«(A desilusão de Fausto é de três espécies: 1) verifica, no facto de que Maria o ama em parte sem saber porquê e em parte por qualidades que lhe supõe e ele não tem, que o amor é coisa que não se pode querer compreender e entre o qual e ele há um abismo profundíssimo; 2) verifica, na sua incapacidade não só de compreender o amor, como até de o sentir ou, talvez melhor, de se sentir sentindo-o, que esse abismo que existe entre ele e o amor começa por ser um abismo que existe entre ele e ele próprio; 3) verifica (...)»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 99
quinta-feira, 18 de junho de 2015
«Tão cheio de ódios contra o meu destino»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 97
«Mais só que a solidão. Sou um estranho
Ao que em mim pensa.»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 91
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«(...) Pensar em dizer «amo-te»
E «amo-te» só - só isto me angustia...
Pensar que ao rir ( e mesmo que o não seja)
Exponho uma íntima parte de mim,
Para poder amar eu precisava
Esquecer que sou Fausto o/pensador/.»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 90
E «amo-te» só - só isto me angustia...
Pensar que ao rir ( e mesmo que o não seja)
Exponho uma íntima parte de mim,
Para poder amar eu precisava
Esquecer que sou Fausto o/pensador/.»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 90
«E sinto horror a abrir o ser a alguém,
A confiar n'alguém. Horror eu sinto
A que prescrute alguém, ou levemente
Ou não, quaisquer/recantos/do meu ser.»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 89
«Sinto-me perturbado
E a consciência da perturbação
Mais me perturba.»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 87
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«Do gélido sofrimento de existir
Que é o frio habitual do meu sentir;»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 86
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«(compreendeu-me ninguém)»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 78
quarta-feira, 17 de junho de 2015
CONVERSAR NA CAMA
Conversar na cama havia de ser facílimo.
Estar deitado com outro vem de tão longe,
Um símbolo da franqueza entre dois seres.
Estar deitado com outro vem de tão longe,
Um símbolo da franqueza entre dois seres.
Mas cada vez mais tempo passa em silêncio.
Lá fora a agitação incompleta do vento
Junta e dispersa nuvens à face do céu,
Lá fora a agitação incompleta do vento
Junta e dispersa nuvens à face do céu,
E as vilas escuras apinham-se no horizonte.
Nada disto quer saber de nós. Nada mostra porquê
A esta distância única do isolamento
Nada disto quer saber de nós. Nada mostra porquê
A esta distância única do isolamento
Se torna ainda mais difícil encontrar
Palavras ao mesmo tempo sinceras e gentis
Ou não insinceras nem menos gentis.
Palavras ao mesmo tempo sinceras e gentis
Ou não insinceras nem menos gentis.
PHILIP LARKIN in 'Uma Antologia', trad. de Maria Teresa Guerreiro e posfácio de Joaquim Manuel Magalhães, Coimbra, Fora do Texto, 1989
terça-feira, 16 de junho de 2015
COSTANT NOW
"Sento-me à porta de casa e penso. o céu onde começa? é imediatamente acima do chão? estamos sempre no céu então?
do outro lado da minha casa passa o rio. um pescador espera paciente enquanto outro se prepara para regressar. deito-me no chão e mergulho a cara na terra."
do outro lado da minha casa passa o rio. um pescador espera paciente enquanto outro se prepara para regressar. deito-me no chão e mergulho a cara na terra."
-"Tisanas"
- Ana Hatherly
- Moraes Editores, 1973 (1a Edição)
- Ana Hatherly
- Moraes Editores, 1973 (1a Edição)
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Yvonne Rainer
«29-10 O mistério ruiu sobre a minha alma
E soterrou-a ...Morro consciente!
Quem sou? Não sei. Cego vou
P'la noite sem mesmo a ver...
Sou eu e habito o que sou
Alheio ao meu próprio ser.
