sábado, 27 de outubro de 2018

maiêutica


nome feminino
FILOSOFIA método praticado por Sócrates, e depois inspirado nele, que consiste em levar os espíritos a tomar consciência daquilo que sabem implicitamente, a exprimi-lo e a julgá-lo.

a causa da in(finita) procura

«O poema acontece tal como o filho que acontece.»

Pinharanda Gomes. Univocidade Cósmica na Poesia de Natércia Freire.

''transitoriedade existencial''

''tempo vegetal''
                             ''crepúsculo enfeitado''
                                                                    ''húmida boca''

explicações socráticas

''angústia intelectual''

Luís Forjaz Trigueiros. Arte e Técnica da Poesia.

a inconveniência da felicidade

«(...) a ânsia frustrada de viver «castelos impossíveis»;

Luís Forjaz Trigueiros. Arte e Técnica da Poesia.

intratabilidade

«Nunca é demasiado assinalar que há uma distinção a fazer entre valores literários e valores poéticos. Mas se nem todos os valores ditos literários são na verdade poéticos, os valores poéticos apuram-se na ordem literária, sua normal forma de expressão. O que torna por vezes perturbante a função crítica em literatura é quanto a poesia é da sua natureza indefinível. Além disso, poesia, não sendo propriamente ideia nem podendo ser apenas sentimento, é mais facilmente interpretável à luz do sentimento que a possibilita e da ideia que, por assim dizer, a dignifica. A tudo o resto, valorações e imagens, ritmo ou música formal, sobreleva, de facto, o que há de transfigurador no mistério da criação poética.»

Luís Forjaz Trigueiros. Arte e Técnica da Poesia.

'Intimate Photography', 1971


espaços de contra-poder

hodierno


adjetivo

do dia de hoje; de agora; actual; moderno

Discurso Diante do Túmulo de Karl Marx


Friedrich Engels
17 de Março de 1883

«A 14 de Março, um quarto para as três da tarde, o maior pensador vivo deixou de pensar. Deixado só dois minutos apenas, ao chegar, encontrámo-lo tranquilamente adormecido na sua poltrona — mas para sempre.

O que o proletariado combativo europeu e americano, o que a ciência histórica perderam com [a morte de] este homem não se pode de modo nenhum medir. Muito em breve se fará sentir a lacuna que a morte deste [homem] prodigioso deixou.

Assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da Natureza orgânica, descobriu Marx a lei do desenvolvimento da história humana: o simples facto, até aqui encoberto sob pululâncias ideológicas, de que os homens, antes do mais, têm primeiro que comer, beber, abrigar-se e vestir-se, antes de se poderem entregar à política, à ciência, à arte, à religião, etc; de que, portanto, a„produção dos meios de vida materiais imediatos (e, com ela, o estádio de desenvolvimento económico de um povo ou de um período de tempo) forma a base, a partir da qual as instituições do Estado, as visões do Direito, a arte e mesmo as representações religiosas dos homens em questão, se desenvolveram e a partir da qual, portanto, das têm também que ser explicadas — e não, como até agora tem acontecido, inversamente.

Mas isto não chega. Marx descobriu também a lei específica do movimento do modo de produção capitalista hodierno e da sociedade burguesa por ele criada. Com a descoberta da mais-valia fez-se aqui de repente luz, enquanto todas as investigações anteriores, tanto de economistas burgueses como de críticos socialistas, se tinham perdido na treva.

Duas descobertas destas deviam ser suficientes para uma vida. Já é feliz aquele a quem é dado fazer apenas uma de tais [descobertas]. Mas, em todos os domínios singulares em que Marx empreendeu uma investigação — e estes domínios foram muitos e de nenhum deles ele se ocupou de um modo meramente superficial —, em todos, mesmo no da matemática, ele fez descobertas autónomas.

Era, assim, o homem de ciência. Mas isto não era sequer metade do homem. A ciência era para Marx uma força historicamente motora, uma força revolucionária. Por mais pura alegria que ele pudesse ter com uma nova descoberta, em qualquer ciência teórica, cuja aplicação prática talvez ainda não se pudesse encarar — sentia uma alegria totalmente diferente quando se tratava de uma descoberta que de pronto intervinha revolucionariamente na indústria, no desenvolvimento histórico em geral. Seguia, assim, em pormenor o desenvolvimento das descobertas no domínio da electricidade e, por último, ainda as de Mare Deprez.

Pois, Marx era, antes do mais, revolucionário. Cooperar, desta ou daquela maneira, no derrubamento da sociedade capitalista e das instituições de Estado por ela criadas, cooperar na libertação do proletariado moderno, a quem ele, pela primeira vez, tinha dado a consciência da sua própria situação e das suas necessidades, a consciência das condições da sua emancipação — esta era a sua real vocação de vida. A luta era o seu elemento. E lutou com uma paixão, uma tenacidade, um êxito, como poucos. A primeira Rheinische Zeitung em 1842, o Vorwärts! de Paris em 1844, a Brüsseler Deutsche Zeitung em 1847, a Neue Rheinische Zeitung em 1848-1849, o New-York Tribune em 1852-1861 — além disto, um conjunto de brochuras de combate, o trabalho em associações em Paris, Bruxelas e Londres, até que finalmente a grande Associação Internacional dos Trabalhadores surgiu como coroamento de tudo — verdadeiramente, isto era um resultado de que o seu autor podia estar orgulhoso, mesmo que não tivesse realizado mais nada.

