domingo, 3 de novembro de 2019

«Lembro-me com rigor do nosso primeiro encontro, da primeira vez que nos fitámos nos olhos. Eu devia ter uns cinco anos e andava com a minha mãe e as tias no lameiro […] De repente, minha mãe disse-me: - Vem além o teu pai. – É impossível que não tivesse já ouvido aquela palavra, mas a mim sempre me pareceu que a escutara então pela primeira vez. […] Recusei [dinheiro], virando-lhe as costas. Sem uma palavra, corri para minha mãe: só ela era meu pai, o homem que vinha de ver pela primeira vez ia recusá-lo a vida inteira. Inteiramente» 

ANDRADE – Poesia e Prosa, p. 117

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