domingo, 5 de janeiro de 2020
''ramos embalados pela brisa''
José Jorge Letria. Os Mares Interiores. Editorial Teorema, Lisboa, 2001., p. 20
sábado, 4 de janeiro de 2020
«Perde um anzol na boca das cores
e um fio de horizonte no cansaço dos olhos.»
José Jorge Letria. Os Mares Interiores. Editorial Teorema, Lisboa, 2001., p. 13
e um fio de horizonte no cansaço dos olhos.»
José Jorge Letria. Os Mares Interiores. Editorial Teorema, Lisboa, 2001., p. 13
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Sem nunca avisar que chego
Poiso na tua casa como as gaivotas brancas,
com restos de comida e farrapos de sonho,
sem nunca avisar que chego, intruso quase,
sem nunca anunciar que parto, herege sempre,
sem nunca te dizer quanto te quero, imperfeito.
Doem-me as feridas onde me dói a alma,
no mesmo círculo de pele calcinada
por soporíferos, querelas e adagas. Tanta dor.
Fica um aroma de jasmim nas roupas,
um hálito de espuma nos lábios
que soletram as canções antigas. Lembras-te?
Cruzámos o destino das casas na esquina
sem sol de uma mesma rua, nómadas,
mangas arregaçadas para descobrir ouro
nas caves, no cimento das fundações.
O ouro do amor perdido, entenda-se.
Passa-se tanto tempo à espera
que um poema resuma um projecto,
uma existência sonegada à feira dos olhares.
Toco-te à porta e sei que estás, afortunado,
como a pedra altaneira que amansa e acolhe
a fúria passageira do mar. Vou amarelecendo
com a idade nos retratos e nas histórias.
Tu bem sabes que o tempo, sempre o tempo,
só é inclemente e severo se nós deixarmos.
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«Acorrerei sem dor ao teu chamamento,
quando a última lua iluminar, ao crepúsculo,
o cesto dos alperces no terreiro da casa.»
quando a última lua iluminar, ao crepúsculo,
o cesto dos alperces no terreiro da casa.»
José Jorge Letria. Os Mares Interiores. Editorial Teorema, Lisboa, 2001., p. 11
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sexta-feira, 3 de janeiro de 2020
- a «fadiga-solidão»
Peter Handke. Para uma Abordagem da Fadiga. Tradução de Isabel de Almeida e Sousa. Difel, Lisboa, 1989., p. 12
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«(...) até que a fadiga do ouvinte se transmutava em irritação, a irritação em malevolência.»
Peter Handke. Para uma Abordagem da Fadiga. Tradução de Isabel de Almeida e Sousa. Difel, Lisboa, 1989., p. 12
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« Na infância, no assim denominado tempo de estudante; sim, ainda nos anos dos amores precoces: muito especialmente então. Durante uma Missa do Galo, a criança encontrava-se assentada entre os seus, na igreja da sua terra apinhada de gente, ofuscante luz, ressoando com os bem conhecidos cantos de Natal, envolta em oradores de panos e de cera, e foi acometida pela fadiga, com o ímpeto de uma moléstia.»
Peter Handke. Para uma Abordagem da Fadiga. Tradução de Isabel de Almeida e Sousa. Difel, Lisboa, 1989., p. 9
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quinta-feira, 2 de janeiro de 2020
Grão Da Mesma Mó
Não sei se estão a ver aqueles dias em que não
acontece nada, a não ser o que o que aconteceu e não aconteceu
E do nada há uma luz que se acende.
Não se sabe se vem de fora ou se de dentro, apareceu
acontece nada, a não ser o que o que aconteceu e não aconteceu
E do nada há uma luz que se acende.
Não se sabe se vem de fora ou se de dentro, apareceu
E dentro da porção da tua vida, é a ti
que cabe o não trocar nenhum futuro pelo presente
O fazer face à face que se teve até ali
Ausente presente
que cabe o não trocar nenhum futuro pelo presente
O fazer face à face que se teve até ali
Ausente presente
Vê lá o que fazes, há
tanto a fazer
Fazes que fazes
Ou pões sementes a crescer?
tanto a fazer
Fazes que fazes
Ou pões sementes a crescer?