E, por isso, Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado do seu tempo. Governos, tanto absolutos como republicanos, expulsaram-no; burgueses, tanto conservadores como democratas extremos, inventaram ao desafio difamações acerca dele. Ele punha tudo isso de lado, como teias de aranha, sem lhes prestar atenção, e só respondia se houvesse extrema necessidade. E morreu honrado, amado, chorado, por milhões de companheiros operários revolucionários, que vivem desde as minas da Sibéria, ao longo de toda a Europa e América, até à Califórnia; e posso atrever-me a dizê-lo: muitos adversários ainda poderia ter, mas não tinha um só inimigo pessoal.




O seu nome continuará a viver pelos séculos, e a sua obra também!»




Primeira Edição: Discurso pronunciado em inglês por Engels no cemitério de Highgate em Londres, em 17 de Março de 1883. Publicado em alemão, integrado num artigo de Engels sobre o enterro de Marx — Das Begräbnis von Karl Marx — no jornal Der Sozialdemokrat, n.° 13, de 22 de Março de 1883. Publicado segundo o texto do jornal. Traduzido do alemão. 

Fonte: Obras Escolhidas em três tomos, Editorial "Avante!" - Edição dirigida por um colectivo composto por: José BARATA-MOURA, Eduardo CHITAS, Francisco MELO e Álvaro PINA, tomo III, pág: 179-181.
Tradução: José BARATA-MOURA.
Direitos de Reprodução: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Editorial "Avante!" - Edições Progresso Lisboa - Moscovo, 1982.
«O ciumento necessita de um escravo; (...) o ciumento é antes de tudo um proprietário privado.»