Vivo outra vida que a minha,
Nem sei o que é o vivê-la.»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 71
«Desejava querer fugir de mim.»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 65
«Silêncio interior cheio de/som/.
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 54
QUEM AMA, ODEIA
"O sonho é a nossa prática quotidiana da loucura.
No momento de enlouquecer diremos: «Este mundo é-me familiar. Visitei-o quase todas as noites da minha vida.» Por isso, quando julgamos dormir e estamos acordados, sentimos uma vertigem na razão."
-"Quem Ama, Odeia"
- Silvina Ocampo / Adolfo Bioy Casares
- Silvina Ocampo / Adolfo Bioy Casares
segunda-feira, 15 de junho de 2015
domingo, 14 de junho de 2015
«E a solidão há-de amar-te»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 43
«Fugir de mim não posso.»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 38
«Basta viver, / para soluçar/.»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 31
«Só a mim me foi dado sentir sempre.
E se às vezes pareço indiferente
E em mim mesmo calmo, é apenas
O excesso da dor e do horror
Cuja constante (...) me dói.»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 26
E se às vezes pareço indiferente
E em mim mesmo calmo, é apenas
O excesso da dor e do horror
Cuja constante (...) me dói.»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 26
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«Mágoas de quem (a) existir se sente,»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 25
«Matar-me dentro da alma!»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 23
«Pode Deus existir mas não ser Deus;»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 22
«Deus existe mas não é Deus»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 22
«Tornei a minha alma exterior a mim.»
Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 17
«A minha voz
murmura no mar.»
Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 253
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SURREALISMO POLÍTICO
Teremos, sim, mais ou menos uso,
conforme diz
a constituição
de trinta e três.
Lembraremos, então, uma perdiz
em voo recto
ao horizonte,
enquanto, mão aberta contra a boca,
suspeitarmos
que temos sono,
ou que fazemos parte, por convite
num entremez
de autor anónimo.
Com mais ou menos sorte escaparemos
ao terceiro tiro.
18/10/69
Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 253
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«Com anos de pousio, um homem cresce.»
Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 251
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«Eles hão-de voltar
mais experimentados,
com pedras na mão
e falar mais duro.»
Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 249
mais experimentados,
com pedras na mão
e falar mais duro.»
Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 249
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DEPOIS DA QUEDA
«A solidão, enfim, no meu país.
Cada um em casa nobremente
deitando contas...
Serei? Não sou? Fui? Serei ainda?
Alguns não sabem esconder a cabeça.
(...)»
Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 248
Cada um em casa nobremente
deitando contas...
Serei? Não sou? Fui? Serei ainda?
Alguns não sabem esconder a cabeça.
(...)»
Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 248
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«Toco-me na alma,
que não compreendo.»
Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 235
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sábado, 13 de junho de 2015
sexta-feira, 12 de junho de 2015
«A consciência exala um longo estertor de maldição, pois o véu do seu pudor sofre cruéis rasgões. Humilhação!»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 197
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«Por consequência, é coisa certa que o meu coração, por essa luta estranha, ergueu muros aos seus desígnios, como um esfomeado que se come a si mesmo.»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 197
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«(...), quando travares discussões filosóficas com a agonia à cabeceira da tua cama...»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 190
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«Tu consegues aliar o entusiasmo e a frieza interior, observador de humor concentrado como és; enfim, por mim, acho-te perfeito...E tu não me queres compreender!»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 186
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Amor entre Ruínas
«Um começo tardio.»
Jessica Medlicottin (actriz Katharine Hepburn) in Amor entre Ruínas (Love among the Ruins), 1975
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Amor entre Ruínas
«E o amor arruinado, quando faz crescer um novo, consegue nascer mais forte, muito mais forte e muito maior.»
Sir Arthur Glanville-Jones (actor Laurence Olivier) in Amor entre Ruínas (Love among the Ruins), 1975
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quinta-feira, 11 de junho de 2015
«Meditei muito na minha eterna prisão.»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 180
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