terça-feira, 2 de maio de 2017


Justin Vernon - A Song For a Lover Of Long Ago





rain on the bard
clinging water mark
and your hands are what i had
and calls up what i can


ring you and me
shake memory free
cant scratch the open sun
cant chase away the hope
I've buried you
in every place I've been
you keep ending up
in my shaking hands


rain sound the alarm
and stain my broken heart
the things violinist
buried in my gut
there are chances or choices
sometimes you just have to cut


ive buried you
every place i move
you keep ending up
in my shaking hands
i have buried you
with my shaking hands
you keep ending up
every place i been


i have buried you
every place ive been
and you keep ending up
in my shaking hands
you keep ending up
every place ive been
in my shaking hands
every place ive been

DESTINO DA CARNE


Não, não é isto. Não olho
um céu do outro lado do horizonte.
Não contemplo uns olhos tranquilos, poderosos,
que acalmam as águas ferozes que aqui bramam.
Não olho essa cascata de luzes que descem
de uma boca até um peito, até mãos suaves,
finitas, que este mundo encerram, entesouram.

Por toda a parte vejo corpos nus, submissos
ao cansaço do mundo. Carne fugaz que talvez 
tenha nascido para ser chispa de luz, para se abrasar
de amor e ser o nada sem memória, a formosa
redondeza da luz.
E que está aqui, está aqui, flacidamente eterna,
sucessiva, constante, sempre, sempre cansada.


É inútil que um vento distante, com forma vegetal,
                                                                                 [ ou uma língua,
lamba devagar e longamente o seu volume, o aguce,
o lime, o acaricie, o exalte.
Corpos humanos, rochas cansadas, pardos vultos
que à beira-mar consciência sempre
tendes de que a vida não acaba, não, e se transmite.
Corpos que amanhã repetidos, infinitos, rolais
como uma espuma lenta, desiludida, sempre.
Sempre carne do homem, sem luz! Sempre rolados
desde além, de um oceano sem origem que envia
ondas, ondas, espumas, corpos cansados, orlas
de um mar que não acaba, sempre ofegante em
                                                                                [suas margens.


Todos, multiplicados, repetidos, sucessivos,
                                                                                  [amontoais a carne,
a vida, sem esperança, monotonamente iguais sob os 
                   [céus foscos que impassíveis se herdam.
Sobre esse mar de corpos que aqui brotam sem
                                          [trégua, que aqui desabrocham
nitidamente e, mortais, ficam nas praias,
não se vê, não, esse rápido batel, ágil veleiro
que com quilha de aço, rasgue, torça,
abra sangue de luz e impetuoso fuja
rumo ao fundo horizonte, rumo à origem
última da vida, ao extremo do oceano eterno
que, humanos, espalha
os seus corpos cinzentos. Para a luz, para essa
                                                 [escada ascendente de brilhos
de um peito benigno para uma boca sobe,
para uns olhos enormes, totais, que contemplam,
para umas mãos silenciosas, finitas, que prendem,
onde cansados sempre, vitais, ainda nascemos.


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 98

''cabelos de fogo''

''doces corações cansados''


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 94




(...)                               amava
sem conhecer o amor;



Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 92

O CORPO E A ALMA


Mas é mais triste ainda, bem mais triste.
Triste como o ramo que para ninguém deixa cair
                                                                                           [seu fruto.

Mais triste, mais. Como esse bafo
que da terra exala depois a polpa morta.
Como essa mão que do corpo estendido
se eleva e quer somente acariciar as luzes,
o sorriso dolente, a noite aveludada e muda.
Luz da noite sobre o corpo estendido sem alma.
Alma fora, alma fora do corpo, esvoaçando
tão delicadamente sobre a triste forma abandonada.
Alma de doce névoa, suspensa
sobre o seu ontem enamorado, corpo inerme
que pálido arrefece com as horas nocturnas
e quieto fica, só, docemente vazio.

Alma de amor que vela e se separa
vacilando, e por fim se afasta, ternamente fria.




Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 90

''morte beijada''

''Respiravas sem vento''


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 88

segunda-feira, 1 de maio de 2017


«Sim, poeta: o amor e a dor são o teu reino.»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 81

«Não sei o que é a morte, se se beija uma boca.»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 75ão 

sudário

su.dá.ri.o
suˈdarju
nome masculino

1. pano com que se limpava o suor
2. lençol usado para envolver um cadáver, mortalha
3. RELIGIÃO tela que representa o rosto ensanguentado de Jesus
4. figurado conjunto ou relato de coisas tristes ou de infelicidades


«Morte como o punhado de areia,
como a água que na cova fica solitária,
como a gaivota que no meio da noite
tem uma cor de sangue sobre o mar que não existe.»




Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 69

''(...) a morte ri na boca.»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 69

''areia mordida''

sangues


«Para morrer basta um pequeno ruído,
o de outro coração ao calar-se,»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 59

«Nasci quando morreste.»


David Mourão-Ferreira. Obra Poética. 1948-1988. Editorial Presença. p. 55

« - Importa amar, sem ver a quem...
Ser infeliz, todos os dias!»



David Mourão-Ferreira. Obra Poética. 1948-1988. Editorial Presença. p. 43

 «            (...)                  , minha mão
divaga, cega, pelos teus cabelos...»


David Mourão-Ferreira. Obra Poética. 1948-1988. Editorial Presença. p. 40

«Eu vi a eternidade nos teus dedos!»


David Mourão-Ferreira


queda de cabelo (alopécia)

“Não te dês por vencido, nem a um vencido; não te mostres como um escravo, nem mesmo a um escravo”.

Unamuno

suicídio e perturbações de personalidade

''São desequilíbrios psicológicos decorrentes de feridas passadas não saradas e de um baixo nível de autoestima.''

Enrique Rojas
« - A tua alma estava à minha espera, aberta...
Repousei no teu corpo e não fui mais além.»


David Mourão-Ferreira

«É no búzio dos crânios exumados
Que melhor nós ouvimos o deserto»


David Mourão-Ferreira

«Será então o Caos/ o Nada / a Grande Amnésia.»

David Mourão-Ferreira


Because we separate

Like ripples on a blank shore

(in rainbows)

Because we separate

Like ripples on a blank shore


Radiohead. Reckoner


“We read to know we're not alone.”

William Nicholson 

domingo, 30 de abril de 2017

''feras solitárias''


«um adeus que cintila de póstuma ternura.»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 55

«o perdão das culpas que não se pronunciaram»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 44

''bordava perguntas''

Harry Shunk and János Kender, outtake from the shoot for Yves Klein’s Leap into the Void.


« Os lenços eram narcóticos (...)»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 40

« O mar é amargo.»


Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 40

«As paredes de níquel não aguentavam o crepúsculo, devolviam-no ferido. Os amantes voavam mastigando a luz. Permite-me que te diga. As velhas contavam mortes, mortes e respiravam pelas suas rendas.»

Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto.,p. 40

«Eles, os amantes, faltavam ao seu dever e fatigavam-se como pássaros.»



Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto., p. 40 
«Ecos, sonhos de melodia detinham-se, vacilavam nas gargantas como uma água muito triste. «Tens os olhos tão claros que os teus miolos transparecem.» Uma lágrima. Moscas brancas guitarreavam sem entusiasmo.»

Antologia de Vicente Aleixandre. Selecção, tradução e prólogo de José Bento. Editorial Inova/Porto.,

The Purple Rose of Cairo de Woody Allen



«Porque é que não me diz ao menos a verdade? Você não se dá conta de que com essa falta de sinceridade me ofende mais do que se mo dissesse directamente? Ou será que, simplesmente 
, já não mereço qualquer comentário da sua parte?

VANEK

Já lhe disse que respeito as suas deduções...




Václav  Havel. Audiência, Vernissage, e Petição. Relógio D'Água, Lisboa, p. 225/6

«Que fazer? Que fazer? Teoricamente está claro. Cada um deveria começar a examinar a sua consciência.»


Václav  Havel. Audiência, Vernissage, e Petição. Relógio D'Água, Lisboa, p. 214

Praticamente todos leram o seu livro «O Fracasso»...



Václav  Havel. Audiência, Vernissage, e Petição. Relógio D'Água, Lisboa, p. 210

STANEK

A sua mulher gosta de gladíolos?


VANEK

Não sei...Talvez sim...



Václav  Havel. Audiência, Vernissage, e Petição. Relógio D'Água, Lisboa, p. 193

alperceiros


«Você atirou-me à cara as minhas ilusões e o meu excesso de optimismo...»



Václav  Havel. Audiência, Vernissage, e Petição. Relógio D'Água, Lisboa, p. 175

«Não pensamos que seja fácil sair desse círculo vicioso, mas é a tua única possibilidade e ninguém o fará por ti! Nisso cada um só pode contar consigo... Mas tu és suficientemente forte para aguentar essa solidão!»