Marx

insalubridade

auto-alienação


Mistakes About the Meaning of Life


''To my surprise, most of the people with whom I have talked about the meaning of life have told me that they did not think that their lives were meaningful enough. Many even presented their lives as outright meaningless. But I have often found the reasons my interlocutors gave for their views problematic. Many, I thought, did not pose relevant questions that might have changed their views, or take the actions that might have improved their condition. (Some of them, after our discussions, agreed with me.) Most of the people who complained about life's meaninglessness even found it difficult to explain what they took the notion to mean.
I will begin by briefly clarifying the notion of the meaning of life, and then point at a few of the many mistakes that, in my experience, people who take their lives to be insufficiently meaningful often make. This, I hope, may help some people realise how to make their lives more meaningful, and others to stop believing with no good reason that their lives are meaningless.
In common speech, “meaning” is used in two main ways. One has to do with notions such as interpretation, clarification, and comprehension, as in “the meaning of a red light is ‘stop’”. The other has to do with notions such as value, worth, or importance, as in “the conversation we had yesterday was very meaningful to me”. Following contemporary discussions by, among others, John Cottingham, Thaddeus Metz, and Susan Wolf, I think that in discussions of the meaning of life, “meaning” is used mostly in the second sense.
Consider some examples: the existentialist psychologist Viktor Frankl recounts in his Man in Search of Meaning how, while he was a prisoner in Nazi concentration camps in World War II, he noted that some of his fellow inmates kept their sense of meaning while others did not. Those who kept their sense of meaning did so by maintaining some areas of worth in their lives. Frankl himself, for instance, intended to write a book after he was freed, a book, informed by his experiences in the camps, about meaningfulness and how it can contribute to treating many seemingly unrelated psychological problems. This project was of value to him and helped him maintain meaning in his life, and survive, while he was in the camps. What gave meaning to the lives of some of the other inmates was the importance of the prospect of seeing their families again after the war and caring for them. Yet others maintained their sense of worth by helping other inmates. Those who did not retain their sense of meaning, on the other hand, were those for whom nothing remained of sufficient worth or value. Meaning of life, then, has to do with worth, or value.
Likewise, in his semi-autobiographical My Confession, Tolstoy recounts how, at a certain point in his life, he went through a crisis of meaninglessness. He tells how he found himself asking questions about hitherto valued, central aspects of his life, questions such as “so what?” or “what of it?”. For instance, he considered the fact that he was a great writer, perhaps the best Russian one and one of the greatest in the world. But then, he recounts, he asked himself: “so what?”. Likewise, he thought of his prosperous, thriving estate. But then the question crept in: “what of it?”. Similarly, he had a large, happy family whose members were healthy. But again the question arose: “so what?”. Before he started sensing his life as meaningless, the value in being a great writer, having a healthy family, etc. was quite clear to him. He would only come to see his life as meaningful again once he was able to return to seeing these, or other, aspects of his life as valuable. Again, meaning of life has to do with worth or value.
The examples above are taken from the writings of luminaries, but discussions I have had with laypersons who have told me that they stopped seeing life as meaningful also suggest that meaningfulness is based on value. For example, I talked with parents who told me that ever since they lost their child in a car accident, they had found it hard to see life as meaningful. There was something very valuable in their lives, and when this was gone, they experienced life as meaningless. They would see life as meaningful again only if they found other things that they took to be of sufficiently high value.
Another person told me that she found life meaningless because she had not succeeded in becoming a central figure in her academic field. Again, for her (at that time), the main or only issue of worth was excellence in her career. Since she was blind to other issues that could be of worth in her life, she felt that her life was meaningless when she did not achieve the only thing in life she considered at the time to be valuable. Sometimes people who think that their lives are meaningless describe them as empty, but find it hard to explain what their lives are empty of. The reply is that they take their lives to be empty of sufficient value.
We can also see the close relation between meaningfulness and value if we consider common pessimistic arguments for the meaninglessness of life. One frequently heard such argument (which also appears in the philosophical literature) points to our eventual death and annihilation. As Thomas Nagel, among others, notes (although he does not accept the argument), some years or centuries after we die, no one will remember us or what we did. In a million years, the world will be exactly as it would have been had we not done what we did; moreover, it will even be exactly as it would have been had we never existed at all. Some cite this as a reason for holding that life is meaningless. But the supposition behind this argument (a problematic supposition, in my view) is that what we do in life cannot be valuable enough unless it persists for eternity.
Another famous argument claims that when considered in the context of the whole universe, our life emerges as meaningless. Perhaps we do have some effect on our immediate environment, such as our family, friends, and workplace. But we have no effect on almost all other parts of the vast, gigantic universe. We live in a corner of a negligible solar system in a negligible galaxy. The ratio between our whole galaxy and the cosmos at large is smaller than the ratio between a speck of dust in this room and the whole country. Our insufficient effect on almost the whole of the universe, the argument goes, makes our life meaningless. But this argument, too (again, a problematic argument, in my view), suggests that our life is meaningless because, when seen in the right context, and whatever we do in life emerges as being of insufficient value.
The same is true of the other arguments for the meaninglessness of life. The argument from the paradox of the end, for example, points out that after attaining a goal for which we have worked hard, we often feel, surprisingly, that the goal is not of much worth. Paradoxically, being on the way towards the goal was better than attaining it. But if the goal is actually unworthy, the means to achieve it, that is, the way towards it, also becomes unworthy. Again, meaningfulness has to do with worth or value.
This also holds true for other arguments for the meaninglessness of life. I believe that there are good replies to all of them, but wish to focus in the present context only on the point that the meaning of life is based on worth or value. Indeed, I suggest that when people complain that their lives are meaningless, they are complaining that there is not sufficient value in their lives. People who ask what the meaning of life is are asking what can be of sufficient value in life. A meaningful life is one in which there is a sufficient number of aspects of sufficient value, and a meaningless life is one in which there is not a sufficient number of aspects of sufficient value.
Noting this close relationship between meaningfulness and value is important, since it allows us to draw many implications that can be helpful for people who consider their lives insufficiently meaningful.
One implication is that people's views about the meaninglessness of their lives – even when they are strongly held – may be mistaken. We know that in other aspects of value, people often do make mistakes. Some wrongly take themselves to be bad parents, and others wrongly take themselves to be good ones. Some take themselves to be worse spouses, or better spouses, than they really are. Some people unjustifiably believe that the art they produce is not so good, and others unjustifiably believe that their art is excellent. Many, likewise, underrate or overrate their sense of humour, knowledge, or ability to play the violin. We also see this in all other spheres of value. And if this is so for all spheres of value, it is likely to be so as well for the meaning of life.
Surprisingly, many people who take their lives to be insufficiently meaningful are absolutely certain that this is the case; they are convinced that their impressions about the meaning of their life must be precise and reliable. However, seeing that meaningfulness is based on value suggests that in this sphere of value, just as in the others, we cannot just “know” for certain that our life is or is not meaningful. As in other spheres of value, so in this one, we need to inquire and learn about the issue, double-check our standards, examine implicit suppositions that might affect our views, consider arguments for and against our opinions, learn from the experience of others, and consult with people. People who take their lives to be meaningless (just like people who take their lives to be meaningful) may well be wrong.
Another implication is that the degree of meaning in life can be increased or decreased. Some people who, for good or bad reasons, take their lives to be insufficiently meaningful treat this condition as a constant, as if it were a given that could not be changed. But we see in other spheres of value that degrees of value can and often do change. Sometimes, with time, they even just change by themselves. But very often we can also alter them. For example, by opting for various actions, I can become a more moral or a less moral person than I am now. I can also affect the degree to which I am exposed to, and thus am affected by, natural or artistic beauty. I can ruin or build friendships, upgrade or downgrade my health, and practice or neglect my German. It would be surprising if in this particular sphere of value, the meaning of life, things were different from how they are in all the other spheres.
Noting that meaning in life is based on value also directs us to what we should do in order to increase meaningfulness in our lives: we should enhance what we take to be valuable in our lives. We can either import new aspects of value into our lives; augment already existing aspects of value; or de-trivialise and re-sensitise ourselves to existing value that, through familiarity and habit, we have stopped noticing. Many people, including those who take their lives to be insufficiently meaningful, dedicate more time and effort in one evening to considering which film to go to than they do in their whole lifetime to considering what would make their lives more meaningful.
The last implication I have the space to discuss here relates to uniqueness. Many people believe that in order to be meaningful, their life has to be unique. However, in most spheres of value, uniqueness is not important. Admittedly, it is important in a few spheres: for example, in creative art, value depends (among other things) on originality; just repeating what other artists have already created is not considered to be of value. Originality, in turn, presupposes uniqueness, at least at the time the artwork is presented. Similarly, scientific and scholarly achievement is valued (among other things) for its originality and innovation. Just repeating someone else's findings does not carry much worth. And that too means, of course, that at the time the scientific findings are first presented, they have to be unique.
However, in many other spheres of value – indeed, in most of them – uniqueness is not important. A person I know volunteered for several months in an immunisation project in Africa. What he did was not unique; it was quite similar to what other volunteers did. The value in his activity did not have to do with its uniqueness but, rather, with his help in preventing disability and death and alleviating suffering. Likewise, what makes the love between a parent and a baby valuable is not its difference from all other love between other parents and babies; the value is in the warmth and emotional closeness. This value is not decreased if other people, too, enjoy a very similar connection. This holds true also of aesthetic or mystical experiences. What one goes through in such experiences may well be quite similar to what others go through when they have their own such experiences. It is not the specific differences between one's own and others' aesthetic or mystical experiences that make these experiences valuable. Uniqueness is not important here. This is also true of the worth of honesty, joy, responsibility, health, curiosity, and most other spheres of value. The insistence on uniqueness, then, is yet another mistake about the meaning of life. This mistake, like the earlier ones mentioned above and many others which I do not have here the space to discuss, leads some people to unnecessarily see their lives as insufficiently meaningful and to miss ways of enhancing meaning in life.''

