Caroline Pereira Masson
8 anos
Altinópolis, Brasil
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 83
domingo, 24 de novembro de 2019
Bem-te-vi
ou grande-kiskadi é uma ave passeriforme da família dos tiranídeos de nome científico Pitangus sulphuratus.
'' às vezes faço maldades...''
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 64
Space Oddity
Ground control to Major Tom
Ground control to Major Tom
Take your protein pills and put your helmet on
Ground control to Major Tom
(10, 9, 8, 7)
Commencing countdown, engines on
(6, 5, 4, 3)
Check ignition, and may God's love be with you
(2, 1, liftoff)
This is ground control to Major Tom,
You've really made the grade
And the papers want to know whose shirts you wear
Now it's time to leave the capsule if you dare
This is Major Tom to ground control
I'm stepping through the door
And I'm floating in the most peculiar way
And the stars look very different today
For here am I sitting in a tin can
Far above the world
Planet Earth is blue, and there's nothing I can do
Though I'm past 100,000 miles
I'm feeling very still
And I think my spaceship knows which way to go
Tell my wife I love her very much, she knows
Ground control to Major Tom,
Your circuit's dead, there's something wrong
Can you hear me Major Tom?
Can you hear me Major Tom?
Can you hear me Major Tom?
Can you...
Here am I floating round my tin can
Far above the moon
Planet Earth is blue, and there's nothing I can do...
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''As árvores faziam vento.''
Colectivo
5 anos
Jardim de Infância Social e Paroquial de Nossa Senhora de Oliveira do Tramagal
Tramagal, Abrantes, Portugal
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 41
5 anos
Jardim de Infância Social e Paroquial de Nossa Senhora de Oliveira do Tramagal
Tramagal, Abrantes, Portugal
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 41
'' - ... E a galinha vermelha estava muito velhinha, muito velhinha!''
Ana Bruno
4 anos
Centro Paroquial de Bem-Estar Social de Atouguia da Baleia, Peniche, Portugal
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 39
4 anos
Centro Paroquial de Bem-Estar Social de Atouguia da Baleia, Peniche, Portugal
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 39
''Sonho a pensar nas flores.''
Joana Gomes
4 anos
Jardim de Infância ''Aquário'', Setúbal, Portugal
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 30
4 anos
Jardim de Infância ''Aquário'', Setúbal, Portugal
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 30
terça-feira, 19 de novembro de 2019
[João P. Miranda] Happiness
You came to me for a sing along
We ended in the backseat of a car
The melody just melted on my tongue
And so, we kissed by the first note
Your love was greater than your voice
I guess you know that
But you shot me down
Our souls hanging in the sky
Like birds
Or bats
Chorus
Happiness has never been my greatest hit
Well, angels don't pray for those who live
Their life riding from god to god
Calling them lover by mistake
You came to me for a drive along
The track i haven´t always kept my eyes
But the road led me to your words
And I got lost in your lullabies
Your love was greater than this world
Like the angels
Whom never blessed it
Our souls hanging on a tree
Like fruits
Or dead leaves
Chorus
Hapiness has never been my greatest hit
Well, angels don't pray for those who live
Their life riding from god to god
Calling them lover by mistake
(Instrumental)
Chorus
Hapiness has never been my greatest hit
Well, angels don't pray for those who live
Their life riding from god to god
Calling them lover by mistake
We ended in the backseat of a car
The melody just melted on my tongue
And so, we kissed by the first note
Your love was greater than your voice
I guess you know that
But you shot me down
Our souls hanging in the sky
Like birds
Or bats
Chorus
Happiness has never been my greatest hit
Well, angels don't pray for those who live
Their life riding from god to god
Calling them lover by mistake
You came to me for a drive along
The track i haven´t always kept my eyes
But the road led me to your words
And I got lost in your lullabies
Your love was greater than this world
Like the angels
Whom never blessed it
Our souls hanging on a tree
Like fruits
Or dead leaves
Chorus
Hapiness has never been my greatest hit
Well, angels don't pray for those who live
Their life riding from god to god
Calling them lover by mistake
(Instrumental)
Chorus
Hapiness has never been my greatest hit
Well, angels don't pray for those who live
Their life riding from god to god
Calling them lover by mistake
credits
released April 5, 2019
domingo, 17 de novembro de 2019
''Um poeta agnóstico dá conta de que o
homem é um escutador e bebedor do próprio Deus, que se afigura como silêncio, e tudo
isto chega ao leitor com as palavras com que o próprio poeta se dirige ao Inominável.''
RICARDO ÁLVARO AGUIAR RIBEIRO. O Inominável Silêncio: Uma audição teológica da poesia de Eugénio de Andrade
RICARDO ÁLVARO AGUIAR RIBEIRO. O Inominável Silêncio: Uma audição teológica da poesia de Eugénio de Andrade
«Este Deus discreto colocou uma aparência de probabilidade nas nossas dúvidas sobre a
sua existência. Envolveu-se em sombras para tornar a nossa fé mais amorosa e, sem
dúvida, também para se atribuir o direito de perdoar a nossa contestação. É preciso que a solução contrária à fé tenha uma plausibilidade para deixar todo o seu jogo à
misericórdia»
GUITTON, Jean – As minhas razões de crer. Lisboa: Âncora Editora, 2000. Espiritualidades. 5, p. 85.
GUITTON, Jean – As minhas razões de crer. Lisboa: Âncora Editora, 2000. Espiritualidades. 5, p. 85.
«Deus cala-se, e este silêncio dilacera a alma do orante, que chama incessantemente, mas
sem encontrar uma resposta. Os dias e as noites sucedem-se, numa busca incansável de
uma palavra, de uma ajuda que não chega; Deus parece tão distante, tão esquecido, tão
ausente! A oração pede escuta e resposta, solicita um contacto, procura uma relação que
possa conferir conforto e salvação. Mas se Deus não responde, o grito de ajuda perde-se no
vazio e a solidão torna-se insustentável»
1IGREJA CATÓLICA. Papa, 2005- (Bento XVI) – O Clamor da angústia que descerra os céus. L’Osservatore Romano: edição semanal em Português. Cidade do Vaticano. 38 (17 de Setembro 2011) 3.
1IGREJA CATÓLICA. Papa, 2005- (Bento XVI) – O Clamor da angústia que descerra os céus. L’Osservatore Romano: edição semanal em Português. Cidade do Vaticano. 38 (17 de Setembro 2011) 3.