Václav  Havel. Audiência, Vernissage, e Petição. Relógio D'Água, Lisboa, p. 159

«Estás simplesmente desmoralizado, resignaste-te, incomoda-te esforçares-te por qualquer coisa, lutar, enfrentar as dificuldades...»


Václav  Havel. Audiência, Vernissage, e Petição. Relógio D'Água, Lisboa, p. 154

François Truffaut, l'homme qui était aimé des femmes

El silencio del río




no quiero cansarte pero
fuiste niño alguna vez
con las piernas débiles saltando y las rodillas
rotas o más bien
rasgadas y tenías
el perfume de la niñez que perdiste
las manos pequeñas y suaves y la voz
aguda
hubo un desprendimiento y estas
son las fotos donde habita todo eso
miralas. ¿te ves?
                                                                                            Nicolás Alberte, Escritos a la luz de las cosas que no se ven




Compártelo: https://literariedad.co/2016/05/01/el-silencio-del-rio/


TRADICIÓN ORAL


Me gusta amarte hincada de rodillas.
Aquí, tan desde abajo, tan cerca de la tierra
relamo el palpitar de tu cuidado
y centro mi delicia en el transcurso.


No es de extrañar que el mundo sea redondo.
¿Qué forma iba a adoptar, sino la de mi boca?





Tradição oral


Gosto de te amar em genuflexão
Aqui, tão de baixo, tão rente à terra
saboreio o palpitar do teu cuidado
e centro a minha delícia no durante.


Não é de admirar que o mundo seja redondo.
Que forma adoptaria que não fosse a da minha boca?




Raquel Lanseros

CONTIGO
Porque no vive el alma entre las cosas
sino en la acción audaz de descifrarlas,
yo amo la luz hermana que alienta mis sentidos.
Mil veces he deseado averiguar quién soy.
Después de tantos nombres,
de tanta travesía hacia mi propia brújula,
podría abrazar la arena durante varios siglos.
Ver pasar el silencio y seguir abrazándola.
No está en mí la verdad, cada segundo
es un fugaz intento de atrapar lo inasible.
La verdad no está en nadie, y aún más lejos
yace de un rey que de cualquier mendigo.
Si alguien está pensando en perseguirla
no debe olvidar esto:
el fuego ha sido siempre presagio de declive
como la intensidad antesala de olvido.
Cuando mis ojos vuelvan al origen,
pido un último don.
Nada más os reclamo.
Poned en mi sepulcro las palabras.
Las que dije mil veces
y las que habría deseado decir al menos una.
Guardad en mi costado las palabras.
Las que usé para amar,
las que aprendí a lo largo del camino,
las primeras que oí de labios de mi madre.
Envolvedme entre ellas sin reparo,
no temáis por su peso.
Pero cuidad con mimo la palabra contigo.
Tratadla con respeto.
Colocadla
sobre mi corazón.
La verdad no está en nadie, pero acaso
las palabras pudieran engendrarla.
Quizá entonces aquel a quien dije contigo
y para quien contigo fue toda su costumbre,
se acostará a mi lado con ternura,
juntos en el vacío más sagrado,
cuando la eternidad toma nuestra medida,
cuando la eternidad se pronuncia contigo.


INVOCACIÓN
Que no crezca jamás en mis entrañas
esa calma aparente llamada escepticismo.
Huya yo del resabio,
del cinismo,
de la imparcialidad de hombros encogidos.
Crea yo siempre en la vida
crea yo siempre
en las mil infinitas posibilidades.
Engáñenme los cantos de sirenas,
tenga mi alma siempre un pellizco de ingenua.
Que nunca se parezca mi epidermis
a la piel de un paquidermo inconmovible,
helado.
Llore yo todavía
por sueños imposibles
por amores prohibidos
por fantasías de niña hechas añicos.
Huya yo del realismo encorsetado.
Consérvense en mis labios las canciones,
muchas y muy ruidosas y con muchos acordes.
Por si vinieran tiempos de silencio.