Precisas de água, a
Terra também
Ventos cruzados
E o sol e a chuva que os detém
Terra também
Ventos cruzados
E o sol e a chuva que os detém
Vivida a planta
Refeita a casa
É espaço em branco
Tempo de o escrever
E abrir asa
Refeita a casa
É espaço em branco
Tempo de o escrever
E abrir asa
E a linha funda, na
palma da mão
Desenha o tempo então
palma da mão
Desenha o tempo então
Mas há linhas de água que cruzas sem sequer notares, e
oh, estás no deserto e talvez no oásis, se o olhares
E não há mal e não há bem que não te venha incomodar
Vale esse valor? É para vender ou comprar?
oh, estás no deserto e talvez no oásis, se o olhares
E não há mal e não há bem que não te venha incomodar
Vale esse valor? É para vender ou comprar?
Mas hoje, questões éticas? Agora? Por favor...
Que te iam prescrever a tal receita para a dor
Vais ter que reciclar o muito frio e o muito quente
Ausente presente
Que te iam prescrever a tal receita para a dor
Vais ter que reciclar o muito frio e o muito quente
Ausente presente
Vê lá o que fazes, há
tanto a fazer
Fazes que fazes
Ou pões sementes a crescer?
tanto a fazer
Fazes que fazes
Ou pões sementes a crescer?
E a linha funda, na
palma da mão
Desenha o tempo então
palma da mão
Desenha o tempo então
'Um curto espaço de tempo'
Vais preenchê-lo com o frio da morte morrida
Ou o calor da vida vivida?
Não queiras ser nem um exemplo, nem um mau exemplo, por si só
Há dias em que é grão da mesma mó
Vais preenchê-lo com o frio da morte morrida
Ou o calor da vida vivida?
Não queiras ser nem um exemplo, nem um mau exemplo, por si só
Há dias em que é grão da mesma mó
E a senha já tirada, já tardia do doente
Dez lugares atrás, e pouco a pouco, à frente
E cada um falar-te das histórias da sua vida
Feliz, dorida
Dez lugares atrás, e pouco a pouco, à frente
E cada um falar-te das histórias da sua vida
Feliz, dorida
Vê lá o que fazes, há
tanto a fazer
Fazes que fazes
Ou pões sementes a crescer?
tanto a fazer
Fazes que fazes
Ou pões sementes a crescer?
Precisas de água, a
Terra também
Ventos cruzados
E o sol e a chuva que os detém
Terra também
Ventos cruzados
E o sol e a chuva que os detém
Vivida a planta
Refeita a casa
É espaço em branco
Tempo de o escrever
E abrir asa
Refeita a casa
É espaço em branco
Tempo de o escrever
E abrir asa
E a linha funda, na
palma da mão
Desenha o tempo então
palma da mão
Desenha o tempo então
E explicaram-te em botânica, uma espécie que não muda
a flor do fatalismo, está feito
E se até dá jeito alterar só por hoje o amanhã
Melhor é transfigurar
o amanhã com todo o hoje
a flor do fatalismo, está feito
E se até dá jeito alterar só por hoje o amanhã
Melhor é transfigurar
o amanhã com todo o hoje
E as palavras tornam-se esparsas
Assumes
Fazes que disfarças
Escolhes paixões, ciúmes
Tragédias e farsas
E faças o que faças
Por vales e cumes
Encontras-te a sós, só
Grão a grão acompanhado e só
Grão da mesma mó
Grão da mesma mó
Assumes
Fazes que disfarças
Escolhes paixões, ciúmes
Tragédias e farsas
E faças o que faças
Por vales e cumes
Encontras-te a sós, só
Grão a grão acompanhado e só
Grão da mesma mó
Grão da mesma mó
Compositores: Sergio de Barros Godinho / David Fonseca
Letras de Grão Da Mesma Mó © Emi Music Publishing Portugal Edicoes Musicai
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Tess Parks & Anton Newcombe - Cocaine Cat
So sit back and relax
Enjoy your cocaine Kate
Takes some time to get used to
But I know you'll be
Alright
Send some sensitivity
Gettin' you are you're feelin' me
Jump out the window
If it's the last thing
I do
You can have my piggy bank when I die
For you
Put a match to a tree
Watch the leaves burn high
They're all sensitive like you, babe
But I know you'll be alright
You'll be alright
You'll be alright
You'll be alright
Enjoy your cocaine Kate
Takes some time to get used to
But I know you'll be
Alright
Send some sensitivity
Gettin' you are you're feelin' me
Jump out the window
If it's the last thing
I do
You can have my piggy bank when I die
For you
Put a match to a tree
Watch the leaves burn high
They're all sensitive like you, babe
But I know you'll be alright
You'll be alright
You'll be alright
You'll be alright
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fola
nome feminino
agitação das ondas do mar; marulhada, marulho
agitação das ondas do mar; marulhada, marulho
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domingo, 29 de dezembro de 2019
sábado, 28 de dezembro de 2019
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
“If any one faculty of our nature may be called more wonderful
than the rest, I do think it is memory. There seems something
more speakingly incomprehensible in the powers, the failures,
the inequalities of memory, than in any other of our
intelligences. The memory is sometimes so retentive, so
serviceable, so obedient; at others, so bewildered and so
weak; and at others again, so tyrannic, so beyond control! We
are, to be sure, a miracle every way; but our powers of
recollecting and of forgetting do seem peculiarly past finding
out.”