De dia, sofria por não receber resposta alguma ao meu grito, sofria pelo silêncio. De noite,
o meu sofrimento faz-se mais atroz, pois o silêncio leva-me consigo ao reino do nada. De
dia, o silêncio entra na dialéctica do ser, como uma pausa ou suspensão; de noite, o silêncio
apõe ao ser a opacidade do seu nada. De dia, o Deus invocado pelo Salmista não formula a
Palavra que o Salmista espera recolher dos seus lábios: Sou Aquele que sou. De noite, pelo
encurvamento fugidio do seu Silêncio, Deus parece dizer (não o dizendo): Sou Aquele que
não Sou. O Silêncio opõe ao homem o Deus oculto. O Não-Silêncio opõe um Deus cujo
Ser só pode ser captado desde as raízes fugidias do Nada»
NEHER – El exilio de la palabra, p. 136
NEHER – El exilio de la palabra, p. 136
«O Deus do outro lado, do lado inacessível, o Deus que escapa à criação, à revelação, à
comunicação. Esse Deus basta-se a si mesmo, basta-se a Si mesmo com a sua Palavra: é o
Deus metadialogal; não necessita de nenhum interlocutor, nem para dirigir a Palavra nem
para ouvir dele uma resposta. É o Deus sem eco, sem véspera e sem manhã; é o Deus do
silêncio absoluto. O facto teológico grave, que enfrentamos agora, é que esse Deus do
Silêncio absoluto se obstina em falar, ainda que fosse por meio desse Silêncio; que esse
Deus metadialogal provoca o homem e o provoca ao diálogo; que esse Deus sem eco, sem
véspera e sem manhã, impõe a sua intolerável presença no instante, hic et nunc»
NEHER – El exilio de la palabra, p. 136.
NEHER – El exilio de la palabra, p. 136.
«A indiferença, a ambiguidade e a neutralidade de uma noite e uma morte cujo silêncio
pode ser degustado pelo próprio homem como um copo de champanhe ou como um copo
de cicuta. E é também isto que nos parece sugerir quando, ao lado da noite e da morte, [a
bíblia] coloca, como categorias do silêncio, os elementos mais característicos da
negatividade, os temas que a consciência humana vincula de forma privilegiada a noção de nada: o inferno, o mal, o demónio, todos os sem boca, ou, possuindo boca, não sabem falar,
ou ainda, se falam, devem contar com que a sua palavra seja amordaçada».
NEHER – El exilio de la palabra, p. 40.
NEHER – El exilio de la palabra, p. 40.
(ab)usos históricos
José Eduardo Borges de Pinho reflectindo nesta linha de pensamento afirma: «importante é sobretudo
reter que os abusos do passado podem sempre de novo repetir-se, ainda que sob formas categoriais diferentes.
Mais ainda: há que ter uma consciência viva e permanente de que, na verdade esses abusos acontecem na
nossa vida actual […] a tendência a construir um Deus à nossa imagem e semelhança e o uso do nome de Deus em vão são realidades bem mais presentes na vida diária do que estamos dispostos a admitir»
- PINHO, José Eduardo Borges de – A questão de Deus e a consciência crítica dos fieis. Didaskalia. Lisboa: 32:2 (2002) 35.
- PINHO, José Eduardo Borges de – A questão de Deus e a consciência crítica dos fieis. Didaskalia. Lisboa: 32:2 (2002) 35.
«-És um homem muito estranho, não concordas?
- Talvez, sim. Mas… não fui eu que me transformei. Foi o meu compromisso com Deus.
- Ouve lá, não serás capaz de acabar com essa palavra “Deus”? Pões-me nervosa; não consigo relacioná-la com nada. Não me diz nada. Desde os meus tempos de colégio que me sinto totalmente alheia a essa palavra que os padres estrangeiros trazem constantemente na boca.
- Perdão. Se não te agrada, podemos trocá-la por outra. Podemos chamar-lhe, sei lá, Tomate, ou Cebola, se achares preferível.
- Está bem. Diz-me então, quem é esse Cebola para ti? Disseste na universidade, quando alguém te perguntou se Deus existe, que não o podias compreender muito bem.
- Perdão… falando honradamente, nessa altura não o compreendia. Mas agora, embora à minha maneira, sei quem é.
- Explica-te. - Mais do que uma existência, Deus é uma força. Esse Cebola é alguém que se exprime e comunica em gestos de amor.
- Pior! Mais repulsivo ainda! Como podes usar essa palavra amor, que não liga puto com a cara de aço que lhe vi na Kultur Heim? E o que entendes por gestos?
- Supõe, por exemplo, que o Cebola me encontrou abandonado em qualquer sítio e, estendendo-me a mão, fez de mim alguém. Mitsuku riu-se abertamente.
- O que é que isso tem a ver com o poder do teu Cebola? Foram só os teus sentimentos que te levaram nessa direcção.
- Não é verdade. Foi um gesto do Cebola acima da minha vontade. – Pela primeira vez, Otsu falou com decisão e levantou os olhos para a enfrentar»
ENDO, Shusaku – Rio profundo. Porto: ASA, 1997, p. 98-100
- Talvez, sim. Mas… não fui eu que me transformei. Foi o meu compromisso com Deus.
- Ouve lá, não serás capaz de acabar com essa palavra “Deus”? Pões-me nervosa; não consigo relacioná-la com nada. Não me diz nada. Desde os meus tempos de colégio que me sinto totalmente alheia a essa palavra que os padres estrangeiros trazem constantemente na boca.
- Perdão. Se não te agrada, podemos trocá-la por outra. Podemos chamar-lhe, sei lá, Tomate, ou Cebola, se achares preferível.
- Está bem. Diz-me então, quem é esse Cebola para ti? Disseste na universidade, quando alguém te perguntou se Deus existe, que não o podias compreender muito bem.
- Perdão… falando honradamente, nessa altura não o compreendia. Mas agora, embora à minha maneira, sei quem é.
- Explica-te. - Mais do que uma existência, Deus é uma força. Esse Cebola é alguém que se exprime e comunica em gestos de amor.
- Pior! Mais repulsivo ainda! Como podes usar essa palavra amor, que não liga puto com a cara de aço que lhe vi na Kultur Heim? E o que entendes por gestos?
- Supõe, por exemplo, que o Cebola me encontrou abandonado em qualquer sítio e, estendendo-me a mão, fez de mim alguém. Mitsuku riu-se abertamente.
- O que é que isso tem a ver com o poder do teu Cebola? Foram só os teus sentimentos que te levaram nessa direcção.
- Não é verdade. Foi um gesto do Cebola acima da minha vontade. – Pela primeira vez, Otsu falou com decisão e levantou os olhos para a enfrentar»
ENDO, Shusaku – Rio profundo. Porto: ASA, 1997, p. 98-100
Walter Kasper falava da experiência que fazemos com a nossa experiência. Segundo o
teólogo, a experiência da finitude e do carácter misterioso da nossa experiência coloca-nos atentos à
dimensão da experiência religiosa, que não é imediata mas mediada.
Cf. KASPER, Walter – Le Dieu des Chrétiens. Paris : Les Éditions du Cerf, 1985, p. 134.
Cf. KASPER, Walter – Le Dieu des Chrétiens. Paris : Les Éditions du Cerf, 1985, p. 134.