Allen Ginsberg, his longtime companion Peter Orlovsky, and Orlovsky’s brother Lafcadio relax in their apartment at 170 East Second Street, January 9, 1960


Miséria e
                   filosofia.

''Religiões são doutrinas insuficientes''

MARGINÁLIA

«O mar de monstros e lume»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 149
«Perdida de morrer em cada estrela,
Esgotada de explosões de fim do mundo,
Dispersa onde não sei. Mas sei sofrê-la
a ela, à pobre vida, em cada ser
mais destroçado e só e mais imundo.

(...)»


Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 149
(...)

«A cinza é dos meus dias,
           Que a cinza é de eu ser nada

            Ser nada de ninguém.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 145
Eu sou nada de ninguém.
(Palavras de uma criança que per-
deu toda a família num bombar-
deamento, na II guerra mundial.)

SUICIDAS (II)

A mão correu a cortina
E abriu-se logo o deserto.

E o silêncio.
E a agonia.
No fulgor de pedra fina,
Só eu ouvia e sabia
A data no tempo certo.

Nos cabelos enredados
De espinhos e palhas velhas
O mar deixara de ser
Os infinitos recados
De inumeráveis centelhas.

      Lá porque não houve enterro
      Nem retrato no jornal
      Todos cavaram a cova.
      Todos pisaram a terra
       E alguns cantaram felizes
      Na volta do funeral.
              Agora vão descansar
               Depois da cruz levantada.
                     Já é costume entre nós
                               Suicidar camaradas.

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 142

(...)

«Porque só vós sabeis
A cor do desespero
Que há no escuro.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 141

«Ouvir arder o trigo,»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 135

«A tristeza de ser quem em mim não conheço.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 134

Salgueirais

«E perguntar,
Ao teu céu de sonhar,
Aonde vai chorar teu pensamento.»



Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 129

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

«A queixa sem garganta,»


Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 123

« A MORTE DE CALAR.»


Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 115

«O que sei, não entendo.
A minha liberdade
Não a vendo
Por qualquer ilusão.»


Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 111

''as faces de rosa apodrecida.''


Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 109

«Quando chegar a hora em que o homem não queira
Perder-se, desfazer-se atrás de tantos mundos,
O Mundo morrerá.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 100

«Que os rios têm asas
E os homens são rios.»


Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 5 Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p.87

«Por visitar a Lua recebe-se a Loucura.
Por visitar a Luz, recebe-se a cegueira.

É preciso dormir como quem apodrece
E sossegar no pó, sem pena de ser só.»


Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 76

«Não traíste o Deus traído.»


Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 77

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

«São Poetas porque a Poesia lhes foge. Foge, Ulisses. Procuro-te, Poesia.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 57
«Procuro-te porque te amo e há um ror de tempo que não me visitas.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 56
«(...)

Por dentro da pessoa
É o mar invisível,
A montanha que voa.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 54

Reading copy of Allen Ginsberg's Howl on the couch at Fred W. McDarrah's apartment, 304 West 14th Street, New York City, February 14, 1959 Fred W. McDarrah

«O deserto a florir. O oceano a sangrar.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 53

«O sangue colectivo de uma ausência.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 49

«Beberam sonhos pelo mesmo copo.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 49

«E nas cicatrizes nasceram as asas (...)»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 45
«(...)

Confessa mesmo àquela que te ame
O terror do arame.»


Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 44
«(...)
- O viajar do homem, o viajar do bicho,
O viajar da folha - à tona dos ouvidos.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 43

« Sangue de partos, feridas de combates.»

Natércia Freire. Obra Poética. Volume II. Imprensa Nacional - Casa da Moeda., p. 43

domingo, 21 de outubro de 2018

descarrilamento

Já morri a morte certa
Já senti a fome, aperta a dor
Já bati à porta incerta
Viajei de caixa aberta, a dor
Pecado, fundido, queimado
Já desci lá em baixo ao fundo
Já falei com outro mundo e então
Já passei o limbo limpo
Já subi ao purgatório e vou
Zangado, bem vindo ao passado
Pecado, arrependido, queimado
Zangado, bem vindo ao passado
Pecado, fundido e queimado
Zangado, bem vindo ao passado
Pecado, arrependido, queimado

escolhas colectivas

acumulação e estagnação

Artist Faith Ringgold poses with her work, August 30, 1978 , Fred W. McDarrah


rearranjar

crises de sobreprodução

“A burguesia não pode existir sem revolucionar constantemente os instrumentos de produção, e com estes as relações de produção, ou seja, todas as relações sociais (…) A alteração incessante da produção, a mudança contínua de todas as instituições sociais, a instabilidade e a incerteza distinguem a época burguesa de todas as outras.”

Karl Marx

discurso catastrofista

fetichização

hegemonia

he.ge.mo.ni.a            eʒəmuˈniɐ
nome feminino

1.supremacia de uma cidade, povo ou nação sobre outras cidades, povos ounações
2.figurado supremacia

Do grego hegemonía, «comando»

o fetichismo da mercadoria

análise romântica

''A polémica foi a sua vida.''

Francisco Louçã sobre Bensaïd

O Novo Internacionalismo, 2003

Elogio da Resistência,1998, A Esquerda Deles e a Nossa, 1998, Os Irredutíveis, 2001

Livros de Bensaïd

 Bourdieu, Labriola,Espinoza, Leibniz, Descartes, Korsch, Kolakowsky, Gramsci, Derrida,
Godelier, Elster, Brenner, Olin Wright, Lefèbvre, Hegel, Stephen Jay, Gould, Balibar, Schumpeter, Sacristán, Adorno, Heidegger, Marcuse, Péguy, Nietzsche, Benjamin, Bloch, Freud, Comte, Blanqui, Lukács, Rawls ou Poulantzas

o trabalho improdutivo


Marx elabora um plano ambicioso. Quer escrever seis livros: um sobre o capital, outro sobre a propriedade da terra, outro sobre o trabalho assalariado, um quarto sobre o Estado, outro sobre o comércio externo e finalmente um sobre o mercado mundial, como explica em cartas a Lassalle e a Engels em 1858.
''Nada do que é humano me é estranho'' 

“raramente alguém escreveu sobre o dinheiro com tanta falta dele”

 Espião da polícia prussiana sobre Karl Marx

Franziska

epidemia de cólera

Na novela Uma Educação Sentimental, Flaubert põe na boca de um personagem o excessivo entusiasmo da época: “Está tudo ótimo! O povo está a vencer! Os operários e as classes médias caem nos braços uns dos outros! Ah, se tivesses visto o que eu vi! Como isto é magnífico!... A República foi proclamada e toda a gente vai ser feliz! Não percebes que não haverá mais reis? Todo o mundo será livre, absolutamente livre!”.

''Itinerância fugitiva''

proletários

“Entende-se por proletários a classe de trabalhadores assalariados modernos que, não possuindo meios de produção próprios, dependem, para viver, da venda da sua força de trabalho.”

Engels 
''A alienação que define o trabalho é a perda da “natureza essencial” do trabalhador. O trabalhador destrói-se pelo trabalho explorado: trabalhamos mais para sermos mais subordinados, a lógica divina do capital é essa. A alienação, portanto, é a condição da submissão do trabalho.''

 Francisco Louçã

assenhoreado


“No que consiste, então, a alienação do trabalho? Primeiro, no facto de que o trabalho é exterior ao trabalhador, isto é, não pertence à sua natureza, que não se realiza no seu trabalho, que se nega nele, que não se sente à vontade, antes se sente infeliz, que não desenvolve nenhuma energia física ou mental que seja livre, mas antes que se mortifica e arruína o seu espírito. O trabalhador, assim, só é ele próprio quando não trabalha, e no seu trabalho sente-se fora de si próprio. O seu trabalho, por isso, não é voluntário, mas forçado. Não é a satisfação de uma necessidade, mas somente uma forma de gratificar a necessidade de outrem”

