domingo, 17 de novembro de 2019

De dia, sofria por não receber resposta alguma ao meu grito, sofria pelo silêncio. De noite, o meu sofrimento faz-se mais atroz, pois o silêncio leva-me consigo ao reino do nada. De dia, o silêncio entra na dialéctica do ser, como uma pausa ou suspensão; de noite, o silêncio apõe ao ser a opacidade do seu nada. De dia, o Deus invocado pelo Salmista não formula a Palavra que o Salmista espera recolher dos seus lábios: Sou Aquele que sou. De noite, pelo encurvamento fugidio do seu Silêncio, Deus parece dizer (não o dizendo): Sou Aquele que não Sou. O Silêncio opõe ao homem o Deus oculto. O Não-Silêncio opõe um Deus cujo Ser só pode ser captado desde as raízes fugidias do Nada»

NEHER – El exilio de la palabra, p. 136

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