«Também eu já me sentei algumas vezes às portas do crepúsculo, mas quero dizer-te que o
meu comércio não é o da alma, há igrejas de sobra e ninguém te impede de entrar. Morre se
quiseres por um deus ou pela pátria, isso é contigo; pode até acontecer que morras por
qualquer coisa que te pertença, pois sempre pátrias e deuses foram propriedade apenas de
alguns, mas não me peças a mim, que só conheço os caminhos da sede, que te mostre a
direcção das nascentes»
Eugénio de Andrade
Eugénio de Andrade
Do poema Canção do Passeio Alegre do livro Os Lugares do Lume:
«No inverno o vento está como deus/ em toda a parte: na cabeleira/ verde dos cometas, no extenso/ e turbulento sono dos rapazes,/ nos cegos fundamentos da alegria./ Peço-lhe que tenha piedade,/ que seja amável com os que não dormem/ debaixo de telha, que sorria a quem/ regressa a casa a desoras – a boca/ amarga do fermento da tristeza./ À semelhança de deus, o vento/ dança indiferente nas areias»
Eugénio de Andrade
«No inverno o vento está como deus/ em toda a parte: na cabeleira/ verde dos cometas, no extenso/ e turbulento sono dos rapazes,/ nos cegos fundamentos da alegria./ Peço-lhe que tenha piedade,/ que seja amável com os que não dormem/ debaixo de telha, que sorria a quem/ regressa a casa a desoras – a boca/ amarga do fermento da tristeza./ À semelhança de deus, o vento/ dança indiferente nas areias»
Eugénio de Andrade
Do poema Green God do livro As Mãos e os Frutos:
Eugénio de Andrade
«Trazia consigo a graça /das fontes quando anoitece./ Era um corpo como um rio/ em
sereno desafio/ com as margens quando desce.//Andava como quem passa/ sem ter tempo
de parar./ Ervas nasciam dos passos,/cresciam troncos dos braços/quando os erguia no ar.//
Sorria como quem dança./E desfolhava ao dançar/o corpo, que lhe tremia/num ritmo que
ele sabia/que os deuses devem usar.//E seguia o seu caminho,/porque era um deus que
passava./Alheio a tudo o que via,/enleado na melodia duma flauta que tocava»
O silêncio de Deus fere o homem. O homem
bíblico também sentiu o seu silêncio. O homem de hoje também o experimenta. Deus é
uma questão para crentes e não-crentes, e ninguém está isento da prova do silêncio. «Deus
cala-se, e este silêncio dilacera a alma do orante, que chama incessantemente, mas sem
encontrar uma resposta»
IGREJA CATÓLICA. Papa, 2005- (Bento XVI) – O Clamor da angústia que descerra os céus. L’Osservatore Romano: edição semanal em Português. Cidade do Vaticano. 38 (17 de Setembro 2011) 3.
IGREJA CATÓLICA. Papa, 2005- (Bento XVI) – O Clamor da angústia que descerra os céus. L’Osservatore Romano: edição semanal em Português. Cidade do Vaticano. 38 (17 de Setembro 2011) 3.
''Os deuses estavam mortos; agora um só soprava o próprio sangue em secas veias e mandava novos pássaros, como enfeite, para a sólida harmonia do teu corpo.''
Pedro Tamen. Tábua das Matérias. Poesia - 1956/1991. Editora Tertúlia, 1ª Edição, Lisboa., p. 17
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excerto,
Pedro Tamen,
poesia
''A minha sede estava com a tua, embrulhada pelas margens,''
Pedro Tamen. Tábua das Matérias. Poesia - 1956/1991. Editora Tertúlia, 1ª Edição, Lisboa., p. 17
'' o rio que fosse a cama da chuva,''
Pedro Tamen. Tábua das Matérias. Poesia - 1956/1991. Editora Tertúlia, 1ª Edição, Lisboa., p. 13
'' - cada riso dela era a rua inteira''
Pedro Tamen. Tábua das Matérias. Poesia - 1956/1991. Editora Tertúlia, 1ª Edição, Lisboa., p. 13
''regressos perdidos de todas as sombras.''
Pedro Tamen. Tábua das Matérias. Poesia - 1956/1991. Editora Tertúlia, 1ª Edição, Lisboa., p. 13
''Fresco era o dia, plantado na chuva,''
Pedro Tamen. Tábua das Matérias. Poesia - 1956/1991. Editora Tertúlia, 1ª Edição, Lisboa., p. 13
sábado, 16 de novembro de 2019
A História da Lobotomia
As origens da moderna psicocirurgia podem ser achadas nas últimas décadas do século XIX, quando a ciência estava começando a entender como o comportamento e a mente humana podia ser mapeada nas estruturas anatômicas do cérebro. Um cientista alemão chamado Friederich Golz fez experimentos de ablação cirúrgica do neocórtex em cães, e relatou em 1890 que, quando os lobos temporais eram removidos, os animais ficavam mais dóceis do que os não operados.
Essas descobertas inspiraram Gottlieb Burkhardt, um médico e diretor de um asilo mental na Suiça, a operar em 1892 seis de seus pacientes esquizofrênicos, que tinham alucinações e ficavam muito agitados em conseqüência. Alguns dos pacientes realmente ficaram mais calmos, mas não seria possível dizer se isso foi resultado da operação (dois deles morreram). Burkhardt sofreu forte oposição e críticas de seus contemporâneos, por isso psicocirurgias desse tipo foram raramente realizadas nos 40 anos seguintes,
A situação começou a mudar quando na década dos 30s, vários laboratórios experimentais nos Estados Unidos fizeram várias descobertas impressionantes sobre o papel dos lobos frontais e temporais do cérebro no controle do comportamento emocional e agressividade. Na Universidade de Yale, em 1935, um cientista chamado Carlyle Jacobsen fez observações sobre o comportamento de chimpanzés após a destruição do córtex frontal e pré-frontal por meio de uma lobotomia. Um dos animais, que ficava muito agressivo em certas situações, ficou calmo e fácil de manejar depois da operação; sem que isso aparentemente causasse alterações em outras esferas mentais, como na memória e na inteligência. Um dos neurologistas experimentais de Yale, o Dr. John Fulton também comrpovou o efeito da remoção completa dos lobos frontais em dois chimpanzés, com os quais posteriormente não conseguia induzir mais um tipo de neurose experimental.
Em virtude disso, Fulton se tornaria um dos pilares científicos dos defensores da lobotomia nos Estados Unidos.
John Fulton
Tendo ouvido esses fatos relatados por Fulton em um congresso internacional em Londres, um neuropsiquiatra português, o Dr. Antônio Egas Moniz, professor de neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, teve a idéia de realizar uma operação semelhante de modo a aliviar os sintomas mentais severos em pacientes com psicoses intratáveis. Egas Moniz sabia que certas psicoses, tais como a síndrome paranóide e as desordens obssessivo-compulsivas, envolvem pensamentos repetitivos, que dominam todos os processos psicológicos. Baseado nos resultados de Fulton, ele raciocinou que se cortasse as fibras nervosas que unem o córtex frontal e pré-frontal ao tálamo (uma estrutura localizada no meio do cérebro, e responsável por transmitir as informações sensoriais para o neocórtex. Este modo, ele achava que poderia ocorrer uma interrupção nos pensamentos repetitivos, permitindo que o paciente psicótico levasse uma vida mais normal.