Karl Marx
''No primeiro capítulo de O Capital, escrito mais de vinte anos depois dos Manuscritos, Marx apresentou por isso o conceito de “fetichismo da mercadoria”, ou seja, identificou a transferência imaginária de características humanas para a mercadoria. Com esta transferência, as relações sociais expressas na produção apresentam-se como relações entre coisas. Ora, o conceito de “fetichismo” é inseparável da resposta para a pergunta: em que circunstâncias é que os trabalhadores aceitam o processo que os explora e que coisifica a sua atividade?''  Francisco Louçã
Adam Smith, no dealbar da Revolução Industrial escreve: “Não é com o ouro ou com o dinheiro, é com o trabalho que todas as riquezas do mundo foram originariamente compradas, e o seu valor para os que as possuem e que procuram trocá-las por novos produtos é precisamente igual à quantidade de trabalho que permitem comprar ou encomendar”. Para Smith, o trabalho não só aumenta o valor, ele é a origem de “todas as riquezas do mundo” e a sua medida.
“É o trabalho, portanto, que atribui a maior parte do valor à terra, sem o qual ela dificilmente valeria alguma coisa; é a ele que devemos a maior parte de todos os produtos úteis da terra; por tudo isso a palha, farelo e pão desse acre de trigo valem mais do que o produto de um acre de uma terra igualmente boa, mas abandonada, sendo o valor daquele o efeito do trabalho". O trabalho acrescenta valor, portanto; tem um “efeito”. Mas como é que cria o valor?

John Locke, um dos pais do liberalismo clássico
''O trabalho é o enigma da modernidade, assim pensavam os filósofos e economistas que procuravam perceber a tempestuosa emergência do capitalismo.'' Francisco Louçã

''discussões sem bússola''

Adam Smith
fundador da economia moderna

Precursora do feminismo. Escreveu As Peregrinações de uma Pária(1837) e A União dos Operários (1843)


“Imagina Rousseau, Voltaire, Holbach, Lessing, Heine e Hegel fundidos num mesmo personagem – e terás o Dr. Marx”.

sobre Karl Marx

orador sofrível

clubes dos jovens hegelianos

“O teu coração está manifestamente dominado por uma potência demoníaca que é rara entre os homens. O génio que te habita é de natureza celestial ou faustiana? Será que poderás algum dia espalhar felicidade entre o círculo dos teus próximos?”

 Escrita de Heinrich (Pai de Karl Marx) em fevereiro de 1837. O jovem Karl 19 anos e estuda literatura e filosofia em Bona

''polemista assanhado''

 1848
 a primavera dos povos
Pierre-Joseph Proudhon
anarquista panfletário

espadas desembainhadas

cemitério de Highgate

terça-feira, 16 de outubro de 2018

«Não me rejeito como poeta que tenha feito retratos ferozes de certas categorias de pessoas que há no nosso país.»

6[Entrevista a Eduarda Ferreira: «A Descoberta da Poesia é Sempre Solitária», Lisboa, Notícias da Tarde, Ano 2, nº 289, 17.09.1983, pp. 14-15.]

«Pela rama é que se fala do bosque quando não se quer ver o bosque.»

 Alexandre O'Neill
«Que sois (muitos de vós) dolorosamente grotescos, que as vossas mulheres (venham as excepções!) não passam de «tristezas sobre pernas», que olhais uns para os outros com o ar de quem vê a desalentada excrescência de si próprio, que os vossos filhos só garantem, no pior dos casos, a sobrevivência da vossa espécie - tudo isso (e não é pouco!) o poeta sabe e ressabe.»

 Alexandre O'Neill
«Há em mim uma raiz anarquista que me não deixa tolerar o poder. Sou contra ele porque degrada tudo: quem o exerce e quem o tolera. Corre-se o país de alto a baixo, e que tristeza de paisagem humana! A rasoira da mediocridade nivelou a seara numa pequenez outoniça.»

Alexandre O’Neill
TEXTOS DE CIRCUNSTÂNCIA

«A circunstância é sempre poetizável, e isso nos foi mostrado até ao cansaço pelos grandes poetas de todos os tempos, sempre que um preconceito discriminatório não lhes travou o surto lírico.»

Carlos Drummond de Andrade 
«Os Cadáveres Esquisitos de Mimi Graal delicadamente recolhidos…»

Alexandre O'Neill
« (...) O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente onde e
quando quero: basta-me fechar os olhos.»

Alexandre O'Neill

«Os Lobos adoram-se»

Alexandre O'Neill
«Viram-se e reviram-se sobre as toalhas para bem se tisnarem por todos os lados.»

Alexandre O’Neill

«Ò Falinhas, chega-te mas é pra lá(…) senão apareces todo picado em casa, oubites?»

A Esmeraldina no seu despacho popular, no seu linguajar, constitui exemplo de retrato e situação concentrados em poucas palavras entretecidas, de tal modo que desembocam num tipo social sugestivo e capaz de, pela ironia e rigorosa caracterização, fazer sorrir e reflectir qualquer leitor.

Alexandre O’Neill
«Lede tudo, sobretudo as obras»

Alexandre O'Neill

regime absolutista

MALENTENDIDOS

domingo, 14 de outubro de 2018


“sempre que em mim há acção, reconheço que não fui eu.” “O mundo é de quem não sente. A condição essencial para ser um homem prático é a ausência de sensibilidade.” “A arte serve de fuga para a sensibilidade que a acção teve de esquecer.” ”A acção é uma doença do pensamento, um cancro da imaginação. Agir é exilar-se. Toda a acção é incompleta e imperfeita.” “Parece-nos imoral agir.”


