sábado, 19 de março de 2016
''Sorrisos de luto...''
José Régio. As Encruzilhadas de Deus. Poesia. Obras completas. Portugália Editora, 1936., p. 34
1
COLEGIAL
Em cima da minha mesa,
Da minha mesa de estudo,
Mesa da minha tristeza
Em que, de noite e de dia,
Rasgo as folhas, leito tudo
Destes livros que estudo,
E me estudo
(Eu já me estudo...)
E me estudo,
A mim,
Também,
Em cima da minha mesa,
Tenho o teu retrato, Mãe!»
(...)
José Régio. As Encruzilhadas de Deus. Poesia. Obras completas. Portugália Editora, 1936., p. 11
Em cima da minha mesa,
Da minha mesa de estudo,
Mesa da minha tristeza
Em que, de noite e de dia,
Rasgo as folhas, leito tudo
Destes livros que estudo,
E me estudo
(Eu já me estudo...)
E me estudo,
A mim,
Também,
Em cima da minha mesa,
Tenho o teu retrato, Mãe!»
(...)
José Régio. As Encruzilhadas de Deus. Poesia. Obras completas. Portugália Editora, 1936., p. 11
A definição do sujeito no cinema
''Os Dias Estranhos do Cinema ou a inconstância do eu e do outro nas
personagens e no encontro entre o mundo real e a ficção''
personagens e no encontro entre o mundo real e a ficção''
quarta-feira, 16 de março de 2016
«Sou como uma peça de seda cor-de-rosa,»
O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 167
ARROZAL DE MADRUGADA
«Às quatro da manhã, arranco
ervas daninhas do arrozal.
Mas que é isto: orvalho do campo,
ou lágrimas de dor?»
O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 155
O NADADOR NEGRO
Nadava um negro num lago, através de cujas
límpidas águas se viam as pedras do fundo.
Tinha o lago a forma de uma pupila azul de
que o negro era a menina do olho.
(Ben Jafacha)
límpidas águas se viam as pedras do fundo.
Tinha o lago a forma de uma pupila azul de
que o negro era a menina do olho.
(Ben Jafacha)
DIVISA
Conhecem-me os cavalos e a noite e os desertos
traiçoeiros e a guerra e as feridas e o papel e a
pena.
(Al-Mutanabbi)
traiçoeiros e a guerra e as feridas e o papel e a
pena.
(Al-Mutanabbi)
''ensina ao sol onde morrer.''
O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 113
obsidiana
nome feminino
PETROLOGIA rocha vulcânica de composição riolítica, semelhante ao vidro, de cor negra ou verde-escura, utilizada antigamente no fabrico de espelhos e instrumentos cortantes
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6
«Explorado, sê manso e obedece. Pode ser que entres no reino dos céus, de camelo ou às costas de um rico. Obedece. Pode ser que vás para a cama com a Pátria. Obedece. Pode ser que o teu cadáver ainda venha a ser o estandarte glorioso do Partido. Nunca percas a esperança, explorado, jamais.»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 100
«Explorado, escolhe a pedra para a tua cabeça.»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 100
''crocoloditas de pança encortiçada''
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 97
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«Francamente, falar de surrealismo num ambiente de capacidade crítica subdesenvolvida e de chuva miudinha, apetece pouco. Como apetece pouco, outrossim, repetir afirmações já muito bem atropeladas pelos profissionais da nossa esperteza literária. O ferro-de-engomar do talento continua de serviço e quente.»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 94
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AFORISMOS
Iniciação à estética
O nariz de Cyrano de Bergerac, as pernas de Toulouse-Lautrec,
o olho de Camões, as costas de Lichtenberg, e o Aleijadinho.
Os artistas mutilados
Van Gogh cortou uma orelha, Cervantes cortou um braço,
Rimbaud cortou uma perna, Ravachol cortou a cabeça, Chaplin
cortou o bigode.
Ouvir vozes
Perturbação auditiva que pode levar à morte por queimaduras.
Caso Joana d'Arc.
Cortou a mão para não escrever a palavra morrer.
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 84
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«atravesso a terra de ninguém com um dia de chuva na cabeça
para oferecer aos revoltados»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 80
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«vem do murmúrio do caos
e rebenta em sílabas de abelhas nos ouvidos»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 79
e rebenta em sílabas de abelhas nos ouvidos»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 79
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''nome de animal de patas obscenas''
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 79
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''Mil Crimes de Amor''
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 72
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«desse tempo
uma paisagem de nuvens inventadas
para as minhas aves altíssimas
suspensas sobre a morte»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 70
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«À flor da terra a flor de fumo
dos meus cigarros adolescentes
fumados amorosamente entre fantasmas»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 70
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«No ano primeiro do fim da melancolia»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 68
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''letras de fogo na garganta''
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 66
«de lâmpadas sonâmbulas
e árvores de asas de fumo florido
entre clarões de neve»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 65
e árvores de asas de fumo florido
entre clarões de neve»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 65
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«quando as lágrimas da memória
atravessam de súbito o horizonte
para além do cadáver das fronteiras»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 65
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segunda-feira, 14 de março de 2016
«como a flor que se abre na boca dos suicidas
um homem
ferido de morte
vai falar»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 63
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«no labirinto ardente das insónias»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 56
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«caligrafia de aves sobre o precipício»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 56
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«Então tu passas com a lua no peito»
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 50
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''Entrar de costas no festival das letras''
António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 35
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''sandálias de pedra''
O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 84
«Afasta de mim teus olhos, que me fascinam.»
O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 66
"I Know It's Over"
(originally by The Smiths)
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
And as I climb into an empty bed - oh well, enough said
I know it's over still I cling, I don't know where else I can go
Over and over...
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
See the sea wants to take me, the knife wants to slit (cut) me
Do you think you can help me
Sad veiled bride please be happy - handsome groom give her room
Loud loutish lover treat her kindly though she needs you
More than she loves you - and I know it's over - still I cling
I don't know where else I can go - over and over...
I know it's over and it never really began but in my heart it was so real
And she even spoke to me and said
"If you're so funny, then why are you on your own tonight?"
"And if you're so clever then why are you on your own tonight?"
"And if you're so very entertaining then why are you on your own tonight?"
"And if you're so very good looking, then why do you sleep alone tonight?"
I know - 'cos tonight is just like any other night - that's why you're on your own tonight
With your triumphs and your charms - while they're in each other's arms
It's so easy to laugh it's so easy to hate it takes strength to be gentle and kind - over and over...
It's so easy to laugh it's so easy to hate it takes guts to be gentle and kind - over and over...
Love is natural and real - but not for you my love not tonight my love
Love is natural and real - but not for such as you and I my love
Oh mother... [etc.]
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Os irmãos de Sulamite
«Apanha-nos as raposas, as raposinhas
que destroem as videiras,
porque as nossas videiras estão em flor.»
O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 57
«Eu sou a rosa de Saron, o lírio dos vales.»
O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 54
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«Nunca houve uma amizade que não me traísse. Damos aos outros a confiança de penetrar no mais fundo de nós. Temos a ilusão de que a relação está bem assente e depois vem qualquer coisa, tantas vezes uma coisa ridícula, um raio de luz que aponta para qualquer coisa que estava obscurecida e vem o desencanto, o desapontamento. E depois é o final. Sou incapaz de retroceder. Quando alguém me desaponta é o fim. Nos amores e nas amizades, quem me trai acabou.»
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José Rentes de Carvalho
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