Antônio Egas Moniz
Moniz, trabalhando com um colega neurocirurgião, Dr. Almeida Lima, desenvolveu então uma abordagem cirúrgica que ele denominou de leucotomia ("corte da substância branca"). Ele abria uma série de orifícios no crânio, por onde passava um instrumento chamado leucótomo de fio, Realizando movimentos de lateralidade, ele cortava as fibras, e o paciente podia se recuperar rapidamente. Moniz relatou os resultados com alguns poucos pacientes. Pacientes que eram gravemente agitados, ansiosos ou deprimidos tinham mostrado bons resultados em alguns casos, enquanto que em outros não se obtivera sucesso. Moniz foi cauteloso em propor que a leucotomia deveria ser utilizada somente quando o caso não tivesse mais nenhuma esperança de tratamento por outros meios.
Depois que Egas Moniz e seus colegas relataram seus resultados ao mundo (simultaneamente em seis países), em 1936; vários centros começaram a tentar a nova cirurgia. No Brasil, o notável cirurgião Mattos Pimenta, da Escola Paulista de Medicina, em São Paulo, foi um dos que realizou a nova cirurgia de Moniz, com resultados duvidosos.
Dias de Glória para a Lobotomia
Assim, provavelmente a leucotomia prefrontal provavelmente se extinguiria por si só como procedimento médico (Moniz se aposentaria cedo, devido ao fato de ter levado um tiro na espinha de um ex-paciente, tendo ficado paraplégico), poucos anos depois de ter sido inventada. Muitos psiquiatras eram terminantemente contra ela, principalmente os psicanalistas.
No entanto, um neurologista clínico americano muito ambicioso, chamado Walter Freeman, compareceu ao mesmo congresso de Londres que Egas Moniz, e posteriormente leu seus resultados em uma publicação. Fascinado coma idéia e os resultados obtidos, ele se uniu a um neurocirurgião, James Watts, para aplicar a nova técnica a pacientes americanos. Eles operaram pela primeira vez em setembro de 1936. Após alguns casos, eles estavam convencidos que a leucotomia funcionava, e começaram a fazer uma intensa propaganda da mesma. Freeman encontrou suspeição e resistência por parte de seus colegas, no início, mas ele insistiu muito, e eventualmente ganhou a aprovação relutante da elite dos neurologistas americanos. Ele e Watts aperfeiçoaram a técnica cirúrgica, chegando ao que eles denominaram "Procedimento Padronizado de Freeman-Watts", que continha um conjunto preciso de orientações para melhorar a inserção do leucótomo.
Walter Freeman
Freeman era muito bom no que tange a convencer a imprensa e o público em geral sobre o potencial da lobotomia prefrontal (como ele achou melhor denominar), e quase que sozinho foi responsável por estabelecê-la como um procedimento terapêutico válido, visitando, dando aulas e operando em centenas de sanatórios mentais, hospitais e clínicas psiquiátricas em todo o país. No entanto, insatisfeito com a duração excessiva e a complexidade da cirurgia padrão, Freeman inventou em 1945 uma técnica desenvolvida por um italiano, que consistia em realizar um acesso ao lobo prefrontal através da órbita do olho, que era trepanada e depois inserido o leucótomo. Freeman inventou uma forma muito mais rápida e simples, usando um quebra-gelo, um instrumento pontiagudo, ao invés de um leucótomo, que necessitava da trepanação. Sob anestesia local, o quebra-gelo era apoiado no teto da órbita, e com uma leve pancada de um martelo, atravessava pele, tecido subcutâneo, osso e meninges, chegando ao lobo prefrontal. Com um movimento lateral de 30 graus, as fibras eram desconectadas. Isto não tomava mais do que alguns minutos, e não era nem mesmo necessário internar o paciente em um hospital. O procedimento era tão impressionante, no entanto, que mesmos neurocirurgiões veteranos não agüentavam observar, e alguns chegavam a desmaiar ao testemunhar a verdadeira "linha de produção" montada por Freeman em alguns hospitais. Watts ficou agastado com o novo tipo de operação e rompeu com Freeman.
A lobotomia invadiu os Estados Unidos como uma enchente, assim como alguns outros países. Ela foi realizada em larga escala nos anos 40, devido ao grande número de casos psiquiátricos trazidos pela II Guerra Mundial. Entre 1939 e 1951 foram realizadas mais de 18,000 lobotomias nos EUA, e dezenas de milhares mais em outros países. Ela foi amplamente abusada, na forma de um instrumento para controlar o comportamento indesejável e para esvaziar os hospitais superlotados (fazia sentido econômico, pois custava uns 250 dólares, contra um custo de 35.000 dólares ou mais, por ano, para cada paciente internado). Assim, traiu-se a recomendaçào de Egas Moniz, de usá-la apenas em casos desesperantes, como um último recurso. No Japão, por exemplo, a lobotomia foi muito usada com crianças com problemas de conduta ou de mau desempenho escolar. Prisioneiros em hospícios judiciais foram operados em grande quantidade. Famílias que queriam se livrar de parentes incômodos, eram submetidos à lobotomia. Dissidentes políticos e oponentes eram tratados como doentes mentais pelas autoridades, e operados. Apareceram até cirurgiões amadores, que realizavam centenas de lobotomias sem sequer fazer um exame psiquiátrico antes.
Em 1949, o Dr. Antônio Egas Moniz recebeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, por sua contribuição à leucotomia prefrontal. Isso teve um efeito enorme sobre o procedimento, tornando-o internacionalmente respeitável. Nos três anos seguintes ao Nobel, foram realizadas mais lobotomias que em todos os anos anteriores.
A Morte da Lobotomia
Finalmente, no começo dos anos 50, começaram a se ouvir as primeiras vozes discordantes contra a loucura lobotomizante. Não estavam sendo apresentadas evidências científicas sérias sobre a eficácia real da lobotomia. Até mesmo os defensores da lobotomia admitiam que apenas um terço dos pacientes melhoravam. Outro terço ficava na mesma, enquanto o terço final piorava ! (considerando-se que de 25 a 30 % dos casos psiquiátricos melhoram espontaneamente, uma grande proporção dos lobotomizados poderia ter se recuperado sem ela). A única avaliação de larga escala foi feita nos EUA apenas em 1947 (o projeto Columbia-Greystone) e não demonstrou efeitos positivos claros da lobotomia. A maioria das vezes, os trabalhos publicados eram muito falhos, pois a avaliação era feita pelos próprios cirurgiões que operavam, sem nenhum tipo de controle científico.
As objeções éticas começaram a se acumular, devido ao dano irreversível causado ao cérebro, e tambem devido aos sérios efeitos colaterais sobre a personalidade e a vida emocional dos pacientes, que começaram a ser relatados. Além disso, o aparecimento de novas e eficazes drogas antipsicóticas e antidepressivas, como a torazina, nos anos 50, estava tornando possível o combate aos sintomas mais sérios das psicoses em pacientes agitados e incontroláveis. Os neurocirurgiões abandonaram a lobotomia a favor de métodos mais humanos de tratamento.