Fernando Pessoa, Textos Filosóficos, Lisboa, 1968, I, LD, 275, 286, 287, 302, 428.

''transmutação nietzscheana de valores''

...o sofrimento é um momento muito longo. Não o podemos dividir por estações.

“... o sofrimento é um momento muito longo. Não o podemos dividir por estações. Apenas podemos notar os seus modos e registar a sua volta. Para nós o próprio tempo não avança. Revolve. Parece circular em torno de um só centro de dor. A imobilidade paralisante de uma vida da qual cada circunstância está regulada segundo um molde imutável, de modo que comemos e bebemos segundo as leis inflexíveis de uma fórmula de ferro: este carácter de imobilidade que faz cada horroroso dia no seu mínimo detalhe como todo outro dia parece transmitir-se àquelas forças exteriores[, e o texto completa-se, de modo pouco legível,] a essência de cuja existência é mudar incessantemente.”

Fernando Pessoa, Textos Filosóficos, Lisboa, 1968, I, 228
 «(...)a fonte da dor é a excessiva permanência do eu em si mesmo, porque nesse estado a sua negatividade interna, que constitui a sua identidade, ameaça destruí-lo. A identidade do eu não é a
identidade das coisas situadas ao nível do puro ser, onde umas são as outras das outras, mas a identidade de um ente especular, na superfície do qual se podem formar imagens. »

DIOGO FERRER. FERNANDO PESSOA E A CONSCIÊNCIA INFELIZ. Revista Filosófica de Coimbra — (2008)

a dor da saudade

“Pertenci sempre ao que não está onde estou e ao que nunca pude ser. [...] Nunca amei senão coisa nenhuma.”

Fernando Pessoa

A beleza plástica

“a felicidade está fora da felicidade. Não há felicidade senão com conhecimento. Mas o conhecimento da verdade é infeliz [...]. Saber é matar, na felicidade como em tudo. Não saber, porém, é não existir.”

Fernando Pessoa/Bernardo Soares
“Entre mim e o que em mim
 É o quem eu me suponho,
Corre um rio sem fim.”

Fernando Pessoa, Obras Completas de Fernando Pessoa, Ática, Lisboa [=OC], 1987 OC, I, 175

“Ser eu é não ser”

Fernando Pessoa, Obras Completas de Fernando Pessoa, Ática, Lisboa [=OC], 198712, I, 64.

“não há/Cá-dentro nem lá-fora”

Fernando Pessoa, Obras Completas de Fernando Pessoa, Ática, Lisboa [=OC], 198712, I, 64.
''O eu reflecte-se porque pode reflectir o mundo, e reflecte o mundo porque é capaz de estabelecer com ele uma relação mais complexa do que a da alteridade, ou do ser-outro.''

DIOGO FERRER. FERNANDO PESSOA E A CONSCIÊNCIA INFELIZ. Revista Filosófica de Coimbra — n. pp. 203-222 o 33 (2008)

“nada nos falta, porque nada somos”

Ricardo Reis

doença como condição de lucidez


“Tratado da Negação”

Rafael Baldaya

“poeta do Nada”

Cf. Eduardo Lourenço, PM, 166); idem, PR, 36. Ou “poeta da negação” segundo Sena (FP, 193).

não-ser

“secretus, cuius non est simile,”

“Segredo sem igual”

ser-outro

sábado, 13 de outubro de 2018

ser-um-entre-outros



''raça dos vencidos''

'''processo de radical desumanização do espaço e do tempo em que o homem se situa.''

«A obediência é a arte de escutar, e a ordem é o estar preparado para a palavra, o estar preparado para o comando que, como o raio de um relâmpago, vai do cume às raízes. Cada um e cada coisa está na ordem feudal e o guia [Führer] é reconhecido em ele ser o primeiro servo, o primeiro soldado, o primeiro trabalhador. Daí que tanto a liberdade como a ordem se relacionem não com a sociedade, mas com o Estado, e que o modelo de cada organização seja a organização militar e não o contrato social»

 formulações de Jünger em Der Arbeiter
o poder de se auto-determinar

puzzle Nietzsche/Jünger/Heidegger

«... fui acusado de, entre as crónicas que escrevo
e poemas que publico não haver praticamente 
diferença do ponto de vista da expressão. Mas o
prosaico não elimina o poético. Há que tempos que
 se eliminou a distinção entre o poético e o
 prosaico no aspecto formal. Sabe-se lá o que é uma
 coisa e o que é outra!»

Alexandre O'Neill, Entrevista a Eduarda Ferreira «A descoberta da poesia é sempre solitária», Notícias da Tarde, Lisboa, Ano 2, nº 289, 17.09.1983, p. 14.























Cristobal Balenciaga, single seam wedding gown, 1967

“macilenta Inveja”

“punhais sanguinários”

''Este varão, não menos eminente pelo engenho do que pelo patriotismo em que não o venciam os caracteres ilustres da Roma de Cipião e de Paulo Emílio, descansava das antigas lutas da palavra (inútil e muda sob as mordaças do despotismo) no regaço da tranquilidade doméstica. O antigo tribuno, cuja voz soara cheia de eloquência no nosso primeiro congresso liberal, quando foi lançado nos cárceres, vivia estranho às conspirações preparadas (…) para derrubar um poder, que diante da Europa parecia condenado a exumar do túmulo do passado as demências ensanguentadas de Tibério” 

Benalcanfor, 1874

Disturbing, Erotic, Domestic

Jo Ann Callis’ Photos Capture a Strange World

What Does Beauty Look Like in the Age of Algorithms?