 BEATRIZ ORIETA
 Maestra nacional
       (1919-1945)
Los niños corren y saltan a la comba.
Beatriz Orieta pasea junto a Dante
sorteando los pupitres
en medio del camino de la vida…
Tiene litros de frío mojándole la espalda.
Apenas pueden nada contra él
los míseros tizones del brasero oxidado.
Entran al aula los gritos infantiles,
huelen a tos y a hambre.
Algunas veces,
Beatriz Orieta casi no contiene
las ganas de llorar
y mira las caritas sucias afanándose
en recordar las tildes de las palabras llanas.
Prosigue Dante todo el día musitando
en el oído de Beatriz Orieta
…amor que mueve el sol y las estrellas.
Ella siente de veras
que otro mundo la mira
al lado de este mundo gris y parco.
Contra el lejano sol
del lejano crepúsculo
dos amantes se miran a los ojos.
Beatriz Orieta está
apoyada en su hombro.
Los álamos susurran las palabras de Dante.
Los amantes son túneles de luz
a través de la niebla.
Los besos, amapolas
de un cuadro de Van Gogh.
Pasa el invierno lento como pasa un poema.
Pasan el frío andrajoso, la fiebre y el esputo
y toman posesión del blanco cuerpo
igual que las hormigas invadiendo
esas migas de pan abandonadas.
Sesenta años después, entre las ruinas verdes
leo un  descanse en paz  envejecido
sobre la tumba de Beatriz Orieta.
El silencio es de mármol.
El silencio
es la respuesta de todas las preguntas.
Unos metros más lejos, hace sólo dos años
yace también el hombre
que, apoyado en el hombro de Beatriz Orieta,
dibujó un corazón sobre un tiempo de hiel.
¿Qué más puedo decir?
Que la vida separa a los amantes
ya lo dijo Prévert.
Pero a veces la muerte
vuelve a acercar los labios
de los que un día se amaron.


A LAS ÓRDENES DEL VIENTO
Para todos los que sienten que no están al mando
Me habría gustado ser discípula de Ícaro.
Hubiera sido hermoso festejar
las bodas de Calixto y Melibea.
Me habría gustado ser
un hitita ante la reina Nefertari
el joven Werther en Río de Janeiro
la deslumbrante dama sevillana
por la que Don José rechazó a Carmen.
Yo quisiera haber sido el huerto del poeta
con su verde árbol y su pozo blanco
el inspector fiscal
con el que conversara Maiakovski.
Me habría gustado amarte. Te lo juro.
Sólo que muchas veces la voluntad no basta.

EL BESO
Por celebrar el cuerpo, tan hecho de presente
por estirar sus márgenes y unirlos
al círculo infinito de la savia
nos buscamos a tientas los contornos
para fundir la piel deshabitada
con el rumor sagrado de la vida.
Tú me miras colmado de cuanto forja el goce,
volcándome la sangre hacia el origen
y las ganas tomadas hasta el fondo.
No existe conjunción más verdadera
ni mayor claridad en la sustancia
de que estamos creados.
Esta fusión bendita hecha de entrañas,
la arteria permanente de la estirpe.
Sólo quien ha besado sabe que es inmortal.

 A PROPÓSITO DE EROS
De todas las terrenas servidumbres
que aprisionan mi afán en esta cárcel
me confieso deudora de la carne
y de todos sus íntimos vaivenes
que me hacen más feliz
y menos libre.
A veces, sin embargo,
la esclavitud se muestra soberana
y me siento señora del destino.
Porque sé amar, porque probé la fruta
y no maldije nunca su sabor agridulce,
porque puedo ofrecer mi corazón intacto
si el camino se digna requerirlo,
porque resisto en pie, con humilde firmeza,
el rigor de este fuego que enloquece.
En este fragor mudo en el que todos somos
rufianes, vagabundos, desposeídos y presos
no existen vencedores ni vencidos
y mañana no arrienda la ganancia de ayer.
Que no entre en la batalla quien sucumba
ante el rencor pequeño de las humillaciones.
Sabed, son necesarias descomunales dosis
de grandeza de espíritu y coraje
en las lides calladas de la pasión humana.
La recompensa, en cambio, es sustanciosa.
Ser súbdito tan sólo de la naturaleza,
no temer a la muerte ni al olvido,
no aceptarle a la vida una limosna,
no conformarse con menos que todo.

 LA CADENA
Me pregunto por qué desde la tierra
la masa de las aguas parece un solo bloque.
Un único sustento incontrastado
una roca que es toda la roqueda
un avenir de lejos uniforme
un alarido llano de membranas
sin desgaste ni lámina ni grieta.
Me pregunto por qué, cuando me acerco,
las aguas se dividen, se complacen
en enseñar sus rostros diferentes
en cada espuma cresta de rocío
en las calzadas líquidas que rugen.
Bajo este mismo efecto,
en la distancia la muerte es toda una
un símbolo cohesivo
un monolito.
Sin embargo de cerca, qué deprisa
se aprende a distinguir sus dimensiones
sus fúnebres volúmenes
su rutina
su querencia en lo ajeno y lo propio
hasta ver nuestra imagen en sus aguas.
Raquel Lanseros 

Powered By Blogger