As preocupações com respeito à proteção dos pacientes contra a lobotomia e terapias radicais semelhantes, particularmente em prisioneiros cuja libertação era trocada pela concordância em ser operados (uma oferta extremante convertida, injusta e desbalançada), traduziu-se no surgimento de leis nos Estados Unidos e em outros paises, nos anos 70. A psicocirurgia passou a ser considerada um tratamento experimental, e como tal, sujeita a muitas restrições e salvaguardas com relação aos direitos dos pacientes.
A operação original de lobotomia não é mais realizada. embora muitos países ainda aceitem a psicocirurgia como uma forma de controle radical do comportamento violento patológico, entre os quais o Japão, a Austrália, a Suécia e a Índia. Até mesmo na ex-União Soviética, a terra do abuso psiquiátrico, a lobotomia foi proibida, não porque não fosse útil para controlar os oponentes do regime comunista (eles usavam outros métodos, como o confinamento compulsório), mas devido a um posicionamento ideológico contra a mesma.
http://www.cerebromente.org.br/n02/historia/lobotomy_p.htm
Lobotomia Trans-Orbitária: O Testemunho de um Paciente
Interessantissima a entrevista com Howard Dully, um paciente lobotomizado pelo Dr. Walter Freeman aos 12 anos de idade (atualmente ele está com 56 anos).
A lobotomia pré-frontal foi inventada por um neurocirurgião português, o Dr. Egas Moniz, e popularizada nos Estados Unidos pelo Dr. Walter Freeman, que a modificou para que pudesse ser feita no consultório (lobotomia trans-orbitária ou "ice-pick lobotomy"), em menos de 10 minutos, com uma incisão através da órbita, como na figura acima, que mostra Howard Dully sendo lobotomizado aos 12 anos de idade.
Essa psico-cirurgia era a única terapêutica disponível para alguns casos de psicopatias, e foi abandonada com o advento das drogas neurolépticas. Infelizmente, o Dr. Freeman abusou das potencialidades dessa cirurgia e menosprezou as suas potenciais complicações, encerrando a sua carreira depois que uma paciente morreu de hemorragia cerebral.
http://sadato.hypermart.net/weblog/lobotomia_prefrontal_o_testemu.html/02/2007
Ao ver tantos energumenos no mundo, penso se talvez não fosse bem aplicada em alguns casos...
De repente 'lobotomizar' certos tipos de bandidos, já que não querem mata-los poderiam matar a mente assassina deles...:lol[kdesconfia]
As origens da moderna psicocirurgia podem ser achadas nas últimas décadas do século XIX, quando a ciência estava começando a entender como o comportamento e a mente humana podia ser mapeada nas estruturas anatômicas do cérebro. Um cientista alemão chamado Friederich Golz fez experimentos de ablação cirúrgica do neocórtex em cães, e relatou em 1890 que, quando os lobos temporais eram removidos, os animais ficavam mais dóceis do que os não operados.
Essas descobertas inspiraram Gottlieb Burkhardt, um médico e diretor de um asilo mental na Suiça, a operar em 1892 seis de seus pacientes esquizofrênicos, que tinham alucinações e ficavam muito agitados em conseqüência. Alguns dos pacientes realmente ficaram mais calmos, mas não seria possível dizer se isso foi resultado da operação (dois deles morreram). Burkhardt sofreu forte oposição e críticas de seus contemporâneos, por isso psicocirurgias desse tipo foram raramente realizadas nos 40 anos seguintes,
A situação começou a mudar quando na década dos 30s, vários laboratórios experimentais nos Estados Unidos fizeram várias descobertas impressionantes sobre o papel dos lobos frontais e temporais do cérebro no controle do comportamento emocional e agressividade. Na Universidade de Yale, em 1935, um cientista chamado Carlyle Jacobsen fez observações sobre o comportamento de chimpanzés após a destruição do córtex frontal e pré-frontal por meio de uma lobotomia. Um dos animais, que ficava muito agressivo em certas situações, ficou calmo e fácil de manejar depois da operação; sem que isso aparentemente causasse alterações em outras esferas mentais, como na memória e na inteligência. Um dos neurologistas experimentais de Yale, o Dr. John Fulton também comrpovou o efeito da remoção completa dos lobos frontais em dois chimpanzés, com os quais posteriormente não conseguia induzir mais um tipo de neurose experimental.
Em virtude disso, Fulton se tornaria um dos pilares científicos dos defensores da lobotomia nos Estados Unidos.
John Fulton
Tendo ouvido esses fatos relatados por Fulton em um congresso internacional em Londres, um neuropsiquiatra português, o Dr. Antônio Egas Moniz, professor de neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, teve a idéia de realizar uma operação semelhante de modo a aliviar os sintomas mentais severos em pacientes com psicoses intratáveis. Egas Moniz sabia que certas psicoses, tais como a síndrome paranóide e as desordens obssessivo-compulsivas, envolvem pensamentos repetitivos, que dominam todos os processos psicológicos. Baseado nos resultados de Fulton, ele raciocinou que se cortasse as fibras nervosas que unem o córtex frontal e pré-frontal ao tálamo (uma estrutura localizada no meio do cérebro, e responsável por transmitir as informações sensoriais para o neocórtex. Este modo, ele achava que poderia ocorrer uma interrupção nos pensamentos repetitivos, permitindo que o paciente psicótico levasse uma vida mais normal.
Antônio Egas Moniz
Moniz, trabalhando com um colega neurocirurgião, Dr. Almeida Lima, desenvolveu então uma abordagem cirúrgica que ele denominou de leucotomia ("corte da substância branca"). Ele abria uma série de orifícios no crânio, por onde passava um instrumento chamado leucótomo de fio, Realizando movimentos de lateralidade, ele cortava as fibras, e o paciente podia se recuperar rapidamente. Moniz relatou os resultados com alguns poucos pacientes. Pacientes que eram gravemente agitados, ansiosos ou deprimidos tinham mostrado bons resultados em alguns casos, enquanto que em outros não se obtivera sucesso. Moniz foi cauteloso em propor que a leucotomia deveria ser utilizada somente quando o caso não tivesse mais nenhuma esperança de tratamento por outros meios.
Depois que Egas Moniz e seus colegas relataram seus resultados ao mundo (simultaneamente em seis países), em 1936; vários centros começaram a tentar a nova cirurgia. No Brasil, o notável cirurgião Mattos Pimenta, da Escola Paulista de Medicina, em São Paulo, foi um dos que realizou a nova cirurgia de Moniz, com resultados duvidosos.
Dias de Glória para a Lobotomia
Assim, provavelmente a leucotomia prefrontal provavelmente se extinguiria por si só como procedimento médico (Moniz se aposentaria cedo, devido ao fato de ter levado um tiro na espinha de um ex-paciente, tendo ficado paraplégico), poucos anos depois de ter sido inventada. Muitos psiquiatras eram terminantemente contra ela, principalmente os psicanalistas.