(Jane Austen, 2003, p.158)
(Jane Austen, 2003, p.158)
«A psique humana evoluiu para se defender contra a visão da verdade. Para nos impedir de avistar o mecanismo. A psique é o nosso sistema de defesa – ela se certifica de que nunca entenderemos o que está acontecendo à nossa volta. Sua principal tarefa é filtrar informações, mesmo que a capacidade de nosso cérebro seja enorme. Pois seria impossível carregarmos o peso desse conhecimento. Porque cada minúscula partícula do mundo é feita de sofrimento.»
Olga Tokarczuk
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prémio nobel da Literatura 2018
"Conduz o Teu Arado sobre os Ossos dos Mortos"
Olga Tokarczuk
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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019
xv
Corpos há que terminam em pleno mar.
São corpos e são manhãs.
São corpos e são agosto atravessados pelo sol
por breves ventos.
Abandonado limite
quem levando aos lábios a chávenas de café
retém o gesto o vidro os dedos.
Nostálgico café por horas e horas repetido.
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 130/1
''A morte desce-lhe dos lábios''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 129
«A vida uma outra vingança »
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 128
« o tempo certo para cuidar da árvore.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 128
''farrapos de gelo''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 119
Cum vero reversus esset
(...)
«Cum vero reversus esset.
Fiquemos por aqui.
Pela parte do demónio.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 110
''mamilos duros''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 109
«a horrível solidão da inocência »
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 105
«O mar entre ruínas.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 104
«O gato reflectido no céu escuro.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 100
''Vivos e mortos têm o mesmo horizonte.''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 97
«o sangue de cristo nunca me faltou.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 94
ERVAS MARINHAS E MAR AZUL
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 91
Lugares de Memória
Virás dentro do giz, adormecida em nuvens,
com esse fio de prata nos cabelos.
António Franco Alexandre
Outros virão mais capazes de gostar.
Morre-se sempre pelo lado do inverno
adormecido em nuvens
vindo dentro de uma árvore
metade das raízes,
a metade dos céus.
Este receio carregado de infância.
Alma pequena,
adormecida,
com esse fio de prata.
O vento as nuvens corpo estendido vencido
pela luz
não tenho mais a pedir
ervas aves e luz.
Vindo de tão perto.
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 89
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 89
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''caça da invernia''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 83
«Vou de azulejo em azulejo»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 76
''o criado mundo''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 71
''claro foi o dia nos olhos das raparigas ''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 68
«(...) obedece incita inspira a dor»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 61
«O sangue o sacrifício e a fraca face.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 61
«o inverno é agora mais inverno»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 60
domingo, 22 de dezembro de 2019
''o pão da merenda''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 49
''a primeira puta ecológica''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 49
''doces erecções''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 48
''brancos ramos de árvore''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 43
«tinha as mãos limpas e não fumava»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 43
«Entrego ao sonho a dor»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 39
«Não arde a neve alta.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 34
pegureiro
pe.gu.rei.ro
pəɡuˈrɐjru
nome masculino
aquele que guarda gado; pastor; zagal
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''asa rutilante''
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 25
«Tinha um colar e o olhar ferido»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 25
«(...) e os olhos sofrem.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 21
«Negro escravo para uma farda brilhante»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 17
«os olhos já lá não estão há muito.»
João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 16
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