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sábado, 2 de novembro de 2019

« Cinza em vez de desejo. Consciência em vez de paixão. É isto uma alma?»

Agustina Bessa Luís, FANNY OWEN

quinta-feira, 15 de outubro de 2015


«  GARRETT
(...) Já nos conhecemos da embaixada. Estava de verde e com fitas pretas no cabelo. Também nos pulsos tinha fitas pretas. ''A que veste de verde com a sua beleza se atreve'', pensei eu.

AMORIM
Quem são?

GARRETT
Ele, não sei. Ela não me é desconhecida. Uma mulher bonita nunca é uma desconhecida.»



Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 103
«MARIA
Não me trate por filha do coração nem por adorada filha da minha alma. São mimos a mais que me parecem humilhações.

GARRETT
Porquê, Maria? Que posso fazer se quando tosses é a mim que me dói o peito?

MARIA
Não gosto de tanto amor. Ele esconde arrependimento.»


Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 87
«Eu não me levo muito a sério. É a melhor maneira de viver.
Aquele que se leva a sério está sempre numa situação de inferioridade perante a vida.»


Agustina Bessa-Luís

segunda-feira, 12 de outubro de 2015


«                                                                   SOTO MAIOR
Este homem é capaz de fazer chorar as pedras.»


Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 75

«(...) Levo a maior parte da vida no meu quarto, de roupão e chinelas de moiro, deitado no sofá, lendo pouco mas folheando muitos livros velhos.

AMORIM
 É um bom retrato. Nem precisa de retoques. Garretismo puro.»


Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 74/5

«DEPUTADO
Está a ser incoerente.

SOTO MAIOR
Os homens apaixonados são incoerentes.

BORJACA
E ridículos. Eu, quando namorava a minha senhora, fartei-me de ser ridículo e não me importava.»

Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 73
«Às vezes os escritores escondem-se nas confissões doutro sexo para dizer as verdades mais dolorosas.»


Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 72
«(...) São má companhia os homens tristes. Tu sempre foste um homem triste. Até aos vinte anos devias ser triste como a noite. 

GARRETT

Aos vinte anos já eu tinha reumatismo. O reumatismo é a tristeza dos ossos, não é uma doença. »

Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 66

«JOVEM LITERATO
Senhor Almeida Garrett, ilustre vate. Já leu a minha peça?

GARRETT
Já. (Para o CRIADO.) Dá cá esses papéis. (Para o LITERATO.)
Aqui tem a sua peça.

LITERATO
Mas não leu! Prometeu-me que punha cruzes em tudo o que não gostasse. Não vejo cruzes nenhumas.

GARRETT
Se pusesse cruzes me tudo o que não gosto, a sua peça ia parecer um cemitério.»




Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 65

«Fico pálido quando a pátria cora.»


Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 61


1º DEPUTADO

«Tem talento a mais para ser boa pessoa. É o que eu penso. E mais uma coisa: ele tem a política da alma, que é uma espécie de condescendência que leva os outros a concordar com ele. Esquecemo-nos de nós mesmos pelo prazer de lhe agradar. Mas isto não é bondade. É sangue-frio.»


Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 59

''Gravatas lúbricas''

«As mulheres não são de papel, como tu as inventas.»


Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 42

GARRETT

«O que produz o amor não se sabe. (Começam a entrar os amigos e a rodeá-los.) Há três espécies de mulheres neste mundo: a mulher que se admira, a mulher que se deseja e a mulher que se ama. Pode-se admirar uma mulher sem a desejar; e pode-se desejar sem a amar.»



Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 38
«És a minha desgraça, Garrett. Hei-de acabar no asilo por te ter conhecido.»

Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 37

sexta-feira, 9 de outubro de 2015


«Não é vaidade, é costume de actor e veia de amante parecer melhor do que sou.»

Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 36

«Quando era criança apanhei um puxão de orelhas por ter comprado na Feira da Ladra um retrato de Napoleão.»

Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 30

Esse ar de Clorinda mata-mouros




GARRETT


«(...) Esse ar de Clorinda mata-mouros, de que eu me ria ao almoço, parece-me deslumbrante à merenda. À ceia não sei que pensamento te vou dedicar. Não há feitios indeléveis. Mas deve-se ser homem apesar da sorte. Diz-me a sorte que te ame; e o homem diz-me que te deixe. Como numa contradança nos chegamos e nos afastamos. Somos impúdicos e depois virtuosos.  A educação corrige a condição do amor. Mas o amor é incorrigível.»


Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 26

«(...) De resto estou pior de aturar. O meu génio acorda pela manhã com um esgar e um bocejo. Ou faço vítimas ou não faço nada.»


Agustina Bessa-LuísGarret O Eremita Do Chiado. Guimarães Editores, 1998, Lisboa., p. 24
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