No entanto, um neurologista clínico americano muito ambicioso, chamado Walter Freeman, compareceu ao mesmo congresso de Londres que Egas Moniz, e posteriormente leu seus resultados em uma publicação. Fascinado coma idéia e os resultados obtidos, ele se uniu a um neurocirurgião, James Watts, para aplicar a nova técnica a pacientes americanos. Eles operaram pela primeira vez em setembro de 1936. Após alguns casos, eles estavam convencidos que a leucotomia funcionava, e começaram a fazer uma intensa propaganda da mesma. Freeman encontrou suspeição e resistência por parte de seus colegas, no início, mas ele insistiu muito, e eventualmente ganhou a aprovação relutante da elite dos neurologistas americanos. Ele e Watts aperfeiçoaram a técnica cirúrgica, chegando ao que eles denominaram "Procedimento Padronizado de Freeman-Watts", que continha um conjunto preciso de orientações para melhorar a inserção do leucótomo.
Walter Freeman
Freeman era muito bom no que tange a convencer a imprensa e o público em geral sobre o potencial da lobotomia prefrontal (como ele achou melhor denominar), e quase que sozinho foi responsável por estabelecê-la como um procedimento terapêutico válido, visitando, dando aulas e operando em centenas de sanatórios mentais, hospitais e clínicas psiquiátricas em todo o país. No entanto, insatisfeito com a duração excessiva e a complexidade da cirurgia padrão, Freeman inventou em 1945 uma técnica desenvolvida por um italiano, que consistia em realizar um acesso ao lobo prefrontal através da órbita do olho, que era trepanada e depois inserido o leucótomo. Freeman inventou uma forma muito mais rápida e simples, usando um quebra-gelo, um instrumento pontiagudo, ao invés de um leucótomo, que necessitava da trepanação. Sob anestesia local, o quebra-gelo era apoiado no teto da órbita, e com uma leve pancada de um martelo, atravessava pele, tecido subcutâneo, osso e meninges, chegando ao lobo prefrontal. Com um movimento lateral de 30 graus, as fibras eram desconectadas. Isto não tomava mais do que alguns minutos, e não era nem mesmo necessário internar o paciente em um hospital. O procedimento era tão impressionante, no entanto, que mesmos neurocirurgiões veteranos não agüentavam observar, e alguns chegavam a desmaiar ao testemunhar a verdadeira "linha de produção" montada por Freeman em alguns hospitais. Watts ficou agastado com o novo tipo de operação e rompeu com Freeman.
A lobotomia invadiu os Estados Unidos como uma enchente, assim como alguns outros países. Ela foi realizada em larga escala nos anos 40, devido ao grande número de casos psiquiátricos trazidos pela II Guerra Mundial. Entre 1939 e 1951 foram realizadas mais de 18,000 lobotomias nos EUA, e dezenas de milhares mais em outros países. Ela foi amplamente abusada, na forma de um instrumento para controlar o comportamento indesejável e para esvaziar os hospitais superlotados (fazia sentido econômico, pois custava uns 250 dólares, contra um custo de 35.000 dólares ou mais, por ano, para cada paciente internado). Assim, traiu-se a recomendaçào de Egas Moniz, de usá-la apenas em casos desesperantes, como um último recurso. No Japão, por exemplo, a lobotomia foi muito usada com crianças com problemas de conduta ou de mau desempenho escolar. Prisioneiros em hospícios judiciais foram operados em grande quantidade. Famílias que queriam se livrar de parentes incômodos, eram submetidos à lobotomia. Dissidentes políticos e oponentes eram tratados como doentes mentais pelas autoridades, e operados. Apareceram até cirurgiões amadores, que realizavam centenas de lobotomias sem sequer fazer um exame psiquiátrico antes.
Em 1949, o Dr. Antônio Egas Moniz recebeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, por sua contribuição à leucotomia prefrontal. Isso teve um efeito enorme sobre o procedimento, tornando-o internacionalmente respeitável. Nos três anos seguintes ao Nobel, foram realizadas mais lobotomias que em todos os anos anteriores.
A Morte da Lobotomia
Finalmente, no começo dos anos 50, começaram a se ouvir as primeiras vozes discordantes contra a loucura lobotomizante. Não estavam sendo apresentadas evidências científicas sérias sobre a eficácia real da lobotomia. Até mesmo os defensores da lobotomia admitiam que apenas um terço dos pacientes melhoravam. Outro terço ficava na mesma, enquanto o terço final piorava ! (considerando-se que de 25 a 30 % dos casos psiquiátricos melhoram espontaneamente, uma grande proporção dos lobotomizados poderia ter se recuperado sem ela). A única avaliação de larga escala foi feita nos EUA apenas em 1947 (o projeto Columbia-Greystone) e não demonstrou efeitos positivos claros da lobotomia. A maioria das vezes, os trabalhos publicados eram muito falhos, pois a avaliação era feita pelos próprios cirurgiões que operavam, sem nenhum tipo de controle científico.
As objeções éticas começaram a se acumular, devido ao dano irreversível causado ao cérebro, e tambem devido aos sérios efeitos colaterais sobre a personalidade e a vida emocional dos pacientes, que começaram a ser relatados. Além disso, o aparecimento de novas e eficazes drogas antipsicóticas e antidepressivas, como a torazina, nos anos 50, estava tornando possível o combate aos sintomas mais sérios das psicoses em pacientes agitados e incontroláveis. Os neurocirurgiões abandonaram a lobotomia a favor de métodos mais humanos de tratamento.
As preocupações com respeito à proteção dos pacientes contra a lobotomia e terapias radicais semelhantes, particularmente em prisioneiros cuja libertação era trocada pela concordância em ser operados (uma oferta extremante convertida, injusta e desbalançada), traduziu-se no surgimento de leis nos Estados Unidos e em outros paises, nos anos 70. A psicocirurgia passou a ser considerada um tratamento experimental, e como tal, sujeita a muitas restrições e salvaguardas com relação aos direitos dos pacientes.
A operação original de lobotomia não é mais realizada. embora muitos países ainda aceitem a psicocirurgia como uma forma de controle radical do comportamento violento patológico, entre os quais o Japão, a Austrália, a Suécia e a Índia. Até mesmo na ex-União Soviética, a terra do abuso psiquiátrico, a lobotomia foi proibida, não porque não fosse útil para controlar os oponentes do regime comunista (eles usavam outros métodos, como o confinamento compulsório), mas devido a um posicionamento ideológico contra a mesma.
http://www.cerebromente.org.br/n02/historia/lobotomy_p.htm
Lobotomia Trans-Orbitária: O Testemunho de um Paciente
Interessantissima a entrevista com Howard Dully, um paciente lobotomizado pelo Dr. Walter Freeman aos 12 anos de idade (atualmente ele está com 56 anos).