Plastic surgery, artificial intelligence and the pursuit of perfection come together in science fiction artist Lucy McRae’s futuristic new work.

 “When I started making clothes for my line Y’s in 1977, all I wanted was for women to wear men’s clothes. I jumped on the idea of designing coats for women. It meant something to me – the idea of a coat guarding and hiding a woman’s body. I wanted to protect the woman’s body from something – maybe from men’s eyes or a cold wind.”

Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer
"I think that my men's clothes look as good on women as my women's clothing […] When I started designing, I wanted to make men's clothes for women."

Yohji Yamamoto (山本 耀司 Yamamoto Yōji) is a Japanese fashion designer

alfaiataria

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

 «nem sempre o livro ama quem o escreve./ Muitas vezes amotina‑se, animal exasperado»

«eu preciso da poesia como de pão para a boca»

«Se Deus existe, fez‑me sem fé,/ inapto para a crença e para a bondade da prece./ Infelicidade a minha»

José Jorge Letria 

Capela dos Ócios

José Jorge Letria

«solidão nocturna de mapas»

José Jorge Letria
 «Não tentem saber o que sou pelo que escrevo./ Não me interpretem mal pelo que não digo./ Eu só confesso o que posso confessar»

José Jorge Letria

«O Que Sou E O Que Escrevo»

José Jorge Letria

''Não Há Poetas Felizes''

capelinhas literárias

«Existo tangencialmente ao que digo»

José Jorge Letria

vanidade

va.ni.da.de          vɐniˈdad(ə)

nome feminino
1.
carácter do que é vão
2.
coisa inútil ou sem valorinutilidade
3.
insignificância
(«Eu sou muitos com um só rosto./ Não tenho como tu, Fernando […], uma identidade/ plural, um leque de nomes a abrir‑se,/ imenso, em direcção à luz»

José Jorge Letria
Nem sempre escapamos na fuga,
tão pouco na ilusão da fuga. […]

José Jorge Letria, Cesário: Instantes da Fala

«a ilusão breve/ de que os dias sabem a pólen»

José Jorge Letria

furor poeticus

 «arte de ser»
 «arte de parecer»

«No meu labirinto não há Minotauro».

José Jorge Letria

domingo, 7 de outubro de 2018

 A criação artística é em si um acto de resistência.

Gilles Deleuze 

«No contexto de uma entrevista recente, e não é senão um exemplo entre muitos, o responsável por uma das grandes editoras portuguesas afirmava que dentro de dez anos ninguém editaria poesia em Portugal, e que esta estaria confinada a edições marginais, em tiragens de quarenta ou cinquenta exemplares. Por que falar, então, da poesia como exercício de contrapoder? A resposta é: por isto mesmo. »

Rosa Maria Martelo
«A violência simbólica é uma violência que se exerce com a cumplicidade tácita dos que a sofrem e também, muitas vezes, dos que a exercem na medida em que uns e outros estão inconscientes do facto de a exercerem ou de a sofrerem.»

Pierre Bourdieu
«Conheceríamos uma era em que teríamos já desistido ou teríamos de desistir de tentar imaginar ou desejar um rosto para o futuro. Esta situação dever-se-ia a um medo que inibe a própria imaginação e de que padeceríamos para além de todo e qualquer pessimismo individual ou grupal. E contudo se não houver futuro, se não tivermos futuro, seremos como dizia o outro, "cadáveres adiados que procriam". (…) Ora nós precisamos do futuro como do ar que respiramos. (…) Aliás, a tese sobre o "fim da história" começa por ser uma história mal contada e, mais do que um diagnóstico, representa uma tentativa de eternização de um presente reduzido e um bloqueamento do futuro por esgotamento dos possíveis.»

Manuel Gusmão

(there is no alternative, como dizia Margaret Tatcher

discurso da via única
 “Que as pessoas valham dinheiro e sejam olhadas e avaliadas pelo que luzem é o escândalo absoluto. As pessoas são moedas e não devia ser assim”

 Adília Lopes
«lembre-se do grande princípio do nosso grande século:
 sermos o contrário daquilo que esperam de nós»

Stendhal 
O Vermelho e o Negro

«O capital não é, portanto, um poder pessoal, é um poder social.»

Marx e Engels
 «cada miséria da vida proletária é agravada por uma relação de humilhação perante o rico que «dá» o trabalho e cujo o olhar desqualifica constantemente a pobreza material, transformando-a em indignidade moral.»

Rancière
 Numa página, do Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, encontramos a seguinte frase, «tudo o que era dos estados [ou ordens sociais] e estável se volatiza, tudo o que era sagrado é dessagrado, e os homens são por fim obrigados a encarar com os olhos prosaicos a sua posição na vida, as suas ligações recíprocas» 
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