e que já não é a própria dor.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 276
«A poesia que discute as verdades necessárias é menos bela do que a que não as discute. »

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 274

''cadelas ridículas''

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 274

«A verdadeira dor é incompatível com a esperança.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 273
«, e ao imortal cancro, um cadáver, que outrora pintou com amor o amante mórbido da Vénus Hotentote, as dores inverosímeis que este século para si criou, na sua propositada monotonia e repugnância, tornaram-no tísico. Larvas absorventes nos seus torpores insuportáveis!»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 273

''uivos de um orgulho que não se deixa ler''

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 272

Casos patológicos de um egoísmo formidável.

   «Há escritores aviltados, perigosos bobos, intrujões às dúzias, sombrios mistificadores, verdadeiros alienados, que mereciam ir para Rilhafoles. As suas cabeças cretinizantes, onde já falta um parafuso, criam fantasmas gigantescos, que descem em vez de subir. Exercício escabroso; ginástica especiosa. Passem, grotescos aldrabões. Façam favor de se retirarem da minha presença, fabricantes à dúzia de enigmas proibidos, onde eu dantes não percebia, como percebo hoje à primeira, a charneira da solução frívola. Casos patológicos de um egoísmo formidável. Autómatos fantásticos: apontai a dedo um ou outro, meus filhos, o epíteto que os põe no seu lugar.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 271

Palinódia


nome feminino
1. poema em que o autor retira o que dissera num poema anterior
2. figurado acto ou efeito de desdizer ou desfazer o que se disse ou fez anteriormente
«O gosto é a qualidade fundamental que resume todas as outras qualidades.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 267

''fenómeno de aquário e mulher de barbas''

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 267

Noctambulação


"Não foi por acaso que o meu sangue que veio do sul
se cruzou com o meu sangue que veio do norte
não foi por acaso que o meu sangue que veio do oriente
encontrou o meu sangue que estava no ocidente
não foi por acaso nada do que hoje sou
desde há muitos séculos se sabia
que eu havia de ser aquele onde se juntariam todos os
[ sangues da terra
e por isso me estimaram através da História
ansiosos por este meu resultado que até hoje foi sempre
[ futuro.
E aqui me tendes hoje
incapaz de não amar a todos
um por um
que todos são meus e me pertencem
e por isso mesmo não lhes perdoo faltas de amor!
Mas porque maldição me não entendem
se eu os entendo a todos?
Eu sei, eu sei porquê:
Falta-lhes a eles terem, como eu, a correr-lhes pelas veias
[todos os sangues da terra.
mas, ó maldição que pesa sobre mim,
cada um dos sangues da terra não me inclui entre os seus!
Não pertenço a nenhum sangue de raça
sou da raça de todos os sangues,
o meu amor não tem condições que excluam criaturas
não é amor natural
é amor buscado por boas mãos
desde o primeiro dia das boas mãos
através de tempos desiguais e de estilos que se contradizem
com os olhos no futuro melhor
e a esperança convicta de que se ainda hoje não são todos
[como eu
é questão apenas de a humanidade viver outra vez
tanto como viveu até hoje
ou de mais ainda,
é questão de mais tempo,
ainda mais tempo,
é o tempo que há-de fazer
o que apenas se pode atrasar.
Entretanto deixai que se convençam
aquelas experiências que ainda não se tinham feito
e ainda tão longe do realismo da redondeza da terra!
Entretanto deixai que os números se espantem
de que a totalidade seja sempre ainda mais pr'além!
Deixai os números instruir-se da verdadeira capacidade
[do infinito
deixai que a ciência prossiga em sua loucura galopante
explicando todas as suas falhas com desculpas geniais
enquanto não esgota a sua especialidade,
a especialidade de nos meter a todos nela,
o que é um estilo
um estilo mais
e não o último
porque nenhum estilo é o último senão a liberdade!
Deixai que milhões se juntem para formar uma força
enquanto outros isolados se reconheçam o bastante para
[ ter a liberdade,
deixai-os a ambos que nada os deterá,
eles são duas metamorfoses minhas
das quais ainda conservo uma vaga memória.
Tal qual eles agora, eu já estive num e noutros antigamente,
quando na História
nos altos e baixos da minha ascendência
tomei também cada metamorfose minha
por minha definitiva realidade.
Deixai primeiro que o sangue deles
leve tanto tempo a dar a volta ao mundo
como o que levou o meu sangue
ou a História do Homem.
Deixai que a natureza consinta ainda em parcialidades
que o tempo consente temporariamente.
Deixai que o ardente desejo de totalidade, não possa ainda
[funcionar senão pelo meio ou pelas pontas.
Deixai que cada especialidade acabe de vez com a sua
[impertinência
Deixai que os sangues mais intactos morram por isolamento
ou espalhem morte e terror com o verdadeiro medo,
[a certeza de acabar.
Deixai que a Democracia e a Aristocracia
se cansem de não caber isoladas em parte nenhuma
já que não cabem juntas no nosso entendimento.
Deixai que Uma e Outra esgotem todos os quadriláteros
onde a Democracia não cabe
e, por conseguinte, a Aristocracia não sai.
Deixai sumir-se até ao fim a confusão de Nobreza e
[Fidalguia com Aristocracia.
Deixai que a Democracia repare que é um corpo sem
[ cabeça
e que a Aristocracia uma cabeça sem corpo.
E é o corpo que há-de buscar a cabeça
ou a cabeça que há-de buscar o corpo?
Esperai que venha esta resposta.
Entretanto deixai que a liberdade também esteja à espera
[desta resposta.
Deixai que se expliquem por si coisas terrenas que nada
[mais ultrapassem do que o nosso entendimento
condenado a acreditar nos sentidos
mais do que em todo o trajecto desde o princípio do
[mundo até hoje"

José de Almada Negreiros
"Sobretudo, não desesperar. Não cair no ódio, nem na renúncia. Ser homem no meio de carneiros, ter lógica no meio de sofismas, amar o povo no meio da retórica"

 Miguel Torga, Diário (1947).

quarta-feira, 1 de julho de 2015

árvore-da-morte; mancenilheira, mançanilheira e mancenilha

monomania

nome feminino

1. (psiquiatria) delírio parcial caracterizado por uma preocupação obsessiva
2. ideia fixa

insaciabilidade

«Os gemidos poéticos deste século não passam de sofismas.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 265
«O homem de lábios de enxofre soube da fraqueza do seu aliado;»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 257

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