A lobotomia pré-frontal foi inventada por um neurocirurgião português, o Dr. Egas Moniz, e popularizada nos Estados Unidos pelo Dr. Walter Freeman, que a modificou para que pudesse ser feita no consultório (lobotomia trans-orbitária ou "ice-pick lobotomy"), em menos de 10 minutos, com uma incisão através da órbita, como na figura acima, que mostra Howard Dully sendo lobotomizado aos 12 anos de idade.
Essa psico-cirurgia era a única terapêutica disponível para alguns casos de psicopatias, e foi abandonada com o advento das drogas neurolépticas. Infelizmente, o Dr. Freeman abusou das potencialidades dessa cirurgia e menosprezou as suas potenciais complicações, encerrando a sua carreira depois que uma paciente morreu de hemorragia cerebral.
http://sadato.hypermart.net/weblog/lobotomia_prefrontal_o_testemu.html/02/2007
Ao ver tantos energumenos no mundo, penso se talvez não fosse bem aplicada em alguns casos...
De repente 'lobotomizar' certos tipos de bandidos, já que não querem mata-los poderiam matar a mente assassina deles...:lol[kdesconfia]
domingo, 10 de novembro de 2019
Love Sick
WRITTEN BY: BOB DYLAN
I’m walking through streets that are dead
Walking, walking with you in my head
My feet are so tired, my brain is so wired
And the clouds are weeping
Did I hear someone tell a lie?
Did I hear someone’s distant cry?
You thrilled me to my heart, then you ripped it all apart
You went through my pockets when I was sleeping
I’m sick of love…but I’m in the thick of it
This kind of love…I’m so sick of it
I see lovers in the meadow
I see silhouettes in the window
I watch them ’til they’re gone and they leave me hanging on
To a shadow
I’m sick of love…I hear the clock tick
This kind of love…I’m love sick
Sometimes the silence can be like the thunder
Sometimes I feel like I’m being plowed under
Could you ever be true? I think of you
And I wonder
I’m sick of love…I wish I’d never met you
I’m sick of love…I’m trying to forget you
Just don’t know what to do
I’d give anything to be with you
Walking, walking with you in my head
My feet are so tired, my brain is so wired
And the clouds are weeping
Did I hear someone tell a lie?
Did I hear someone’s distant cry?
You thrilled me to my heart, then you ripped it all apart
You went through my pockets when I was sleeping
I’m sick of love…but I’m in the thick of it
This kind of love…I’m so sick of it
I see lovers in the meadow
I see silhouettes in the window
I watch them ’til they’re gone and they leave me hanging on
To a shadow
I’m sick of love…I hear the clock tick
This kind of love…I’m love sick
Sometimes the silence can be like the thunder
Sometimes I feel like I’m being plowed under
Could you ever be true? I think of you
And I wonder
I’m sick of love…I wish I’d never met you
I’m sick of love…I’m trying to forget you
Just don’t know what to do
I’d give anything to be with you
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letras de canções
O tempo da Saudade é, portanto, um tempo sem passado, sem presente e sem futuro, a sua vivência, dando-se ao nível da consciência, anula a importância de qualquer marcação de duração de extensão. Diríamos, pois, que a extensão da Saudade é puramente temporal, e que essa temporalidade é a experiência imediata do confronto com a irreversibilidade como verdade.
Noronha, Maria Teresa de (2007) A SAUDADE: Contribuições fenomenológicas, lógicas e ontológicas. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda., p. 203
"…uma referência a uma rapariga, num quarto, com um vestido-camiseiro. Estava a vestir o vestido. Foi uma imagem que me ficou. Ela a apertar os botões, de cima para baixo…" (Sarmento/Ribeiro, 2012) como em 'O raio sobre o lápis', o livro que JS ilustrou para Mª Gabriela Llansol.
"É uma mulher à espera, constantemente à espera. Nunca vai a lado nenhum e nunca chega a lado nenhum" (Sarmento/Ribeiro, 2012).
Karōshi
criação Teatro da Cidade
''Os nossos dias são o trabalho. O local de trabalho, o mundo inteiro.
''Os nossos dias são o trabalho. O local de trabalho, o mundo inteiro.
Karōshi é uma palavra japonesa que significa, literalmente, morte por excesso de trabalho. O Teatro da Cidade mergulha nela para explorar os limites do ser humano face ao trabalho nos dias de hoje, problematizando conceitos que balizam o nosso quotidiano. Estabelecendo um paralelo entre o direito social ao trabalho, adquirido com o tempo, e as novas formas de escravatura a que nos sujeitamos, este espetáculo questiona a dupla condição de quem trabalha enquanto escravo de si próprio e miragem de um semideus: provocar os limites do corpo para se adequar à sociedade em que vive, ao sistema que lhe exige a produção rápida, eficiente, vivendo de objetivo em objetivo, muitas vezes vendo a recompensa posta em causa; a Sociedade do século XXI, que adormece no metro, nas escadas da estação de comboios, no passeio, até sucumbir completamente.
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segunda-feira, 4 de novembro de 2019
domingo, 3 de novembro de 2019
«Quando for peixe
É neste rio
Que eu quero morar.»
Marcos Tiago Ribeiro Boaventura e Silva
3 anos
Infantário da Casa do Povo de Madalena, Valadares, Portugal
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 13
É neste rio
Que eu quero morar.»
Marcos Tiago Ribeiro Boaventura e Silva
3 anos
Infantário da Casa do Povo de Madalena, Valadares, Portugal
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 13
«O acto poético é o empenho total do ser para a sua revelação. Este fogo de conhecimento,
que é também fogo de amor, em que o poeta se exalta e consome, é a sua moral. E não há
outra. Nesse mergulho do homem nas suas águas mais silenciadas, o que vem à tona é tanto
uma singularidade como uma pluralidade. Mas, curiosamente, o espírito humano atenta
mais facilmente nas diferenças que nas semelhanças, esquecendo-se, e é Goethe quem o
lembra, que o particular e o universal coincidem, e assim a palavra do poeta, tão fiel ao homem, acaba por ser palavra de escândalo no seio do próprio homem. Na verdade ele
nega onde outros afirmam, desoculta o que outros escondem, ousa amar o que outros nem
sequer são capazes de imaginar. Palavra de aflição mesmo quando luminosa, de desejo
apesar de serena, rumorosa até quando nos diz o silêncio, pois esse ser sedento de ser, que é
o poeta, tem a nostalgia da unidade, e o que procura é uma reconciliação, uma suprema
harmonia entre a luz e a sombra, presença e ausência, plenitude e carência.
Essa revelação do poeta, e dos outros com ele, essa descida ao coração da alma, de que
Heraclito encontrou a fórmula, essa coragem de mostrar o que achou no caminho – e nunca
é fácil, nem alegre, nem irresponsável revelar o que se encontrou ou sonhou nas galerias da
alma – é o que chamarei agora dignidade do poeta, e com ele a do homem. Porque é
sempre de dignidade que se trata quando alguém dá a ver o que viu, por mais fascinante ou
intolerável que seja o achado.
“O futuro do homem é o homem”, estamos de acordo. Mas o homem do nosso futuro não
nos interessa desfigurado. Este animal triste que nos habita há milhares de anos, cujas
possibilidades estamos longe de conhecer, é o fruto de uma desconfiguração – acção de
uma cultura mais interessada em ocultar ao homem o seu rosto do que em trazê-lo, belo e
tenebroso, à luz limpa do dia. É contra a ausência do homem no homem que a palavra do
poeta se insurge, é contra esta amputação no corpo vivo da vida que o poeta se rebela. E se
ousa “cantar no suplício” é porque não quer morrer sem se olhar nos seus próprios olhos, e
reconhecer-se, e detestar-se, ou amar-se, se for caso disso, no que não creio. De Homero a
São João da Cruz, de Virgílio a Alexandre Blok, de Li Po a William Blake, de Bashô a
Cavafy, a ambição maior do fazer poético foi sempre a mesma: Ecce Homo, parece dizer
cada poema. Eis o homem, eis o seu efémero rosto feito de milhares e milhares de rostos,
todos eles esplendidamente respirando na terra, nenhum superior ao outro, separados por
mil e uma diferenças, unidos por mil e uma coisas comuns, semelhantes e distintos,
parecidos todos e contudo cada um deles único, solitário, desamparado. É a tal rosto que
cada poeta está religado. A sua rebeldia é em nome dessa fidelidade. Fidelidade ao homem
e à sua lúcida esperança de sê-lo inteiramente; fidelidade à terra onde mergulha as raízes
mais fundas; fidelidade à palavra que no homem é capaz da verdade última do sangue, que
é também verdade da alma»
ANDRADE – Poesia e Prosa, p. 109-110.
«Lembro-me com rigor do nosso primeiro encontro, da primeira vez que nos fitámos nos
olhos. Eu devia ter uns cinco anos e andava com a minha mãe e as tias no lameiro […] De
repente, minha mãe disse-me: - Vem além o teu pai. – É impossível que não tivesse já
ouvido aquela palavra, mas a mim sempre me pareceu que a escutara então pela primeira
vez. […] Recusei [dinheiro], virando-lhe as costas. Sem uma palavra, corri para minha
mãe: só ela era meu pai, o homem que vinha de ver pela primeira vez ia recusá-lo a vida
inteira. Inteiramente»
«Mesmo os que folhearam os meus livros com mão distraída sabem da presença poética de
minha mãe. Mas, destas terras, eu levei para a minha poesia outra figura em que se tem
reparado menos, e que seria a terceira de um tríptico, cujo centro fosse ocupado
tutelarmente pela Mãe, tendo à sua direita a Criança, e à esquerda o Pastor – com perfil
assim nítido não há mais ninguém na minha poesia»
SANTOS, José da Cruz, coord. – Eugénio de Andrade: o amigo mais íntimo do sol: fotobiografia. Porto:
Campo das Letras, 1998, p. 42.
«Sou filho de camponeses, passei a infância numa daquelas aldeias da Beira Baixa que
prolongam o Alentejo e, desde pequeno, de abundante só conheci o sol e a água. Nesse
tempo, que só não foi de pobreza por estar cheio do amor vigilante e sem fadiga de minha
mãe, aprendi que poucas coisas há absolutamente necessárias. São essas coisas que os
meus versos amam e exaltam. A terra e a água, a luz e o vento consubstanciaram-se para
dar corpo a todo o amor de que a minha poesia é capaz. As minhas raízes mergulham desde
a infância no mundo mais elementar. Guardo desse tempo o gosto por uma arquitectura
extremamente clara e despida, que os meus poemas tanto se têm empenhado em reflectir; o
amor pela brancura da cal, a que se mistura invariavelmente, no meu espírito, o canto duro
das cigarras; uma preferência pela linguagem falada, quase reduzida às palavras nuas e
limpas de um cerimonial arcaico - o da comunicação das necessidades primeiras do corpo e
da alma. Dessa infância trouxe também o desprezo pelo luxo, que nas suas múltiplas
formas é sempre uma degradação; a plenitude dos instantes em que o ser mergulha inteiro
nas suas águas, talvez porque então o mundo não estivesse dividido, a luz cindia (dividida),
o bem e o mal compartimentados; e, ainda, uma repugnância por todos os dualismos, tão do
gosto da cultura ocidental, sobretudo por aqueles que conduzem à mineralização do desejo
num coração de homem. A pureza, de que tanto se tem falado a propósito da minha poesia,
é simplesmente paixão, paixão pelas coisas da terra, na sua forma mais ardente e ainda não
consumada»
ANDRADE, Eugénio – Poesia e Prosa. 3ª ed. Lisboa: Círculo de Leitores, 1987, vol. 3, p. 123-124.
ANDRADE, Eugénio – Poesia e Prosa. 3ª ed. Lisboa: Círculo de Leitores, 1987, vol. 3, p. 123-124.
O INOMINÁVEL
Nunca
dos nossos lábios aproximaste
o ouvido; nunca
ao nosso ouvido encostaste os lábios;
és os silêncio,
o duro espesso impenetrável
silêncio sem figura. Escutamos, bebemos o silêncio
nas próprias mãos
e nada nos une
- nem sequer sabemos se tens nome.
ANDRADE, Eugénio de – Poesia. 2ª ed. Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 2005, p. 497
Nunca
dos nossos lábios aproximaste
o ouvido; nunca
ao nosso ouvido encostaste os lábios;
és os silêncio,
o duro espesso impenetrável
silêncio sem figura. Escutamos, bebemos o silêncio
nas próprias mãos
e nada nos une
- nem sequer sabemos se tens nome.
ANDRADE, Eugénio de – Poesia. 2ª ed. Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 2005, p. 497
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sábado, 2 de novembro de 2019
38.
Tendo chegado ao fim da rua, vês de longe
que o princípio da rua não existe. O que tu vês
não é calçada ou casa, sequer esquina,
o que tu vês não é alegre ou triste,
o que tu vês arrasa os próprios olhos
porque os vês vazios.
E apenas há quem julgue que chegaste
porque pesas um peso que soltaste
pelo caminho por onde nunca andaste.
Pedro Tamen. Guião de Caronte. Quetzal Editores. Poesia. Lisboa, 1997., p. 47
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José Carlos Ary dos Santos,
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« Já te não devora a fome
e qualquer coisa se come,
mas não com isso sacias
o que te deserta os dias.»
Pedro Tamen. Guião de Caronte. Quetzal Editores. Poesia. Lisboa, 1997., p. 40
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« eis-me indiferente e pardo. Não serei eu por certo
a lançar rosas sobre a torrente imóvel.
Pedro Tamen. Guião de Caronte. Quetzal Editores. Poesia. Lisboa, 1997., p. 34
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excerto,
Pedro Tamen,
poesia
« bato à porta com braços, pernas, boca e dentes,»
Pedro Tamen. Guião de Caronte. Quetzal Editores. Poesia. Lisboa, 1997., p. 29
« O que não se sabe não existe.»
Pedro Tamen. Guião de Caronte. Quetzal Editores. Poesia. Lisboa, 1997., p. 21
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